Era sábado à noite e você estava em uma boate. Sim. Boate. Suas amigas te arrastaram até uma boate cheia de caras que abusavam da colônia e de garotas com vestidinhos curtos que desciam até o chão. Você não conseguia acreditar no fato que você estava ali, com aquele tipo de pessoa que você odeia. Pessoas com sorrisos falsos, querendo diversão rápida e barata. Caras que embebedavam garotas e garotas que se esfregavam em caras. Eca.

Você estava no bar, se forçando a tomar um cocktail sem álcool, a última coisa que você queria era ficar bêbada subir em cima do balcão e começar a dançar igual a uma louca. Você não queria estar lá. Você queria estar assistindo os últimos capítulos da novela ou quem sabe se entupir de Nutella enquanto assistia a um filme meloso de romance. Não era seu estilo de diversão. Vários caras tentaram te tirar para dançar e alguns te pagaram bebidas, você recusava educadamente e tentava não dar muito assunto para eles.

Uma coisa você tinha que admitir: tinham uns rapazes bem bonitos lá.

Você não notou um par de olhos verdes te observando, eles estavam te vigiando desde o momento que você tinha se sentado naquela cadeirinha desconfortável no balcão. Olhos que te rastrearam e pareciam estar altamente interessados. O dono dos olhos verdes caminhou até o balcão e se sentou ao seu lado.

– Senhor, você poderia me servir uma dose de whiskey e um cocktail de verdade para a lassie.

Você se virou para olhar para o cara que acaba de pedir uma bebida em seu nome, sem nem mesmo perguntar para você, e ainda por cima te chamou de lassie. Quem ainda fala lassie? E sem falar que o sotaque dele era forte e estranho.

Mas quando você se vira para encarar o rapaz sua mandíbula quase cai no chão e sai correndo por aí. Quem era esse pedaço de tentação? Você teve a impressão de que se ele não era Deus, ele só poderia ser o demônio. E que demônio. Ele sorri para você com os dentes brancos, passa a mão pelos cabelos ruivos da cor do pecado original, os olhos verdes brilhando no escuro da boate e dedos segurando um cigarro ( normalmente você acharia nojento, repugnante e tentaria sair de perto dele, mas isso só o deixava mais sexy e atraente). Você quase não conseguiu conter um sangramento nasal.

– E-eu não... Não quero beber, obrigada.

– Você vai beber. Eu já fiz o pedido, e você não pode recusar agora. Right, lassie?

Um arrepio sobe por seu corpo. Como recusar algo vindo de um cara tão...? Você sacudiu a cabeça e tentou não olhar para ele, para aquele... Não. Se recomponha! O que está pensando? Não olhe para ele, se você olhar você vai ficar tentada a beber. E você não vai beber, certo? Errado.

O barman chegou com a dose de whiskey e o seu cocktail de verdade e depositou na sua frente. Você encarou a bebida colorida e enfeitada antes de arrastá-la para o lado, em sinal de recusa. O rapaz arrastou a bebida para você de novo enquanto molhava os lábios no whiskey.

– Eu paguei para você. Você bebe. – Disse o ruivo que começou a perder a paciência.

– Eu não quero beber.

– Eu não perguntei se quer beber. Você vai beber o que eu te disser para beber. Or else.

Você encarou o rapaz que estava te encarando com a raiva de trinta dragões infernais com TPM. Sem pensar duas vezes, você toma um gole da bebida doce mantendo contato ocular com o rapaz.

–Então, qual é o seu nome?

– (S/n)(Sb/n). E o seu? – Você disse vagarosamente e cautelosamente.

– Allistor Kirkland. E o que uma garota como você está fazendo aqui? Você não parece estar à vontade.

– Minhas amigas me arrastaram aqui. Acredite, quando eu falo que elas me arrastaram eu digo que elas praticamente me carregaram até o carro.

Allistor riu e você viu suas quatro amigas cochichando animadas e mandando sinais de aprovação para você, e dando risadinhas e uma delas começou a fingir que se agarrava com o vento enquanto a outra fez movimentos com os lábios e com a língua... Elas não tinham vergonha de fazer aquilo em um lugar público?

– Aquelas são suas amigas? – Ele disse olhando para as garotas levemente tontas. – Bem alegrinhas elas.

Você dá uns três goles no cocktail, tentando se distrair e ficar tonta o bastante para não se importar com as coisas que aconteciam ao seu redor. Todos estavam bêbados, e vocês dois pareciam ser os únicos sóbrios. Isso incomodava um pouco.

– Whoa, lassie! Slow down. – O ruivo disse ainda rindo das suas amigas que já tinham voltado a dançar com caras desconhecidos.

Vocês dois conversaram e beberam mais. Não estava nos seus planos mais que se dane. Você não ligava, você estava se divertindo com Allistor, rindo mais a medida que os dois iam bebendo mais e ficando mais bêbados e idiotas. Os dois iam se soltando até que a conversa não fizesse tanto sentido assim.

– Eu... Eu juro que o Monstro do Lago Ness existe. Tem uns babacas, uns babacas, uns babacas que dizem que não. Mais eles nunca viram, certo? Eles não sabem de nada. – Disse Allistor se enrolando um pouco com as palavras. – Uns babacas.

