The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 6
Capítulo 6




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Algumas semanas depois de nossa entrada no subterrâneo, eu poderia dizer que estava me sentindo em casa. Não literalmente, já que haviam pouco mais de trezentos homens transitando livres pela cidade, metade deles me lançando olhares hostis enquanto Dylan e eu trabalhávamos na preparação do almoço para os que trabalhavam nas colheitas de alimentos, ou para os que trabalhavam nas pequenas fábricas de roupa ou de qualquer outra coisa. Ou enquanto Derek, Jamie e eu subíamos para as florestas no andar de cima.

Ah, sim. As florestas.

As florestas eram o que mais se aproximava da surrealidade de tudo aqui. Fora que havia uma cidade subterrânea com um rígido controle masculino pouco abaixo de meus pés enquanto Derek e eu caminhávamos por diversas horas do dia.

As árvores eram mais altas do que as que beiravam a praia quando o barco parou no Continente Masculino e aquilo me impressionava muito. Derek passava o dia regando algumas plantas comestíveis e eu passava o dia inteiro pendurada em algum galho alto de árvore, de modo que pudesse ficar de olho nele e na abertura para a cidade subterrânea.

Era dessa forma que passávamos nossos dias. Ou completamente cobertos pela terra, ou ao ar livre e assustados com qualquer ruído de galho quebrando-se.

Nesta manhã, eu consegui descobrir algo quando me pendurei em um galho indiscutivelmente alto. Descobri uma outra cidade. Não, não uma cidade. Uma aldeia. Pequenas casas feitas de palha e folhas de cana de açúcar rodeiam um lago minúsculo, que imagino ser a única fonte de água doce por perto, pelo menos do outro lado da floresta.

Derek se enrosca em uma outra árvore e aponta para a aldeia.

– É ali a aldeia dos futuros escravos. Os meninos são mandados para lá assim que nascem. Alguns homens cuidam dos pequenos para que não morram de fome ou de doença. Não que isso importe para as mulheres, claro, elas só se importam em ter seu próprio escravo aos quinze anos.

Olho feio para ele.

– Você é uma excessão, Tessa. - Ele sorri, passando os braços com músculos definidos para o outro lado da árvore e descendo com uma facilidade absurda. Encaro-o por alguns segundos e então volto a fitar a aldeia.

Certo. Há mais homens nas aldeias, prontos para serem entregues à garotas de quinze anos mimadas e com pensamentos do mesmo paradigma aprendido nas escolas e recitado diariamente por suas mães. Maravilha.

– Então, por que não buscamos os outros caras para morar no subterrâneo?

Derek sobe novamente em uma árvore mais próxima com a mesma facilidade com que desceu da anterior.

– Você realmente acha que é tudo tão fácil assim? Escute, há câmeras até dentro das casas. O local todo é cercado de câmeras e monitoramento. Não é a toa que vocês são a espécie superior. São malignamente inteligentes.

Pondero por alguns instantes.

– É, elas são muito inteligentes. Mas creio que com a inteligência masculina e feminina, reunidas, consigamos algo mais do que a inteligência delas. Além de inteligência, temos a força bruta. Vamos botar aquele lugar abaixo. - Decido.

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Dylan pega minha cintura e me passa por cima de um muro excessivamente comprido. É a única brecha em meio as milhares de câmeras que circulam pela aldeia.
Depois que espalhamos a nossa tentativa de liberdade para os homens do subterrâneo, a ideia foi rapidamente aclamada, inclusive por Tyler, que ameaçara matar-me no meu primeiro dia com a população rebelde masculina. Ele me lança um olhar e acena com a cabeça, desejando-me boa sorte, enquanto o elevador sobe fazendo sua quinta e última viagem.

Alguns homens mais fortes estão no solo, treinando qualquer tipo de ato violento que já tenham visto. Também temos conosco um eletrosingular para cada um dos integrantes na missão, já que com certeza haverá guardas perambulando pela aldeia em busca de qualquer tentativa de fuga.

