Accomplices escrita por larysavilela


Capítulo 1
Blue bra.


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira Fanfic aqui no Nyah e eu estou muito animada. Espero que vocês gostem e por favor comentem. Obrigada ♥



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Pov Anne

Olhei para o letreiro enorme e sujo escrito Jenk’s e respirei fundo acumulando bastante ar puro nos pulmões.

O cheiro de bebida, lixo e suor tomou conta de mim assim que entrei naquele lugar que insistem em chamar de “restaurante”.

O casaco grosso de lã, não parecia mais ser o ideal. Logo eu tinha o tirado e estava apenas com uma fina blusa de manga cumprida.

Eu fui até o balcão e sentei em uma daquelas cadeiras que é impossível sentar e não querer girar.

Não demorou muito até um carinha com um bigode enorme vir me atender.

– Fala ae, Gabe.

– Tudo bem, garota?

– Tudo ótimo. Vem cá, você sabe onde eu posso encontrar o Vincet ?

– A última vez que eu o vi, ele estava conversando com o fornecedor lá nos fundos.

– Valeu Gabe.

Ele nem teve tempo para me responder, apenas acenou com a cabeça enquanto limpava apressadamente o balcão com um pano que eu não me atrevo a sentir o cheiro.

Desci do banco e fui em direção à porta dos fundos.

Passei perto de um casal que se pegava como se o lugar estivesse vazio. Ele era moreno e grande, ela loira e pequena. O cara subia em cima dela como se fosse um tigre faminto, atacando sua presa.

Tadinha.

Fiquei feliz por um segundo, pois logo sairia daquele ambiente fedorento e nebuloso e poderia respirar ar puro novamente. Mas ai lembrei que lá fora não tinha nada de diferente.

Passei pela porta de madeira e instantaneamente tive vontade de colocar meu casaco de novo. Estávamos no meio do inverno e Manhattan está longe de ser um lugar legal no frio.

O lugar onde eu estava agora, era chamado carinhosamente de “fundos”, mas eu prefiro “lugar nojento e fedorento onde os palhaços que trabalham aqui jogam todas as coisas que não querem mais.” Incluindo sapatos velhos, fogão quebrado e por incrível que pareça, até uma boneca sem um olho eu já encontrei aqui.

Eu percebi que Vincet não estava ali, e segui até um beco estreito que tinha ligação direta com a parte de trás do Jenk’s.

Vi uma sombra grande apoiada em uma das paredes com um cigarro na mão, e soube na hora que era quem eu procurava.

– Vinc, você não presta.

Ele olhou assustado, mas logo relaxou quando percebeu que era eu.

Eu estava morrendo de raiva dele, desde hoje de manhã quando levantei e ele já tinha ido e não me deu carona pra escola.

– Anne, você sabia que eu ia chegar mais cedo no trabalho hoje.

– Na verdade, não. Eu não sei pra que levantar cedo para encontrar um monte de bêbados desempregados e casais se comendo nas mesas.

Ele me olhou feio e eu revirei os olhos.

– Eu estou mentindo?

Ele suspirou, fechou os olhos e tocou a ponta do nariz com os dedos.

– Quando foi que você ficou tão arrogante ?

– Convivência titio, convivência.

Eu pisquei um olho para ele.

Vincet, é meu tio e tutor. Ele cuida de mim e do pirralho à mais ou menos uns 10 anos. Não é que ele seja um mal tutor. Apenas é engraçado quando tenta dar uma de responsável, já que ele está longe de ser um bom exemplo.

Ele deu uma última tragada no cigarro e o jogou longe.

Saiu andando em direção a entrada do beco.

– Eeeei, nem fodendo que eu entro nesse lugar de novo. Quero ir pra casa. Me leva de carro, você me deve isso.

Eu gritei, para que ele pudesse me ouvir já que estava se afastando cada vez mais.

– E como foi que você chegou aqui ?

– Viado. – falei baixo, sem que ele escutasse.

