Bodas de Prata escrita por Eire


Capítulo 1
Capítulo 1




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BODAS DE PRATA


_Um brinde ao casal mais fofo que eu conheço! – disse uma jovem muito bonita que tinha longos cabelos negros e olhos dourados  como o sol, ao lado dela seu marido confirmava o que ela acabara de dizer fazendo um sinal afirmativo com a cabeça e segurando no alto sua taça de champanhe. A mãe da jovem, uma bela mulher que já estava nos seus quarenta e um anos mas que aparentava ter menos e que era praticamente uma cópia fiel da filha, tirando é claro a cor dos olhos, enrubesceu e advertiu a filha.


_Hitomi, por favor! Assim você nos deixa sem graça. 


_Minha irmã tem razão, mamãe. Vocês são o casal mais bonito que eu já vi e tenho muito orgulho de ser filho de vocês. – Desta vez quem falava era um rapaz alto e forte que aparentava ser pouco mais novo que a irmã, diferente dela e de sua mãe ele tinha os cabelos prateados, característica herdada do pai, mas os olhos eram azuis como os da mãe. 


_Nós também temos muito orgulho de ser seus pais, Yukio. Orgulho dos dois, são a melhor coisa que fizemos nesses vinte e cinco anos juntos. 


_Assino embaixo do que o seu pai disse.  


_Se me permitem, meu sogro e minha sogra, vamos brindar. 


_Sim querido, vamos brindar. – Hitomi ergueu sua taça, que assim como a das crianças tinha suco de uva no lugar do champanhe, e todos a acompanharam – A meus pais que são os melhores pais do mundo e que hoje celebram Bodas de Prata. Parabéns! 


_À felicidade dos dois, que eles continuem assim por mais um longo tempo, até as Bodas de Diamante. – quem falava agora era a velha Senhora Higurashi que fazia as vezes de chefe da família, já que seu pai havia morrido há alguns anos atrás, estava feliz por poder presenciar a felicidade da filha.


Todos os que estavam presentes no recinto, alguns poucos amigos da família, além da própria família, responderam às palavras dela tocando suas taças umas nas outras e repetindo parte do que ela havia dito. 


_À felicidade dos dois! 



_Obrigada por suas palavras mamãe! Aliás, obrigada a todos vocês por estarem aqui hoje celebrando esse momento conosco: mamãe, Souta e Minoro juntamente com meus sobrinhos; meus filhos, Hitomi e Yukio; meu genro, Seya; minha quase-nora, Sakura; meus amigos, Eri e Houjo; Yuka e Kenshin junto de sua filha; Sango e Miroku – ela olhava para cada um dos presentes enquanto falava seus nomes, os últimos não eram aqueles amigos que ela e seu marido tinham conhecido muitos anos atrás, mas eram tão parecidos com aqueles que, logo se tornaram seus amigos, eles eram provavelmente reencarnações dos seus amigos da Sengoku Jidai, essa era a única explicação que ela conseguia conceber. – Somos muito gratos mesmo. Eu gostaria que fizéssemos agora um brinde a todos aqueles que, infelizmente não puderam estar aqui conosco. 


Todos levantaram suas taças e novamente brindaram. 


_Aos ausentes! 


Inuyasha percebeu a tristeza que perpassou nos olhos da esposa, ele sabia no que ela estava pensando, ou melhor em quem. Ele a abraçou então, tentando confortá-la como sempre fazia. Ela olhou nos olhos dele e sorriu, ele então se dirigiu a sua família e aos convidados. 


_Vamos deixar de frescura e jantar logo. Estou com fome. 


_Inuyasha!!! 


_Ora, Kagome, garanto que todos aqui estão com fome também. Não é mesmo? 


_Eu tô com fome tio Inuyasha! – o filho mais novo de Souta falou e todos riram, sentaram-se à mesa e começaram a comer.  


