A Culpa É Das Estrelas - Um final alternativo escrita por Pauline Lopes


Capítulo 1
Capítulo 26




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Aquela carta realmente mexeu comigo, lê-la foi como se o Augustus estivesse perto de mim, e eu simplesmente não conseguia aceitar o que aconteceu esses últimos dias. Eu queria que tudo fosse um pesadelo do qual eu fosse acordar, mas não, o meu Gus havia morrido, e eu não podia fazer nada para reverter isso.

Por isso, imprimi a carta para tê-la comigo, afinal ela era uma parte dele, e eu precisava disso. Cliquei em responder e comecei a escrever


Lidewij,

Muito obrigada por sua eficaz rapidez em me ajudar, eu realmente precisava ler essa carta, ela não fora escrita para mim, mas, dê certa forma tinha algo sobre mim nela e já me sinto melhor por lê-la. Meu endereço continua o mesmo. Manterei contato.

Hazel Grace.


Conectei-me ao Felipe e fui até a sala. Mamãe estava na sala com o papai, ambos estavam abraçados assistindo algum filme que não consegui ver, vê-los daquela forma me fez pensar se seria assim quando eu partisse, e eu desejei que sim.
Cheguei mais perto, mamãe se virou.

– Mãe, vou à casa do Isaac, preciso visita-lo. – Falei

– Agora Hazel? Já são seis e meia. – Mamãe retrucou

Pensei em que falar por um momento

– Não eu já liguei para ele – menti – Ele disse que tudo bem, nós iremos jogar. Isaac esta passando por um momento difícil. Prometo que estarei em casa antes das 10 horas - Mamãe pareceu duvidar um pouco, mas não disse mais nada, então virei-me e fui pegar as chaves do carro.

No caminho liguei para o Isaac, mas ele não atendeu, então fui até o posto de gasolina, lá estava totalmente deserto, parei o carro no mesmo lugar onde Augustus estava naquele dia, e comecei a me lembrar de todas as coisas que tínhamos passado juntos. Lembrei-me do olhar dele, como eu senti falta daqueles olhos azuis... E do sorriso repleto de brilho que ele tinha. Tê-lo em minha lembrança e enxerga-lo com tanta exatidão me alegrava, quando despertei, percebi que estava falando sozinha. Havia duas ligações perdidas do Isaac, ele certamente estava retornando minha ligação, apertei a tecla retornando-o rapidamente, já era quase 7 horas. Depois de dois toques Isaac atendeu.

– Hazel! Desculpe-me, precisei de algum tempo até achar meu celular, ainda não me acostumei ao fato de estar cego. Aconteceu alguma coisa?- Isaac respondeu quase gritando.

– Não, tudo bem Isaac, está tudo bem, meus pulmões não desistiram ainda, eu só queria saber se você estava ocupado - respondi contendo o riso ao comentário dele que saiu de uma forma engraçada.

– Não, na verdade eu estou jogando, foi bom você me ligar, já estou jogando à horas e está ficando tedioso. Mas, era só isso?

– Na verdade eu estava pensando em passar ai, eu achei a carta do Gus e queria te mostrar hoje, se não for incomodo, afinal já passou das seis da tarde. – Respondi com uma vergonha eminente em meu tom de voz, meu desespero não deixou ver que realmente estava tarde para ir visitar alguém.

– Claro que você pode vir Hazel, na verdade eu estava pensando sobre isso hoje, só não te liguei porque estava com vergonha.

– Ótimo! – Exclamei com certa alegria. - Chego ai em 15 minutos.•.

Desliguei o celular, e fui direto para a casa do Isaac, ao chegar lá sai do carro carregando o Felipe em minhas mãos, eu estava um pouco cansada, mas já havia me acostumado com isso, quando cheguei à soleira, antes mesmo de tocar a campainha Isaac abriu a porta.


–Hazel? – Ele disse olhando exatamente em minha direção, como se pudesse claramente me ver.

– Oi, Isaac. – respondi com alegria na voz. Estar com Isaac era bom, ele era o melhor amigo de Augustus, e certamente seria o meu.

– Contou os 15 minutos para eu estar aqui? - Perguntei

– Huum, na verdade não, digamos que meus outros sentidos estão ficando mais aguçados. Percebi que era você, pelo som dos seus passos. – Isaac respondeu com um sorriso se abrindo no rosto.

– Uau, meus parabéns Isaac, daqui um tempo, você poderá levar sua vida normalmente como antes.

Isaac abriu espaço para que eu entrasse, mas ainda assim colocou as mãos em meu braço, para que eu o guiasse até o sofá, mas antes disso cumprimentei seus pais. Quando chegamos ao sofá, peguei a carta que havia guardado dento do bolso e comecei a lê-la em voz alta.

