Ela vivia o seguindo, querendo saber onde ele estava, com quem estava e como estava. Ele vivia a evitando por motivos que somente ele sabia e que achava, até então, que não conseguiria contar a ninguém. Ela precisava, desde os primeiros dias de aula, descobrir algo a mais sobre ele, saber mais sobre ele e conquistá-lo, pois ele, de algum jeito, a havia encantado. Ela se sentia que estava sob um tipo de feitiço, sentia que estava sendo puxada sobrenaturalmente até ele. Pelas poucas conversas que tiveram, ela sabia que o queria, sabia que era o certo, sabia que ele deveria ser dela, afinal, ninguém jamais havia feito ela se sentir daquele jeito, com calafrios por todo o corpo, borboletas no estômago, bochechas coradas e sorrisos bobos. Ele não compreendia, como ela, uma das mais lindas daquele lugar, sempre cobiçada, conseguia olhar pra ele. “Só para me complicar”, ele dizia, por causa de seus motivos e segredos que eram mantidos trancados a sete chaves. Chegaram as férias, cada um foi para um lado do país, viajando com suas famílias e tentando ao máximo aproveitar os 15 dias. E ao passar desses 15 dias, ela se sentia vazia por não o ver todos os dias, sentia falta disso e falta daquele sorriso. Ele, até então, não se sentia tão envolvido com ela, mas ao se afastar, percebeu que estava mais envolvido do que pensava, ele estava se apaixonando. Para ele, tudo bem se apaixonar, mas ela se apaixonar por ele era um terrível erro, um erro que jamais poderia ser consertado. Enquanto pensava, ele se decidiu, iria contar pois tinha que contar, não se perdoaria se algo a acontecesse. As aulas voltaram e eles se reencontram com apenas um abraço, ela se sentia maravilhada, ele se sentiu triste. Os dias e meses foram se passando, e nada de ele contar, nada de ele manter contato, ele havia se afastado de novo. Faltando um mês para o fim do ano letivo, ele parou de ir a aula, seu nome parou de ser chamado na lista de chamada, ele havia, simplesmente, evaporado. No último dia de aula, ela saiu de sua última aula do ano, abriu seu armário e um bilhete caiu, lá estava escrito: “Me desculpe por não ter lhe contado antes, me desculpe por não ter falado com você durante todo esses anos, desculpe por não ter sido quem você queria que eu fosse. Sim, eu sabia que você se apaixonou por mim, assim como eu me apaixonei perdidamente por você. Mas eu precisava mantê-la longe, você não merecia sofrer. E enquanto você lê isso, eu devo estar no céu, te observando, pois eu era um paciente terminal. Aproveite as férias.