Nossas ações refletem nossos pensamentos. Nossos pensamentos refletem quem somos. - The Sin

"Mesmo que você não chore, consigo ver suas lágrimas." O moreno o encarou, sem reação. Desceu do cavalo, o amarrando em uma arvore. Por fora, Rivaille parecia o de sempre, calmo, concentrado e frio. Um boneco sem emoções, mas, Erwin sabia melhor. "Suas lágrimas são o sangue dos titãs derramado no chão." O menor continuava a ignorá-lo, fingindo não ter só os dois naquela clareira. "Não faça essa cara, por favor. Não tente bancar o forte comigo, Levi." Sem se importar com um possível chute, ou soco, o abraçou, acariciando seus cabelos manchados de sangue. "Foi uma perda terrível, eu sei.” Murmurou quase resignado. “Todos aqueles soldados, nossos amigos, conhecidos... não adianta quantas vezes passaremos por isso, você não muda, não é? Você continua dessa forma. Continua com seu luto violento."

"Apenas realizo o quê eles querem e queriam. O desejo de livrar a humanidade desses monstros nojentos." Respondeu frio. O loiro virou-o, colocando-o de frente para ele. Os olhos fixos uns nos outros. Acariciou a bochecha do corporal, retirando os resquícios de sangue dela.

"Não, não é só isso. Você mata titãs pra não ver quem gosta morrer." Por um minuto, pensou ter visto um leve rubor na face do homem estoico.

"Todos fazem isso." Replicou usando um tom de voz seco. "Todos da tropa de exploração sonham com o dia que a humanidade se livrará dos titãs."

"Sim, todos fazem." Ergueu o queixo do subordinado, dando-lhe um beijo suave nos lábios. "Mas, diferente deles, que carregam apenas o próprio desejo, você carrega o de muitos nas costas." O subordinado passou os braços em volta do pescoço do capitão, aprofundando o beijo. Desesperado, tentava afogar as palavras magoadas na saliva do homem que o abraçava tão amorosamente. Havia tantas coisas que queria dizer, tantas lágrimas que queria derramar, porém, sua personalidade não permitia. "Você sabe, nunca saberemos quando será nossa vez de morrer, então, chore quando e enquanto puder, Levi."

"Eu não morrerei através das mãos de algum desses bastardos." Murmurou, voltando a beijar o superior. Agarrou a camisa dele. “Tantos morreram hoje, mais do que nas outras expedições, Erwin...”

"Eu sei, eu sei." Afastou o rosto, tentando sorrir. "Muitos do seu grupo. Dou-te minhas condolências, meu amor."

"Pare de me chamar disso." O empurrou, limpando a boca com as costas da mão. "Pare de dizer idiotices." Voltou a demonstrar aquela frieza falsa.

"Eu te amo, Levi." Repetiu com uma certeza firme.

"Pare de dizer isso! Porra, Erwin, apenas pare! Eu não irei amá-lo! Eu não te amo.” Os olhos negros fitavam os azuis. Por mais que as palavras soassem sérias, por mais que as palavras fossem ditas sem hesitação, elas não eram verdadeiras. “Quem sabe se amanhã não morrerá?" Rosnou.

"Por isso! Melhor que me ame agora, antes que seja tarde!"

"Não, por que se eu amá-lo, sua perda será para mim a pior de todas." Explicou, como se aquilo não servisse de prova, para Smith, do seu amor. “Que merda, estou parecendo um daqueles vagabundos que só sabem escrever porcarias sobre amores impossíveis.”

"E se me perder sem me amar, se arrependerá tempos depois." O moreno iria revidar, no entanto, um grito chamou a atenção dos dois, que montaram em seus cavalos, cavalgando rapidamente até o lugar onde vários soldados tentavam matar um titã de doze metros. A conversa não foi esquecida, pois, tão logo chegassem na base, ela seria retomada. Rivaille era teimoso. Erwin conseguia ser mais.

Fim.