Inuyasha olhou para Kagome e para os filhos. Pareciam felizes, seu garoto comia enquanto conversava com a namorada, estava espantado na testa dos dois que eles estavam apaixonados, ele não conseguia acreditar que Yukio havia levado tanto tempo para perceber. Infelizmente ele tinha herdado essa característica do pai, ele também tinha levado muito tempo para perceber seu amor por Kagome. Depois ele olhou para Hitomi e o marido. Como a sua princesinha tinha crescido! Ele não tinha gostado do marido dela no início, tivera ciúmes e preocupação pelo futuro da filha, achou que o casamento fosse retirá-la de seus estudos, mas não fora isso que aconteceu, ele sempre incentivava a esposa e não permitiu que ela desistisse de sua pesquisa, por isso agora ela era como diziam uma “Doutora em História”, coisa que nem a mãe havia conseguido, já que Kagome foi obrigada pelas circunstâncias a parar seu doutorado no meio e depois não quis retomá-lo. Olhando para a filha ele se lembrou da notícia maravilhosa que ela havia dado a eles dois dias antes, ele não conseguia imaginar-se como avô mas estava muito contente com o neto que em alguns meses estaria com eles. Também nunca havia se imaginado como pai e não tinha ali na sua frente seus filhos criados e felizes! Tudo daria certo no fim pois sua Kagome estaria com ele, isso lhe dava sempre mais coragem. De repente seu filho parou de comer e se levantou para poder falar com os outros que ali estavam. 


_Bem, eu só gostaria de dizer que estou muito feliz com as Bodas de Prata de meus pais e gostaria de pedir a eles que digam alguma coisa. Passaram quase todo o jantar quietos. 


_Eu só estava refletindo filho. Pensava em tudo que seu pai e eu passamos para chegar até aqui. 


_Eu também estava pensando, além disso, eu estava comendo. 


Todos riram e Yukio continuou. 


_Não acredito que vocês dois vão deixar seu jantar de Bodas de Prata passar sem nenhum discurso. 


Inuyasha e Kagome se entreolharam procurando refúgio um nos olhos do outro, Inuyasha até que tinha preparado algo para dizer a ela, mas não estava com muita coragem. Kagome tocou a mão dele que estava sobre a mesa, respirou fundo e olhou direto nos olhos dele. 


_Eu só tenho a dizer que você me fez, não, você me faz a mulher mais feliz do mundo. Eu sou muito grata a Deus por ter permitido que eu compartilhasse de minha vida com você. Hoje, durante o jantar, eu fiquei pensando e me lembrando de tudo o que nós passamos até chegar aqui, nós enfrentamos tantas coisas, seguimos um caminho muito difícil, chegamos a nos machucar muitas vezes, mas no final das contas nós conseguimos chegar até aqui, então tudo o que passamos valeu a pena. Eu só quero dizer que eu...eu...eu espero que possamos ainda viver muito tempo juntos. Eu amo você Inuyasha, você sabe disso. 


_Kagome, eu não sei o que dizer, eu..eu... 


_Não precisa dizer nada, apenas...  


Kagome aproximou-se do marido e colou seus lábios nos dele que correspondeu timidamente por alguns segundos, ele estava envergonhado, não costumava beijar a mulher em público, ainda mais na frente da família, mas estava muito comovido com o que ela havia acabado de dizer. Sim, ele sabia o quanto ela o amava, nunca fora segredo para ele, mesmo antes dela lhe dizer, na época em que eles ainda enfrentavam Naraku, ele sabia do amor que ela sentia por ele. Depois do casamento ela fazia questão de proclamar aos quatro ventos aquelas palavras, que ele nunca havia tido coragem de dizer, no início por não ter certeza, depois por vergonha,  e  por fim, por medo da reação dela, pois ele sentia a obrigação de explicar a ela o porquê da demora da declaração que, ele sabia, fazia falta a ela escutar. Ele tinha decidido que diria a ela hoje, mas à medida que se aproximava o momento mais ele sentia seu estômago dando nós. Foi acordado de seus pensamentos pelas palmas dos que estavam celebrando com eles. 


_Agora você, papai. Diga alguma coisa. 


_Yukio, seu pai não precisa dizer nada pra mim, eu sei que ele não gosta muito de falar esse tipo de coisa na frente de outras pessoas. 


_Mamãe eu aposto que ele preparou algo bem romântico para dizer a senhora hoje. Eu mesma vi quando ele estava há alguns dias atrás escrevendo algo que ele disse que era pra esse dia. Vamos papai, faça um discurso bem bonito. 


