Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 18
Megan - De Volta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/448906/chapter/18

Depois de passar a noite inteira tendo o mesmo sonho, quando o dia amanheceu eu parecia estar mais cansada ainda. Por mais que eu quisesse continuar deitada sem fazer nada, me obriguei a levantar. Eu havia dormido no quarto de hóspede com um fiozinho de esperança de que o Vince fosse voltar.

Saí do quarto e fui o mais devagar possível até cozinha. Assim que entrei na cozinha ouvi uma leve batida na porta da sala. Involuntariamente me enchi de esperança. Talvez o Vince voltado. Corri até a sala e abri a porta. Imediatamente minha esperança se apagou.

– Dane? Liz? O que estão fazendo aqui? – pude ouvir a frustração na minha própria voz.

– Bom te ver também, Megan. Eu estou ótimo, obrigado por perguntar. – disse Dane me dando um beijo em cada bochecha e entrando na sala.

– Dane disse que você havia vindo para cá de repente e que era por causa do Vince. E como o Dane disse que o Vince tinha vindo atrás de você, nós achamos melhor vir ver como estão as coisas. – explicou Liz, ainda parada à porta.

– Mas acho que já podemos ir embora, não é? Já sabemos que as coisas não estão boas e que o bonitinho mas ordinário do Vince já veio aqui e falou com você. – comentou Dane, sentando no chão em frente à lareira que ele havia acabado de ascender.

– Como assim? Como vocês sabem disso?

– A gente... p começou a dizer Liz.

– Não importa. – disse Dane interrompendo Liz.

– Dane! – repreendeu Liz.

– Dane Wright, eu quero uma explicação. – ordenei-lhe. Puxei a Liz para dentro de casa e fechei a porta. Nós duas sentamos no chão, de frente para o Dane.

– Tudo bem, não precisa se estressar. Nós encontramos o Vince vagando por aí. – disse Dane.

– Encontramos o carro dele batido em uma árvore e paramos para ver se estava tudo bem. Pouco depois ele chegou andando, parecendo exausto. – contou Liz.

– Exausto, deprimido, desolado e sem rumo. – completou Dane esquentando as mãos na lareira.

– E aí, o que ele disse? – perguntei, curiosa e ansiosa.

– Que você é uma megera, detestável e que nunca mais queria te ver. – disse Dane, distraído.

– Dane, para com isso! – ordenou Liz. – O Vince disse que não podia ficar com você porque tinha feito muita coisa ruim e você merecia um cara bom. – explicou.

– Aí, como eu sou o seu amigo mais bonito e mais amado, eu te ajudei. – disse Dane alegremente. – Tive uma conversinha com bonitinho mas ordinário e tenho certeza que surtiu efeito.

– Que tipo de “conversinha”? – perguntei receosa.

– Conversa de homem para homem, ou quase isso.

– Bom dia, pessoal. – disse minha mãe entrando na sala, ajeitando o cabelo.

– Bom dia. – responderam Dane e Liz em uníssono.

– Por que não disse que tinha convidado ele também, Megan? – perguntou-me mamãe. – Tudo bem. Dane, você divide o quarto de hóspede com o Vince e Liz com a Megan. Falando nisso, onde está o lindinho, Megan?

– Ele foi... – parei de falar quando Dane me beliscou.

– Ele foi na rua rapidinho. – mentiu Dane. – Disse que ia no carro dele na estrada ver se tinha esquecido alguma coisa lá dentro. Daqui a pouco ele chega.

– Entendi. Megan, quando ele chegar você pega a roupa, que já deve estar seca, o celular e a carteira dele que estão na garagem. – pediu mamãe. – Vou preparar o café da manhã.

– Que história é essa de que “daqui a pouco ele chega”? – perguntei, assim que minha mãe foi para a cozinha. – Ele me disse para esquecê-lo, que não ia mais voltar.

– Disse, é? Enfim, não importa. Tenho certeza que ele vai mudar de ideia e voltar. – afirmou Dane. – Confia em mim.