Ao termina-la Isaac abriu um sorriso.

– Realmente ele faz falta. – Isaac disse

– É – foi apenas o que eu consegui responder.

– Ele realmente amava muito você Hazel, eu nunca tinha visto ele dessa forma.

– Você, já me disse isso... Semana passada mais precisamente. Mas, ele não se comportava dessa forma nem mesmo com a Caroline?

Ele ignorou meu primeiro comentário e respondeu rapidamente:

– Não, os dois se divertiam, ela era bem alegre, depois da doença ela virou um grande fantoche, mas mesmo antes disso o Gus não gostou dela nem um terço da forma que ele gostava de você, os olhos dele brilhavam quando ele te via. – Abri um sorriso. Isaac continuou a falar – No primeiro dia que ele te conheceu, e depois do filme que vocês assistiram juntos, ele me ligou, ele não parou de falar de você um minuto se quer, eu tentava falar da Monica também, já que estávamos falando de relacionamentos, mas ele sempre me interrompia, e foi nessa hora que eu disse “Augustus que droga, você está apaixonado!”. – Ele riu, acho que é porque a palavra apaixonado é meio estranho quando se trata de garotos. Revirei os olhos com desaprovação.

– Naquele dia eu me surpreendi com um cara tão gato me olhando... – Parei ao me assustar da forma que me referi ao Augustus, afinal eu estava falando com o Isaac, mas prossegui mesmo assim – Eu estava tão mal arrumada, e ele ficou me observando sem em nenhum momento desviar seu olhar de mim, em primeiro momento me senti sem graça, comecei a pensar o que estava se passando na mente dele ao ficar me encarando daquela forma. Tipo: quem é essa garota estranha entrando com um grande carrinho de oxigênio ao seu lado?... Mas depois de um tempo me virei, e comecei a encará-lo de volta, ele continuou por um tempo, mas depois abriu um sorriso e desviou o olhar. – Contei a cena de quando o conheci

– Eu vi, eu também fiquei um pouco sem graça por ele não tirar os olhos de você, nem mesmo sequer tentar disfarçar, mas quando percebi você o encarando de volta, me senti mais tranquilo, pensei que você estava se sentindo um pouco mal pela forma que ele estava te olhando. – Isaac disse por fim.

Ficamos um bom tempo falando sobre o Augustus, Isaac me contou o que ele dizia sobre mim quando os dois se falavam, e aquilo me deixou contente. Era bom saber que eu fiz a diferença na vida de alguém, eu sempre fui muita chata em relação a isso, nunca gostei de ser mais uma na vida de qualquer um que fosse, mas saber que ele se importava tanto comigo, da mesma forma que eu me importava com ele, não havia palavras para descrever o que eu sentia.

O tempo passou e eu nem percebi, quando olhei para o relógio já passava das 22h00min horas, - horário que eu já deveria estar em casa -, me desesperei, havia deixado o celular no carro, mamãe já deveria ter ligado várias vezes, eu não entendia como ela ainda não havia ligado na casa do Isaac me procurando. Disse ao Isaac que poderíamos terminar nossa conversa em outro dia, ele se alegrou com a ideia, e prometi que iria até lá, me despedi dele e de seus pais e fui embora às pressas.

Ao chegar ao carro peguei meu celular e percebi que havia sete ligações perdidas, liguei o carro e sai em partida, mandei uma mensagem para mamãe com medo de ligar e ouvir seu tom de voz severo, na mensagem me desculpava e dizia que acabei me distraindo e esquecendo o horário.

Ao chegar em casa ela estava me esperando na porta, sua face estava rígida, fechei os olhos ao ver sua expressão.

Sai do carro rapidamente ajeitando o Felipe – como eu tinha raiva daquele carrinho, ele me limitava a muitas coisas - caminhei até a porta com passos apressados, mas não por muito tempo, meus pulmões começaram a arder, então voltei a andar com passos mais lentos e calmos. Mamãe não disse nada, apenas disse que eu estava de castigo, eu sabia que ela queria dizer bem mais que aquilo, mas sabia também que ela não queria me contrariar, então fiz o mesmo, balancei a cabeça aceitando meu castigo.

Tomei um banho e jantei, parecia que o tempo não estava passando, não passava das dez e meia, então fiquei assistindo ANTM, depois de algum tempo comecei a ficar cansada, fui até meu quarto, minha mãe me seguiu, me deitei e ela me conectou ao BiPAP, me deu um beijo e então, saiu, eu estava tão cansada que me entreguei ao sono rapidamente.

No dia seguinte acordei onze horas, mais tarde do que o normal, ultimamente minha mãe não me acordava mais, em vez disso deixava que eu descansasse o tempo que quisesse de vez em quando ela vinha até o quarto só para ter certeza de que ainda estava respirando.

