2125 escrita por Lee YongKi


Capítulo 1
2125


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e Boa Leitura!



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Era o ano de 2125. A população tinha finalmente reconhecido a existência dos robôs no mundo.

Entretanto, houve uma guerra no começo de 2085, que só teve seu fim em 2100. O governo decidiu banir as religiões do mundo desenvolvido, com o pensamento de que não houvesse mais conflitos religiosos. Todos agora pertenciam a apenas uma religião:Silentio. A absoluta.

Essa religião ia bem além das outras. Diferente dos deuses ou das coisas que acreditávamos ou deixávamos de acreditar, nesta não existia Deus ou Deuses, era apenas... o nada. Servíamos ao nada. Eramos controlados por robôs, criados por uma pessoa, que talvez fosse a segunda mais respeita que o Governo.

EmSilentio, não poderíamos contestar nada que nos era feito, caso isso ocorresse, seriamos mandados para oAlbus Balneum, onde eramos jogados numa água no qual o PH era menor que sete. Virávamos ossos. Se é que sobrariam...

O Latim tornou-se a língua oficial. Se fossemos pegos falando outra, eram arrancadas nossas línguas em frente ao prédio do Governo.

Dizem nos livros antigos, que contam a história desse conflito, que um grupo deradicaisfoi contra o governo e foram colocados em uma ilha longe das cidades. O local nunca foi especificado, pois eles tem medo que a população possa fugir de suas cidades e se abrigarem junto a eles.

Os robôs criados por minha mãe estavam nos controlando. Os robôs conseguiram ter um dado de sentimentos e emoções, substituindo os humanos. Os robôs eram o tudo. O Governo pensou que com a chegada deles, através da ideia de minha mãe, tudo se tornaria mais fácil e ágil, porém um deles assumiu o controle de tudo, e criou um caos, envolvendo todos que haviam nesse mundo. Ao invés de ser um mundo sem conflitos e desenvolvido, se tornou um em que um erro seria sua morte, em que a preocupação estampava o rosto de cada pessoa, em que sair se tornou um incomodo. Era como um mundo pós-apocalíptico. Não havia mais os grandes prédios com televisões enormes deixando qualquer um informado, ou que qualquer cidadão teria o celular mais moderno a cada dia. Se tornou um mundo que se você morasse na rua já seria muito. Se tivesse um grão de arroz, seria um milagre. Um mundo no qual as moradias eram feitas apenas de tijolos, sem acabamentos ou algo que poderíamos chamar de "elegante". O mundo se tornou um lixo.

Um pouco antes de 2125, eu vivia com meu pai. Não morávamos na cidade de minha mãe, pois ele dizia que era muito contraditórias aos seus ideias. O lugar em que morávamos era lindo. As casas eram simples e bonitas, e todo o povo vivia com um sorriso no rosto. Após a morte do meu pai, eu passei a viver com uma amiga dele. Eu e o filho dela vivíamos brincando com o pequeno rio do local, até que o governo da cidade de minha mãe me caçou e exterminou o local.

Eu vi as pessoas saírem de suas casas com o fogo consumindo seus rostos e corpos, vi pessoas sendo divididas em dois ou em mais partes com as espadas dos soldados. Era cruel.

O governo me levou até minha mãe. Passei a viver em uma torre que a população chamava de "Templum". Ela me explicou a história da cidade e vivia me passando os livros para eu ler. Apesar da língua oficial do mundo ser o Latim, o governo deixava eu e minha mãe e eles mesmos falarem outras línguas, deixando a população apta a reclamar dos atos deles, entretanto seriam mortos caso o fizessem.

Cada casa, ou cada rua era coberta por um muro e com no máximo dos robôs em cada.

Após cinco anos de convivência com a minha mãe, me acostumei com a cidade, com os robôs, com o governo. Eu não poderia contesta. Não iria cometer um erro.

A cidade não era nada confortante. Era repugnante. O meu objetivo logo se tornou sair daquele imundo local e reencontrar aqueles no qual convivi com o meu pai há tempos atrás. Eu sabia que alguns tinham sobrevivido ao massacre. Eu sabia.

Minha mãe tinha um sentimento exagerado com seus robôs. Quando eu completei 14 anos, ela mudou meu quarto para um andar acima do porão. Por conta da pequena distância, eu ouvia as vozes desconhecidas de pequenas crianças implorando por comida e água, implorando por liberdade. Os seus choros sofridos me agoniavam e não conseguia ter uma boa noite de sono. Eu era atormentada por eles.

Quando eu soube que minha mãe os trancava no porão, tentei achar alguma passagem para chegar até eles. Queria contraria-la. Por má-sorte, nunca encontrei, apesar de ter uma certa curiosidade de como a minha mãe chegava até eles.

Um ano depois, a minha morada virou um depósito de robôs.

Acordei com os choros das crianças, novamente. Era torturante ter que ouvi-los quando dorme e quando acorda... Ou todo o dia.

As únicas vestes que eu posso vestir são imundos restos de pano, mal costurados e acabados, que um dia foram brancos. Esse é o comum. Isso é oSilentio.

