A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 12
XI. Como deveria ter sido


Notas iniciais do capítulo

Olha só como não demorou para sair o capítulo :D Espero que gostem!



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XI. Como deveria ter sido

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Por milênios imaginou como seria aquele encontro. Planejou cada palavra que seria dita, cada acusação, cada grito irritado e até mesmo as lágrimas que cairiam de seus olhos quando descontrolado golpeasse sua face. Por tanto tempo imaginou apenas este desfecho. Entretanto, ao conhecer seu filho, seu coração tão machucado começou a cicatrizar. Seus pensamentos ficaram menos rancorosos e muito mais confusos e duvidosos. E agora, finalmente, ao vê-la em sua frente, parecia que o tempo não tinha passado e ainda eram os grandes amigos que acabaram por se entregar a paixão. O olhar amedrontado, porém brilhante de Michaella em sua direção o fez perder por um segundo o ar.

Perdido no tempo e no espaço não se conteve e seguiu as ordens de seu coração caminhando rapidamente até a elementar. Segurou seu rosto entre suas mãos e sussurrou emocionado.

– Michaella...

Com o coração aos pulos ela não se conteve e colou sua boca a do justiceiro. Os lábios agoniados se abraçaram ansiosos sendo banhados pelas lágrimas de saudades. Logo os braços apertavam tanto um o corpo do outro como se pudessem aplacar o sentimento explosivo em seus corações.

– Eu sinto muito Augusto! Perdoe-me, por favor! – implorava com os olhos fortemente fechados sem desgrudar sua boca da dele e não ousando afrouxar o aperto de seus braços.

Ao contrario do que imaginou Augusto só a apertou ainda mais contra si e com o mesmo fervor que a elementar lhe pedia perdão ele a questionou com o coração inquieto.

– Porque Michaella? Porque não falou o que estava sentindo? Porque fugiu? Porque me deixou?

– Apenas me perdoe.

As palavras foram deixadas de lado para novamente os lábios se encontrarem, desta vez com menos desespero e mais saudade. Pouco a pouco a emoção do reencontro foi ficando mais leve e Augusto segurou o rosto de sua amada para finalmente olhar-lhe diretamente nos olhos.

A elementar demorou para os abrir, mas quando o fez ele pode claramente ver toda a vergonha e arrependimento que ela sentia. Observou-lhe o rosto que tanto lutou para esquecer. A única luta em que não teve chances de ganhar. Ela continuava com o mesmo lindo rosto que se lembrava, mas ao mesmo tempo tão diferente. Estava mais madura, o sofrimento a envelheceu.

– Por favor, Michaella, eu preciso de uma explicação. – pediu agoniado.

Envergonhada abaixou os olhos e assentiu levemente.

– Eu estava tão confusa... Senti tanto medo. Meus poderes estavam completamente alterados... - respirou fundo notando que suas palavras desesperadas nada mais eram que desculpas fracas. - Você se lembra de como nos sentíamos antes de chegar ao planeta?

Augusto assentiu sem compreender a que ponto ela queria chegar. Notando que a conversa seria longa limpou as lágrimas recém-caídas de sua amada e soltou-lhe o rosto. Capturou sua mão entre as suas e a puxou em direção a casa. Os dois sentaram-se sobre um tronco que ficava na lateral da cabana, o mesmo tronco que serviu de palco para longas conversas no passado, o mesmo tronco em que os dois se beijaram pela primeira vez.

– O único sentimento que tinha era de submissão. Meu dever era proteger um sistema planetário de energias ruins que se concentravam em demasia. O sentido de minha vida era esse. Até que me foi dada a oportunidade de viver neste planeta e experimentar novos conhecimentos, novos sentimentos. Nunca imaginei tudo o que poderia acontecer.

Michaella assentiu.

– Sim. O meu sentimento era o mesmo. Também era responsável por um sistema planetário. Lembra-se o quão fascinante foi pisar pela primeira vez no chão? Conhecer cada cantinho deste planeta? Toda a natureza... Fauna e flora. O medo do desconhecido e o fascínio pelo conhecimento. Então recebemos nossas pedras, cada uma acrescentando algo aos nossos sentidos. A adaptação foi tão fácil para todos vocês... Você já estava acostumado a proteger, a pedra da justiça apenas lhe deu uma segurança a mais em suas decisões... Thalles era responsável por toda uma galáxia, sempre teve grande conhecimento sobre tudo e sobre todos, era sua obrigação prever qualquer dificuldade. Cada um se adaptou muito bem ao seu novo sentido. Exceto eu.

