Rue me passa uma mensagem silenciosa bem óbvia, "corra".
Glimmer fica lá parada, cantando vitória, mas ela não tenta nos pegar.Então vejo Marvel se aproximando.
Enquanto Rue corre, eu fico lá paralisada de medo.
–Vamos, Prim! - ela puxa meu braço e eu saio do meu estado de choque e começo a correr.
Continuamos correndo até que vejo Cato no 'fim' da floresta, Clove na frente e o garoto do distrito 4 do lado.Estamos cercadas.
–Aonde...? - começo a perguntar.
–Aqui. - diz ela tirando uma faca de algum lugar e socando a árvore. -Me ajuda!
–Ahn, tá.
Pego minha própria faca e ajudo-a.
–Eles estão vindo. - falo olhando para trás.
–Esse plano é idiota...suba nas árvores, vá Prim, agora!
Começo a escalar a árvore e paro em lugar em que eu caiba.Rue está logo acima de mim.
–Vamos subir mais.
Ela sobe mais uns trechos até que a perco de vista.
Subo mais um galho e vou subir outro quando meu pé se enrosca.
–Rue. - chamo o mais baixo possível.
Ela deve ter se dado conta de que eu não a seguia, então desceu.
–O que aconteceu?Eles estão quase chegando.
–Meu pé, não consigo tirá-lo daqui.
Rue desce um pouco e empurra meu pé, cerro os dentes, porque depois da queda de ontem, ele ainda está doendo.
–Pronto, agora, temos que ir.
Continuo subindo até que não há mais nada para subir.
–Pronto, chegamos, agora é só ficarmos quietas e não vão nos encontrar! - digo ofegante.
–Prim, é melhor darmos a volta, eles vão nos cercar e vão nos capturar. – diz ela também ofegante.
–Mas como daremos a volta?Pelo chão, eles nos pegarão, Rue!
–Pelas árvores ela é claro. – fala ela como se isso fosse óbvio.
Um desespero toma conta de mim.
–Não posso pular isso!Eu não sei, eu só sei escalar.
–Mas...
–Rue, vá, a gente se encontra.Acharei alguma saída, salve-se.Eu vou ficar encolhida.
–Ok...boa sorte.
E assim estou sozinha.
Me sento nesse pedaço da árvore.Está tudo tranquilo, não sei se há chances de me encontrarem.Certamente há, porque estão vindo em direção a minha árvore.

Isso é muita falta de sorte para uma pessoa só.Eu devia ter ido com Rue, mas agora já era.
Desço para trás dessa árvore, eles estão em bando outra vez, procurando a árvore certa.
Começo a andar devagar, tentando não fazer barulho, mas então crack! Benditos galhos.Continuo seguindo em frente e eles me notam.
–Lá está a pequenininha. – zomba Clove.
Eles nem tentam correr, estou encurralada.Então, vejo Peeta à minha direita, ótimo.Tenho um plano.
–Até que enfim vocês apareceram! – falo tentando não deixar meu nervosismo aparecer em minha voz. –Estamos esperando a séculos, não é Peeta?
–Ahn...é, isso mesmo.Mas vocês são tão sumidos. – ri Peeta.Ele finge melhor do que eu.
–Por que vocês fugiram então? – Glimmer pergunta desconfiada.
–Pra vocês nos seguirem.Eu e Prim estamos tentando chamar a atenção de vocês desde...ontem, que foi quando os jogos começaram. – fala Peeta. –Mas vocês acham que queremos fugir, não, tentamos chamar a atenção de vocês.
–E pelo visto deu certo. – completo.
–O que é que vocês querem? - pergunta Cato.
–Um trato.Me junto a vocês, ajudo-os a caçar, sei que esse não é o forte de vocês, posso matar também.Uma aliança.
Arregalo os olhos, espero que os carreiristas não tenham notado.
–Mas com uma condição, Prim vem junto.
Por que ele tinha que meter meu nome no meio?Ah é, eu acabei de dizer que nós dois queríamos falar com eles.
Cato se afasta e vai falar com sua gangue.Me aproximo de Peeta.
–Boa ideia. – fala ele baixo.
–Nem tão boa assim, vamos mesmo nos aliar a eles?Quero dizer, aquela vez você disse que não íamos mais e...
–Sim, mas agora você meio que complicou bem as coisas dizendo que queríamos falar com eles.
Concordo com a cabeça.Estou com medo, se nos aceitarmos poderemos dar um golpe depois e sair vivos dessa, mas se não aceitarem...é melhor Peeta saber correr bastante.
–Ok, mas é temporário e nem tentem bancar os engraçadinhos. – fala Clove. –Me prove que é digna de confiança, menina.
Entrego a faca que está na minha mão para ela.
–Só tem isso?Cadê a mochila?
–Perdi. – minto.
–Tanto faz, vamos andando. – fala Cato.
Peeta está caminhando do meu lado e parece nervoso assim como eu, o que nós vamos fazer depois desse show de falsidade?

