–É Pra daqui 9 meses.

–Ah, Paulina... –Falou Manu baixinho caindo de joelhos ao lado da amiga. –Lina... você vai ter um bebê! –Disse chorando também enquanto seu corpo abraçava Paulina.

Paulina chorava em Descontrole. Não sabia o que fazer, como agir. Deus havia entregado em suas mãos a dádiva de um ser crescer em seu interior. Um misto de Felicidade e tristeza crescia em seu peito deixando-a cada vez mais confusa com as informações recebidas. Por um instante, enquanto suas lágrimas molhavam a roupa da amiga, Paulina analisou sua vida.

“Paulina Martins, divorciada, mãe de quatro filhos. Designer de Propaganda. Atualmente noiva e agora grávida do ex-marido.”

Seu choro tornou-se forte e apavorado. Suas mãos agarraram a roupa de Manuela e seu rosto mergulhou na roupa dela suplicando ajuda em silêncio.

–Hey, Amiga, não chore. Está tudo bem, tudo bem. Tudo vai dar certo! –Beijou o topo da cabeça dela. –Hey, olhe pra mim...

Tentando engolir o choro, Respirou profundamente, e virou-se para ela, olhando-a nos olhos.

–Seja a circunstância que for, um bebê, um filho é sempre um milagre. –Sorriu para ela limpando as lágrimas da amiga. –Imagine, o médico lhe disse que talvez nunca mais pudesse ter filhos, e agora, depois de tanta dor, você tem um pequeno ser crescendo dentro de você. –Ajeitou a franja dela.

–Eu Sei Manu. E não imagina o quanto fico feliz por isso. Mas é tudo tão complicado... o que eu ou fazer? Vou dizer o que ao Juan? Não posso contar ao Carlos Daniel. E as Crianças? Deus meu. –Agarrou-se a Manuela e a abraçou forte.

–A Primeira coisa que vamos fazer, é ligar para uma Ginecologista Obstetra e marcar uma consulta pra você o mais rápido possível. Depois de tudo que passas-te, temos que cuidar bem, de vocês dois. -Sorriu para ela.

–Você tem Razão. –Falou ela baixinho. –Hey, -sorriu. –Eu vou ser mãe de novo. –Seu sorriso alargou-se.

–Oh Sim! Daqui a alguns meses, terei uma amiga barriguda! –Riu.

–Ai Sua boba! –Manuela conseguiu tirar uma Gargalhada da Amiga.

–Bem, agora, você vai lavar esse rosto e vai ir descansar. –Sorriu para a Amiga levantando-se e estendendo a mão para ela.

–Mas eu tenho que ir para a agência, tenho que terminar aquele logotipo, e...

–Mas nem pensar! Eu irei ao escritório agora e falarei para a sua assistente desmarcar todos os seus compromissos de hoje, amanhã e quarta. –Falou autoritária.

–Mas Manu...

–Paulina, me escuta. Você pode estar com uma gravidez de risco, pense nisso. A Gravidez do Gabriel já foi complicada, e você sofreu um aborto a pouco mais de dois anos. Vamos com calma.

–Eu não posso me trancar aqui, sozinha, sem nada a fazer, vou acabar enlouquecendo. –argumentou.

–Vamos fazer o seguinte: Eu ficarei aqui com você...

–E a Agência? –interrompeu.

–Calma! –riu. –Ligarei para lá e direi que houve um imprevisto. Temos até segunda-feira que vem para entregar esse logotipo e os catálogos. Somos capazes disso e muito mais.. –Piscou para ela. –E para eu e você ficarmos tranquilas, Ligarei para uma amiga minha, ela é obstetra e sei que achará um horário para atende-la ainda hoje.

–Manu, eu estou bem, podemos esperar. –argumentou mesmo sabendo que não resolveria.

–Quero ver logo a carinha do meu sobrinho ou sobrinha de coração, e quero que esteja tudo bem. Tome um banho e arrume-se, irei fazer algumas ligações.

–Você tem certeza? –Perguntou olhando-a cabisbaixa.

–Ai Paulina, se fosse eu a grávida aqui, você já teria chamado o exército para saber como eu estou e teria me amarrado a cama para que eu descansasse. –Riu.

–É verdade. –sorriu ainda cabisbaixa. –Então eu vou tomar outro banho.

