The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 17
Capítulo 17




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George me acorda às seis da matina. Exatamente na hora em que eu lhe pedi para que me acordasse. Descemos para o térreo de elevador, recebendo os olhares frustrados das guardas que ali permanecem, pois é a primeira vez que acompanham ao vivo e em cores, uma garota e um garoto andando juntos. Sem qualquer indício hostil entre eles.

Passamos pelo portão principal e nos direcionamos para a floresta. As duas semanas que se passaram nos deram total liberdade para irmos aonde desejarmos, desde que voltássemos ao fim do dia. Eram ordens extremas, junto à ameaças de morte caso transgredíssemos a lei.

– Vamos voltar ao fim do dia, Bailee. Prometo. Palavra de honra. - Digo, na tentativa de convencê-la. Ela torce os lábios e olha para George, que beija os dedos mindinhos, do mesmo modo que faço com Derek quando prometo algo.

O efeito do Lyniop está se esgotando. Ainda há algumas brechas de dúvidas em minha cabeça, mas as coisas principais, como: "Derek não é meu inimigo, e sim meu pai" e "Jamie não está morto" ou até mesmo "ceguei Wes" e "nocauteeei Jake" estão claras. George está trabalhando em não me deixar entrar em depressão por acertar meu amigo ou desmaiar frequentemente por medo de algo acontecer à ele após ficar ao meu lado.

Precisamos simplesmente esfriar nossa cabeça em nosso lugar preferido no continente. Precisamos fugir por algumas horas da nossa realidade infeliz como prisioneiros naquele prédio principal. Precisamos ter o momento George/Tessa pós recuperação traumática de perda de memória.

– Vem George, temos que ter algum tempo antes de termos que voltar. - Puxo sua mão. Ele agarra meu braço antes de seguirmos em direção ao elevador que nos levaria ao subterrâneo.

– Não vamos descer. Só quero ficar por aqui. É a única coisa que eu poderia pedir. - Ele responde.

– George, eu tenho que avisar ao Derek. Ele precisa avisar ao Jake. Eles precisam saber que minha memória está recuperada e tudo graças a você. Tudo graças ao tempo que passei com você. - Digo, desesperada.

George pensa por alguns instantes e por fim desiste de bancar o durão comigo.

– Tudo bem. Mas eu vou. E você fica bem aqui, apreciando a vista, subindo em árvores, atirando. Eu não quero que você entre em contato com Wes por agora. E vou falar diretamente com Derek e dizer para que ele passe o recado à Jake e Jamie.

Faço que sim com a cabeça. Sei que não é por Wes, ele quer evitar que eu tenha um colapso. O efeito do Lyniop ainda está em minhas veias e eu poderia voltar a acreditar nas palavras de Bailee e matar Derek na frente de Jamie. Eu poderia e ele seria pego completamente desprevenido, e eu nunca me perdoaria. Nunca.

– Obrigada. - Digo a George.

Ele me abraça.

– Me desculpe. - Ele diz e então se afasta, me deixando sozinha no verde que é a floresta daquele lado. Não é nem ao menos perto do elevador que leva ao subterrâneo, mas não me sinto deslocada pois já faz mais de um mês que aquele é o meu lar. O prédio direito. Onde não tenho Derek, onde não tenho Jamie, onde não tenho Jake, onde não tenho Dylan. Dylan.

Meu coração se aperta e é como se eu ouvisse minha própria pulsação. Não. Minha pulsação não é um farfalhar de galhos.

Viro-me repentinamente pois sei que tem alguém ali atrás. Alguém me observando. Observando.

– Jake? - Chamo. - Jake é você?

Ele não me responde, mas quem mais poderia ser senão ele? Quem mais me observa?

– Olá, Tess. - Reconheço a voz de imediato.

– Dylan! - Viro-me para a direção oposta, onde a voz vinha. E onde ele está com uma arma apontada em minha cabeça.

– Devo chamá-la de Tess? Ou Bailee te deu um novo nome?

Fico em um completo silêncio. Minhas mãos firmes em volta do arco, mas sem o alcance das minhas flechas. E também...não acredito que eu conseguiria falar algo.