Augusto observava calado o desabafo da elementar, mas não pode evitar a exclamação.

– Você nunca reclamou de nada!

– Porque antes eu não compreendia... O mundo nunca está em completo equilíbrio, está sempre buscando o equilíbrio.

– Mas você sempre soube quando algo estava errado.

– Sim, porque a perturbação era muito maior do que a que eu sentia normalmente. E esse sempre foi o meu erro, agir quando a perturbação era grande demais e não tentar compreendê-la enquanto ainda era pequena. Foi esse meu erro com você.

– O que quer dizer? - sussurrou.

– Sempre fomos diferentes dos outros. Enquanto entre eles e nós o amor fraternal imperava, entre nós havia algo diferente. Sempre tive mais vontade de acompanhá-lo do que a qualquer um de nossos outros irmãos. Sentia que sempre que estávamos juntos você se sentia diferente, mais seguro de suas decisões. Isso acontecia porque eu lhe proporcionava o equilíbrio desejado. A justiça não é justiça se não houver misericórdia...

– E você sempre me fez parar... Nunca me deixou condenar ninguém sem o direito da defesa. Você sempre foi o meu equilíbrio.

Michaella assentiu tristemente.

– Só tive consciência disso quando escutei histórias do quão severo estava sendo.

– Ainda não entendo porque foi embora.

– Depois daquele dia em que me salvou do afogamento as coisas mudaram entre nós. E meus poderes nunca estiveram tão alerta antes. Cada vez que me aproximava de você meu estômago revirava, meu coração parecia querer fugir do meu peito, minha respiração acelerava e eu via em meus olhos o mesmo brilho que via nos olhos dos casais que iniciavam suas famílias. Mas nós não podíamos iniciar uma família, nosso dever era proteger e orientar o povo. Não fomos mandados para esse planeta para procriar. Era errado... Pelo menos era isso que meus sentidos diziam, ou melhor, era isso que eu pensava que eles diziam. Só o erro poderia criar tamanha perturbação em meu equilíbrio. Eu estava tão assustada aquele dia em que você veio até aqui em casa. Eu sabia que tinha que alertá-lo sobre o que eu estava sentindo, sobre o erro que era a nossa conexão. Porém quando você simplesmente me beijou eu não consegui pensar em mais nada, apenas queria matar o desespero crescente em meu peito de tê-lo por perto.

– Eu não conseguia mais suprimir o que eu estava sentindo e você correspondeu com tanto entusiasmo...

– Eu sei... - sorriu pequeno. - Não me arrependo do que aconteceu, não mais, porém no dia seguinte meus poderes estavam ainda mais intensificados e eu fiquei apavorada. Pensei que tinha feito algo terrível para causar tamanho desequilíbrio então eu corri para longe de você. Eu precisava consertar aquilo que tinha feito. Tinha que colocar as coisas no lugar novamente.

– E conseguiu?

– Ainda não.

Os dois ficaram em silêncio assimilando todos os caminhos que tomaram após se renderem a paixão. As consequências estavam ali em seus corações, dor, sofrimento e uma verdadeira confusão em todo o planeta. Michaella ergueu seus olhos para Augusto e desabafou o que tanto lhe amedrontava e instigava ao caminho errado.

– Meu maior erro foi confiar cegamente em meus poderes sem realmente compreender o que eles tentavam me alertar. Apesar de lhe contra toda essa história e abrir meu coração com diversas palavras, tudo isso se resume ao medo. Eu tive medo Augusto e não soube enfrentá-lo.

Por incontáveis minutos Augusto deixou-se levar por seus pensamentos. Michaella aguardava resignada, não esperava que ele lhe perdoa-se, a verdade é que esperava que ele lhe arranca-se a cabeça, pois era o que ela merecia por tê-lo feito sofrer. Mas foi surpreendida pelas palavras do justiceiro.