Subi as escadas, sendo obrigada a mais um dia de trabalho. Logo vi os robôs, me olhando como se fossem um insignificante inseto, e os olhei do mesmo modo, pois eles não passavam de peças construídas com a obrigação de serem imundos soldados.

Os robôs andavam normalmente noTemplum. De ora em outra eu me esbarrava em alguns, porém quando os derrubava, minha mãe me batia e me tratava de modo indiferente. Ela amava mais sucatas a uma vida que ela pôs nesse terrível mundo. Talvez eu a odeie.

Subindo as escadas do terceiro andar, a906Rme viu - era um robô que me odiava -, e fingiu que descia as escadas. Ela passou do meu lado quando caiu e fez um de seus braços se soltar. Em seu pescoço, apertou um botão e disse com uma voz humana, porém com um toque de programa de computador, que eu tinha a derrubado da escada. Logo meu celular toca, era ela.

"Me encontre no 4º andar, Sya." Ela pronunciou. A robô deu uma risada típica e continuou seu falso caminho sem o braço.

Peguei algo para comer no terceiro andar e brava, subi para o quarto andar. Achava horrível o modo de como a minha mãe tinha o total ânimo e motivo extremamente desnecessário para construir um robô que normalmente não fazem nada, e não tem a miníma vontade de colocar algo necessário noTemplum.

O escritório da minha mãe não era simples. Na verdade, acho que muitas pessoas tem inveja de mim por eu ser filha dela. Era extremamente diferente de qualquer comodo da casa. Com robôs a servindo, ou não tendo de fazer nada o dia inteiro... Ou de ter dinheiro o bastante para sustentar o quíntuplo da cidade.

- O que a senhora deseja? - Perguntei indiferente a ela, de cabeça baixa.

Ela levantou-se, batendo o seu salto de cinco centímetros até chegar em minha frente e mergulhar minha cabeça no piso de titânio.

- Você realmente adora encrencar com a minha vida, hein, moleca desgostosa! - Exclamou ela, pisando seu sapato de salto sob a minha costa. As marcas das outras vezes ainda estavam ali. Incríveis hematomas roxos.

Ela continuou me chutando e pisando em mim, tentando me fazer sofrer, porém já eram tantas as vezes que ficava apenas de olhos fechados esperando tudo acabar.

Ela levantou meu queixo e jogou minha cabeça contra a sua mesa. Antes de causar o impacto, coloquei minhas mãos para protege-la. Minha mãe suspirou e voltou ao seu lugar, olhando apaixonadamente para a sua robô, a1T4N1. A 1T4N1 é um robô que minha mãe construiu para ser igual a ela, mesmo na aparência, mudando apenas na personalidade.

Olhei amargamente para as duas. Minha mãe criou uma paixão obsessiva por robôs. Acho que foi um plano para fugir do mundo no qual ela vive. Acho ela bastante inteligente, porém a partir do momento em que essa inteligência a levou a loucura, eu achei ela uma das mais idiotas pessoas que já vi.

Me levantei e cambaleei um pouco. Fechei os olhos e os abri novamente procurando tirar o embaçado de minha vista. Estava farta.

Em sua mesa, havia uma caneca, com o brilho que a luz causava, podia-se ver que continha algo liquido lá. Recobrando o foco, olhei para a caneca, e logo depois para a espada de metal que continham no canto esquerdo a sua mesa, de costas para ela.

Despreocupada, peguei uma espada e a escondi em minha costa, logo peguei a caneca e joguei o liquido em cima da1T4N1. Com um movimento brusco, empurrei a espada para dentro do peito de metal da robô. Como se fosse um vampiro, tirei sua cabeça oca fora, como se fosse um Lobisomem, cortei a parte que se fosse humana conteria um coração. E por fim, cortei suas pernas.

As faíscas saiam dos fios de aço. Desejei que a minha mãe morresse com esse ato. Que ela entrasse em depressão. Ela era muito burra.

"Filha, puxe essa corda. Puxe essa corda com força"A voz dela estava enchendo minha cabeça. Ela estava me perturbando."Faça isso por mim. Você não quer se livrar de mim? Fique com ela na mão e não a solte."Ela estava me irritando. Peguei a corda que ela estava me oferecendo. Era leve. Porém logo depois um peso enorme veio em minhas mãos.Deuses, como era pesado!Fiz o que ela me mandou. Fiquei uns 15 minutos com aquele peso na mão, o puxando com bastante força, até que a corda estava medindo quase o meu braço todo. Então soltei a corda, e um estrondo entrou em minha cabeça. Ignorei.

As crianças agora haviam parado com as suas lamurias.

O sol que vinha da janela coberta por grades caiu sobre meus olhos, fazendo com que eu despertasse. A voz de minha mãe ecoava em minha mente. Olhei sobre a tela do meu celular. O relógio marcava sete e cinquenta da manhã.

Virei para o outro lado da cama com o objetivo de me levantar, entretanto de imediato levo minhas mãos a boca. Havia sangue no chão. Havia um corpo no chão. O corpo morto de minha mãe estava no chão, com uma corda ao redor de seu pescoço.