A minha sorte era que eu não estava tão longe assim de casa, mas mesmo assim só o pensamento de andar por aquelas ruas sozinha me deu preguiça.

Eu não percebi para onde estava indo, só quando parei em frente à uma casa que eu conhecia muito bem. Pensei por um segundo, que talvez fosse melhor me virar e ir embora. Mas algo me disse pra continuar.

Subi os degraus da varanda e bati na porta algumas vezes.

Não consegui ouvir nada. Nem um barulho de Tv, rádio ou qualquer outra coisa que indicasse que tinha alguém em casa.

Já estava pronta para ir embora, me virei e comecei a andar, quando a porta se abriu.

Olhei na direção, dando de cara com um garoto moreno, alto, musculoso e com os cabelos completamente bagunçados. Seu rosto estava vermelho e ele usava apenas uma box preta.

– Daniel, toma vergonha nessa cara e vai colocar uma roupa.

Passei pela porta e entrei na sala ouvindo a risada dele atras de mim.

– Quando foi que ultrapassamos o limite de intimidade?

– Quando foi que teve um limite?

Ele abriu a boca para falar algo, mas logo a fechou. E abriu um daqueles sorrisos enormes que só ele tem.

– Esquece.

Eu estava pronta para sentar no sofá, quando vi um sutiã azul jogado ali.

O peguei e olhei pra ele com uma das sobrancelhas levantadas.

– Qual foi a piranha da vez?

Ele deu de ombros e pegou o sutiã da minha mão.

– Stephanie Carter, do segundo ano. Conhece?

– Loira, peituda e rica?

– Ótima definição. – Ele levantou as sobrancelhas, impressionado.

Stephanie era uma típica garota americana. Andava pra cima e pra baixo com seu grupinho, tinha uma mesada bem gorda, pelo menos era como ela gostava de dizer para todos no campus. Nunca falei com ela e não sabia que Daniel falava.

– Não sabia que falava com ela.

Percebi que pensei alto, como sempre. Ele me olhou, e eu poderia jurar que vi ali um sorrisinho debochado e divertido.

– Você sabe bem como as coisas funcionam comigo.

Eu revirei os olhos instantaneamente. É claro que eu sabia como as coisas eram. Até porque, eu era sua melhor amiga, sabia sobre tudo e todas. E nem sempre, isso era uma coisa boa.

Daniel não era de conversa, ele gostava de ação.

Sabe aquela coisa de: “virar amiguinho da garota e depois convida-la para ver um filme, colocar a mão no ombro. Leva-la até em casa e no portão dar um selinho nela”?

Daniel era exatamente o oposto disso.

Ele nunca foi daqueles que vira amigo, para ele isso é perda de tempo e só serve pra atrasar as coisas. Também não levaria a garota pra sair, por que segundo ele: “só otário gasta dinheiro com piranha”. E com certeza, não é fã do selinho: “por que eu vou parar no selinho se posso conseguir muito mais?”

E mais uma vez meu olhar pausou em sua mão.

– A transa deve ter sido realmente muito boa, pra ela ir e não notar que ta sem isso. – apontei para o sutiã.

Ele olhou para mim de um jeito despreocupado e levantou os ombros indiferente.

– E quem disse que ela foi embora?

Peguei uma das almofadas e joguei contra seu rosto.

– Você é podre! – fiquei chocada, mas não conseguia parar de rir.

– Eu mandei ela ir embora tem 2 horas. Mas ela disse que faria de tudo para ficar mais um pouco. – Daniel deu um sorriso canalha. – E é claro que eu não recusei.

Eu ria e balançava minha cabeça de um lado para o outro não acreditando no que estava ouvindo.

– Depois de 8 anos de amizade, você ainda consegue me surpreender com seu nível de canalhice.

– Essa palavra não consta no meu dicionário.

Eu ri.

– Você nunca leu um dicionário.

Ele fingiu pensar sobre o assunto.

– Você tem razão.