Levantei-me e fui direto ao banheiro, enquanto escovava meus dentes, olhei-me no espelho, eu nunca tinha reparado o quanto eu havia mudado, meus cabelos estavam mais compridos, eu já sabia disso, mas não estava prestando atenção no que eu estava refletindo. Voltei ao meu quarto e coloquei uma roupa velha para ficar em casa, uma calça de moletom marrom e uma blusa branca, tomei meu café da manhã- hambúrguer com ovos mexidos, como sempre- e fui até a sala. Fiquei mudando de canal repetidamente, tentando achar algo de interessante que se passava na TV, mas não achei nada – Haa que maravilha! – resmunguei comigo mesma- minha vida já é limitada por causa dessa droga de câncer e agora está mais limitada ainda.

Peguei meu celular e procurei pelo nome do Isaac, ele me atendeu rapidamente, isso significava que ele já estava a minha espera

– Oi Isaac, é a Hazel. – Falei sem graça.

– Oi Hazel. Você já está vindo pra cá? – Seu tom estava animado.

– É exatamente sobre isso que eu queria falar com você... - fiz uma pausa - Huum, ontem prometi a minha mãe que chegaria antes das dez e eu acabei me esquecendo do combinado, e agora eu estou de castigo... Para variar.

– Ah, é uma pena Hazel – Isaac respondeu com desapontamento na voz - A conversa estava muito boa ontem, bom, acho que terei que me distrair com os jogos, pela vigésima vez.

– Já que estou de castigo, por que você não vem até aqui? Séria legal - Sugeri

– Infelizmente hoje não vai dar... – Isaac fez uma pausa - Meus pais estão sem carro, e andar nessas condições que eu estou não seria uma boa. Que tal amanhã? Você vai estar ocupada?

– Ocupada? – Ri com o comentário – Na verdade eu estou ocupada desde os meus 13 anos, fazendo meus pulmões não desistirem e os iludindo dizendo que está tudo bem – nós dois rimos. - Claro que você pode vir Isaac, que tal meio-dia? Você pode vir para almoçar com a gente.

– Eu adoraria. Então está combinado, até amanhã Hazel.

– Até, Isaac. – Me despedi

Quando desliguei, meus pais entraram no meu quarto, ambos estavam com um sorriso aberto no rosto e aquilo me fez desconfiar.

– Olá querida – Disse mamãe.

– O que vocês estão aprontando? – Disse com um ar de reprovação.

–Só estamos contentes, querida. Não Podemos? Não era isso que você sempre quis que andou nos cobrando tanto esses dias? – Desafiou-me papai. Foi bonito ouvir aquilo dele, fazia tempo que não o via tão satisfeito daquela forma. Ele continuou... – Mas estávamos pensando, que tal irmos passear hoje? Você fica muito em casa.

Eu sabia que havia um “MAS”, eles estavam muitos satisfeitos para o meu gosto e sempre que isso acontecia é porque havia algo que eles queriam.


– Estou de castigo, esqueceram? - Disse os lembrando. Na verdade eu nem queria relembrá-los do meu castigo, mas quando se tratava de sair com meus pais, eu preferia assim.

– Você está de castigo para sair para outros lugares, não para sair com seus pais. – Disse mamãe com cara de deboche. – Iremos ao parque ou ao shopping, fica a sua escolha.

Pensei um estante sobre aquilo, eu passava a maior parte das horas trancada no meu quarto lendo “Uma Aflição Imperial” ou olhando meus e-mails, mas naquele dia eu levantei cansada. Meus pulmões de araque estavam cada dia completando menos seu serviço, mesmo com a ajuda do Falanxifor.

– Não acho que seria uma boa ideia, hoje eu acordei cansada. Eu vou querer andar pelo shopping e não vou poder – Respondi enfim.

– Paramos quando for necessário, não se esqueça de que você tem que viver sua vida querida, e ficando dentro de um quarto por 24 horas, não se encaixa bem com essa palavra.

Papai respondeu-me rapidamente, eu nunca o vi falar daquela forma, a maioria das vezes ele ficava me olhando, enquanto mamãe falava sem parar, ou até mesmo chorando pelos cantos da casa, baixinho para que eu não ouvisse, mas era uma tentativa sem resultados.

– Tudo bem então. – Conclui. - Posso comprar alguns livros? Depois podemos almoçar e voltamos. Pode ser? – Eles não disseram mais nada, apenas me abraçaram e saíram para que eu pudesse me arrumar.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer aos meus amigos Matheus, Mariana e Luiz Fernando que me incentivaram e me ajudaram a fazer essa fic. Amo vocês!



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