Yukio, para apoiar a irmã, começou um coro que foi seguido pela maioria dos que estavam presentes, principalmente as crianças: 


_Discurso! Discurso! Discurso! 


_ “É agora. Não posso dar pra trás. Se não disser agora não vou ter coragem de dizer depois quando estivermos sozinhos.” – Tudo bem! Vão ter o discurso que tanto querem.


Inuyasha se levantou de onde estava, pegou as mãos de Kagome entre as suas e as apertou contra o peito. 


_Eu só te peço uma coisa: não importa o que eu diga, não me interrompa, me escute até o final, está bem? 


_Mas por... 


_Shiiiiuuu! Por favor, me prometa que não vai me interromper enquanto eu estiver falando. Sei que você pode vir a não gostar, pode ficar brava, sentir vontade de me mandar sentar, mas eu lhe peço para esperar que eu termine. Depois você pode fazer o que quiser. 


Kagome, embora preocupada com o que poderia vir a escutar de seu marido, fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ela confiava em Inuyasha, mas estava com medo do que ouviria. Por que ele tinha dito que ela poderia ficar brava com ele?


 Inuyasha soltou as mãos dela e se dirigiu para um canto da sala de jantar, pegou uma pasta e dela retirou algumas folhas de papel. 


_Eu tinha escrito muita coisa, mas não sei se  vou ter coragem de dizer tudo, por isso, vou apenas me guiar por esses papéis. Hitomi, Yukio, por favor, peço que vocês também não interfiram e fiquem perto de sua mãe, ela pode precisar. Eu prefiro falar deste lugar em que estou, não porque todos podem me ver, mas porque se eu estiver perto de sua mãe, não vou conseguir dizer tudo o que eu tenho para dizer.  


Inuyasha ficou vermelho ao perceber que era o centro das atenções, sentiu vontade de desistir, suas pernas tremiam, estava suando frio. Agora não tinha mais volta, ou ele falava ou se calaria para sempre. Engoliu em seco e começou a falar:


_Kagome, eu não te amava quando nós nos casamos! 


Silêncio surgiu na sala, ninguém quis pronunciar palavra alguma, apesar de muitos terem pensado em dizer. Os filhos de Inuyasha olhavam dele para a mãe atônitos. Hitomi segurou na mão de Kagome procurando apoiá-la, mas no fundo era ela quem precisava de apoio. Percebeu que sua mãe não tinha um olhar de espanto pelas palavras do pai, ela deveria ser a pessoa mais atingida pelas palavras de Inuyasha, mas continuava com a mesma expressão tranqüila de sempre. Se fosse ela a ouvir isso do marido no dia do aniversário de vinte e cinco anos de casamento estaria provavelmente se descabelando em prantos, isto é claro, depois de partir para cima dele. Ela sabia que sua mãe era forte, mas não tanto assim, para ficar impassível diante de uma afirmação daquelas, a não ser que ela já soubesse. Depois do longo silêncio seu pai voltou a falar e ela prestou atenção nele se segurando para não dizer nada. Será que tudo que ela havia acreditado que existia entre seus pais era uma mentira? 


