O jogo do deus escrita por Equipe Gelo


Capítulo 14
Porta para o paraíso infernal


Notas iniciais do capítulo

"Nem tudo na vida sai como a gente quer."



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Andrew não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo, ela não poderia estar morta, tudo foi tão assim, de repente. Ele não conseguia mais suportar a dor, a pressão, o medo, a tristeza. Ele não esperou que ninguém tomasse alguma atitude, afinal todos estavam com caras mortas olhando para chão como se aquilo fosse livrá-los do que acontecera. Ele correu até Mellanie, ou pelo menos, o que havia sobrado dela. Ele começa a chacoalhá-la freneticamente numa tentativa frustrada de acordá-la. E quando ele percebe que nada daquilo faria efeito, ele abraça o corpo ensanguentado da garota e desaba a chorar.

– Cara, e-eu sinto muito – disse Ralf se aproximando do amigo e colocando sua mão nas costas dele, no intuito de consolá-lo.

– Temo que não tenha o que fazermos mais – disse Fred se abaixando e segurando o pulso da garota - ela não tem mais volta.

Aquilo tudo parecia um verdadeiro velório, pessoas imóveis, chorando caladas, algumas se abraçando. Mas algo desfez o silêncio e o ressentimento fazendo todos voltarem o olhar para a figura do portal que havia no portão. Fumaça começou a sair pelas rachaduras dos entalhes, o meio do portal começou a escurecer e parecia estar derretendo, e de repente luz começou a brotar de lá e aquilo acabou se tornando um clarão tão forte que obrigou a todos taparem os olhos. E após uns segundos, quando aquilo passou todos abriram os olhos e viram. Havia outro lugar, um novo mundo, no outro lado do portal. E era para lá que eles iriam.

– Eu não posso deixar ela aqui – disse Andrew por entre as lágrimas e os soluços – ela merece algo mais digno do que isso..

–Tudo bem Andrew, vamos providenciar isso – disse Katherine, tentando parecer o menos abatida o possível.

Então organizaram um funeral improvisado em frente à caverna, enterram o corpo, decoraram ao redor com pedras e flores. Ficaram lá, por um bom tempo, todos de cabeça baixa, para esconder a dor, menos Andrew, ele chorava desesperado e dizia:

– Ela foi meu verdadeiro amor.

Mas era tarde de mais.


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Todos estavam de volta a caverna, discutindo ideias em frente ao portão.

– Nós devíamos atravessar essa coisa o mais rápido o possível – falou Kaya – Ficarmos aqui parados é uma perda de tempo.

– Mas temos que esperar Louyse voltar – disse Katherine.

– Se é que ela vai voltar você quer dizer – disse Kaya.

Silêncio de todos. Talvez Kaya tenha dito o que muitos não queriam ouvir.

– Olhe, eu vou dar uma ideia – disse Sophie – um grupo atravessa o portal, e outro fica de plantão aqui esperando Louyse e para qualquer problema que possa acontecer.

– Está bem, vamos fazer isso – disse Katherine, mesmo não confiando muito na nova garota.

– E também deveríamos estimular um tempo para o grupo que irá ficar aqui – disse Alice.

– O que você quer dizer Alice? – perguntou Lilie – Tempo para o que?

– Tempo de espera. Eu vou explicar, o grupo que ficar aqui esperando, terá um tempo de digamos, um dia, após esse tempo, se o pessoal que tiver atravessado o portal não tiver voltado, manda-se outro grupo de busca, sendo esse menor, para ver o que aconteceu.

– É uma boa ideia, agora, vamos nos organizar – disse Alicia – Quem vai e quem fica?

– Eu acho que o grupo que deveria ir seria formado por mim, a Katherine, a Summer, a Lilie, o Ralf, o Fred e o Andrew - falou Kaya.

– Sete pessoas, é um numero bom – disse Lilie – agora vamos pessoal, precisamos resgatar uma adaga.


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– Espero que eles consigam – disse Alice para Alicia – e também seria muito frustrante ele chegarem lá e ser tudo uma grande brincadeira do Sr. D.

– Pois é, mas tudo o que nós podemos fazer agora é aguardar.

E assim o grupo da caverna passou o resto da tarde, conversando, andando de um lado para o outro, até que de repente eles ouvem passos que pareciam vir da entrada da caverna.

–Louyse? – chamou Alice enquanto caminhava para a entrada.

– Alice?! – gritou Louyse – Graças ao Olimpo, finalmente encontrei vocês!

Então as duas correm uma em direção a outra e se abraçam demoradamente. Alice se afasta e olha para garota, ela estava um trapo. Tinha ferimentos por todo o corpo, o cabelo estava despenteado, as roupas rasgadas e cheias de terra. Essa sim tinha passado por muita coisa.

