Forksford escrita por KiaraBe


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos e amados leitores!
Depois de muito tempo, finalmente estou postando mais um capítulo!
Sinto muito pela demora, mas vida de estudos não é fácil pra ninguém.
Estou bem ansiosa para saber o que acharão deste capítulo. Não fiz nem metade da revisão que fiz para os outros capítulos, mas creio que vocês, lindos leitores, não sairão desapontados.
Gostaria que comentassem, principalmente, sobre a primeira parte. Não sei ao certo se ela ficou muito curta, então preciso de vocês para isso.
Então, vamos ajudar a autora, ok?
Ah! Peço ajuda de um leitor em particular... Ele me disse que segunda-feira leria este capítulo no trabalho. Aguardo ansiosamente por sua opinião, que apesar de eu já saber da parte dos comentários hilários, desconheço a parte séria. Então, macaco, pelo amor papai do céu, leia com todo amor, carinho e crítica, ok? Amo você!



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Sozinha novamente, os pensamentos em sua cabeça davam voltas e voltas, procurando desesperadamente um encaixe entre eles que fizesse sentido.

De alguma forma, ele pensa que sou outra pessoa. Preciso descobrir quem era essa pessoa e qual era sua importância nessa loucura toda.

Por mais determinada que estivesse em se salvar, seus sentimentos estavam igualmente confusos. Ainda tinha medo daquele enorme e bruto homem, mas seu coração entrava em conflito com sua mente e dizia que ele não era tudo o que aparentava.

Havia algo na história dele que ainda não fora revelada, mas que ela sabia que estava presente a todo momento. Essa parte oculta poderia ser a chave para sua salvação e o fim de todo esse pesadelo.

Mas o que seria?

Logo ele estaria de volta e ela precisava estar pronta. Qualquer erro poderia ser fatal, não apenas para ela, mas para os outros também.

Ao lembrar disso, seu coração acelerou e novamente lágrimas começaram a se acumular em seus olhos.

Não posso pensar nisso agora. Se vou entrar neste jogo, que seja como jogadora e não como peça.

Acredite em si mesma. Mais uma vez, a voz da jovem Elika preencheu sua mente. Era reconfortante sentir que não estava sozinha, por mais estranha que essa companhia pudesse ser.

Fechou os olhos, respirou fundo e esperou seu coração voltar ao ritmo normal. Enquanto se acalmava, sentiu um desejo súbito.

Levantou-se da cama em que estivera sentada o tempo todo e começou a circular pelo cômodo, sem pressa alguma.

A mobília, apesar de nitidamente demonstrar sua antiguidade, estava em perfeitas condições. Quase não havia objetos decorativos, mas ainda assim estavam organizados em cima dos móveis. Um candelabro de mão em cima da cômoda em frente à cama e outros três em cima dos dois móveis ao lado dela e de uma penteadeira na mesma parede em que estava a cômoda.

De todos os móveis do lugar, o que mais chamou sua atenção foi a penteadeira. Com passos leves, caminhou até o móvel, sentando no pequeno banco em frente a ele.

Potes de porcelana com lindas pinturas de flores estavam escurecidos pela grossa camada de poeira e organizados por altura. Uma escova de cabelos, também decorada com flores pintadas no cabo, repousava na outra extremidade, próxima a um pequeno enfeite para o cabelo em forma de uma borboleta azul.

Cedendo à curiosidade, removeu lentamente o negro tecido que escondia o espelho da penteadeira e o deixou cair ao seu lado no chão.

Não conseguia reconhecer a pessoa que via. A cor dos cabelos e dos olhos, as roupas...

Tudo era estranho.

Foi até a cômoda e pegou a primeira peça que viu, como se a conhecesse há muito tempo. Jogou sua estranha e apertada calça azul e sua camiseta longe e o alívio percorreu seu corpo enquanto sentia o toque confortável do tecido em sua pele.

As mangas do vestido branco iam perfeitamente até seus cotovelos. Logo abaixo de seus seios, uma fina faixa marcava o início da fluidez que o tecido tinha até o final, quase encostando no chão. O vestido era perfeito para ela. Leve, delicado e confortável.

Sentou-se novamente no pequeno banco e pegou a escova. Com os olhos fechados, começou a escovar seus cabelos lentamente.