A tarde cai e eles começam a ficar desesperados por água.Já devia imaginar, as pessoas da Capital não seriam tão boazinhas de deixar tanta água nas mochilas que eles ficam para si.
–Aonde encontramos água? – pergunta Cato para mim.
–Não sei. – minto olhando para o chão.
–Da onde é aquela água que você estava bebendo?
Me pergunto como é que ele sabe que eu peguei água.
Não tenho tempo de responder porque ouço o barulho do canhão.Alguém acabou de morrer.
–Era de Rue.Roubei dela. – gostaria de saber quando é que eu aprendi a inventar mentiras tão rapidamente.
–Parece muita ousadia para uma pessoa como você. – zomba Marvel. –Fala sério, aonde pegou a água?
–Já disse, de Rue.
–Peeta, sua amiguinha não quer cooperar.
–Prim, diga aonde está a água. – fala ele com nojo, mas posso ver o que seu olhar diz, para eu correr.Mas seria idiotice, o matariam também.
–Eu vou levá-los até a água.Glimmer, venha comigo. – não sei bem o que estou planejando. –Para terem garantia de que não irei fugir.

Não julgo as loiras como burras, afinal, sou loira, mas tenho absoluta certeza de que Glimmer é.
Ela pode ter impressionado com a flecha atirada bem no tronco da árvore na nossa frente, mas umas três vezes que vimos animais, ela atirou para bem longe deles.Fingi não notar.
Além disso, ela não percebia que eu errava o caminho toda hora, por exemplo, eu não fazia ideia de onde seguir, então sempre estava dando de cara com alguma árvore, mas Glimmer estava mais preocupada em deixar os cabelos no lugar do que fazer um pensamento útil.Talvez todos os carreiristas sejam assim.
–Quando é que vamos chegar?Meus pés não aguentam mais!
Sorrio por dentro, é, eles não são mesmo nada sem uma arma.
–Estamos quase chegando lá.
A única falha nesse plano é que não tem plano, não sei aonde vou levá-la e nem o que fazer.
Mate-a, diz uma voz na minha cabeça...não tenho coragem de fazer isso.
E então vejo um pouco de lama...Thresh.Continuo andando com Glimmer, posso ficar com a consciência pesada depois, porém no momento é a única coisa que posso fazer.Ou ela me mata, ou eu mato ela.Podem haver falhas nesse plano, porque ela pode matar Thresh, mas não importa.
A empurro para as folhagens, seu arco cai no chão e o pego, logo já estou correndo perturbada, o que eu tinha acabado de fazer era extremante cruel, não era eu.

Caminho por aí a procura de algum bicho para caçar e comer.Terei que grelhar, posso até morrer, mas meu estômago não aguenta mais nenhuma bolacha daquelas.
Além disso, preciso encontrar um lago para encher a garrafa.Talvez eu tome coragem e entre aonde Thresh fica, tenho apenas um fiozinho de coragem, mas então ouço o canhão e decido que entrar lá seria arriscado demais.
Encontro um esquilo e fico pensando me matá-lo, deve ser apetitoso, mas simplesmente não tenho coragem para fazer isso, já matei Glimmer hoje, ou Thresh, mas a culpa foi toda minha.
Escalo uma árvore novamente, o mais longe possível da cornucópia e me escondo entre as folhagens.
Preciso que os carreiristas achem que fui eu quem morri, pelo menos até de noite, que é quando descobrirão que estou viva.Mas por enquanto, é isso.Não virão atrás de mim, por enquanto.Se eu pudesse apostar, apostaria que Peeta estaria tentando enrolá-los.

A noite cai e eu estou comendo a última bolacha.Terei que cassar amanhã de manhã.
O hino começa a tocar e olho para o céu.
Hoje tiveram menos mortes.O garoto do 6, que deve ter sido o que morreu na madrugada, Glimmer e a garota do 7.Houveram poucas mortes, aposto que Snow está odiando isso.
Faço as contas, três distritos já foram iliminados.
14 tributos para eu poder voltar para casa.