Breaking the Habits escrita por squareone


Capítulo 2
Cap. 01| So... It’s over


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora :(
Ai está um capitulo shining bright pra vocês!

Quero agradecer a todas vocês que comentaram, leram e favoritaram! 165 acessos, 7 comentários 3 favoritos, gente MUITO OBRIGADA MESMO! s2

Espero que gostem!



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Algumas horas antes:



– Beatrice, você não tem do que se preocupar, nada pode estragar seu dia! Pare de chorar, mulher, você é maravilhosa!

– Mas. Eu. Tive. Um. Sonho. Ruim. EUNAOQUEROMAISMELEVANTARDACAMA. – Minha voz rouca saia abafada por debaixo dos trezentos mil travesseiros e edredons.

– Mas... Olha, veja bem, você vai se casar amanhã! AMANHÃ! Dá pra você ao menos tirar esses travesseiros da cara e olhar pra mim?

A miserável me olhava com uma carinha tão... Dissimulada.

Mas fofa.

Eu não resisti. Nunca resistia aos charmes e vontades de Natalie.

Ergui o primeiro travesseiro e ela continuava fazendo bico. Retirei todos com um só empurrão e sentei de sopetão na cama. O colchão ondulou, fazendo com que ela sorrisse mais uma vez.

– EU SABIA! Mas você está péssima!

Seus cabelos tingidos de castanho escuro moldavam seu rosto e seus olhos claros, como os meus. Ela me olhava com um tom de tristeza, como se me conhecesse, e soubesse o que eu estava pensando.

– Bea...

– Eu odeio quando você me chama de Bea. – Fiz uma careta.

– Tá ok então, vou te chamar pelo apelido mais apropriado, senhorita Careta! Só anda fazendo essas caras feias, nunca vi! – Ela gargalhou, e seu bom humor irradiava pelo quarto e eu... Odeio isso.

– Meu deus, Natalie, como você consegue estar de bom humor a essa hora da manhã? Você nunca ouviu falar em mau humor matinal? – Meus cabelos esbagaçados se amontoavam ao redor da minha cabeça, esfreguei os olhos, a cabeça, e em seguida criava um pequeno redemoinho

– Mas você não precisa ter mau humor, dona Careta. Amanhã você será a senhora Elgort, olha só isso! – Natalie se levantou e começou a – irritantemente – pular na minha cama.

– Natalie você está se comportando como uma criança de cinco anos de idade.

– E você como uma velha ranzinza de cento e oitenta anos!

– Ninguem vive até os cento e oitenta anos, Natalie...

– Ah, calada!

Ela me agarrou pelo braço e me guiou até a banheira. Eu já deveria desconfiar dela. Na verdade eu não deveria. Eu nunca imaginaria isso dela. Logo dela.

Da Christina talvez, que me odeia desde o colegial quando eu namorei o queridinho nerd dela. Nem sei o que estava se passando pela minha cabeça quando eu beijei aquele Will.

Mas dela?

Não.

– Beatrice Prior Elgort... – Natalie cantarolava enquanto escolhia minha roupa para a ultima prova do vestido de noiva.

Tomei um banho de banheira fajuto e sai logo daquele tormento.

– DÁ PRA PARAR? – Gritei, saindo da suíte enrolada nas toalhas. – Você. Está. Me. Irritando.

Ela parou no meio do quarto e me encarou, com olhos esperançosos – que até então eu não tinha percebido que estavam esperançosos. - Você não quer se casar, Careta?

Fitei seu olhar, e agora eu entendo que aquilo era um olhar de tristeza e de esperança, ao mesmo tempo.

– Não é isso, Nat. É só que você é tão... Feliz sempre, e isso as vezes me incomoda, caramba, Natalie são 10:00 da manhã e você está tão feliz porque eu vou provar o meu vestido?

– Eu nunca vi ninguém casando, Beatrice. Especialmente você. Você é a minha irmã mais velha, e isso pra mim é uma espécie de... Conto de fadas. – Ela se jogou na cadeira próxima a cama e sorriu.

Conto de fadas onde você pega o meu quase futuro marido, é isso mesmo?

Dispenso.

– Mas você vai ver isso qualquer dia, ou pode ser com você, Nat, afinal você fez dezenove anos...

– Você quer que eu me case aos dezenove anos? Não sou doida como você que vou casar aos vinte e três!

– Não estou dizendo pra você casar aos dezenove... AH CALADA, SUA PIRRALHA!

Corri atrás dela pelo quarto enquanto nos divertimos rindo e imaginando como seria na hora h, o que faríamos na festa, a lua de mel...