Escovou cada mecha com a maior delicadeza e tranqüilidade, pois enfim estava em um momento de paz. Enquanto estava ocupada em sua tarefa, cantarolou uma calma cantiga de ninar.

Quando terminou, pegou o enfeite e o prendeu em seus cabelos, ainda cantarolando. Ao olhar para o espelho, se sentiu linda. A borboleta azul acompanhava a cor de seus olhos safira, criando um contraste com seus longos e escovados cabelos loiros. Sua pele estava lisa e perfeita, tão branca e delicada quanto seu vestido.

Estava linda, mas havia algo errado. Sabia que tudo que estava ali era seu e ao mesmo tempo não reconhecia nada. Começou a escutar sussurros em sua cabeça. Eram tantas vozes que não conseguia entender o que diziam.

Sentiu uma forte dor em sua cabeça que aumentava de intensidade a medida que as vozes começaram a gritar. Tentou tapar os ouvidos com as mãos, mas nada conseguia diminuir sua dor.

Angustiada e em desespero, gritou de dor enquanto implorava que as vozes se calassem. Sentiu uma forte pressão em seu braço que a puxou, forçando a se levantar e derrubando o banco no chão.

Estava sendo puxada para trás até que foi brutalmente jogada em algo que parecia ser sua cama. Ainda que fosse macia, o impacto fez sua dor aumentar, e com ela, seus gritos.

Mais vozes invadiram sua mente enquanto algo pressionava fortemente sua testa e segurava suas mãos. Tentou balançar sua cabeça para diminuir a dor, mas nada funcionava.

As vozes gritavam ainda mais, deixando-a ainda mais desorientada. Sua garganta já começara a arder de tanto que gritava de dor e implorava por paz.

Seus sentidos começaram a falhar. Não tinha mais forças para continuar a lutar e começou a chorar.

Subitamente, veio o silêncio.

E antes mesmo que pudesse gozar da paz que finalmente veio, berros a apanharam de tal forma que ela não teve opção.

Seus sentidos se foram e a escuridão a pegou.

Quando abriu seus olhos, ainda estava sentada no pequeno banco e segurava a escova com força.

Ao olhar para o espelho, a borboleta azul segurava uma mecha de seus castanhos cabelos. Ainda que estivesse um pouco pálida e ofegante, sua pele não estava tão branca quanto o vestido que usava.

Lágrimas começaram a se formar em seus olhos castanhos enquanto relembrava a experiência que acabara de ter.

Pobre Elika... O que fizeram com você?

**********

Pela primeira vez desde que o "jogo" começara, um alívio momentâneo percorreu seu corpo. Sentir a vida fazendo seu coração bater era reconfortante. Mas o tal alívio desapareceu com a mesma velocidade com que viera.

Sua noção de tempo estava completamente destorcida. Não sabia dizer se tudo aconteceu rápido demais ou se sua mente estava tão confusa a ponto de nem ao menos saber se ainda estavam vivendo a mesma noite em que tudo começou.

Não sabia o que tinha acontecido com seus amigos e nem com seu próprio corpo. O desmaio fora tão intenso que todos seus sentidos deixaram de funcionar. Porém, agora que retornaram às suas funções, eles reclamam dos maus tratos e utilizam a dor como forma de protesto. Sentia tantas dores que nem sabia para qual parte dar atenção primeiro.

Não conseguia respirar direito e algo estava em sua boca que impossibilitava sua fala.

Aos poucos, sua mente soou o alarme.

Algo estava muito errado.

Tentou remover o que estava em sua boca, mas suas mãos estavam presas, amarradas para trás. Tentou mexer suas pernas e só o que conseguiu sentir foi uma dor horrível. Espasmos de frio percorriam seu corpo. Só então percebeu que suas roupas foram tiradas brutalmente, pois pedaços de tecido estavam espalhados pelo chão frio de pedra. Algumas velas próximas às paredes estavam acesas, mas sua luz não iluminava o suficiente para enxergar ao redor com clareza.

A sensação de vazio foi inevitável e a dúvida começou a pesar.

O desespero aumentava a cada segundo. Por mais que tentasse se livrar das cordas e mexer suas pernas, nada funcionava. Seus gritos não eram mais do que meros sons abafados.

Ofegante, parou de se debater quando ouviu um barulho. Não conseguia ver de onde viera o som e prendeu a respiração para tentar escutar melhor. Seu coração acelerado dificultava a tarefa.

