Pov’s Violettta

–E agora? –Eu perguntei.

Éramos quatro adultos sentados sobre um banco de madeira em um parque de diversões abandonado, a única coisa que tinha em nossa frente era um carrossel de madeira e metal, e ao lado do banco havia uma árvore.

–Agora esperamos. –Disse Marco.

–Esperamos o quê?-Leon indagou.

–Algo ou alguém. –Maxi disse.

“Detesto essa expectativa. Esperar, confiar e não saber o que vai acontecer.”

–Talvez um quinto cavaleiro. –Eu disse e os meninos me olharam. –Serio? Vocês, nunca pensaram na possibilidade de existir alguém por trás de toda essa história do “Olho”? –Eu disse.

–Sim, eu já pensei nessa possibilidade diversas vezes, o problema é: Quem é o quinto cavaleiro? –Perguntou Leon.

Antes que alguém respondesse, pudemos ver uma pessoa se aproximando de nós, era homem, isso eu tinha certeza, porém só conseguíamos ver sua sombra. Ele parou antes que pudéssemos vê-lo.

Cheguem mais perto, bem perto, quanto mas de perto você vê, mas fácil será engana-lo.

–Quem é você? –Perguntou Maxi.

–Eu? Eu sou a razão para tudo acontecer, eu sou a razão para a existência dos “Quatro Cavaleiros”, eu sou criador do “Olho”...

–Você é o quinto cavaleiro! –Eu afirmei.

–Exatamente. –O homem disse, e começou a andar em nossa direção novamente. Assim que vi quem era o “Quinto Cavaleiro”, minha boca se formou em um perfeito O, devido à surpresa da descoberta.

Ele se aproximou com um sorriso nos lábios, ele parecia dar risada de nossas reações, ele trajava uma calça jeans e uma jaqueta preta com o distintivo do FBI

–Não acredito. –Exclamou Marco ao ver que era. Quer dizer, todos nós estávamos surpresos, o quinto cavaleiro era o policial topetudo que diversas vezes havia nos prendido, quer dizer, ele havia fingido nos prender.

–Cara, me desculpe pelo soco. –Disse Leon e eu ri.

–Estão surpresos? –Ele perguntou.

–Muito. –Eu e Maxi falamos em um uníssono.

–Me desculpe se eu os assustei, algumas vezes. A propósito, meu nome é Federico.

–Meu nome é...-Marco foi interrompido.

–Por favor, eu sei quem vocês são, quer dizer eu e quase o mundo inteiro sabemos quem são vocês. –Federico disse rindo.

–Infelizmente, metade do mundo, pensa que nós somos ladrões. –Maxi disse.

–Resolvemos isso depois.

–E agora? –Leon perguntou.

–E agora, pergunto eu, Leon. Afinal, você é o líder aqui. –Disse Federico cruzando os braços.

–Bom, eu acho que nós deveríamos ir para o “Olho”, se é que realmente existe. –Leon disse.

–Não duvide de mim, é óbvio que o “Olho” existe. Em breve, vocês irão perceber que eu não sou um homem de brincadeiras. –Federico disse.

–Que medo. –Leon sussurrou para que somente eu pudesse ouvir, grande ironia de Leon Vargas.

–Venham comigo. –Pediu Federico.

Ele nos levou até o carrossel, pediu para que sentássemos sobre os cavalos, estranho, mas fizemos o que ele pediu. Estava muito frio para falar a verdade, os cavalos estavam levemente molhados com as gotículas de sereno, por isso, estremeci quando sentei no cavalo de metal.

–Vocês devem ter muitas perguntas, eu imagino. –Federico disse.

–Só quero saber o que é o “Olho”, por que estamos aqui? Por que fizemos tudo isso? –Eu disse.

–Mais alguma pergunta interessante? –Federico perguntou debochado.

–Porque não responde a pergunta que a Violetta fez? –Leon indagou.

–Está bem, eu queria deixar um suspense no ar, mas já que vocês insistem, eu respondo as perguntas dela.

–Ótimo. –Leon disse, ele parecia estar estressado, como se de alguma maneira não quisesse estar aqui.

–O “Olho” é uma sociedade secreta...-Leon interrompeu Federico.