Lembrei-me do sonho desta noite, no qual a sua voz mandava eu puxar a corda. Ela estava pedindo para eu a matar. E eu cumprir sua ordem.

Abaixei minha cabeça e apoiei-a com as minhas mãos. Eu precisava de um plano. Minha mãe, sendo a segunda mais respeitada da cidade pela criação dos LH1, iria fazer partes dos livros de história do mundo, e a sua morte ganharia repercussão, e eu sendo a única a morar com ela, iria ser a suspeita.

Me levantei bruscamente cobri meus pés com o pano de minha cama. Em minha cabeceira, tirei uma faca, uma linha e uma agulha.

"Eu deixarei que todos pensem que eu fui raptada morta." Pensei.

Com a faça, peguei o pedaço de corda que continha minhas digitais e passei a corta-lo. Deixei ainda uma parte insinuando que ela tenha se matado.

Ainda com a faca, cortei uma parte do meu braço esquerdo. O sangue caiu sob o restante de pano amarronzado, deixando que os pingos carmesins fluíssem lentamente. Com a agulha, ainda em pé, costurei a ferida e arranquei uma cortina do meu quarto, enfaixando meu braço esquerdo.

Com a outra parte da cortinha, cobri forçadamente e em vários camadas minhas mãos. Do armário, peguei tudo que eu tinha, o que não era muita coisa, e coloquei na minha maleta, a mesma que usei quando cheguei aqui.

Olhei tudo ao meu redor. Havia pegado tudo o que era meu, porém não havia nenhum meio para sair. Se eu saísse do meu quarto, os robôs me veriam. Pensei melhor e olhei para a madeira ao lado da minha cama. Ela sempre fora meio solta, o que fazia alguns insetos entrarem no meu quarto.

Peguei uma parte e comecei a arranca-la, até conseguir uma boa parte para alguém de fato passar. Antes de sair, peguei um vestido meu,e coloquei sobre os meus joelhos.

Eu havia saído. Por muito tempo eu não sabia o que era ser realmente livre. Mesmo não desejando, respirei o ar imundo daquele lugar. O sol parecia uma cor diferente do tempo que eu estava com o meu pai, mas agora eu poderia voltar para o mundo em que o meu pai vivia. Eu poderia ser livre.

A minha casa, como todas as outras, era coberta por um muro. O portão no qual os robôs vigiavam do lado de foram estava sem o cadeado. Acho que sempre esteve, pois minha mãe odiava chaves.

Abri o portão e dei de cara com os robôs. Andei dois metros deles e eles não notaram a minha presença. Eu já havia lido em livros que eles foram apenas feitos para fazer com que o morador se senti-se seguro, porém eu achava que caso você contraria-se as "estátuas robóticas", elas iriam te matar. Isso era lógico para umSilentio, vivendo num poço de preocupação. Agora eu sei que todo o trabalho que minha mãe fez é completamente inútil.

Andei linearmente, sem perder meu ideal. Eu encontraria a minha verdadeira natureza. Não iria voltar a esse mundo perdido. Eu irei ser livre, e encontrarei a minha liberdade com aqueles que me ensinaram o que era viver. Eu não sou umaMentiri. Sou umaLiberavit.


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Notas finais do capítulo

Em relação a esse conflito religioso, para mostrar que apesar de sermos de diferentes culturas e costumes, nós possamos conviver pacificamente, eu usei o fato da religião absoluta, onde ninguém pode contraria-la, formando ainda mais guerra.
Em relação aos robôs, eu quis dar a ideia de quanto mais nós formos tentando evoluir tecnologicamente, nossa mente muitas vezes vais ficar fraca, fazendo com que nós sejamos controlados por essa tecnologia. Por isso virou esse mundo pós-apocalíptico. E eu quis colocar o Latim por conta disso. Pois como eles estarão regredindo, porque não colocar o Latim? O Latim é uma língua morta, então quanto mais eles estão regredindo, mas estarão estabelecendo os costumes de antigamente, com um toque de tecnologia. Espero que tenham entendido.
Eu escolhi a música por que ela fala muito sobre a busca dos ideais e nunca desistir, e é esse o objeto da Sya, a personagem principal, basicamente. Ela procura por um mundo que era antes, que ela conviveu, e ela persiste em encontra-lo.
A imagem eu achei muito bonita e também achei que expressaria bem o mundo que eu quero que vocês imaginem sem os detalhes que eu dei. É bastante significativa.
Eu fiz essa estória como se fosse uma qualquer, porém deixei esse final bem vago, porque... Bem, eu não sei como continuar. E se ela não encontrar a liberdade que ela procura e morrer? E se ela encontrar, porém os antigos amigos dela estiverem mortos? O que acontecerá se o governo da cidade da mãe encontrar ela? O que acontecerá? Será que ela vai achar mais um Liberavit como ela? Será que terá romance ou será só guerra? Eu vou deixar isso com vocês, porém não esperem uma continuação.
Eu espero que tenham gostado da mesma maneira que eu! Comentem caso tenham gostado, Obrigada!