Manu desceu para o escritório de Paulina e dedicou-se a fazer as ligações necessárias. Ligou para a agência e pediu a sua secretária, e a de Paulina que desmarcassem todos os compromissos delas até quarta. Ligou para sua casa e avisou sua empregada que Paulinha e Gabriel iriam para lá após a escola. Ligou para a escola dos filhos de Paulina e disse que os pegaria lá na saída. Logo, discou o número da amiga obstetra, chamou algumas vezes e logo ela atendeu.

–Fala Manu! –Disse uma voz bem sexy do outro lado.

–Oi Talita, como estão às coisas?

–Maravilhosamente bem, Estou montando um novo consultório. –Parecia orgulhosa.

–Nossa, fico muito feliz por você!

–E Você Manu, como está? Faz tempo que não nos falamos.

–Estou bem, graças a Deus, mas preciso de você.

–Oh Meu Deus, você está gravida. –Riu.

–Não, eu não. –Gargalhou. –Mas bem, Uma grande amiga minha, descobriu hoje que está gravida, e eu lhe indiquei para ela, sabia que você poderia nos ajudar.

–Claro, fico feliz por ela.

–Bem Tatá, é que é assim: Ela teve uma gravidez de risco a onze anos atrás e a dois sofreu um aborto com uma gravidez de mais de 4 meses. Preocupo-me com ela, e o obstetra que a atendeu após o aborto, disse que talvez ela nunca mais pudesse engravidar, e agora, ela está grávida. –Contou brevemente.

–Olha Manu, tenho de ser completamente sincera. Neste caso, sim, ela pode estar com uma gravidez de risco, e quanto mais rápido descobrirmos, melhor. E quando ocorre um aborto após os 4 meses de gestação, qualquer outra gravidez fica mais complicada. –Explicou.

–Pois é. Preocupo-me tanto com ela. Você teria como conseguir um horário o mais rápido possível para ela?

–Mas é Claro Manu. Só deixe-me ver aqui. –Manu escutou o som de teclas de computador. Escutou Talita falar com alguém e logo a ligação retornou.

–Manu?

–Diga.

–Olha, consigo atende-la dentro de uma hora. Tenho uma ultrassonografia daqui 10 minutos e após estou livre até o meio dia. Pode ser?

–Ai Tatá, -Sorriu. –Você é incrível. Muito obrigada. Não sabe como fico feliz em saber que você irá cuidar do meu sobrinho ou sobrinha de coração!

Talita riu do outro lado da Ligação e disse a Manu que sempre estaria disposta a ajuda-la. Manu mais uma vez agradeceu e subiu as escadas eufórica. Ela entrou no quarto da Amiga e chamou por ela.

–Lina? Já saiu do banho? –Sentou-se na cama.

–Estou me vestindo, já vou. –Respondeu.

Passados alguns minutos, Paulina saiu do closet vestindo uma calça Jeans escura e uma blusa cinza chumbo com um pequeno decote nos seios, e deixando as costas um pouco descoberta. Nos pés, uma sandália transada prata de salto alto.

–Aproveite para usar seus saltos agora hein. –Sorriu Manu ao vê-la sair. –E eu amo essa sandália. –riu.

–Eu também amo ela. –olhou para os pés. –E conseguiu limpar minha agenda?

–sim sim, está tudo resolvido. Buscaremos seus filhos daqui a pouco na escola e os deixarei lá em casa. Eles se divertirão na sala de jogos. E daqui uns 40minutos, temos que estar no consultório da Talita, ela encaixou você em uma consulta. –Sorriu. –Vamos ver o seu bebê. –Bateu palmas, alegre.

–Você vai surtar ainda. Eu só estou gravida. –Riu Paulina.

–Eu já estou surtando! –levantou da cama saltitando pelo quarto. –Eu serei tia! Lá, rá, rá, rá, - cantarolou.

–Só você para me fazer rir num momento desses. –Riu para a amiga. –Eu só irei secar meu cabelo e já podemos ir. –Falou caminhando até o closet e pegando o secador.

–Deixe que eu faça isso. –Pegou o secador das mãos dela.

–Ok, com você não tenho como argumentar. –sorriu sentando-se frente a penteadeira.

Passados alguns minutos, Paulina e Manuela desceram as escadas. Manu tentava fazer Paulina sorrir, mas ela estava em outro mundo. Preocupada.

–Vou falar com Mara, só um minutinho. –Disse Paulina indo até a cozinha.

–Tudo bem.

Paulina foi até a cozinha e encontrou Mara cortando alguns tomates.

–Mara, sairei com a Manu, acho que voltaremos dentro de Duas horas. As crianças ficaram na casa dela, então, não se preocupe com nada, eu e ela comeremos algo por ai. Pode ir para casa, aproveite a tarde.