"George" chamo em minha mente. Não é possível que não tenhamos estabelecido uma rede mental de comunicação. "Eu preciso de sua ajuda. Como sempre. Estou sempre clamando por ajuda."

– Meu nome continua sendo Tessa. - Respondo.

– Bom. Pelo menos ela não manipulou a troca de nome, não é? É um passo importante, já que eu não saberia como chamá-la. - Ele diz, acariciando a arma em suas mãos.

– O que você está fazendo, Dylan? - Choramingo.

Olhe só para você, Tessa Stolpeen. Olhe só para você. Dependente de George em qualquer circustância. Choramingando numa ausência de minutos. George a leva nas costas. Você é uma inútil sem ele. Pare de chorar. Pare de chorar agora. É uma ordem. Bata em Dylan. Mate Dylan. Ele a fez sofrer, caso não se lembre. Oh, é claro que não se lembra. Sua memória foi tomada. Você foi fraca o suficiente para desistir. Clover não teve sua memória tomada e você sim. Fraca. Fraca. Fraca.

Grito.

Dylan joga sua arma no chão e segura meu pescoço antes que eu caia.

– Tess? - Ele diz, assustado. - Tess, pode me ouvir?

– Me desculpe, Dylan. - Choramingo mais ainda.

Ele me aninha em seus braços, sentado no chão. A arma está longe o suficiente para que eu possa vê-la aos meus pés, apesar de que tudo o que vejo são borrões e o indício de uma arma. Estou chorando de novo.

Tessa. Você está chorando de novo porque é fraca. Fraca. E está sempre clamando por qualquer tipo de ajuda. Principalmente de George. Você exige demais de George. Você exige. Por que não tira a vida dele de uma vez?

Grito novamente.

– Tess. Olhe para mim. Ei. Ei. - Dylan segura meu rosto com suas duas mãos, parando meus olhos em frente aos seus. - O que quer que sua mente esteja lhe dizendo, isso é mentira. Tess, você é incrível. Acredite em mim. Isso é o final do efeito do Lyniop. Depressão.

Um urro escapa de meus lábios.

Pare de gritar. Fraca. Não consegue ver o por que ele a deixou? Porque você sempre exige demais dos que a cercam. Qualquer hora dessas, vai acabar matando George. Vai matar Derek. Pode até matar Jamie.

Me agarro nos braços no algodão da blusa de manga comprida de Dylan, enquanto minha mente trava uma verdadeira batalha. Uma verdadeira batalha que estou perdendo porque sou extremamente fraca. Fraca.

– Tess. Tess. - Dylan chama, mas não consigo vê-lo. - Tess, fique comigo, certo? Está tudo bem. Está tudo bem.

Tento abrir meus olhos mas é tarde demais.

– Tess. - Dylan continua gritando. - Você não pode me deixar! Você não pode!

– Você já me deixou, Dylan. - Meus lábios dizem, mas não foi um impulso de minha mente.

– Não. Eu nunca. Nunca fiz isso. - Ele sussurra. - Eu posso explicar tudo se você abrir os olhos. Eu preciso ver seus olhos.

A inconsciência ameaça me arrastar, mas o grito, quase choro de Dylan me impede.

– Tess! - Ele sibila.

– Estou aqui. - Tenho a impressão de dizer.

– Katy...desde que me viu no subterrâneo, ela ameaçou fazer algo contra você. Ela está lá, a mando de sua mãe. Ela me ordenou para que eu me afastasse de você e mesmo quando você foi capturada, ela disse que tinha total poder sobre você. Fez com que todos acreditassem que eu nunca tinha amado você, quando é totalmente o contrário. Você sabe a verdade, Tess. Você consegue sentir. - Ele choraminga.

Ele acaricia meu rosto e toca levemente meus lábios. É isso. Ninguém pode nos ver aqui. Estamos longe do olhar de Katy.

– Ela é obcecada. - É tudo que sai dos meus lábios. - Eu consigo me lembrar agora. Ela me jogou na armadilha.

"Agora você vai começar a botar a culpa nos outros, pelos seus próprios erros? Você caiu na armadilha porque é..."

