The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 4
Capítulo 4




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Nós estamos correndo. Ainda estamos correndo com toda a polícia atrás de nós. Correndo. Helicópteros, carros, motos, lanchas atrás de nós com a sirene cada vez mais alta, nos atordoando. E estamos correndo. Correndo.

Tenho a impressão de que minhas pernas irão ceder a qualquer momento e vou desabar no chão. Não posso deixar que isso aconteça. Não com a vida e o destino das duas pessoas que mais amo no mundo, e um garoto de dezessete anos que mal sabe com o que está lidando, nas minhas mãos.

Não, eu não devia estar com a vida e o destino deles em mãos. Eu devia estar com meu arco e flechas. Muitas flechas. Viro-me enquanto atiro a flecha em uma policial com a moto. Ela desequilibra e se choca contra o asfalto numa força assustadora. Passo para a que ainda atira em nós, pela janela do carro e atiro uma flecha em sua mão.

Certo. Muito bem. Agora só faltam no mínimo duzentas e oitenta e oito mulheres.

Derek visualiza as ruas, com Jamie nos braços e lutando contra o vento que bate em seu rosto. Dylan parece estar fazendo a mesma coisa, enquanto eu me certifico de que não tem nenhum risco de nenhuma das armas pegarem qualquer um de nós. Derek sinaliza para o outro lado da rua, onde um grande matagal se estende até a beira da praia.

Puxo o braço de Dylan enquanto nos desviamos de uma policial em uma motocicleta e corremos passando pelo extenso matagal.

Não paramos de correr até não ouvirmos mais o barulho aterrorizante do helicóptero que nos perseguia. Dylan pega em minha mão, e por reflexo eu a solto.
Ele me olha com um misto de medo e decepção nos olhos e eu tomo sua mão e a coloco sobre a minha novamente.

– Tudo bem? - Pergunto.

– Sim. - Diz ele. - E com você?

Fito minha perna completamente destroçada pelo vidro da janela e pelos galhos cortados que eu trombei enquanto corria para dentro do matagal. Meu rosto também deve estar cheio de cortes, pois agora, com o quase fim da adrenalina, posso senti-lo arder.

– Sim. Estou bem. Derek?

– Estou bem. Realmente bem. De verdade. Como nunca estive em anos.

– Acho melhor dois de nós ir dormir, enquanto um fica de vigia. Jamie deve dormir enquanto isso. Continuar dormindo. - Sugere Dylan.

– Tudo bem. Durmam vocês dois. - Derek diz.

– Eu acho que você deveria dormir, Derek. Eu tenho minhas flechas e meu arco, ainda não é tarde o suficiente para que a ronda pare de procurar por nós. Posso me virar.

– Ou eu posso... - Dylan começa.

– Você dorme! - Tento usar meu tom mais autoritário possível, o que é um pouco complicado olhando para aqueles doces olhos cor de chocolate.

– Eu durmo. - Ele repete.

– E você também. - Digo a Derek.

Ele não diz mais nada. Se ajeita em uma árvore oca, com Jamie em seus braços e o casaco de couro sendo usado como cobertor para ambos. Lembro-me da mochila enorme que Dylan estava preparando e rezo para que tenha algo suficientemente grande para cobri-los.

– Eu coloquei cobertores aí. - Diz ele. - Peguei essa mochila de sua mãe. Ela não parece grande, mas cabe muitas, muitas coisas.

– Como sabia que era esse tipo de mochila? - Pergunto.

Ele me lança um sorriso sarcástico.

– Fabricamos essas mochilas.

Jogo um cobertor para ele, e sobreponho outro em cima de Derek e Jamie.

– Essa noite fará muito frio. Caso queira, pegue o meu...

– Cale a boca. Estou legal. Vá dormir.

– Está bem. - Diz ele.

E não ouço mais o som de sua voz. Está muito quieto. Quieto demais para que eu consiga pensar no que está acontecendo.

O que estou planejando fazer? Bom, estou tentando salvar a vida de Jamie. Do meu irmãozinho. Eu sei que poderia passar por qualquer tipo de coisa, mas não poderia perdê-los. Não Jamie. Não Derek. Afinal, quem sou eu, sem que tenha eles? Certamente uma pessoa como minha mãe e Bailee Mason.

A principal questão que martela em minha cabeça, é o porquê ela se revoltou em questão de dois dias. Se fosse algo relacionado à pressão governamental, mesmo assim eu não entenderia. Eu não entendo como ela pode pensar em entregar o próprio filho. Seu próprio filho com o homem que ela supostamente amava.

