Faz 5 semanas que não falo com Piter. Não atendo suas ligações, não vejo suas mensagens... Ando focada em outras coisas. O professor de biologia se demitiu e agora minha nova professora se chama Sâfira. Estava descendo para minha primeira aula com ela.

–-Obrigada Yellowe! --Disse a senhorinha Sâfira. Ela tinha cabelos brancos e não parecia ter um bom estado de saúde, mas aparentava super simpática e inteligente.

–-Hah...De nada...

–-Obrigada por estudar biologia! Estava precisando de jovens bons para passar meu conhecimento, porque não durarei muito... É uma honra essa pessoa ser você!--Disse ela, arrumando um quadro digital de LED.

–-Querida, você já parou para pensar sobre da onde viemos?

–-Claro...Como todo mundo aprende na escola, nós evoluímos da água, de micro-células...--Eu dizia, super orgulhosa, quando a professora me interrompeu:

–-Mas, aqui no nosso planeta Óreon não há água!--Ela disse seriamente, enquanto eu morria de rir. Claro, Sâfira ficou ofendida, mas eu não aguentava! Ela continuou:

–-Pode pesquisar!--Ela disse cheia de razão--Há registros que, 7 milhões de anos atrás, aqui não havia água. Não chovia...

–-Tá bom! Tente me convencer...

–-A água é um elemento extraterrestre. Foi traga de outro planeta! Alguns cientistas dizem que, nesse planeta, há água idêntica á nossa. Lá chove, tem catástrofes naturais. Eu falo que é o nosso planeta gêmeo, pois somos idênticos. Na terra, há rastros que houve vida inteligente como a nossa, e, eu acredito que é de lá a nossa origem, porque aqui em Óreon não há nenhum rastro de vida humana... --Ela dizia, e eu absorvia tudo com muita curiosidade. Adorava histórias assim, mas a interrompi e questionei:

–-Porque o governo não estuda isso?

–-Hahahahaha! Ah querida, você está tão por fora de tudo! Tenho certeza que aqui dentro não sabe nada que acontece no mundo! A alguns anos, houve uma grande rebelião exigindo que o governo norte e seu pai contassem toda verdade.--Ela disse, mas quando envolveu meu pai, fiquei mais curiosa e pedi que continuasse. --Isso deu inicio á uma grande ditadura. Hoje em dia, todos somos proibidos a contar isso para as próximas gerações. Muitos amigos meus já morreram, foram presos... Olha, eu não devia estar contando isso para você, mas precisava saber. --Sâfira disse. Eu prestava atenção, mas também reparava em um segurança (muito lindo, de olhos marrons e cabelos escuros),que discretamente ouvia tudo. Fiquei nervosa. Tentei dar um sinal á professora, mas ela não percebeu e continuou:

–-Então, tudo isso é uma farsa. A verdade é que, nessa tal terra...-Foram as últimas palavras que ouvi dela. O tal segurança a eletrocutou com uma arma de choque, á levou para fora de casa e me mandou para meu quarto.

Fiquei o resto do dia todo pensando sobre isso. Admirei a coragem de Sâfira, por ter me contado...E fiquei desapontada com meu pai e o mundo todo. Será que ela foi presa? Ou pior, morreu?

Agoniada e com dor no coração, fui pesquisar na internet sobre o que ela me disse. Como sempre, escondida, eu entrei no escritório do meu pai, o único lugar da casa onde há um computador. Meu pai fala que essas coisas são horríveis para minha idade, e eu não posso criar um perfil numa rede social nem nada, porque, através de mim, podiam pegar dados secretos que estavam escondidos naquele computador, então, para entrar na sala havia uma senha, para o computador outra... Mas, 18 anos morando aqui e ele acha que ainda não descobri as senhas, hahaha!

Bem, é raro que eu entre aqui. Só digitei alguma coisa umas 2 vezes na vida, então não estou muito acostumada. Peter já havia me dado algumas aulas (eu sei até como entrar na internet!), e foi isso que eu fiz.

Chegando no ''Google'', digitei ''teoria da nossa origem'' e nada apareceu. Pior: o computador desligou sozinho e tocou um alarme (que quase me deixou surda) e luzes vermelhas começaram á piscar. Seria uma vergonha os seguranças gatões acharem a filha do presidente o desrespeitando, então, escalei pela parede como um ninja e escapei pela janela.

Era a primeira vez que saia de casa escondida. Nunca vi ''fora da minha casa'' sem estar agarrada e cercada pelos seguranças e com pijama, então, tirei meu sapato e fui dar um pulinho ''no mundo real''.

Já era tarde, mas não me importei. Fiquei caminhando nas ruas vazias e escuras. O céu era tão bonito atrás de folhas e árvores. Ouvi o som de rodinha de bicicleta vagabunda chegando. Não me preocupei. Estava doida para fazer um novo amigo! Estava vindo mais rápido, mais rápido, e chegou. Antes que virasse para trás, tamparam meu nariz com um lencinho, e desmaiei.