– Fraca! - Grito. - Eu sei. Eu sou fraca!

– Tess, você não é. É a pessoa mais forte que eu já conheci em toda minha vida, por favor, resista. Resista! - Ele grita. - Acorde, Tess. Acorde!

– Dylan, me solta. - Grito.

– Não. Não vou deixá-la ir. Não de novo.

– Está doendo. - Grito ainda mais alto. Porque de fato está. Minha cabeça está a ponto de explodir e eu desejo que exploda, se isso significar o fim da dor. A dor mental. A dor física. - Está doendo. Me solta!

– Resista! Resista por mim. - Ele grita em meio ao choro.

– Está chorando porque sabe que acabou? Que eu vou morrer aqui e agora? - Pergunto. - Estou morrendo?

– Não, você não está! Tess. Fique comigo, eu estou implorando. Se você abrir os olhos eu posso me ajoelhar aos seus pés para que você resista. Não me deixe de novo. Não...

Meu corpo está ficando flácido e consigo sentir a fraqueza tomando conta de todo o meu ser...a fraqueza.

– Fraca! - Grito de novo.

– Que diabos está acontecendo aqui? - Derek grita.

– Tessa! - George grita logo em seguida.

– O Lyniop. - Diz Dylan em meio aos soluços.

Pode ser que George não esteja aqui. Ou que Derek não esteja aqui. Ou talvez nem mesmo Dylan esteja aqui. Pode ser que eu esteja morrendo sozinha. Porque é isso que eu mereço. É isso que qualquer pessoa fraca merece. A escuridão consegue o que tanto queria. Não consigo enxergar mais nada. Não consigo sentir mais nada. É só eu e a morte.

– FIQUE. COMIGO. - Um grito em meio a um choro convulsivo me desperta.

Dylan.

– TESSA, VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR. - George.

– ELA ESTÁ MORRENDO? ELA ESTÁ...MORRENDO? - Jamie.

– NÃO. ELA NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO. NÃO PODE FAZER ISSO CONOSCO. VOCÊ NÃO PODE IR. - Derek.

A voz de meu pai junto à voz das outras pessoas que eu amo me faz acordar do meu transe. Da minha experiência de quase morte, proporcionada pelo efeito do Lyniop. O Lyniop que Bailee me aplicou.

Suspiros de alívio me rodeiam assim que abro meus olhos.

– O que foi isso? - Pergunto.

Derek hesita, mas arranca metade de meu corpo do colo de Dylan. Ele me segura tão firme que imagino que ele pense que eu posso escapulir dali como areia.

– Foi o efeito do Lyniop. O último efeito enquanto ele percorre em suas veias e depois, seu corpo o repeliu por inteiro. Você é novamente nossa Tessa. O último efeito é o pior, pelo que ouvi falar e pelo que presenciei. Clover estava sob o último efeito quando a ouviu gritar assim que acordou. O corpo dela não aceitou o veneno e injetou-o para fora imediatamente. O último efeito revela seu principal medo. E o seu, é de não ser suficiente. De ser fraca. - Jamie explica. Ele parece extremamente crescido enquanto me diz coisas que eu jamais saberia.

– E como ela pode ser fraca se sobreviveu a uma experiência de quase morte? - George questiona e pega em minha mão esquerda.

– Tessa é a pessoa mais forte que já conheci. - Jamie concorda.

– Eu acredito que vocês sejam meu ponto de força. Eu estaria morta caso vocês não tivessem gritado em minha mente.

– Eu sei. Eu sou demais. - Jamie rebate.

– Minha filha primogênita acaba de passar por uma experiência de quase morte, Jamie. Não faça com que eu coloque meu filho para passar por essa experiência também. - Diz Derek, puxando-o para perto de si.

Ficamos bem ali. Dylan, Derek, Jamie, George e eu. Cada um olhando para o rosto do outro e apreciando o silêncio. Eu, principalmente aprecio o silêncio em minha mente.

– Estou pura de novo. - Comento.

Dylan acaricia meus cabelos e beija minha testa.

– Uma heroína pura.


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