The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

talvez o primeiro capítulo ainda deixe brechas para dúvidas, mas vou esclarecê-las o mais rápido possível com o passar da história. espero realmente que gostem. xx mai



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Já passa das onze da noite quando finalmente me tranco em meu quarto. Literalmente me tranco. Como eu poderia confiar em deixar a porta destrancada com o escravo de minha mãe, Derek, perambulando pela casa como um zumbi? Acho que isso é consequência da descoberta de ontem. A descoberta do bebê.

Bom, permita-me explicar o porquê da descoberta da gravidez de minha mãe ser um choque para mim. Estamos no século XXX. A descoberta científica de que as mulheres são superiores aos homens, fez com que tomássemos o poder. O poder de tudo. O poder do mundo. Os homens foram mandados para um continente muito distante e indiscutivelmente menor e só são trazidos para cá, quando atingem os dezessete anos, para serem escravos das garotas que completam quinze no mesmo ano.

Sim, Derek é o escravo de minha mãe. E não, eu ainda não tenho o meu próprio escravo. E boa parte de mim, grita que não quer um escravo, principalmente por ser um HOMEM. Talvez, com um pouco de costume, eu possa lhe dar ordens e fazer com que ele me obedeça, afinal sou uma mulher também. Mas tenho muito tempo pra pensar nisso, considerando que ainda tenho oito anos de idade.

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Alguns meses depois da noite em que me tranquei em meu quarto, eu me tranquei novamente. Mas por uma razão diferente. Não por Derek. Por minha mãe.
Minha mãe estava dando à luz novamente, quando, por lei, só se era permitido uma vez, já que só se recebia o espermatozoide coletado dos homens do outro continente uma só vez. Ela estava dando à luz ilegalmente.

Eu não aguentava mais ouvi-la gritar. Não aguentava mais as palavras de incentivo de Derek. Não aguentava mais pensar em como nossa família iria ser vista pelas mulheres da redondeza. Duas crianças em uma mesma família era um crime punível brutalmente. O controle de natalidade era rigidamente estabelecido.

Então, simplesmente joguei-me em minha cama, assombrada por todo o tipo de punição que minha mãe poderia receber caso fosse descoberta e tentei dormir. Não obtive sucesso, já que depois de todos os gritos do parto, minha mãe começou a chorar, incessantemente.

Eu sabia que ela já estava com a criança nos braços. Então, por que ela continuava chorando?

Afastei-me de meu quarto, com passos decididos até o quarto dela. Não precisei chegar mais perto da porta para saber que Derek também soluça de tristeza. E também não precisei visualizar a cena para que minha inteligência de oito anos se encarregue de descobrir o que está acontecendo.

Minha mãe não deu à luz a uma criança. Deu à luz a um escravo. Meu irmão é um menino.

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– Certo, vamos, Jamie. - Eu digo, enquanto tento acordá-lo. Abro a janela do porão e escancaro a cortina. Ele revira na cama e coloca o edredom azul em seu rosto, para escondê-lo da luminosidade que a janela aberta proporciona no porão escuro. - Estou falando sério, Jamie.

– Só mais cinco minutos, Tessa. Eu prometo que levanto. - Diz ele, com o travesseiro disposto no meio da bagunça em que se encontram seu rosto e o edredom azul.

– Bem, nem meio minuto. Você precisa se levantar agora! - Digo, com urgência.

– Por que? - Diz ele, com a voz beirando a irritação.

– Porque Derek precisa da sua ajuda!

– Por que meu pai não vem pessoalmente me acordar? - Diz ele, levantando-se com má vontade. Ele puxa seu edredom azul e o dobra com delicadeza enquanto amassa seu travesseiro na cama, fazendo uma carranca engraçada.

– Bom, porque ele tem uma imagem a zelar. Derek Ripling é um escravo. escravo de nossa mãe. Ele está reformando a frente da casa, enquanto é vigiado por outras mulheres do exército. Estão desconfiando de nós, Jamie. A governadora enviou uma grande parte do exército pra esse lado do continente simplesmente porque desconfia de nós.

Ele revira os olhos e sussurra:

– Mulheres...

Não me dou ao trabalho de responder sua possível indireta, porque um garoto de oito anos que passa mais da metade do tempo escondido de todo o mundo, não faz ideia do quanto aquela simples palavra em tom de desprezo, poderia lhe conceder à morte. Assim como a sua simples existência poderia aniquilar toda minha família pela desobediência aos costumes femininos da nova era.

Agora as mulheres governam o mundo. Os homens apenas nos servem.

Na escola, aprendemos que durante séculos os homens tiveram o poder do mundo em suas mãos, e que nunca souberam utilizá-lo por serem seres com graus excepcionalmente baixos de liderança, inteligência e estratégia.

Mas tudo mudou. Tudo é diferente agora. As mulheres estão livres da opressão masculina. Eles nada mais são do que nossos escravos.
Bem...era exatamente assim que eu gostaria de pensar, não fosse pelo meu irmão e por Derek, que apesar de tudo, me mostraram que existem homens inteligentes e um tanto quanto estratégicos.

Derek se mostrou bem capaz de liderar uma família como a nossa durante todos esses anos que está conosco. Minha mãe o recebeu como escravo quando completou quinze anos, exatamente como deve ser. Agora ela tem 35 anos, portanto Derek está conosco há 20 anos. Ela tem mais tempo de vida conhecendo-o e amando-o secretamente do que sem ele.

Conheço Derek desde que nasci e por isso tenho um conceito bastante diferente dos homens. Pelo menos dele. E de meu irmão que ainda não pode ser chamado de homem, e sim, de menino. Ele é apenas uma criança hiperativa, curiosa, doce e inteligente, como todas as meninas de sua idade que eu conheço.

Enquanto Jamie coloca uma nova camiseta, Derek abre a porta com um sorriso estampado no rosto.

– Elas foram embora. Não viram indícios de nada, como sempre. Estamos salvos. - Ele sorriu.

– Bom, isso é ótimo. - Digo. Depois de todos esses anos com Derek, passo a enxergá-lo de outra forma, assim como minha mãe. Com carinho, talvez, até admiração. Ele é o líder da nossa família.

Enquanto passo ao seu lado na porta pequena do porão ainda mais abaixo do porão de Derek, que é o quarto de Jamie, paro ao seu lado. Ele me dá um beijo na testa e tira algo do bolso. É uma caixa aveludada vermelha, que ele coloca em minhas mãos, ainda sorrindo.

– Abra em seu quarto. - Diz ele. - Feliz aniversário, Tessa.

Então eu disparo para o meu quarto e tranco a porta. Quando abro a caixinha, tenho certeza que em toda minha vida, nunca vi uma joia tão delicadamente concluída quanto aquela. Demoro mais de uma hora apenas apreciando o meu presente, até realmente entendê-lo.

O colar é de ouro e tem um pingente envolto em um círculo, de uma garota de cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Nas mãos, ela tem uma espécie de arco e uma aljava de flechas presas aos ombros. O fundo do círculo é totalmente escuro, como se fosse a demonstração de algum tipo de floresta sombria.

Tenho certeza de três coisas. A primeira é que hoje é meu aniversário de 15 anos e vou ganhar meu próprio escravo. A segunda é que Derek não me deu esse colar por acaso. A terceira é que tenho a leve impressão, talvez a mais fiel impressão que já tive até hoje, que essa garota do pingente, é o que Derek deseja que eu seja.


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