Aos poucos, o chão parecia estar mudando de cor. O negro assustador parecia estar tomando uma leve tonalidade de verde. Por um momento levantou a cabeça e tentou olhar em volta. Queria saber se realmente estava tendo alucinações.

Para seu pequeno alívio, constatou que o chão continuava negro como petróleo. E para aumentar ainda mais o alarme em sua mente e o desespero em seu coração, constatou que o esverdeado era de uma névoa que preenchia o cômodo lentamente, como se sentisse prazer em causar todos os piores sentimentos que uma pessoa em desespero pode sentir até chegar a ela.

Se fosse tóxico, seria um forma terrível agonizante de morrer. Seu coração batia a um ritmo anormal e seus pulmões, igualmente frenéticos. Fechou os olhos com força e esperou que pelo pior. Se fosse morrer assim, não gostaria de ficar olhando seu corpo definhar sem poder fazer nada para impedir.

Enquanto esperava pela morte, ouviu uma porta de ferro se abrir, rangendo pesadamente, e passos pesados começaram a se aproximar.

Abriu um olho o mínimo para ver o que estava acontecendo.

A névoa desaparecera e dera lugar a um vulto enorme. Não era muito acolhedor, mas ao menos parecia ter salvado sua vida de uma morte lenta e dolorosa. Pelo menos era o que desejava com todas as forças que fosse verdade.

Uma voz vinda do vulto, grave como um trovão, disse:

– Está na hora de se redimir. Cometeu seus pecados e agora deve pagar por eles.

Antes que pudesse fazer qualquer som de protesto pelo absurdo que ouvia, duas mãos firmes e enormes levantaram seu corpo como se ele nada pesasse. Se sentia mole e sem forças e por mais que quisesse, nada correspondia às suas vontades.

Estando tão perto do rosto, foi possível ver os olhos do sujeito. Eram azuis muito escuros e sem expressão alguma. Aquelas escuras safiras observaram seu corpo de cima a baixo. Por mais inexpressivos que estivessem, sabia que o homem estava fazendo algum tipo se avaliação.

Ao terminar o que parecia ser uma inspeção, o homem deitou o corpo mole e indefeso em suas mãos até o chão sem dificuldade alguma.

Voltar ao chão frio fez espasmos percorrerem seu corpo. Não sabia qual sensação até agora era pior.

O homem enorme se virou para uma espécie de saco de tecido negro e vasculhou algo em seu conteúdo. Encontrou o que queria e se virou novamente.

Para o desespero de uma pessoa que não consegue sentir as próprias pernas e muito menos gritar por ajuda a ponto de ser ouvida, ver um homem daquele tamanho com um martelo negro assustadoramente grande em uma das mãos e indo em sua direção é o fim do mundo.

O que esse louco pretende?, pensava freneticamente.

Antes que pudesse chegar a qualquer conclusão, viu um borrão negro descendo até suas pernas e uma dor alucinante tomou conta do seu corpo.

Sua mandíbula se fechou com tanta força e tão rápido que poderia ter arrancado a própria língua fora e seu corpo travou, em choque.

Simplesmente não podia acreditar que aquilo tudo era real.

O que era aquilo tudo? Por que estava nessa sessão de tortura? O que aquele homem queria afinal? Todas essas perguntas se embolavam em sua mente, o que piorava ainda mais a situação. O golpe não só afetara seu corpo, mas também seu entendimento.

Sofrer fisicamente já é ruim, contudo se manter sua mente raciocinando, ainda é possível procurar alguma fraqueza, alguma forma de sair daquela situação terrível. Mas, caso sua própria mente não funcione... só há um caminho: o da dor. E este, é um caminho sem volta.

Por um instante, o enorme homem, após o golpe, parou e observou a agonia de sua vítima, como um crítico de arte observa um candidato ao papel principal. Se esperava xingamentos, maldições, lágrimas ou qualquer outro movimento, não obteve sucesso. Sua vítima estava completamente imóvel, com os olhos cheios de dúvidas fixos nele.

E não ter visto nenhuma reação pareceu ter sido o pior a se fazer.

Novamente, o enorme martelo foi erguido no ar e chocou-se contra a carne. E desta vez, a reação não foi nada apática.

