Na Palma da Mão de Deus escrita por Louvre


Capítulo 11
No ritmo da batida


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo simpático, cozinhar com o Nicholas é isso aí que vocês vão ver.

Boa leitura.



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Capítulo 11: No ritmo da batida

– Mas é muita cozinha pra só três pessoas, não acham? – Lúcio falou adentrando a cozinha, falava em tom de brincadeira. Apesar de o lugar ser realmente grande os utensílios e o ambiente davam uma impressão de cozinha de interior, mas era um hotel fazenda, afinal era de se esperar.

– Esse é um dos motivos que eu pedi ajuda! Junte-se a nós australiano, vamos cozinhar pra esse povo todo! – Nicholas respondeu sorrindo.

– Seguinte, não sou um primor na cozinha, mas o que vocês mandarem eu faço.

– Então cola no Renan, ele vai te passar o que você tem que fazer.

– É você e eu hein colega, vamos ensinar pra esse povo o que é cozinhar! – Lúcio falou apontando pra Renan, o mais jovem riu.

– Nossa, que empolgação! – comentário de Valéria, ela acabava de adentrar o local.

– Valéria?! Quero nem saber, Valéria e eu “tamo” no mesmo time! – outro comentário de Lúcio, todos riram.

– Isso virou uma competição? Desde quando? – Nicholas retrucou a piada.

– Eu só cozinho o básico, se é competição eu não sou a melhor opção. – Valéria falou.

– Vai por mim, você ta melhor que eu, a gente vai colar no irmão do Nicholas, ele que é o foda do time! – palavras de Lúcio.

– É você que tem a moral Renan? – dizeres dela em tom de brincadeira.

– Eu aprendi com o Nicholas, então... – o mais jovem respondeu.

– Quem é que tem a moral aí? Será que tem mais moral que eu? – Rebeca falou adentrando o local com Maria Joaquina.

– Você sabe cozinhar ruivinha? – Nicholas pergunta.

– Óbvio! Se você não sabe sou cozinheira chefe do restaurante do meu marido! – ela responde com ar de superioridade, era uma piada o excesso de confiança não o citação do restaurante de Tom.

– Então, Maria cola nela, tudo que ela falar você faz! – conselho de Nicholas.

– Vou tentar, tomara que eu não destrua nada, não combino com cozinha. – Maria afirmou sorrindo.

– Uou, veio mais gente que eu imaginei. – Adriano comentou adentrando o local.

– Locão! Você era obrigado a vir, não é? Ajuda o João, por favor. – o de cartola pediu.

– Ele pai, comigo?! – o garoto mostrou sua objeção, Adriano fica desconcertado.

– Ele cozinha muito bem, eu que ensinei! – o pai explica. – Vocês vão se dar bem, eu sei. – ele sorriu, o garoto ainda não gostava da sugestão.

– Acho que seu garoto não vai muito com a minha cara, não é melhor outro me ajudar? – o loiro sugere.

– Nada, vocês vão se acostumar um com o outro, vai lá Adriano, sem choro! – o mais alto brincou, Adriano o obedeceu.

– Espero que tenha sobrado algo pra nós fazermos nessa cozinha! – Irene falou adentrando com Daniel e Evellin.

– Sempre tem, mister nerd ajuda as moças por que elas têm o direito de mandar nessa cozinha, ouviu? – palavras de Nicholas, se referiu a Evellin e Irene.

– Sim senhor, vocês mandam e eu obedeço, ouviram? – Daniel fez piada da piada de seu colega.

– Ah é? Então pega uns tomates pra cortar. – Evellin falou seguindo a brincadeira.

– Vamos fazer um super mega almoço... Cadê os tomates Daniel? Vamos logo com isso! – Irene também brincava.

– Parece que virei alvo das brincadeiras... – palavras de Daniel, ostentava um leve sorriso.

– Para de reclamar velho, corta logo esses tomates! – Lúcio falou no mesmo tom das garotas.

– Você ta atrapalhando Daniel, pára com isso e faz o que a Evellin mandou! – Valéria também entrou na piada coletiva.

– Poxa, já ta virando bulling! – dizeres de Daniel.

– Segura! – Adriano falou jogando um tomate pra seu colega, Daniel o segurou e agradeceu.

– Agora preciso de uma faca. – dizeres de Daniel, ao contrário das piadas ele não reclamava.

– Segura! – novamente Adriano falou, ele fingiu que jogaria a faca pra seu colega, Daniel se assustou e quase caiu, todos riram.

– Esse almoço vai demorar... – comentário de Maria.

– Concordo com você, Maria Joaquina. – Adriano falou rindo de largo.

– Ao invés de ficar falando besteiras por que não faz algo útil?! A gente tem um almoço pra fazer se não reparou! – João falou pra Adriano, não foi uma piada, o garoto falou sério até demais.

Era uma situação diferente pra Adriano, seus filhos mesmo não lhe deram muito trabalho de comportamento, mas João acabara de ser muito grosso com ele, não sabia como agir ou responder.