As horas passaram se arrastando. Dane e Liz ficaram conversando comigo, tentando me distrair, mas eu não conseguia prestar atenção no que eles diziam. Minha mãe passou o dia todo me perguntando onde estava o Vince, e o Dane passou o dia todo mentindo para ela.

A princípio eu acreditei no Dane. Achei que o Vince fosse voltar depois da tal “conversa de homem para homem”. Mas conforme as horas iam passando minha confiança e minha esperança iam se esvaindo.

Eram pouco mais de seis horas da tarde. O céu estava escuro e nublado. Sentia-se no ar o cheiro da chuva que estava por vir. Liz tinha ido tomar banho e Dane esta atacando a cozinha em busca de algo para comer.

Fui para o quarto de hóspede. A janela continuava aberta. O vento frio entrava, balançando a cortina. Sentei no chão e encostei na parede, embaixo da janela.

Eu estava distraída, absorta em pensamentos, quando alguém pulou pela janela pra dentro do quarto, me assustando.

– Vince! – exclamei, quando vi quem era. – Quer me matar de susto?

– Desculpa. – respondeu ele, tentando esconder o sorriso.

– O que faz aqui?

– Não ficou feliz por eu ter voltado? – perguntou ele com um misto de confusão e desapontamento.

– Não é isso. É claro que fiquei feliz, mas é que você tinha dito que nunca mais ia voltar. – lembrei-o.

– E você acreditou? Que bobeira. – disse ele sorridente. – Como eu poderia te abandonar assim se você é a dona do meu coração?

– Você é bipolar ou tem distúrbio de personalidade? – perguntei-lhe, contendo o riso.

– Acho que um pouquinho dos dois. – ele rui. – Desculpe por ter ido embora daquele jeito, desculpe se te magoei. – disse ficando sério.

– Só se você prometer não fazer de novo. – exigi.

– Prometo. – assentiu. – Olha o que eu trouxe para você. – ele me entregou uma pequena rosa branca, ajoelhando-se na minha frente.

– Que linda. Adoro quando você me das rosas brancas. – comentei pegando a rosa. – Onde conseguiu essa? Roubou de outro jardim?

– Sim, do seu jardim.

Nós rimos e ele me beijou. Tive a certeza que o mundo todo havia desaparecido. Éramos só nós dois no nosso mundo particular. Ele parou de me beijar, depois levou minha mão esquerda até seu peito, na direção do seu coração.

– “Meu coração amou antes de agora? Essa visão rejeita tal pensamento, pois nunca tinha eu visto a verdadeira beleza antes dessa noite.”. - recitou ele.

– Isso é de Romeu e Julieta, não é? – perguntei-lhe, reconhecendo aquele trecho.

– Sim. Ato 1, Cena 5. Na primeira vez que Romeu vê Julieta. – disse ele. – E cito isso hoje, por ser a primeira, de muitas vezes, eu digo que te amo.

– Também te amo. – disse, contendo as lágrimas.

Ele abriu um largo sorriso, depois me beijou. Ficamos tanto tempo sentados abraçados que perdi um pouco a noção da hora. Minha cabeça estava apoiada no peito dele. Eu ouvi as batidas ritmadas do seu coração e sua respiração pesada. Estava prestando tanta atenção nisso que quase não percebi quando Liz e Dane entraram no quarto. Mas não tinha como não notar quando o Dane chega em algum lugar.

– Olha só que l-i-n-d-o! – gritou Dane saltitando até nós. – É maravilhoso saber que eu fui o cupido desse lindo casal! Porque sem mim vocês não seriam nada.

– Acho que eles já entenderam a sua importância, Dane. – disse Liz sorridente, à porta. – Vamos deixa-los sozinhos.

– Não, não, sem chance. Esse menino passou o dia todo na rua, ele precisa de um banho.

– Ele tem razão. Eu realmente ficaria feliz com um banho agora. – concordou Vince.

Ele levantou depois me ajudou a levantar também. Dei-lhe um meio sorriso e um beijo rápido. Eu e Liz saímos do quarto arrastando Dane conosco, deixando Vince sozinho com um sorriso bobo no rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos comentários.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desconhecido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.