– Eu lhe entendo Michaella, realmente entendo. Mas não posso simplesmente apagar os milênios de escuridão pelos quais passei. Você deveria ter me contado o que estava sentindo ou contado a um de nossos irmãos. Seu maior erro não foi o medo que sentiu, mas sua obstinação em tentar resolver o problema sozinha. Você precisava de ajuda e se recusou a buscá-la. Agora veja a confusão em que estamos. - suspirou cansado. - Pelos céus Michaella, você me impediu de conhecer meu próprio filho e, pior ainda, escondeu dele quem eu era.

Completamente envergonhada pelos seus atos a elementar levantou-se e retirou a sua espada da cinta. Segurando-a com as duas mãos a estendeu para Augusto e ajoelhou-se em sua frente. O justiceiro não podia acreditar no que via.

– Eu aceito a minha sentença.

Sentado sobre um galho de árvore e escondido entre suas folhas, Louis observava toda a conversa entre seus pais. As lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto. Estava tão magoado com sua mãe. Não lhe interessava os motivos pelos quais ela deixou Augusto, ela deveria ter repensado seus atos quando seu ventre começou a crescer. Entretanto quando a viu tão submissa, pedindo que sua vida fosse ceifada, ele não pode evitar ofegar. Seu coração poderia estar machucado, mas ainda a amava. Não ousou interromper, via nos olhos surpresos do justiceiro que ele nada faria contra ela.

Todavia os olhos surpresos deram lugar aos raivosos e Augusto rosnou furioso tirando a espada das mãos de Michaella jogando o objeto no chão em seguida. Ajoelhou-se em sua frente e agarrou seus braços.

– Não cabe a você esta decisão! - rugiu sacudindo-a para em seguida abraçá-la contra o seu peito.

Ela deixou-se chorar enquanto aproveitava o calor familiar que confortava seu coração. O justiceiro suspirou. Estava cansado de tanto drama e sofrimento, então com os braços envoltos em sua amada decidiu que não mais sofreria com a distância imposta, ficaria ao lado de Michaella nem que tivesse que amarrá-la a ele.

– Eu amo você Michaella, é minha companheira. Preciso de você ao meu lado tanto quanto você precisa de mim.

A elementar assentiu contra seu peito se encolhendo ainda mais contra ele.

– Nós vamos consertar tudo. Juntos. Exatamente do jeito que deveria ter sido desde o começo.

[...]

A chegada do povo da Vila dos Pescadores agitou o final da tarde da Vila Elementar. Os feridos foram levados às pressas para a casa de saúde. Em quanto os outros seguiram para a praça principal onde um banquete era servido. A comida foi muito bem vinda e a grama uma perfeita cama para as pernas cansadas.

Maximiliano que naquele momento estava junto ao seu pai observou os primeiros conhecidos serem carregados pelos corredores. Arregalou seus olhos ao ver Lorena em uma das macas. A guerreira de pele negra acabara se machucando durante o terremoto que assolou todo o planeta. E Noemi já esgotada por curar tantos outros em um espaço de tempo tão curto não pode ajudá-la.

O jovem entrou na grande sala onde os feridos eram tratados. Caminhou até sua velha amiga.

– Lorena! - chamou preocupado.

– Hey! Vocês não deveriam ter mentido. - resmungou cansada enquanto tinha suas feridas limpas pelos enfermeiros.

– Se falássemos que vínhamos para cá você daria um jeito de vir junto. - sorriu Max.

A guerreira respondeu com uma careta.

– Como conseguiu tudo isso? - perguntou Max observando as roupas rasgadas e banhadas de sangue.

Havia cortes profundos nos braços, barriga e pernas da guerreira. Seu rosto demonstrava cansaço pelos ferimentos em constante regeneração.

– A elementar não teve forças para me curar... Muita gente se machucou quando tudo tremeu. O chão se abriu debaixo de nossos pés. Foi tão de repente que não tivemos chances de voar e escapar. Minha irmãzinha acabou por cair também e uma gigantesca pedra ia enterra-la viva se eu não tivesse protegido-a. Porém acabei levando toda a pancada.

– Ela está bem?

– Sim... Recusei-me a ser curada antes que minha irmã e todos os outros feridos o fossem.

– Você tem o orgulho de um homem Lorena. - criticou Max fazendo-a rir fraco. - Minha mãe está bem?

– Sim... Ela estava ao lado de Michaella quando tudo aconteceu.

– Vou vê-la. Tenho algo importante para contar. Fique bem minha amiga, mais tarde nos vemos.