– Babacas. – Você disse antes de dar outro gole na sua bebida doce.

– Babacas.

Vocês riram um da cara do outro, o que não fez muito sentido, mas na hora parecia lógico. Você estava muito perto do rapaz, os rostos estavam a centímetros de distância, dava para sentir o hálito forte e quente de whiskey da boca do rapaz. Vocês pararam de rir e ficaram com aquela cara de idiotas, só olhando para os olhos um do outro.

– Eu acho que eu acredito... no Monstro do Lago Ness – Você disse sem pensar enquanto se apoiava no balcão para não cair no chão.

– E quem não acreditaria?

– Babacas. – Você disse rindo.

– Gosto do jeito que você pensa, pensa. Você pensa legal. – Allistor diz enquanto vocês começam a rir de novo. Mas depois fica sério de repente. – Eu gosto do seu cabelo... Ele é muito... Cabe..lu..do. Cabeludo.

Não fazia sentido para você, mais foi o jeito que ele tinha encontrado para te falar que você era bonita. E como ele te achava bonita, ele te achava maravilhosa. Mas agora o álcool parecia misturar tudo o que ele queria falar, e resultando em frases sem sentido.

– Valeu, você também é cabeludo. Seu cabelo é muito vermelho e legal. – Você disse não levando a sério o que ele tinha falado.

– Não. Você é muito legal... e não cheira mal. É muito muito, muito muito sexy.

Ele estava quase encostando os lábios nos seus mas de repente você solta um pequeno gritinho e se levantou da cadeira cambaleante. Tinha começado a tocar Lady Marmalade, que na hora parecia ter virado sua musica favorita.

– Vamos dançar essa, eu gosto de dançar. Eu gosto de musicas em francês.

Allistor te seguiu até a pista de dança enquanto você dançava um pouco tonta, o que não parecia te incomodar. Apesar de você estar bêbada você estava dançando muito bem, e Allistor também estava trazendo a atenção das garotas para ele. Até que todas as pessoas pararam para ver vocês dançarem, vários assovios e gritos. Você começou a cantar um francês enrolado e estranho. E quando a musica acabou vocês não pararam, o motivo era que a próxima musica tinha que ser dançada: I’m Too Sexy.

Allistor te agarrou pela cintura e começou a dançar enquanto cantava com aquele sotaque escocês, que era muito sexy para aquele clube. Foi quando você sentiu uma mão levantando sua saia.

– Você levantou minha saia?

– O que?

– ACHO QUE ALGUÉM LEVANTOU MINHA SAIA. FOI VOCÊ?

– NÃO.

– LEVANTARAM MINHA SAIA.

De repente Allistor ficou com muita raiva, tanta raiva que praticamente te jogou no chão e agarrou o primeiro cara que ele viu.

– VOCÊ LEVANTOU A SAIA DA MINHA GAROTA. QUAL É O SEU PROBLEMA?

O rapaz tentou falar alguma coisa mais Allistor deu um soco no nariz dele. Depois o deixou de joelhos segurando as partes vitais.

– NUNCA MAIS ENCOSTE NA MINHA GAROTA! DA PROXIMA VEZ EU JURO QUE EU VOU...

– ALLISTOR! LARGA ELE! TUDO BEM!

Allistor deu um chute na barriga do rapaz e logo em seguida vocês dois foram expulsos da boate. Jogados na sarjeta, vocês riram novamente e se levantaram. Foi divertido enquanto durou.

– (S/n), fomos expulsos.

– Pois é. Parece que eu não vou mais entrar aqui por um bom tempo.

Vocês começaram a rir. Foi a noite mais louca de suas vidas. E você tinha passado com o cara mais lindo da face da terra. Você caiu no choro de repente e mergulhou sua cabeça no peito musculoso do rapaz.

– Você é incrível Allistor.

O rapaz te agarrou e te beijou ali mesmo, na sarjeta e bêbado. Ele tinha se segurado a noite toda para não fazer isso mas parecia que ele não conseguiu se aguentar. O beijo começou forte mas foi se suavizando e te fazendo derreter aos poucos.

– (S/n). I think I’m in love with you.

– Eu também. Eu acho que eu te amo.

Na manhã seguinte você acordou em uma cama estranha, em um quarto estranho, com roupas estranhas( só uma camiseta masculina e folgada com a estampa do Monstro do Lago Ness). Seu vestido de ontem a noite estava jogado em cima da porta do quarto e seus sapatos estavam na cabeceira. Você não lembrava de muita coisa, só de uns flashes: as bebidas, a dança, Allistor espancando um cara e o beijo na sarjeta seguido por declarações bêbadas de amor verdadeiro.

E por falar em amor verdadeiro, Allistor tinha sua cintura envolvida por seus braços e te puxou mais para perto, te fazendo corar. Será que...?

– Allistor?

– O que foi?

– Você lembra de tudo que aconteceu ontem a noite?

Ele riu e beijou sua nuca.

– Você estava muito bêbada. Agora vá dormir.

– Mas Allistor, Como é que viemos parar aqui?

Tarde demais. Ele já tinha entrado em sono profundo, roncando baixinho.