– Talvez você precise rir mais, ou eu rir menos, ta certo, vamos a esse almoço, o que quer cozinhar? Eu te ajudo no que quiser fazer. – o loiro respondeu sorrindo pro garoto, esse por sua vez achou o sorriso com uma ponta de falsidade, entretanto não esperava a resposta que obteve.

– Acha que vai dar certo o João Pedro com o Adriano? – Renan falou com seu irmão mais velho. – Ele ta muito pé atrás com o Adriano depois daquela cena dele e sua na entrada do hotel.

– Não é só isso, você sabe, não é fácil pra um garoto de onze anos saber que o pai vai morrer... Mas não se preocupa, o Adriano dá um jeito. – Nicholas respondeu. – Vamos começar a fazer esse almoço! – falou quase gritando.

....................

– Eu não acredito nisso! Olha só... – Lavi falou boquiaberto, diante dele uma piscina, com uma forma irregular, completamente vazia.

– Uou, incrível, ela é enorme! – Alicia, que estava com ele, comentou.

– É como um sonho pra você, não é? – palavras de Bernardo a Alicia.

– Não entendo, como uma piscina vazia pode ser tão legal? – Nicholas, filho de Adriano, pergunta diante das feições alegres dos três ao seu lado.

– Eu sempre pensei que piscinas legais eram as que tinham água. – Fábio também estava confuso.

– Pras pessoas normais talvez, mas pra quem anda de skate piscinas vazias são como um pedaço do paraíso! – Lavi falou.

– Vocês andam de skate? – Nicholas perguntou novamente.

– Claro! Ta certo que meu porte físico não é lá essas coisas, mas eu ando até bem. – o gordinho de cabelos arrepiados respondeu.

– É mesmo senhor Lavi?! Vamos competir então, eu, você e o Bernardo...

– Aí não, competir contra uma profissional... – o garoto respondeu negativamente ao desafio.

– Uma profissional do skate?! Isso deve ser muito legal! – Fábio exclamou com os olhos brilhando.

– Eu vou pegar meu skate, vocês vão ver a tia aqui praticamente voar! – ela falou animada. – Você trouxe seu skate, não é Bernardo? Eu viajei com o Lavi e sei que ele trouxe o dele.

– Eu não ando mais de skate, faz muito tempo até. – a resposta de Bernardo soou estranho pra Alicia.

– Então ta na hora de voltar a andar! Skate a gente não esquece! – ela falou empurrando ele com seu dedo. – Vem Lavi, vamos buscar nossas pranchas e ensinar pra esse tiozão estrangeiro como se anda de skate! – ela falou em seu tom normal, um tom que mistura sua graça natural com um leve tom de ameaça, um tom que faz Bernardo se lembrar do passado e sorrir.

– Vamos lá Alicia, nunca andei numa piscina vazia antes! Vai ser meu batismo! – dizeres do gordinho de cabelos arrepiados, ele seguiu a amiga de sua mãe sentido aos quartos. Enquanto andavam Bernardo os olhava, na verdade “a” olhava, aquele jeito dela apaixonante não a havia deixado, mas ele estava tão mudado. De repente algo o tira de seu transe, um puxão em sua calça.

– Tio, o senhor veio de outro país? De qual? – Fábio o perguntou.

– Eu nasci aqui garoto, mas eu to morando na Austrália. – ele se abaixou e respondeu.

– Uou! – Nicholas falou muito surpreso. – Isso é do outro lado do mundo!

– É longe! – Fábio exclamou.

– E muito! – Bernardo falou de forma engraçada gesticulando.

– E lá é proibido andar de skate? – Nicholas perguntou.

– Não, por quê?

– Então por que o senhor parou de andar de skate? – agora a pergunta veio de Fábio.

– Não sei, acho que em algum momento pensei que para poder me tornar adulto tinha que deixar as coisas da minha infância pra trás, como o skate...

– Não sei se o senhor fez a melhor escolha. – Nicholas opinou.

– Concordo completamente com você garoto, completamente! – respondeu ao menino.

..............................

– Mas essa música é incrível! – Nicholas, o anfitrião, falou aumentando o volume do rádio, começou a bailar sozinho, se aproximou de Maria Joaquina. – Vem dançar comigo Maria!

Com exceção de Evellin todos ainda estavam naquela sala, a jovem em questão saiu pra pegar uma peça de carne no frigorífico.

– Eu?! Não eu to cortando cebola... Eu não sei dançar! – ela falou.

– Pára com isso! Toda lady sabe dançar, ta no sangue! – falou a puxando delicadamente, começaram a dançar ali naquela cozinha em meio a assovios e risos. – É só seguir meus passos, eu lembro de você dançando com o Jaime na festa da Alicia, não tente me enganar! – ele fazia piada.

– Aquilo?! Eu só enrolei aquele dia, faz tanto tempo! Eu tinha quase a idade do meu filho! – ela falou com um leve sorriso.

– Você tinha, tem, uma graça mais que maravilhosa, deveria ter investido na dança! – ele comentou.

– Seu bobo! – ela exclamou.

– Vai Maria Joaquina, rebola! – Valéria falou quase gritando, brincava obviamente.