–Oh, sim, tudo bem. Então farei um molho com esses tomates e congelarei. Tudo bem senhora? E estás melhor?

–Estou bem sim Mara, foi só uma indisposição. E eu amo seus molhos. –Sorriu para ela caminhando e lhe beijando a bochecha. Mara sorriu para ela.

Paulina olhou para a bandeja sobre a bancada com grandes rodelas de tomates picados. Sua boca secou e sem mais pensar, agarrou uma fatia e saiu comendo. Mara não pode deixar de rir.

–Mas o que é isso Paulina? –Perguntou Manu vendo-a entrar na sala com o tomate.

–Tomate, ué. –mordeu-o outra vez.

–Eu sei que é um tomate. –revirou os olhos. –Oh Meu Deus. –Falou colocando a mão na boca.

–O que foi? –Perguntou Paulina vendo-a parada feito uma estátua.

–Sua primeira façanha de grávida. –Sorriu.

–Ai Manuela, é só um tomate. –Riu sacudindo a cabeça. –Vamos antes que você nos atrase com os seus chiliques de tia babona. Isso que nem estou com barriga ainda. –Gargalhou. –Vamos logo.

–você não vai dirigir. –Falou Manuela firme, quando viu a amiga dar a volta em seu carro e abrir a porta do motorista.

–Pelo Amor de Deus Manuela, não seja dramática. –Revirou os olhos.

–Nem pensar, dê-me essa chave e venha para o outro lado, deixe-me dirigir essa belezinha. –Falou sorrindo.

Manu e Paulina seguiram para a escola de Paulinha e Gabriel. As crianças entraram no carro contentes. Paulina perguntou a elas como foi a escola e sorriram confiantes para a mãe, contando que dentro de algumas semanas haveria uma peça de teatro na escola. Paulina encantou-se com os filhos e os parabenizou. Manu observava a interação dos três.

Alguns minutos depois, Manu estacionou o carro frente a sua casa. Os quatro desceram do veículo e adentraram a bela casa. Manu levou as crianças para a sala de jogos assim que despediram-se da mãe. As duas seguiram rumo ao consultório de Talita.

–Estou nervosa. –Afirmou Paulina mexendo nos chaveiros da bolsa.

–Está tudo bem Lina. Eu também estou nervosa, acredite. –Sorriu para ela.

–Tenho medo, sabe. E tenho tantas coisas para resolver agora. Terei de conversar com Juan, com meus filhos, e eles terão de guardar segredo. Não quero que Carlos Daniel nem sonhe com isso. –Falou baixinho.

–Você não vai contar a ele? –Perguntou incrédula.

–Não posso. Ele não acreditaria que o bebê é dele. Quando o mandei embora de minha casa, ele sabia de Juan, e logo depois fiquei noiva. Na verdade eu nem sei o que fazer. Juan ficará decepcionado, e as crianças confusas. Terei de contar a Carlinhos e Lizete, e eles ficarão... sei lá, talvez confusos como os pequenos. –teve de engolir o choro.

–Em Primeiro Lugar, tens que Falar com Juan. Ele vai compreender tudo, te garanto. Ele gosta muito de você, é notável. E sobre os seus filhos, eles terão de aceitar de qualquer modo. E Como você fará com Carlos Daniel? Ele desconfiará, não acha?

–Acho que não. Eu Pedirei a Carlinhos e Lizete que não contem nada para ele, e falarei alguma desculpa, acharei um jeito. E não o verei. Posso combinar com ele de buscar as crianças na escola, ou passar o fim de semana com elas, algo assim. Algo que ele não me veja grávida. –Tentou achar palavras.

–Você não conseguirá esconder isso por muito tempo Paulina. E esse bebê é filho dele também. Ele tem de saber que é o pai. Vamos lá Paulina, conte a ele.

–Não Manu, não posso. Ocultarei esta gravidez o máximo possível. Só espero que as crianças não contem para ele. Estou mesmo é sem saber o que fazer com Juan. –Suspirou.

–Fale a verdade. –Foi direta.

–Mas é complicado. Eu fiquei noiva dele já estando grávida, ele vai odiar-me por não ter contado a ele. –Engoliu o choro outra vez.

–Pelo amor de Deus Paulina, você não sabia da Gravidez. Ele vai entender. Você vai ver. –Soltou o volante pegando-a pela mão. –Vai dar tudo certo! –sorriu.