_Eu sei que todos aqui devem estar espantados com isso que eu estou dizendo e devem estar pensando que isso não é coisa que se diga no dia das Bodas de Prata, mas há muito tempo que quero dizer isso a minha esposa, mas nunca consigo. Ironicamente, falta-me coragem. Portanto resolvi que hoje eu diria tudo o que sei que ela precisa ouvir. Eu nunca duvidei do amor dela por mim. Sempre soube do sentimento que ela guardava por mim, mesmo antes que ela me contasse, apesar de saber, eu não conseguia corresponder porque meu coração ainda sofria muito por outra pessoa. Durante um bom tempo eu estive indeciso, sabia que ainda amava essa pessoa, mas ao mesmo tempo, a Kagome não me saía da cabeça, sempre estava do meu lado, mesmo sabendo dessa outra pessoa. Ao lado da Kagome eu me sentia tranqüilo, ela me dava forças, era minha amiga, acho que ela foi uma das primeiras pessoas que estendeu a mão para mim sem pedir nada em troca. Aos poucos eu fui desenvolvendo por ela um sentimento que, eu acho, não podia ser considerado amor, mas eu a queria bem, queria que fosse feliz, queria protegê-la a todo custo e não conseguia entender, mas tinha ciúmes dela. Não dava pra entender porque, afinal eu não a amava, havia outra pessoa em meu coração. Mas o sorriso dela, era algo que me encantava e que eu queria ter só pra mim, pra sempre. Naquela época, nós passamos por muitas coisas, coisas que só nós sabemos. Uma dessas foi a morte dessa pessoa que eu amava, ou achava que amava. Eu sofri muito, quis morrer também para estar junto dela, mas a Kagome não permitiu que isso acontecesse, ela fez por mim muito, mais do que ela pensa para que eu superasse aquilo. Eu sabia que não podia desistir da vida porque eu ainda tinha muito que fazer, mas o mais importante é que eu sabia que a Kagome ia sofrer muito se eu me fosse. Eu ficava pensando em quem iria protegê-la se eu fosse embora, e foi isso que me deu forças para continuar. Depois disso surgiu a ameaça de ela ir embora da minha vida pra sempre e eu comecei a perceber que eu não ia conseguir viver sem ela por perto, não ia conseguir ficar sem o cheiro dela, sem o sorriso dela e ainda por cima não conseguia imaginar, não podia siquer pensar na hipótese dela me esquecer, se apaixonar por outro, ser tocada por outro, ser amada por outro. Naquele momento eu percebi que se eu perdesse a minha Kagome o sentido da minha vida iria acabar. Eu não conseguia entender como eu podia sentir aquilo por ela, pois afinal eu ainda sofria muito com a perda daquela que eu tinha amado por tanto tempo e que bem no fundo, eu ainda amava. A razão me dizia que o que eu sentia por você não era amor e o meu coração me deixava mais confuso ainda. Eu precisava de tempo para pensar, para colocar minha cabeça no lugar. Eu sabia que todo aquele novo sentimento que de repente eu estava sentindo por podia se tornar uma coisa muito mais forte se eu tivesse tempo, mas tempo era algo que nós não tínhamos. Você tinha que ir embora e eu tomei uma decisão sem pensar, da qual eu nunca me arrependi. Decidi ir com você, eu não sabia o que ia ser de nós dois mas se eu não tentasse, nunca saberia. Ainda me lembro do dia em que te pedi em casamento. Não pensem vocês que ela aceitou logo de cara, ela ficou espantada e disse que eu devia ter enlouquecido. Talvez tenha sido isso. Foi mais uma decisão impensada. A única alternativa  que eu encontrei para poder ficar perto dela tempo suficiente para descobrir o que eu sentia de verdade por ela era essa: firmar compromisso com ela. O falecido senhor Higurashi e a minha sogra deram a sua permissão, mas com a ressalva de que apenas nos casaríamos quando a Kagome estivesse mais velha e depois de terminar seus estudos.  Concordei. Eu teria tempo para ter certeza dos meus sentimentos, tempo para transformar aquele sentimento de quase-amor em amor de verdade. Só que algum tempo depois a Kagome ganhou uma bolsa de estudos para estudar em outra cidade e nós não queríamos ficar longe um do outro, a solução encontrada foi nos casarmos antes do planejado. E foi o que aconteceu. Depois do casamento nós nos mudamos para Nagasaki. Trabalhei duro, ela também, ainda mais que trabalhava e estudava. Pouco tempo depois, por imprudência nossa, Hitomi chegou em nossas vidas, as coisas se tornaram mais difíceis mas éramos felizes. Só que nessa época eu ainda não a amava, não do jeito que ela merecia, não do jeito que ela me amava, por isso eu não conseguia dizer a ela aquelas palavras que toda mulher romântica como ela gosta de ouvir. Sempre que eu tentava, sentia um sentimento de culpa, pois eu sabia bem lá no fundo que meu coração ainda não estava livre de verdade para amá-la.  