– Ta provocando por quê? – Nicholas falou soltando Maria e se aproximando de Valéria. – Dança comigo linda?

– Vou dançar sim, mas só pelo “linda”! – ela pegou a mão dele, começaram a bailar no ritmo calmo da música.

– Não consigo saber quem tem mais graça, se é você ou a Maria... – ele comentou sorrindo.

– Olha, ela eu não sei, mas eu sou foda! – Valéria não conseguia evitar suas piadas, todos riram.

De repente a música mudou, um ritmo mais rápido começou a tocar.

– Ah, mas eu adoro essa música! – Irene falou soltando a faca que usava. – Vem Daniel, vamos ensinar pra esse povo como se dança! – ela falou puxando seu colega.

– Mas, Irene eu... Você... – ele começou a ruborizar.

– Não venha me dizer que eu to grávida e por isso não posso dançar, já não me basta o Igor, o tempo todo, tentando fazer parecer que minha gravidez é doença! Vem logo Daniel! – ela o puxou e começou a dançar, ele estava muito constrangido, sentimentos misturados, incapacidade natural de dançar, há quanto tempo não fazia isso, há quanto tempo não fazia isso com alguém que gostava tanto quanto Irene.

– Ta fazendo o quê parada Maria Joaquina? Vamos dançar! – Nicholas falou pra sua colega mais uma vez.

– Mas você já ta dançando com a Valéria. – ela falou sorrindo.

– Você subestima minha capacidade garota! – ele falou a puxando, a música em questão não era pra se dançar colado, era uma música mais animada, uma batida eletrônica, pra Nicholas era fácil dançar aquela melodia com mais de uma garota.

– Seu pai e a dança, uma história de amor melhor que crepúsculo. – Adriano comentou com João, o garoto riu disfarçadamente.

– Pára com isso Nicholas, deixa uma pra eu dançar! – Lúcio falou se aproximando de Valéria.

– Ela é toda sua. – Nicholas respondeu.

– Ah, que bom que eu não sou um objeto! – Valéria falou seguindo até Lúcio.

– Essa deve ser a cozinha mais animada e menos produtiva do mundo! – Rebeca exclamou, também estava no clima de piada e seu corpo meio que se movia contra sua vontade, o ritmo a contagiava.

– Gosta de dançar Rebeca? Quer dançar comigo? – Adriano se aproximou e perguntou à ruiva.

– Será que você acompanha meu ritmo? – ela pergunta.

– Ta louca? Você nunca conheceu um gordinho tão pé de valsa quanto eu! – ele a puxou pra dançar. Ela se surpreendeu com a capacidade dele. Fazia muito tempo que Rebeca não dançava assim.

De repente, em meio aquela alegria toda, tudo se tornou escuro pra Nicholas, a luz de seus olhos sumiu, mas ele fingiu que nada acontecia, apenas sorria e continuava a dançar, mas aí sentiu dormência em suas pernas, se afastou um pouco, ato instintivo, foi pra próximo de Renan, o irmão o ajudou a se sentar.

– Ta bem Nicholas? Você não devia ficar dançando! – o mais novo falou assustado.

– Não seja chato Renan! Se eu não dançar eu morro mais rápido! – Nicholas foi categórico, apesar de responder sorrindo.

Do lugar onde estava João observava apreensivo, suas mãos suavam, seus olhos se enchiam de lágrimas.

– É difícil, não é? O ver partir aos poucos... – Maria se aproximou do garoto e falou.

– Eu só conheci meu pai quando eu tinha cinco anos, passei tão pouco tempo com ele! Não é justo, não é justo um garoto não poder ficar com o pai! – o menino desabafou, palavras que doeram em Maria Joaquina.

Com exceção de Maria, João e Renan ninguém percebeu o mal estar de Nicholas, tanto que continuaram a dançar.

– Eu saio um minuto e quando volto ta essa festa toda? Se comportem crianças! – Evellin falou ao retornar ao local, sorria de largo da cena.

– Vamos dançar um pouco, deixa essa carne aí e vem! – Lúcio falou girando Valéria pelo braço e a puxando pra perto de si, a deitou em seus braços enquanto os dois riam.

– Imagino se eu faço algo assim com você? – Daniel fala a Irene.

– Você ia precisar ser mais forte colega! – a morena respondeu, de repente ela se desequilibrou um pouco, Daniel a segurou assustado.

– Ta na hora de parar, certo? – ele falou, seu rosto estava próximo demais do dela.

– Se eu soubesse que cozinhar era tão divertido eu teria vindo de primeira! – Antônia comentou ao entrar na cozinha. – Cozinhar com o Nicholas deve ser a coisa mais divertida do mundo, não é tio Paulo? Não é Igor?

Ao lado dela os dois olhavam a cena, meio boquiabertos, sem reação diante daquilo, era difícil saber o que se passava na cabeça deles, talvez não, talvez fosse até óbvio demais saber o que Paulo e Igor estavam pensando e pra onde exatamente estavam olhando.


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Notas finais do capítulo

gostaram do momento musical na cozinha? eu curti, principalmente o finalzinho...

Até o próximo!