Eu não me lembro de muita coisa.

Porém lembro-me vagamente do gosto de café fumegante a qual eu tomava todas as manhãs, enquanto uma Yorkshire pulava em minhas pernas, seu nome era... Loli, como me recordo.

Eu morava em um apartamento, mas agora não me lembro mais sua localidade. Sei também que não era muito longe de onde meus pais moravam e que todo final de semana eu visitava-os. Apenas seus rostos ainda estão gravados em minha mente.

Não me lembro mais de meus amigos, de quem era o mais engraçado, o ombro amigo, o que se achava , o que eu tinha desde pequena.Ou talvez eu não tivesse nenhum para me recordar.

Assim como não me lembro mais de meus amores, das pessoas as quais me apaixonei, se foram apenas homens ou se já tive queda por mulheres, porém sei que já amei e quando fecho os olhos ainda sou capaz de sentir lábios sobre os meus pouco antes de morrer.

Algumas visões embaçadas de pessoas rindo, flashes e coisas aleatórias preenchem minha visão rapidamente, para depois sumirem como se nunca tivessem existido. E eu por diversas vezes tentei agarrá-las ali, tentando relembrá-las para não se apagarem.

Era um esforço inútil, pois eu sabia que estava caindo no esquecimento, passando dessa para outra. Mas algo ainda me mantinha ali entre os vivos, onde eu vagava sem rumo, apenas perambulando, tentando encontrar algo com que me agarrar no mundo dos vivos.

Mal eu sabia que meu descanso não chegaria tão cedo, muito menos o que me esperava no mesmo cruzamento onde acontecera o meu terrível acidente.