– Tenho certeza que sim. Agora vá la em cima. Devolva o sutiã pra ela e manda ela vazar.

– Ih – ele me olhou com deboche. – Eu vou se eu quiser.

– Eu te pago um café. – eu disse em um tom convidativo.

Café era uma das coisas que Daniel jamais conseguiria recusar. Ele era viciado naquele negócio.

Ele estreitou os olhos e me olhou fingindo um olhar de desaprovação.

– Você não vale nada.

– Pega ou passa?

– Deixa eu colocar uma roupa.

E foi ai que percebi que ele ainda vestia apenas a box. Agora faz sentido o porque do cabelo bagunçado e o rosto vermelho.

Eu estaria mentindo se dissesse que Daniel não tinha um corpo perfeito.

Era musculoso na medida certa, nem magro de mais, nem forte de mais. Na medida certa.

Ele subiu as escadas e eu fui até a cozinha. Peguei uma boa quantidade de papel toalha e sai a tempo de ouvir uma discussão alta vindo do andar de cima.

E lá vamos nós...

Provavelmente ele já deve ter dito a típica frase “rala!”. Mas nem sempre, ou melhor, quase nunca elas aceitam isso com facilidade.

Enquanto voltava para sala, a vi descendo as escadas. O sutiã azul felizmente estava onde deveria. Ela estava enrolada com a blusa, não sabia se colocava primeiro os braços ou a cabeça. Na outra mão levava a enorme bolsa roxa cintilante.

Por um segundo, juro que fiquei com pena. Mas logo passou. Quem mandou ser otária de cair no papo do Daniel?

Ela ainda não tinha reparado que eu estava a encarando enquanto descia os degraus da escada.

Ela conseguiu se decidir sobre qual membro passar a camisa e então olhou para frente dando de cara comigo.

Seus olhos se arregalaram e ela franziu o cenho em questionamento.

Seu semblante passou de surpresa para indignação. Eu estava começando a ficar preocupada com a cor que ela estava ficando. Eu podia jurar que eu a vi passando de branca para rosa, depois vermelha e por fim roxa.

Que medo.

Ela abriu a boca pronta para me bombardear com xingamentos e palavrões, mas eu fui mais rápida que ela.

Estendi minha mão, onde estava o papel que tinha ido buscar na cozinha.

Ela me olhou confusa e ainda com um pouco de raiva. Ela desviou o olhar da minha mão e voltou a me encarar tentando encontrar alguma coisa que indicasse que eu estava zoando com ela.

Mas ao contrário dela, eu sei como camuflar minhas emoções. Mesmo que por dentro eu esteja gargalhando.

Eu realmente não queria que ela pensasse que eu tinha algo com Daniel, não queria ser chamada de puta por todos na escola amanhã. Por isso, mantive meu rosto com uma expressão inocente.

Achei que ela estava começando a ficar mais calma. Devia ter reparado no quanto estava sendo otária pela segunda vez hoje. Se bem, que dessa vez eu não posso culpá-la.

Se eu acabasse de foder com um cara, ele me mandasse embora e quando eu estivesse saindo desse de cara com outra mulher. Eu também não ficaria muito “feliz”.

Nesse momento ela já estava na minha frente, extremamente corada. Eu me perguntava se era pela raiva ou pela vergonha. Talvez os dois.

Ela bufou e deu um gritinho de frustração. Bateu o pé, como uma menina mimada e abriu a porta pronta para sair.

– Ei, Stephanie.

Ela deu meia volta e me encarou, pronta para o ataque. Ela esperou que eu continuasse.

Talvez quisesse que eu começasse a briga. Tenho certeza que todos os xingamentos possíveis e impossíveis estavam sendo preparados para serem jogados contra mim caso eu falasse alguma coisa.

– Acho melhor você esconder isso, se não quiser que te encham com perguntas.

Eu apontei para o pescoço dela. Onde uma marca arroxeada se encontrava. Eu sabia bem que se tratava de um chupão.