Mas conforme o tempo foi passando eu fui aprendendo a te amar. À medida que as coisas foram se sucedendo em nossas vidas eu fui te amando cada vez mais, mesmo quando nós passávamos por coisas difíceis. Com o tempo fui percebendo que estava certo quando decidi compartilhar minha vida com você. Eu não poderia ter escolhido pessoa melhor. Você esteve do meu lado nos momentos mais felizes da minha vida. E nos mas tristes também. Kagome, você disse agora pouco que estava pensando em tudo que passamos para chegar até aqui. Também estive pensando nisso. Eu me lembro, como se fosse ontem do nosso casamento, de como você estava linda naquele quimono todo brando. Lembro-me da festa, foi a primeira vez que eu bebi champanhe, lembro do quanto te amei naquela noite, foi quando percebi que sempre tinha te desejado, só não tinha percebido ainda. Lembro também de quando ficamos sabendo que você estava grávida da Hitomi, lembro que você estava apreensiva, afinal não planejávamos ter filhos tão cedo, mas também estava feliz e logo começamos a fazer planos. O dia em que você nasceu, Hitomi, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Não posso dizer que foi o mais feliz porque eu tive dias tão felizes ao lado da sua mãe, que fica difícil dizer qual foi o melhor. Nossa vida ficou difícil depois do seu nascimento. Não nadávamos em dinheiro naquela época, mas em nenhum momento disse para sua mãe desistir dos estudos dela e voltar para cá. Foi difícil, mas nós conseguimos passar por tudo aquilo porque tínhamos um ao outro. No final das contas sua mãe conseguiu se formar com honras. Senti muito orgulho dela naquele dia. Depois disso tudo veio seu irmão, desta vez, planejamos tudo, mas nem por isso deixou de ser difícil. Com a saúde fraca, Yukio não saía do consultório médico, por isso inspirava-nos muitos cuidados. Logo Hitomi entrou na escola, pra nossa felicidade ela herdou a inteligência da Kagome. Mais ou menos nessa época Yukio já estava melhor de saúde e Kagome começou seu mestrado na Toudai e tivemos que nos mudar de volta aqui pra Tóquio, foi quando fomos novamente surpreendidos por um bebê não planejado: Hikari. Mesmo estando grávida e com mais dois filhos pequenos pra criar sua mãe não desistiu do mestrado e eu resolvi estudar também. Aqui em Tóquio as coisas pareciam ser mais fáceis do que tinham sido em Nagasaki, estávamos muito felizes, mas logo o destino aplicou uma rasteira na gente que nos abalou para sempre. Nessa época eu vivi um dos momentos mais tristes da minha vida, talvez a pior perda da minha vida. Infelizmente, não havia nada que pudéssemos fazer. Aquele trágico acidente levou o nosso pequeno raio de luz embora, logo ela, que nunca fazia mal a ninguém, com quem tínhamos passado tão pouco tempo, ela que foi o nosso anjinho, que foi levada tão cedo desse mundo. O baque da perda de nossa filha nos abalou muito e sei que se não tivéssemos um ao outro para nos apoiar, não teríamos agüentado. Demorou muito para que nos recuperássemos e Kagome, sofrendo com a depressão, foi obrigada a parar seu doutorado. Depois da recuperação dela eu tentei fazê-la retomá-lo, mas ela não quis mais. Preferiu abdicar da sua pesquisa para dedicar mais tempo aos nossos filhos. E que filhos maravilhosos essa mulher me deu. Eles nos dão tantas alegrias, tanto orgulho. Eu poderia numerar aqui várias coisas que os dois já fizeram, mas vou falar de algumas. Ainda me arrepio quando me lembro do momento em que Yukio ganhou o campeonato nacional de Kendô com apenas 17 anos! Senti tanto orgulho dele naquele dia. O mesmo orgulho que senti quando a Hitomi conseguiu concluir a pesquisa que a mãe dela tinha iniciado e recebeu o seu título de doutorado. Kagome, estava do meu lado em todos esses momentos, dividindo comigo as emoções. Como poderíamos nos esquecer do momento em que casamos nossa princesinha? Ou do momento em que ela nos anunciou que logo seremos avós? Ou do momento em que o Yukio passou no vestibular da Toudai? Kagome e eu vivemos muita coisa e hoje tenho certeza de que eu estava certo ao resolver me casar com ela. Essa mulher maravilhosa, que sempre foi boa mãe, boa amiga, boa esposa, que  sempre me amou sem pedir nada em troca, que sempre cuidou de todos nós, que eu ainda desejo, mesmo depois de vinte e cinco anos juntos, e não falo só de desejo físico. Eu a quero perto de mim pois sei que sem ela, não sou ninguém. Quantas vezes ela confessou seu amor por mim ao longo de todos esse anos. Sei que ela sempre esperou que eu fizesse o mesmo, mas eu nunca fui capaz. Eu não tinha coragem de falar a ela, no início, porque eu não queria dizer a ela algo  que nem eu mesmo tinha certeza de sentir, depois porque eu tinha medo. Não sei do quê. Então eu dizia com gestos aquilo que não conseguia dizer com palavras. Você não sabe quantas vezes enquanto conversávamos eu dizia em pensamento, quantas vezes, quando você me dizia, eu respondia, mas apenas em pensamento, pois as palavras lutavam em sair. Quando a gente se amava eu procurava passar a você todo o sentimento pra que você, pelo menos naquele momento, pudesse perceber. Só que hoje, eu cheguei a conclusão de que você precisa saber. Pode dizer que não precisava mais de me ouvir porque no fundo você já sabia, isso me deixa feliz, mas mesmo assim eu preciso dizer que...há muito tempo...tenho certeza de que...você é a mulher da minha vida...e...eu...amo você, Kagome. Mais do que minha própria vida. Hoje eu não tenho mais dúvidas. Amo você como nunca amei ninguém em toda minha vida. Eu amo você e vou te amar eternamente. Quero ter você perto de mim sempre, quero poder ver seu sorriso até o último momento da minha vida.  