–Isso já sabemos, queremos saber o motivo de estarmos aqui. –Leon disse e curto e grosso. Eu o olhei estranha, mas Leon não perdeu a postura de “durão”.

–Temos um apressadinho aqui. –Federico disse rindo. –Bom vocês, são o primeiro grupo de “cavaleiros” que eu selecionei para participar do “Olho”, sintam-se privilegiados. Nós somos uma sociedade cujo o único dever é contar com os maiores ilusionistas que o mundo já viu.

–E?

–E, vocês foram selecionados para participarem deste grupo, como já devem saber.

–Só isso? E o que fazemos dentro do olho? –Marco perguntou.

–Claro que não é apenas isso. Com o tempo irei juntar seguidores o suficiente para manipular qualquer um, quem sabe fazer grandes conquistas no mundo. –Federico disse e eu arregalei os olhos.

–Você é idiota por acaso? É louco, é isso, é completamente louco! –Gritou Leon.

“Excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração.”

No que eu havia me metido? Claro, o “Olho” era uma farsa, Federico era uma farsa. Quer dizer o “Olho” realmente existia, mas a intenções propostas por Federico era completamente ridículas.

Federico era um louco, tipo aqueles vilões de filmes que querem conquistar o mundo. Era uma ideia completamente ridícula. Sem contar que ele nos usou: Manipulação.

–Eu não acredito. Você nos usou, qual é o seu problema? –Eu gritei e fui para cima de Federico, digamos que eu tenho um temperamento forte.

Porém antes que eu pudesse fazer um belo estrago na cara daquele topetudo branquelo, senti duas mãos reconhecíveis segurando em minha cintura. Eu tentei dar uma cotovelada na pessoa, mas foi impossível, pois ela era o “dobro” do meu tamanho.

–Me solta, Leon! –Eu disse sem olha-lo, eu sabia que era ele.

–Olha, eu mais do que ninguém quero acabar com a raça desse louco metido a vilão, mas sabemos isso não será bom, nem para mim, e nem para você. –Leon disse num sussurro em meu ouvido. –Se acalme. –Pediu ele.

–Eu pensei que tudo isso tinha um propósito, mas não. Eu realmente achei que isso tudo era algo importante, mas não era. –Marco disse frustrado.

–Como? Vocês que são loucos, eu sou o único que quero mostrar ao mundo o tamanho da habilidade de vocês. –Federico disse.

–Você quer nos usar, isso é completamente diferente. –Maxi disse.

–Você merece uma bela de uma surra. –Marco disse.

–Concordo! –Eu disse, mas Leon continuou me segurando.

–Não acredito, eu fiz tudo por vocês, eu juntei os quatro, planejei a ascensão à fama de vocês quatro e.......É assim que vocês me agradecem. –Federico realmente parecia inconformado.

–Se trate, nós vamos embora. –Disse Leon calmamente, calmamente do jeito Leon, porque naquele ser humano não existe completa calma em momentos como esse.

–Vão, podem ir, tomara que se explodam, e muito azar na vida de vocês. –Desejou Federico.

–Vamos. –Disse Leon, ele me puxou pela mão fez sinal para que Maxi e Marco o acompanhassem.

Impressionante, quase um ano de expectativas, sobre o “Olho”, e descobrimos que tudo era uma tremenda farsa, eu estava chateada, bastante se querem saber.

–Tudo não passou de uma perda de tempo. –Marco disse.

–Nem tudo. –Leon disse. –Apesar do “Olho” ser algo administrado por um maníaco, sem ele nós não teríamos nos conhecido, quer queira quer não, uma amizade se criou entre nós. –Leon disse e eu sorri.

–Sem querer ser indelicado, entre você e a Violetta nasceu bem mais que uma amizade. –Maxi disse e eu fechei a cara, mas pelo contrário do que eu esperava, Leon deu risada.

–Tem razão. –Leon disse.

–Eu não concordo. –Eu disse emburrada.

–A Vilu, você poderia dar uma chance para o Leon. –Maxi disse, ótimo agora ele virou cupido.

–Isso jamais...-Eu disse e Leon riu, talvez ele não me levasse a serio.

–O mais importante, é mantermos isso que temos, vivemos coisas intensas juntos, e acho que isso não pode acabar assim. –Maxi disse.