Mas eu não estava comentando sobre aquilo para ajuda-la. A minha intenção era deixa-la mais irritava e envergonhada.

Ela colocou a mão no pescoço um pouco confusa, enquanto seu cérebro carregava. Loira é foda.

Ela finalmente se deu conta do que eu estava falando. E eu pisquei para ela inocentemente. Stephanie bufou mais um vez e saiu pela porta.

Em menos de 2 minutos, Daniel desceu as escadas.

– Poxa, ela nem pegou meu papel.

Eu fingi estar ofendida e ele riu disso.

– Não ria, eu estou realmente triste. Fiquei sentida. Como ela pode me desprezar assim?

Isso o fez rir ainda mais.

Caprichei na cara de choro e fiz um bico ainda maior.

Daniel entrou no meu jogo.

– Eu deixo você chorar o quanto quiser. – ele colocou a mão no meu ombro. – Mas lá no Starbucks.

A casa de Daniel, ficava a menos de 5 minutos de um dos Starbucks. Sentamos na mesa e um garçom veio nos atender. Ele era baixo e gordinho, parecia amigável.

– Eu vou querer um expresso e ela um mocha com canela e se você puder pode colocar duas colheres de chocolate em pó, por favor?

O garçom deu um sorrisinho enquanto escrevia algo em um caderninho.

A partir dali eu me desliguei completamente da conversa. Tudo passou a me chamar atenção.

Eu olhei para uma garota morena e baixinha que levava o cachorro para passear.

Para uma mulher que mais parecia a versão mais velha da Barbie.

Vi um cara atrasado pro trabalho. Eu deduzi isso porque ele estava usando terno e correndo enquanto olhava a hora no relógio.

E por último, me distrai com uma gota de chuva.

– Pode deixar. O senhor e a sua namorada desejam mais alguma coisa?

Só depois que eu ouvi a palavra “namorada”, voltei para a realidade.

Daniel nesse momento estava vermelho de tanto rir.

– Ah por favor, ela não é minha namorada cara.

O garçom corou violentamente.

Até eu tinha passado a achar graça.

– Me.. me desculpe, é que eu pensei…

– Tudo bem, relaxa. Só traga logo as nossas bebidas por favor.

Ele assentiu e saiu indo em direção ao balcão.

– Tadinho, fiquei com pena dele.

Eu disse e Daniel riu mais um pouco.

– Sabe, nós somos muito iguais pra sermos namorados.

Eu disse e ele olhou para mim com uma sobrancelha arqueada.

– Fale mais sobre isso.

Eu dei risada.

– Mas é. Nunca ouviu falar naquela frase “os opostos se atraem”?

– Então está querendo dizer, que já que somos iguais não sentimos atração um pelo outro?

Nesse momento, o garçom chegou com nossos pedidos.

– Bem, é – dei um gole no meu café e continuei. – Tipo a lei do inverso, sabe?

Ele deu de ombros, indiferente.

– Pra falar a verdade, eu não ligo se somos iguais ou não.

Eu voltei minha atenção novamente para ele e o encarei esperando que ele continuasse. Mas ele não o fez.

Acho que estava corando, naquele momento.

Meu celular vibrou e a tela ascendeu escrito “pirralho”. Peguei o celular e arrastei para desbloquear e atender a ligação do meu irmãozinho.

– Que é?

– Onde você está?

– Não interessa. Fala logo o que quer.

– Vinc mandou você vir pra casa agora.

Suspirei e desliguei o celular. Daniel me olhava curioso. Dei de ombros.

– Preciso ir.


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Notas finais do capítulo

É isso ae gente, espero que tenham gostado. Comentem dizendo o que acharam desse primeiro capítulo, se tiverem alguma crítica a fazer, comente também :D haha Link das roupas:Anne: http://www.polyvore.com/anne_accomplices/set?id=106950045Stephanie: http://www.polyvore.com/stephanie_accomplices/set?id=106953163Daniel: http://www.polyvore.com/daniel_accomplices/set?id=106955428



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