Uma simples dança escrita por Analu Granger


Capítulo 1
Uma simples dança


Notas iniciais do capítulo

Eu fazia parte de uma massa vestida a caráter cerimonial, mas com certeza, não me sentia como todos ali. Era intenso e perturbador estar tão perto, dançando com Rony, e nada a não ser uma simples dança acontecer



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O único vislumbre necessário para descrever absurdamente minucioso aquele ruivo, era simplesmente seu sorriso. Exposto no rosto sardento com a lateral esquerda um pouco mais aberta, mirando um sentindo lateral, mas que sempre me alcançava em qualquer posição que estivesse tentando me esconder desta arma letífera. A cada contraída de seus lábios meu coração parava momentaneamente.

– O que foi? – indagou Rony trepidante – Pisei no seu pé de novo? Desculpe, eu achei que estava certo.

– Não, meus pés continuam bem. – esclareci achando graça de seu espanto.

– Então o que foi?

– O que foi o que?

– Porque estava me olhando daquele jeito sério?

– Não estava te olhando com jeito sério. – afirmei convicta.

– Para de ser birrenta, é claro que estava. – continuou Rony – Estava tão concentrada que quase perdeu o ritmo.

– Eu não perdi o ritmo, então suas provas de que eu realmente estava olhando para você “de um jeito sério” são nulas. – me protegi e ele riu.

– Você sempre tem um argumento? – disse ele por fim.

Ri com o comentário e desviei o olhar para Harry, ou melhor, para o primo Barney o qual estava transfigurado. Em meio aos convidados de Gui e Fleur que dançavam próximo a mim e Rony na pista de dança, pude avista-lo sentado a mesa ainda com Krum ao seu lado. Foi ai que o braço de Rony em minha cintura apertou ainda mais, me levando para mais junto dele. Não pude deixar de fechar brevemente os olhos ao inalar com maior intensidade o perfume dele, podia quase sentir seu coração no meu, se não fosse aqueles poucos centímetros de “respeito” ainda existentes entre nós, amigos.

– Ron. – chamei com a voz tremula. Não queria dizer, mas precisava.

– Hum. – balbuciou ele em resposta.

– Por favor, não me deixe pensar que só me convidou para dançar por causa do Victor Krum. – disparei sem encara-lo, mas pelo jeito, ele exigia que eu o encarasse para isso, pois parou brutalmente a dança e me olhou incrédulo.

– Hermione...

– Não haja como se isto fosse uma ideia idiota Ronald. – cortei-o imediatamente antes que começasse com suas “ronaldisses” – Se estou perguntando é porque já tive motivos e quero que seja sincero comigo.

– Hermione não estrague tudo.

– Não quero estragar. – devolvi – Só preciso saber.

– Mas é claro que não fiz por ele. – ele respondeu com os olhos fixos nos meus – Será que sou tão ogro assim para desconfiar até mesmo de uma simples dança?

– Não é isso, mas é que... o modo como tudo aconteceu.

– Desculpe por isso. – e esta foi uma das poucas vezes que vi Rony se redimindo para não iniciarmos um embate catastrófico que temi que acontecesse – Eu só me desesperei com a possibilidade daquele húngaro nojento estragar meus planos.

– Seus planos?

Ele me olhou alarmado. Com certeza não era algo a se confessar, apesar de minhas pernas tremerem com a pausa do meu coração naquele instante.

– Disse que não era por causa dele que quis dançar com você, não disse?! – falou Rony depois do que pareceu horas em silêncio mutuo, apesar da música e agitação a nossa volta.

– E eu já disse que acredito.

– Na verdade, não disse não.

– Então estou dizendo agora.

Tive vontade de dizer muito mais coisas, com mil vezes mais intensidade e inteiramente profundas. Mas não o fiz. Não podia. Pelo menos, não naquele momento.

– Talvez não devesse me satisfazer com esta resposta. – provocou ele com aquele meio sorriso desconcertante.

– Tem razão não deve, mas ficará porque não vou te dar o gostinho de cair em suplicas por você.

Ele riu e, subitamente, me puxou pela cintura, envolvendo os dois braços másculos em volta de mim, como se eu fosse o ultimo galho de esperança a se segurar para quem caia em um precipício. Agora eu tinha certeza que meu coração havia parado definitivamente.

– Porque tem que ser tão teimosa? – sussurrou ele tão próximo que pude sentir a hortelã de seu halito sendo absorvido pelos poros do meu pescoço.

Meus lábios estavam secos, desejando a pele carnuda e avermelhada de sua boca. Era incrível. O toque, o som, o calor. Era tudo que sempre havia desejado de Ronald Weasley.

– Porque tem que me provocar e me deixar com ciúmes? – sussurrou mais uma vez me fazendo arfar descontroladamente – E porque demorei tanto para perceber?