–Porque afinal de contas nós sempre seremos os “Quatro cavaleiros”....

Oito anos depois....

Sim, se passaram oito anos, oito impressionantes anos.

Após uns anos de muita batalha, foi provada a inocência dos “Quatro cavaleiros”, o problema é que eles tiveram que contar todos os seus segredos e truques, com isso a mídia colocou tudo na internet, fazendo que assim chegasse o fim dos “Quatro cavaleiros”.

Aí veio uma certa depressão, Leon Vargas acompanhado de sua noiva Violetta, sim noiva, Vilu tinha dado “o braço a torcer” e acabou aceitando ficar com Leon. Bom, voltando a depressão, Leon foi o que mais sofreu, viveu à custa da frustração de um sonho não realizado. Mas ele superou, superou juntamente com Violetta, Maxi e Marco.

Marco foi passar um tempo na Itália, conheceu uma jovem chamada Francesca, casou-se com ela, e agora vivem em Nova York no topo de um edifício com vista para a estátua da liberdade.

Maxi depois de muita procura achou Naty, aquela mulher que ele conheceu no show, lembram? Bom, eles estão namorando apenas, segundo Leon, Maxi enrola demais para fazer um pedido de casamento, e Maxi alega que ele está apenas seis anos com Naty, “apenas”.

Federico se isolou do mundo por quatro anos, depois ele voltou e foi procurar Ludmila, e a encontrou em Londres, ele acabou revelando tudo, exatamente tudo a ela, tudo que ganhou foi uma companheira, eles vivem uma relação complicada, não é namoro, mas também não é apena uma amizade.

Quanto a Vilu e o Leon, bom se casaram rapidamente, foi descoberta a gravidez de Violetta quatro meses após o casamento. Nove meses depois, Violetta deu a luz a James, um garoto de cabelos castanhos e olhos verdes, a verdadeira cópia de Leon. Atualmente os dois abriram uma loja de acessórios esportivos, uma loja de muito sucesso para falar a verdade, vivem em Nova York, próximo do bairro de onde se conheceram.

–Mãe! –Disse o pequeno agora com seis anos de idade. Pulou no colo da mãe, que apenas riu com ato.

–James, sempre tão parecido com o seu pai, afobado igualmente. –Violetta disse, fazendo um carinho no pequeno.

–Você sempre diz isso. –Disse James.

–Sempre digo, não é mesmo? Agora suba para o seu quarto, já já eu subo para te arrumar. –Violetta disse e o pequeno fez o que ela disse. Após isso, pode-se ouvir a porta de entrada batendo.

–Vilu? –Chamou a voz grossa masculina.

–Sim, meu amor. –Respondeu a mesma, enquanto recolhia alguns brinquedos espalhados pelo chão da sala.

–Temos que ir para reunião. Maxi e Marco nos esperam. –Disse Leon sorrindo.

–Vou arrumar o James, e aí nós já vamos. –Ela disse e Leon assentiu.

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A reunião não se resumia a um compromisso de trabalho, na verdade era uma reunião entre velhos amigos, que se reuniam para conversar normalmente sobre os tempos de “Quatro Cavaleiros”.

–Aí, nos entramos na cozinha, e esses dois estavam se agarrando em cima do balcão. –Disse Maxi apontando para Vilu e Leon, os dois apenas fecharam a cara.

Maxi estava ao lado de Naty, e Marco estava com Francesca, Violetta ao lado de Leon com James em seu colo, o pequeno não entendia nada, mas dava risada com o que via.

Há coisas que não foram descobertas, segredos, truques, o passado da vida de cada um, mas isso já não importava mais, eles estavam felizes assim, as lembranças boas que eles continham, foram capazes de superar qualquer erro do passado vivido por cada um, e isso era ótimo.

–Nunca vou me esquecer dessa época. –Disse Marco.

–Foi um bom tempo, mas estou feliz com a nova vida. – Disse Leon.

–Com certeza. –Concordou Maxi.

–Mas o importante, é que sempre teremos aquelas lembranças. Lembranças de ilusionistas.

–Eu sou Violetta. –Ela disse rindo.

–Leon.

–Maxi.

–Marco.

–E nós somos, e sempre seremos os “Quatro cavaleiros”...