Caso ela tentasse me entregar, eu diria que pensaria em tentar entender, já que não sou filha do homem que ela ama. Na verdade, nem sei de quem eu sou filha. E principalmente agora, creio que não tenho mais pais. Sou uma garota orfã com um único objetivo: Manter sua identidade a salvo. Ou melhor, manter as pessoas que fazem minha indentidade ser exatamente essa, a salvo.

Observo as ondas batendo nas rochas da praia. Observo os passáros noturnos voando em torno de suas presas. E...espere aí. Aquilo é um barco? Um barco que...está deixando o continente? Mesmo no escuro, consigo ler a placa escrita em negrito: "Masculino".

– Acordem! - Grito enquanto jogo os cobertores dentro da mochila e eles se levantam. Jamie cambaleia até um certo ponto e então pego-o em meu colo e corremos até uma certa altura, onde podemos entrar no barco sem chamar muita atenção.

Uma luz se acende no exato momento em que pisamos no convés.

– Quem são vocês? - Um garoto aparentemente dois ou três anos mais velho que Dylan diz. Seus olhos param em mim e ficam visivelmente assustados. Ele pega uma arma e ameaça apontá-la em minha direção, mas abaixa, enquanto espera explicações.

Dylan é o primeiro a falar.

– Sou Dylan Fonkin. Estes são Derek Ripling, Jamie e Tessa Stolpeen.

O garoto se concentra nas palavras de Dylan, tentando encaixá-las.

– Espere. Dois Stolpeen?

Derek explica toda a história para ele e para mais quatro garotos com a mesma idade, que se aproximam.

– E para onde vocês vão? - Dylan questiona.

– Para onde vocês vão? - retruca o garoto.

– Para onde vocês forem. - Eu digo em alto e bom som.

Eles soltam risadinhas.

– Você é bastante corajosa para uma garota.

Faço a mesma cara de desprezo que eles estão fazendo nesse momento.

– E vocês bastantes brincalhões para garotos.

– UHHHH! - Zombam eles.

Reviro os olhos e preparo-me para voltar para a praia.

– Vamos embora. Já vi que eles não estão dispostos a ajudar. - Digo e então coloco

Jamie sentado na beira do navio para que possamos saltar.

– Estamos fugindo também. Podemos ajudar os garotos, mas não você.

Penso por um instante. Isso significaria que eles estariam em segurança. O garoto loiro está me fitando, o primeiro garoto que nos viu. Os seus olhos azuis parecem ameaçadores, principalmente porque a iluminação está fraca. Mas encarar uma multidão de mulheres furiosas parece ainda pior. Eles estarão a salvo se eu os deixar nesse exato momento.

– Certo. - Eu digo e pulo para fora do convés.

– Certo. Certo mesmo. - Diz Dylan e me segue.

– Não! - Eu uso novamente o tom autoritário. - Você fica!

– Não! - Ele retruca.

– Como você ousa me desobedecer? - Continuo mantendo o tom.

– Como você ousa tentar se separar de nós? Derek precisa de você. Jamie precisa de você. Eu...eu preciso...

– Vá, Dylan! - Digo com o tom mais persuasivo que posso. - Vou ficar bem.

– Acha que eu estava brincando quando disse que eu temia não conseguir te odiar?

– Ah, meu Deus, é uma pena eu não ter trazido o meu Eletrosingular...Poderia estreá-lo agora e forçar você a ter uma vida digna.

– Realmente, é uma pena. Porque não vou sair daqui nem sob tratamento de choque. Fui designado para servi-la, certo?

– E estou mandando você entrar naquele barco!

– Pois não vou. Não sem que você entre comigo.

Sons de sirenes nos alcançando beira a praia. Dylan cruza os braços, como se estivesse esperando ser pego. Não penso muito bem no que estou fazendo. Quero mantê-lo a salvo. Ele é uma pessoa que merece ter uma vida. Pego uma flecha e a encaixo no arco. Miro em seu ombro.

– Vá! - Digo, entredentes.

Não percebo que Derek saiu do barco, até que suas mãos rodeiem a minha cintura e me arraste para o convés.

Dylan se joga no chão do convés, assim que percebe que a corda que mantinha o barco na beira da praia foi cortada e agora navegamos em alta velocidade. Está feito. Mais tarde, Derek nos disse que enquanto discutíamos fora do barco, ele contou aos garotos fugitivos sobre tudo que eu havia feito para salvá-los e eles concordaram em me levar também.

Mas o mais engraçado é que o garoto loiro, que mais tarde descobri se chamar Jake, continua me olhando. Mas não me olha de forma hostil. Era quase como se me admirasse. Aposto que terei muito tempo para conversar com ele, especialmente agora que estamos navegando em direção ao Continente Masculino. Só consigo pensar em uma coisa. O Continente Masculino não é o lugar para uma garota em fuga.


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