Mas obviamente não contariam com uma tentativa de invasão por parte de fora.

Ajeito a aljava no ombro e seguro o arco com força. Sinto o sangue tentando passar pelo punho fechado e rígido em volta do arco, mas não relaxo. Só relaxarei quando todos nós estivermos dentro do subsolo novamente, de preferência com mais alguns integrantes.

– Tyler prometeu que cuidaria de Jamie caso aconteça alguma falha. - Derek diz.

Respiro fundo.

Jamie. Meu pequeno Jamie. Não posso me dar ao luxo de morrer nessa missão, mesmo que seja falha. Não posso fazer isso com ele. Não posso deixar Derek morrer também. E sinto um aperto cada vez mais forte ao pensar que Dylan pode ser trancado dentro de alguma daquelas casas e enviado para o Continente Feminino de novo, para servir alguma outra pessoa.

Começo a me arrepender, mas não há mais tempo. Estamos dentro. Alguns passos de todas as câmeras apontarem para nós.

– É a nossa deixa. - Diz George, e puxa o braço de Wes com força, fazendo com que ambos se direcionem para a direita, onde há os interruptores de energia elétrica. Derek e eu conseguimos localizá-los, durante nosso planejamento duplo na floresta.

Skye, Snow e Frary, três homens fortes o suficiente para guiar sete ou oito homens da aldeia para a cidade subterrânea e Dylan, seguem para a esquerda e apenas esperam as luzes se apagarem para que o plano se inicie.

Derek e eu nos enroscamos em um muro ficando no alcance das câmeras que funcionam à base de geradores de luz solar e portanto, não se desligariam com a falta da energia dos interruptores. Eu puxo uma flecha e encaixo-a no arco, acertando exatamente na lente da câmera mais distante à procura de movimento, que localiza apenas a flecha em alta velocidade acabando com sua tentativa de nos entregar.

Derek arranca uma câmera proxima e a joga no chão com uma força brutal. Os fios desencapados do objeto soltam algumas faíscas, fazendo com que Derek pule para o lado de dentro da aldeia e, consequentemente, recebendo total atenção das câmeras à base de energia solar restantes.

É o suficiente.

Guardas aparecem por todos os lados, causando um completo desastre na ideia de possível fuga amistosa.

Quando as mulheres se aproximam de Derek, o meu instinto violento ferve no interior do meu eu mais monstruoso e começo a disparar flechas numa velocidade assustadora.

As cinco primeiras guardas não tem ao menos tempo de tentar alguma coisa contra mim ou contra Derek. Em questão de dois minutos, todas tem uma flecha próxima ao ombro e jorram sangue por todos os lugares, tentando desesperadamente estancar o ferimento.

– Vamos! - Grito.

Derek me segue na escuridão por poucos segundos, apenas o suficiente para que as luzes se acendam novamente e então sabemos que está feito.

Skye, Snow, Frary e Dylan conseguiram retirar um número bom de rapazes de dentro de suas casas. Estão todos reunidos no ponto de encontro. Só faltam dois dos integrantes da missão. E esses dois disparam pela floresta enquanto todas as câmeras da aldeia capturam imagens de suas expressão desesperadas enquanto fogem. Esses dois. Derek e eu.

Pulamos galhos e capins mais altos, respirando mais aliviados ao saber que estamos na floresta e livres das câmeras. Não tão aliviados ao saber que com certeza reforços de guardas serão enviados para nos caçar, e que, portanto, as saídas nas florestas estarão suspensas por tempo indeterminado.

Um ruído atrás de nós nos faz apressar o passo. Praticamente voamos em direção ao ponto de encontro, mas uma sombra em nossa frente nos detém.

É uma guarda. Sua expressão não está horrorizada por ver Derek com os punhos fechados. Está horrorizada por ver os punhos dele fechados e seus braços entrelaçados aos meus. Uma flecha já está encaixada ao arco, devido à minha rapidez e também ao meu desespero de chegar logo ao ponto de encontro.