Um urro formou-se em sua garganta e foi abafado pelo tecido em sua boca. Suas costas se arquearam a ponto de levantar sua cabeça alguns centímetros e logo em seguida caiu mole sobre o chão com um baque surdo.

O homem parou para analisar a reação de sua vítima e enfim pareceu satisfeito em vê-la agonizar e se contorcer de dor.

Porém, os golpes não pararam.

O martelo caiu sobre suas pernas repetidas e incontáveis vezes, sem parar, nem quando o som de ossos se quebrando foi ouvido.

Queria gritar até suas cordas vocais se rasgarem e chorar até que seu corpo não pudesse produzir nem uma única lágrima, mas todas essas vontades não passaram do pensamento. Seu corpo não reagia para se proteger, como se tivesse recebido uma dose fatal de veneno e pedaço por pedaço parasse de obedecer aos seus comandos para apenas tremer de dor.

Desejava profundamente que o chão frio pudesse anestesiar ou diminuir um pouco a dor lacerante, mas foi em vão. Da coxa até o pé, nenhum osso parecia inteiro.

Suas mãos foram desamarradas e o tecido, removido de sua boca, mas seu choque era tão grande que não conseguiu ter reação alguma que não fosse continuar no chão com uma dor insuportável.

Seu corpo sem força e dolorido foi novamente levantado pelo homem e colocado em alguma estrutura de madeira, fina demais para que suas costas ficassem inteiramente apoiadas.

Seus olhos pareciam mais inchados que o normal, pois não conseguia ver com clareza o que estava ao seu redor. E parecia ser algo relativamente positivo, pois não gostaria de ver partes de ossos expostos e o vermelho de seu sangue colorindo o negro piso.

Conseguiu apenas ver o homem indo novamente até o saco de negro tecido e procurava algo. Quando encontrou, voltou e deixou os objetos caírem no chão próximo à cabeça da vítima, produzindo um sons metálicos agudos que ecoaram pelo cômodo e provocaram algo na vítima que não era dor, mas que não era mais reconfortante: um arrepio profundo em sua espinha.

Seu torturador moveu seu corpo inerte sobre a estrutura de madeira, parecendo ajeitá-lo à ela. Com as enormes e firmes mãos, pegou as pernas que havia destroçado e as dobrou em um ângulo estranho, até que os pés ficassem exatamente em cima de um pequeno bloco. A inclinação do bloco serviu perfeitamente para que os pés não caíssem, deixando as pernas na exata posição bizarra, mesmo que ninguém as segurasse.

A dor que sentiu foi indescritível. Um único dedo já poderia causar arranhões em sua garganta de tanto que gritaria.

Passar por todo aquele processo detalhado então...

Quando finalmente suas pernas pararam de ser tocadas, respirou profundamente e fechou os olhos, sentindo o mínimo de alívio que sua situação permitia. Preferia a dor que sentia quando estava imóvel em vez da que sentia quando o bruto homem encostava em suas pernas, ou no que sobrou delas. Em um canto de sua mente, sabia que nunca mais poderia movê-las, apenas sentir dor por qualquer contato.

Ainda de olhos fechados, escutou o homem se aproximar de sua cabeça.

Ele parecia satisfeito com o que fizera com as pernas, pois após ter acabado com elas – literalmente -, passou a mexer nos braços de sua vítima.

Pegou o braço direito e o apoiou esticado em algo também de madeira, com a palma da mão virada pra cima e amarrou o membro para que ficasse na posição que colocara. O mesmo fez com o braço esquerdo.

Seus olhos ainda estavam fechados quando sentiu uma pequena ponta, fria e afiada, tocando o peito de pé.

Não teve tempo nem de se perguntar o que era.

O barulho do martelo chocando-se com algo foi novamente ouvido e o tal objeto gélido atravessou sua mão com violência, fazendo seu braço amarrado inteiro arder em dor.

Cada batida atingia seu braço com uma força que mais parecia estar sendo atingindo por um canhão.

Apertou os olhos ao ponto de lágrimas chegaram a sair deles. Suas mandíbulas se fecharam de tal forma que seus lábios começaram a sangrar. O gosto quente e metálico inundou sua boca, provocando voltas e mais voltas em seu estômago.

Os gritos não sabiam se forçavam para sair ou para voltar para a garganta.

Por um pequeno momento, seu organismo falhou.