– Porque é um legume insensível Ronald Weasley. – balbuciei totalmente entregue, só o queria imediatamente e, mesmo que quisesse, não resistiria àquela embriaguez.

Pude ver seus olhos azuis finalmente me encarando até sentir o calor de seus lábios nos meus, tão seguros como jamais imaginária. Era doce e salgado, quente e frio, seco e molhado, macio e firme. Uma mistura incompreensível que jamais havia sentido por outra boca. Mesmo não tendo experimentando muitas antes, mas tinha certeza que nenhum beijo se comparava aquele que eu e Rony trocávamos no meio da pista de dança do casamento de Gui e Fleur.

Em estado de consciência normal, eu certamente estaria desesperada com alguns olhares que recebíamos quando nossas bocas se afastaram sem fôlego. Felizmente, grande parte dos dançantes estava mais interessado em suas próprias coreográficas ou em Luna, dançando levemente do outro lado da pista, do que nos dois paralizadamente suspeitos.

– Isso foi bom. – disparei me martirizando logo após por tamanha bobagem a se dizer depois de um beijo.

– É raro, mas concordo com você. – disse ele com aquele sorriso lateral.

– Isso também fazia parte do seu plano?

– Não. – ele respondeu sem me soltar em meio ao sorriso – Foi mil vezes melhor.

Mordi a parte inferior dos lábios, tentando não desperdiçar o gosto dele que ainda sentia.

– Venha, vamos sair do meio desse monte de gente. – disse ele finalmente nos guiando para longe da pista de dança. Mas eu não me deixei ser norteada por ele, por mais difícil que fosse, havia mais alguma coisa me incomodando e eu não queria que isto atrapalhasse tudo.

– Estou indo rápido de mais?

– Talvez.

– Acredite, não tinha a intenção de leva-la a minha cama. – disse ele prontamente me fazendo rir mais uma vez – Pelo menos não hoje.

– Ronald! – repreendi, apesar da ideia não me parecer tão absurda, definitivamente eu não estava em meu estado normal – Não era sobre isso que me referia.

– O que é então?

– Não sei se estamos certos em começar algo agora. – disse sinceramente e ele ficou sério.

– Por que não? – perguntou Rony – Hermione, não sabemos quanto tempo teremos mais, o que vai acontecer amanhã em diante.

– Exatamente por isso. – completei sustentando seu olhar – Rony, em poucos dias estaremos apenas eu, você e Harry, não sabemos o que iremos enfrentar ou o que será de nós. Seria tanta hipocrisia e egoísmo de nossa parte.

– Hipocrisia?

– Estamos ficando agora apenas por medo do amanhã, como desesperados.

– Mas eu estou desesperado Hermione. – disparou exasperando-se.

– Está vendo. – agora era minha vez de ficar exasperada – Me beijou por medo Ronald Weasley não por... por... – maldita insegurança, não podia revelar que desejava ser beijada por amor e apenas, categoricamente, por isto.

– Por o que?

Realmente, talvez estivesse querendo de mais. Rony jamais mudaria e eu ainda não estava preparada para aceitar este fato.

– Esquece Rony. – disse antes sair desesperadamente daquele meio, onde todos riam e dançavam enquanto eu queria chorar desiludida.

– Espera. – escutei na mesma hora que senti a mão de Rony segurar meu braço – Isso não pode terminar assim Hermione, não foi um simples beijo.

Eu sabia que aquele não era um fim. Eu exigia que tivesse uma continuação e pelo modo como Rony me encarava agora, ele possuía o mesmo sentimento de inacabado. Tudo o que sempre desejara era estar com ele e ser correspondida, mas não nesta situação, não como uma última suplica antes da morte. Talvez, e eu desejava deliberadamente, outro beijo aconteceria quando estaríamos libertos de todo pesar das circunstâncias atuais.

Utilizando toda coragem que ainda restava em mim, toquei novamente a carne dos lábios de Rony. Não era gélido como um beijo de despedida. Era algo leve e paciente, uma espera evitável, mas indispensável.

Foi então que uma bola flamejante invadiu o espaço festivo, revelando a queda do ministério. A partir dai, passaríamos a caçar as Horcruxes como se aquele beijo não houvesse acontecido realmente, apenas em nossos mais profundos sonhos.

De um jeito ou de outro, foi melhor assim. Harry não suportaria tudo se sentindo isolado no meio de um casal. Eu voltaria a beija-lo e tudo estaria corretamente em seu lugar a “moda Hermione Granger” como Rony veio a me dizer depois, o que apenas provaria terminantemente que nossa hora não era aquela.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e espero de coração que tenham curtido essas poucas palavras "Romionizadas" !!Abraços apertados, Analu.