– Obrigada Max.

Maximiliano seguiu para fora. Cumprimentou muitos conhecidos até finalmente achar sua mãe sentada sobre uma pedra junto ao seu tio Isaac e sua companheira.

– Mãe!

– Max! Graças aos céus você está bem! - Sandra retribuiu ao abraço com alegria e então ao soltar-se do filho puxou-lhe a orelha. - Nunca mais minta para mim!

– Desculpe mãe. - choramingou o jovem voltando a abraçá-la. - Eu também senti sua falta.

Afastaram-se sorrindo então Max resolveu que não podia mais perder tempo.

– Preciso contar algo para a senhora, e para o senhor também tio Isaac. - franziu o cenho. - Onde estão os outros?

– Ficaram em suas casas. Alguns moradores não quiseram arriscar sair da vila. - explicou Isaac abraçado a sua companheira. - Mas o que tem para nos contar de tão importante Maximiliano? Vai dizer que encontrou uma companheira?

– Também. - sorriu largamente fazendo seu tio soltar uma risada. - Mas o que tenho para falar é mais importante... Acho que o melhor mesmo seria mostrar. Acompanhem-me, por favor.

Curiosamente os três seguiram Max que ia em direção à casa de saúde. A movimentação era grande o que os atrasou para a chegada ao quarto. Na porta Aurora os esperava hesitante, acabara de falar com sua mãe sobre o caso do pai de seu companheiro e as notícias não eram nada boas. Sorriu nervosamente ao vê-lo. Como era possível tamanho sentimento ter se tornado tão essencial em sua vida? Gostava tanto de ouvi-lo contar sobre suas experiências, o seu relacionamento com sua família e amigos, como era viver na Vila dos Pescadores. E também se sentia a vontade para compartilhar seu passado e suas aspirações futuras. Ele tinha um jeito tão singular de levar a vida. Suas palavras sempre honestas e despidas de pudor.

Quando a noite chegava e ficavam trocando carinhos ele costumava abrir seu coração de um modo que nunca vira qualquer homem fazer. Maximiliano não deixava seu orgulho masculino o impedir de dizer o quanto Aurora lhe era importante. E envolta pela aura franca a elementar não conseguia evitar retribuir a sinceridade.

– Aurora. - o jovem segurou o pequeno rosto entre suas mãos e beijou-lhe os lábios com carinho.

O beijo foi rápido e suave, mas foi o suficiente para apertar o coração da elementar pela notícia que daria dentro de alguns minutos.

– Essa é minha mãe Sandra, meu tio Isaac e sua companheira Calixa. - Aurora sorriu timidamente para os três pares de olhos que a fitavam com curiosidade. - E essa é Aurora, minha companheira.

Sandra não pode evitar sorrir. Estava acostumada com o sorriso fácil de Max, mas nunca o vira sorrir daquela maneira. Estava apaixonado e prestes a iniciar uma família, como poderia não sentir-se feliz pelo próprio filho. Adiantou-se até perto da elementar e segurou-lhe as mãos carinhosamente. As duas eram quase do mesmo tamanho, porém os cabelos cacheados e volumosos de Sandra faziam com que ela parecesse maior que Aurora.

– É muito bom conhecer a mulher que colocou esse brilho nos olhos de meu filho.

A elementar assentiu emocionada.

– Seu filho também é o responsável pelo brilho dos meus olhos. - então resolveu implicar com seu amado. - Mesmo que ele os ache pequenos e estranhos demais.

Maximiliano revirou seus olhos divertido.

– Já disse que eles são lindos, vou ignorar o que você acabou de falar.

Isaac trocou um olhar divertido e cúmplice com sua companheira. Pois quando se conheceram também implicavam um com o outro. A consequência era um longo e duradouro relacionamento repleto de harmonia. Estavam felizes pelo sobrinho estar conquistando o mesmo tipo de relacionamento que eles.

– Mas não foi para apresentá-la que os trouxe aqui. - o guerreiro tornou-se sério buscando rapidamente força nos olhos da elementar. - Venham.

Ao abrir a porta do quarto deixou que sua família entrasse. Apertou com força a mão de Aurora e observou a reação de sua família.