O silêncio envolveu sua mente e nada mais podia sentir, dizer ou ouvir.

Quando acordou, não sabia se ainda estava com vida ou se seu corpo fora enviado ao Inferno. A dor era dilacerante, queimando como ferro em brasa e se espalhando como veneno.

A mesma dor que vinha de suas mãos também vinha de seus pés. Seus braços moles e cansados, tal como suas pernas, pareciam torcidos ao ponto de não terem mais nenhuma função motora; serviam apenas para causar dor.

Tentou se mover um pouco para tentar enxergar o que acontecera enquanto sua mente vagava longe. Ao mínimo movimento, seu corpo inteiro ardeu em dor, gritos de desespero e agonia cortaram sua garganta e mais lágrimas caíram de seus olhos. Ao sentir que suas lágrimas corriam para o baixo e não pelo lado de seus olhos, parou de gritar. Piscou algumas vezes para clarear a visão.

Não mais estava no chão. A tal estrutura de madeira agora estava em pé.

Com receio, mas por impulso da curiosidade, virou o rosto para olhar sua mão. Seu rosto se contorceu em desespero.

A fonte de sua agonia era – nada mais, nada menos – do que um prego que parecia ter mais vinte centímetros de comprimento, largo o suficiente para fazer um buraco catastrófico em sua mão e inutilizá-la para sempre. O mesmo tipo de prego estava em sua outra mão. Seus pés, colocados um sobre o outro e ambos apoiados em um pequeno trapézio de madeira, também estavam presos por esse objeto e suas pernas, cheias de hematomas e com ossos transformados em poeira pelo martelo.

Não pode estar acontecendo, não pode ser real... O que foi que eu fiz para merecer isso?

A tortura maior vinha de sua mente. Pensar em sua casa, sua família, amigos... Tudo e todos que amava e que nunca mais os veria.

– Meu Deus, o que foi que eu fiz? – gritou.

– Ele sabe bem o que você fez. Fingir ignorância não o salvará do Julgamento. – respondeu uma voz grave.

Achava que não havia mais ninguém no cômodo, então a resposta foi inesperada.

Olhou em volta procurando o sujeito responsável por tudo aquilo. Aos poucos, o homem saiu da escuridão e entrou em seu campo de visão.

Seus olhos de cor safira pareciam brilhar com uma intensidade anormal, mas ainda assim eram inexpressivos.

– Esta é sua chance de se redimir. Por tudo que já fez. Não havia outra forma para salvar a sua alma e da pessoa que ama.

– Você é doente! Por que fez isso comigo? Me redimir do quê? – as perguntas não paravam de sair de sua boca, mas nenhuma era respondida. O homem simplesmente continuava parado, em pé, com os braços ao lado do corpo, olhando a aflição da pessoa que julgava ter acabado de salvar a alma. “Puna a carne, salva a alma”. Foi assim que lhe ensinaram e assim faria.

Quando a raiva deu lugar ao cansaço, sua cabeça pendeu e as lágrimas saíram de seus olhos sem parar.

Se isso está acontecendo mesmo, que será dos outros?

Escutou a pesada porta se fechando. Não havia mais ninguém ali.

A solidão fez com que sua mente pensasse na pessoa amada.

E com esse pensamento, veio o arrependimento.

– Eu sinto muito... Queria poder voltar no tempo e consertar tudo que fiz. Não sabe o quanto sentia sua falta quando brigávamos e quanto eu te amava quando estávamos juntos. Sinto muito por todas as vezes em que minhas falhas fizeram lágrimas saírem de seus olhos. Sinto muito por ter colocado meu trabalho na frente do nosso amor algumas vezes, por ter escolhido um sermão em vez de um abraço, a distância em vez de um beijo... Se isso é necessário para que você continue vivendo e consiga passar por esta loucura terrível, então que seja. Ao menos lembrará de mim em nossos melhores momentos e não nesta condição horrível em que me encontro. Eu só gostaria de poder te abraçar uma última vez, de beijar os lábios que tanto gosto e dizer o tamanho do meu amor.

Mas, agora já era tarde demais.

Aos poucos que suas lágrimas foram parando de cair, seus membros ficaram mais pesados e sua voz foi sumindo.

Nada mais poderia ser feito. Seu destino já havia sido determinado.

Não havia mais esperança em Max.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Aguardo vocês no próximo capítulo!



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