Nesse meio tempo já eram quase 11:20 e nós ainda estávamos falando e falando quando uma voz nos gritou lá debaixo:

– Eu não pretendo gritar outra vez!

Natalie cochichou no meu ouvido: - Ué, e ela tinha gritado antes?

Entre risadas e comentários, coloquei um vestido rápido e simples, uma sandália rasteira, peguei meu celular e Natalie ajeitou rapidamente o cabelo e descemos as escadas encontrando uma enraivecida mãe.

– Mãe, você não precisava se incomodar em me levar até lá. – Lhe dei um beijo rápido na testa.

– Como assim? É a minha filha que vai casar, eu estou radiante!

– Ninguém mais fala “radiante”, senhora Edith Prior. – Natalie fez sinal de aspas com os dedos.

– Ah, calada, garota... Essa menina apanhou pouco, por isso que ela é um traste...

Pois é mãe, eu concordo...

Andrew, meu pai, já estava a nossa espera no carro.

– Meu orgulho – meu pai me cumprimentou com um beijo na testa. – e você, minhas dores de cabeça – sorriu e se abaixou ligeiramente para beijar a testa de Natalie.

Minha mãe veio em seguida e seguimos até o Jeanine’s, uma grife apenas dedicada a roupas de casamento (madrinhas, padrinhos) e em especial, vestidos de noiva. Eu fui a primeira a descer do carro, enquanto já entrava na loja e me deparava com Jeanine Matthews: a dona da loja.

Ou melhor: A dona naja da loja. Correm boatos de que Jeanine faz belíssimos vestidos por que nunca conseguiu se casar na vida. Todos os seus maridos morreram coincidentemente dias antes do seu casamento. Hoje ela é herdeira de uma grande fortuna, mas é sozinha. Seu olhar é triste e seu porte é altivo. Loira, magra, esguia, alinhada, ou seja: Uma quarentona bonita.

– Olá querida, emagreceu aquelas graminhas que você ficou me devendo? – Seu sorriso de canto combinado com um lance rápido de cabeça quase me fez pensar que ela iria dar o bote.

– Dois. Dois quilos. Pra você não ter o que dizer, linda. – Meu sorriso falso se abriu de um canto a outro, e nos cumprimentamos falsamente com beijos no rosto – rostos que mal se tocavam.

Naja, ugh.

– Ok, Jeanine, ah... – Minha mãe já estava ao meu lado. – Vamos à prova do vestido, sim?

– Sim claro, meu amor...

Já estávamos entrando na parte dos vestidos quando ela chamou:

– Mas espere! Eu cometi uma gafe!

– Jeanine Matthews cometeu uma gafe? Isso é inconcebível! – A falsidade transbordava dos meus lábios.

– Oh sim querida, eu sei que é, mas eu, por não ter secretárias capacitadas para o trabalho árduo de serem minhas secretárias, confundiram os schedules...

– Os horários. – Minha mãe cortou.

– Sim, e oh! – Ela colocou a mão na boca. – Caleb Elgort virá hoje também fazer a sua prova as 13:30!

– Tá, eu não ligo. – Dei de ombros.

– O que? - A frustração na voz de Jeanine foi tangível. – Minha lindinha, você não sabe que não é de bom trato que o noivo veja a noiva antes do casamento?

– E o que pode acontecer? A terceira guerra mundial? O apocalipse? Deus e o diabo brigando na rua só porque o Caleb me viu dentro de um vestido branco que ele só vai ver durante algumas horas? Eu não ligo para superstições.

– Mas deveria... – Jeanine saiu cantarolando a frase como uma canção de ninar.

Lancei-lhe um olhar de desprezo, enquanto estava sentada folheando revistas que – curiosamente ou não – tinham Jeanine na capa. Fiquei esperando lá durante alguns minutos que poderiam ter sido horas. Bufei, revirando os olhos, e quando já não agüentava mais, Jeanine me chamou:

– Senhorita Beatrice Prior.

Caminhei a passos lentos até a parte interior da sala onde minha mãe e minha irmã estavam de guarda, vigiando todos os passos de Jeanine, o que mexia e onde mexia no meu vestido. Naquele momento o encarei.

O meu vestido: Lindo, estonteante, maravilhoso, e ao mesmo tempo tão simples. De uma riqueza de detalhes tão singular, de uma delicadeza estranha até pra mim, que nunca fui delicada. Mas era lindo. Perfeito.

E era meu.

Pela primeira vez naqueles dias eu experimentei o friozinho na barriga do qual falam. Daquele momento em que você percebe que tudo vai mudar. Foi a primeira vez em que eu pude me ver dentro daquele vestido, chegando a altar, concretizando tudo o que havia planejado durante anos.

Era o meu momento.