Sandra não pode evitar e jogou-se contra o marido em um choro sôfrego em quanto Isaac não podia acreditar no que seus olhos estavam presenciando. Calixa abraçou o companheiro com medo que ele caísse a qualquer momento.

– É impossível... - sussurrou Isaac. - Nós o vimos morto. Eu juro que vimos.

A emoção começava a tomar conta do homem tão parecido com o que estava desacordado. Era seu irmão caçula. Como sofria por saber que falhara na sua proteção.

– Malaki. - murmurou soltando-se de Calixa e ajoelhando-se ao lado da cama do irmão pegando sua mão carinhosamente.

Olhou para o sobrinho perguntando-se como deve ter sido difícil encontrar seu pai depois de tanto tempo achando que ele estava morto.

– Como isso aconteceu?

– Ele veio junto com o povo de um pequeno vilarejo localizado no deságue do Grande Rio Inás. Pelos ferimentos sofreu grande tortura e por um longo tempo. - explicou Aurora gentilmente. - É possível que vocês tenham se enganado quando o viram. Quando ele chegou aqui quase o demos como morto também, pois seu coração batia tão fracamente que foi preciso encostar a orelha em seu peito para escutá-lo.

– Porque ele continua dormindo? - perguntou Sandra entre soluços. - Ele ainda está machucado?

Aurora engoliu em seco antes de responder.

– Eu curei todas as feridas físicas de seu companheiro, também não entendia o porque dele ainda estar desacordado. Então assim que vocês chegaram eu procurei minha mãe para esclarecer isso. Ela me disse que ele está sob o efeito do sono das dores. É quando alguém se fecha em sua própria consciência para proteger-se dos abusos físicos que sofre por tanto tempo. Nós realmente não sabemos quanto tempo ele levará para acordar ou se ele um dia o fará.

Max apenas abaixou a cabeça tristemente apertando a mão de Aurora. Ela se sentia péssima por dar essa notícia. O homem em profundo sono era tão amado, ela podia ver nos olhos de seu companheiro e no choro de Sandra. Assim como no desolamento de Isaac.

– Você quer dizer que se tivéssemos resgatado Malaki quando pensamos que ele estava morto ele poderia estar acordado? - perguntou o homem com estranha apatia em seus olhos.

Calixa jogou-se ao seu lado abraçando-o.

– Não foi sua culpa meu bem, não foi.

– Tia Calixa está certa, tio Isaac. Os únicos culpados do estado de papai são os seus torturadores.

Isaac levantou-se em um átimo, seu olhar estava perigoso.

– E onde eles estão? Pois eu vingarei o que fizeram ao meu irmão.

– Eu compreendo seus sentimentos Isaac, porém creio que não poderá cumprir suas palavras. Tio Augusto acabou com todos eles. Seu irmão não foi o único a sofrer por torturas.

– Então de nada eu sirvo se nem para vingar meu irmão eu sou suficiente.

– Deixe de orgulho tio. Há coisas mais importantes a se fazer do que procurar por vingança. É melhor concentrarmos nossas forças em buscar um jeito de acordar papai.

Aurora emocionou-se com a bondade do coração de seu companheiro e quase deixou as lágrimas escaparem quando a voz fraca de Sandra se fez presente.

– Ele está sofrendo agora? - ela acariciava o rosto barbado de seu amado.

Olhava-o com idolatria e saudade.

– Não. É muito provável que ele esteja em uma espécie de sonho. Está vivendo naquilo que sempre ansiou para a sua vida.

– Então talvez seja melhor que ele continue em seu sonho. - murmurou.

– Mãe? - Max arregalou seus olhos em grande surpresa.

– Eu amo seu pai meu filho, tudo o que eu quero é que ele esteja feliz. Se em seu sonho ele está, então que assim seja.

– Mas a senhora não estará feliz. - retrucou agoniado.

– Estarei feliz se aqueles que eu amo também estiverem. Não se preocupe comigo querido.

Aurora olhou admirada para a sogra. Não era a toa que Maximiliano tivesse tão lindo coração, pois sua mãe o tinha também. E pensando bem em suas palavras talvez fosse o melhor ficar preso em seus sonhos, afinal não tinha ideia de como seria o futuro do planeta se Louis não cumprisse com a missão que Thalles lhe daria.


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Notas finais do capítulo

Muitas lágrimas nesse cap né? O próximo ficará um pouco mais dinâmico ;)



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