Ninguém ousou dizer palavra alguma. Hitomi e Yukio perceberam que o pai tinha lágrimas nos olhos. Ele tinha falado de muita coisa que nem eles sabiam ou não se lembravam mais. Olharam para a mãe esperando a reação dela. Kagome chorava, as palavras de Inuyasha tinham mexido muito com ela, lembranças há muito guardadas vieram à tona, como se fosse um filme ela viu sua vida depois do seu 15º aniversário passar todinha em sua mente. Por mais que ela  quisesse se segurar, foi impossível impedir que as lágrimas viessem molhar sua face. Ela percebeu que Inuyasha também estava chorando.  


_Você já disse tudo o que tinha pra dizer? 


_Já! 


_Eu sabia que você não me amava quando a gente se casou, mas eu queria te fazer feliz e  acreditava que podia te fazer me amar. 


_Você conseguiu. 


_Com o tempo eu fui percebendo, mas como você nunca dizia eu às vezes achava que você não me amava de verdade. Você tinha razão. Eu precisava ouvir isso. 


Kagome levantou-se da mesa e caminhou até onde Inuyasha estava. Ao chegar perto dele, ela o abraçou sem dizer nada, apenas afundou a cabeça em seu peito e começou a chorar. Apesar da idade dela, apesar dos filhos que os dois tinham, apesar de tudo o que eles tinham passado, naquele momento Inuyasha enxergou a Kagome de 26 anos atrás, aquela menina assustada que tinha o libertado da Árvore Sagrada e percebeu finalmente que desde aquela época ele a amava de uma certa forma. Também começou a chorar não se importando com o fato de estar na frente de outras pessoas. Depois de alguns minutos Kagome levantou sua cabeça e olhou para ele. Tocou no seu rosto e depois ficou na ponta dos pés para enfim, tocar-lhe os lábios num beijo apaixonado logo correspondido por ele. Ao terminarem escutaram uma salva de palmas vindas de todos que estavam na sala, ambos sorriram e Inuyasha lhe disse em um tom mais baixo apenas para que ela ouvisse.


_Hoje estamos recomeçando nossas vidas. Ainda aceita ser minha mulher? 


_Sim! Você ainda quer ser meu marido? 


_Até o fim dos meus dias e além disso. Eu te amo e sempre vou te amar. 


_Também te amo. Feliz Bodas de Prata amor! 


_Feliz Bodas de Prata e tomara que tenhamos forças para comemorar Bodas de Ouro! 


_Nós vamos comemorar Bodas de Diamante. 


Fim.   

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Notas finais do capítulo

Comentários, por favor. Preciso saber o que acharam da fic.