– O que está acontecendo? - Ela grita. - Você é uma mulher. Deveria estar lutando pelo nosso bem, pela sua nação. Traídora...!

Ouço a voz de Dylan gritando por meu nome.

A guarda gira o corpo em direção ao som. Não preciso ser algum tipo de leitora de pensamentos para saber que ela está indo em direção à ele, pensando na possibilidade de capturar os fugitivos. No momento, eles importam mais que Derek e eu. E no momento, ou talvez em qualquer momento já vivido, Dylan importa para mim mais do que a guarda em minha frente.

Solto a flecha que passa por seu pescoço sem nem um centímetro a mais, nem a menos do que eu esperava. Dois segundos depois ela está morta. Sem qualquer tentativa de estancar o ferimento, pois sabia que não adiantaria. Sim, mulheres são espertas.

– Para sua informação, - Digo para ela. - estou lutando pela minha nação.
Derek e eu recomeçamos a corrida, seguindo o som da voz desesperada de Dylan.

– Tess! Tess! - Ouço-o gritar a plenos pulmões.

– Aqui! - Grito de volto. - Dyl!

Ele nos encontra no instante em que alcançamos os outros.

– Mandem-os entrar. - Oriento à Wes e George que colocam dezoito fugitivos da aldeia no buraco camuflado para entrar no elevador. No total, pelos meus contos noturnos, vinte e quatro homens conseguiram escapar.

– Nada mal. - Sussurro para mim mesma, mas quem ouve é Dylan.

Ele me abraça, pousando seu queixo em meu ombro e escondendo seu nariz em meus cabelos, como se o cheiro de suor que suponho que exale dali o agradasse.

– Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! - Ele suspira. - Quando você não respondeu...Eu pensei..Pensei que talvez...Meu Deus, Tess. Da próxima vez, você faz a parte mais fácil, eu...Meu Deus. Eu não sei o que seria...Não sei o que seria de mim caso acontecesse algo à você, quando eu poderia ter ido junto. Eu poderia...

– Dylan! - Digo, procurando ser calma. O desespero dele me desespera. - Estou bem. Estou aqui.

– Eu sei. - Ele diz. - Acha que eu estaria calmo caso você não estivesse?

– Essa é a sua calma?

– Após o seu sumiço, sim.

– Estou aqui. - Empurro-o de volta para o meu ombro e ele me abraça com mais força. Não penso muito no que estou fazendo, assim como não pensei quando atravessei aquela flecha no pescoço da guarda, mas beijo seu rosto suavamente.

Ele levanta os olhos na minha direção e sorri.

– Agora estou calmo. - Ele sorri.

– O elevador... - Aponto. O nosso "automóvel" acaba de chegar. Os rebeldes restantes se encolhem e tentam comprimir a queda de pressão enquanto descemos sem parar.

Agarro o braço de Derek, que me abraça e seguro a mão de Dylan, nossos dedos entrelaçados.

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– Derek! Tessa! Dylan! Acordem! - Jake diz, urgentemente.

Nos levantamos pesadamente, e o seguimos para a sala televisionária, onde a governadora do Continente Feminino, Bailee Mason, está dando uma entrevista sobre o ocorrido na noite anterior, passando vídeos da fuga de Derek e eu. Ela está discursando algo que parece importante para os outros homens, mas suas últimas palavras são as únicas que realmente chamam minha atenção e me prendem em um estado de sensibilidade cruel.

A voz adocicada e tremendamente sinistra de Bailee sibila:

– Quando eu estiver com Derek Ripling e Tessa Stolpeen em mãos, eu não vou prendê-los. Não vou torturá-los.

Derek e eu nos entreolhamos, percebendo que todos os olhos da sala televisionária estão fixos em nós. Jamie se agarra em mim.

– Eu não vou fazer nada disso. - Finaliza Bailee. - Eu vou matá-los!


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