– Meus deuses Lou, o que aconteceu com você?

– Ah, longa história, deixa para mais tarde.

– E onde está o garoto que ficou para trás com você?

– Eu não sei, só lembro-me de acordar e ouvir ele me mandar correr para o mais longe que eu pudesse, e que não era para eu parar enquanto não encontrasse a caverna, e foi o que eu fiz. Mas onde está o resto?

– Atravessaram um portal para recuperar a adaga, longa história, deixa para mais tarde – disse Alice com um sorriso, e então, as duas riram.

Enquanto isso do outro lado do portal, todos já tinham visto muita coisa e algumas tiveram que lutar contra elas, mas nada de muito perigoso e nem mortífero. O lugar era lindo e indescritível, tinha todos os tipos de criaturas da mitologia grega. Todos estavam maravilhados. Ralf contou para todos o que ele ouvira na caverna, e disse que tinha certeza que era Jano que estava por trás de tudo aquilo, a maioria ficou meio em duvida, mas Andrew entendeu perfeitamente o que ele queria dizer. Então eles caminhavam e tentavam achar pistas que os levassem até o deus, mas tudo em vão.

– Vamos lá gente, nós vamos conseguir achar essa maldita adaga, só nós não podemos desanimar – ficava dizendo Katherine, mesmo sem ter esperança alguma que achariam algo.

Uma hora em que todos se espalharam para tentar encontrar algo, Ralf escutou alguém conversando sozinho, a voz parecia ser conhecida, e o que tudo indicava ela vinha de atrás de uns arbustos. Primeiro Ralf imaginou que pudesse ser algum sátiro maluco, mas mesmo assim, resolveu se aproximar. Então em passos silenciosos e curtos, ele foi pouco a pouco chegando perto do local e então quando viu quem era ele não acreditou. Não poderia ser. Aquilo era no mínimo absurdo.

A pessoa falava no tom de voz mais baixo o possível – pense em alguma coisa para fazer, não podemos deixar esses idiotas recuperarem a adaga, você sabe o quão humilhante isso seria? Pense em alguma coisa, distraia-os, mate outro deles, eu não sei, apenas faça, não podemos perder entendido?

– Summer? – largou Ralf assustado, ele sabia que deveria ficar em silêncio, mas ele não se aguentou – O-o que est...Mas...Como?

– Ora, ora, parece que o garoto das sombras nos descobriu, e agora, o que você vai fazer? Lutar ou correr? – disse Summer, que de repente não tinha mais o rosto de uma linda garotinha e sim de um demônio.

–Prefiro morrer a ter de fugir de você garota.

– Bem, vamos ver então.

E então, eles começaram a lutar. Para uma filha de Apolo Summer era muito boa em esgrima, ela desviava perfeitamente cada golpe que Ralf dava. E eles lutavam com tanta gana de vencer que nenhum ousava errar um passo, até que Summer crava a espada de leve em uma das partes da cicatriz de Ralf, e ele urra de dor, ele pensa em desistir, mas sabe que isso não é uma opção. E então continua, mesmo sem forças a empunhar a espada.

Mesmo de longe, Andrew e Kaya, que haviam saído juntos, ouviram o grito de Ralf.

– Oh não, o que aconteceu – disse Andrew se lamentando – vamos Kaya, rápido!

Os dois correram desesperadamente tentando localizar da onde o grito havia saído. E quando vislumbraram a cena de Summer e Ralf em uma luta, não conseguiram acreditar.

– Ralf! O que você está fazendo seu idiota! – gritou Kaya – Pare de atacar a coitada seu maluco!

– Não vocês não entendem! – gritou Ralf de volta enquanto desviava dos ataques da garota – Foi ela! Ela quem roubou a adaga! Ela quem está de complô com Jano, ela quer matar a todos nós!

– Descobriu isso tudo sozinho garoto? – disse Summer sorrindo.

– Meus deuses, isso não faz sentido – disse Andrew em voz alta mas para si mesmo.

– Faz sim meu amigo, faz sim – respondeu Summer.

– CHEGA! – gritou Kaya com os olhos cintilando, como se saísse fogo deles – Isso tudo é um absurdo! AAAAAAAH! – então ela atacou Summer com uma de suas flechas de bronze celestial, fazendo a garota cair no chão e chorar de dor.

Ralf também caiu, mas de cansaço. Kaya se aproximou de Summer, ergueu a saia do vestido que a garota sempre usava e lá ela achou a tal adaga de Dioníso presa em uma fita amarrada na perna. Kaya pegou a adaga, olhou para os garotos com os olhos em chamas e disse:

– Vamos encontrar os outros, pessoal, vamos voltar para casa.


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