E eu queria isso.

E eu estava preparada pra isso.

Pelo canto do olho vi minha mãe admirando aquele meu momento, enquanto uma ajudante e Jeanine faziam a segurança da porta. As duas ajudantes na sala me levaram até o pequeno altar elevado, onde, com muito cuidado, me vestiram. Depois disso fui colocada na frente de um grande espelho, e ao me contemplar daquela forma, finas lagrimas desceram dos meus olhos.

Minha mãe também chorava.

Naquele momento ninguém disse nada. Mas todas partilhavam do mesmo sentimento. Até a naja da Jeanine.

Ainda me encarava na frente do espelho passando levemente a mão sobre o tecido delicado quando uma voz conhecida me fez despertar do meu devaneio pessoal.

– Meu Deus, você é a mulher mais linda que eu já vi nessa vida, Beatrice Prior.

– NÃAAAAO!

– AI MEU DEUS!

– SAI DAQUI CALEB!

– Gente, parem com isso...

– NÃO, ELE VAI ESTRAGAR TUDO!

Eu achava que não, mas naquele momento o apocalipse havia começado.

Uma pequena multidão de mulheres: Minha mãe, as duas ajudante e Jeanine tentavam ao mesmo tempo: Tapar os olhos de Caleb e colocá-lo pra fora da sala.

Ergui-me na ponta dos pés pra olhá-lo nos olhos, e ele me deu aquele sorriso que eu tanto amo... Amava. Ele piscou os olhos pra mim e sussurrou ‘eu te amo’, quando Natalie, que não sei de onde havia surgido, o arrastou pra fora da sala, e Jeanine lacrou a porta da sala como se ela fosse um cofre forte.

– Quanto ele viu? O QUANTO ELE VIU? – Jeanine berrou desesperada para as assistentes.

– Não sei, senhora, acho que pouco...

– Escutem bem, caso esse casamento fracasse eu não vou permitir que estraguem a minha reputação! Quem vai querer comprar vestidos comigo se houver um desastre? QUEM?

– Jeanine, menos, tá... Ei psiu, vocês, me ajudem a descer. – As ajudantes correram até mim e aos poucos começaram a retirar o vestido. – Bem menos querida. Não vai acontecer nada, e você está sendo bem paga pra ficar calada. É só uma superstição idiota. Agora pare de dar chilique. Não sou obrigada a aturar você dando faniquito um dia antes do meu casamento. – Rolei os olhos.

Depois de um longo suspiro, puxou seu conjunto bem costurado e milimetricamente ajustado ao corpo, e disse: - Depois não diga que eu não lhe avisei, Beatrice.

Depois do pequeno “incidente” ainda ficamos lá dentro, Jeanine dando ordens e mais ordens às suas “criadas” enquanto eu assistia passivamente a tudo. Depois de uns trinta minutos, despertei e me lembrei de Natalie e Caleb. As ajudantes ainda estavam lá retirando alfinetes e coisas do vestido, enquanto eu as pedi que parasse, pois me lembrei de Natalie, e queria que ela visse o vestido.

Ela merecia, afinal.

Fui procurá-la.

O inicio do fim.

– Ei, vocês sabem onde estão Natalie e Caleb?

– Provavelmente ele deve estar provando a roupa, não sei, mas dê uma olhadinha ai fora, querida. – Minha mãe piscou em minha direção, e voltou-se para Jeanine, que gesticulava.

Abri a porta e caminhei vagarosamente até o saguão de entrada. Acenei para a recepcionista e ela apontou para o corredor.

Até então eu não havia percebido que tinha um corredor.

Então entrei.

O corredor era longo, as luzes estavam apagadas, mas como era dia, não havia necessidade de querer ligá-las. Eu, ainda vestida de noiva, andava silenciosa e cautelosamente pelo corredor, procurando não pisar naquele imaculado vestido, quando ouvi gemidos.

Meu rosto se contorceu, e eu segui os sons. Não eram gemidos, eram respirações pesadas, como se alguém estivesse...

Encostei o ouvido na porta e abri de uma vez.

E exatamente naquele momento retiraram a tábua de alicerce do meu mundo, porque estavam lá: Minha irmã e meu futuro marido, em cima de uma mesa como dois cachorros no cio.

Só tive ação para arregalar os olhos e manter em minha mente registrado o olhar que ela me dirigiu: Um olhar de nojo, e seu sorriso. Um sorriso podre, cheio de ódio e vingativo. Meus olhos se embaçaram rapidamente, e eu não tive ação a não ser ver Caleb empurrar Natalie de cima dele e tentar se explicar, enquanto ela, parada, ainda sorria, na verdade, gargalhava.

Quando ele tentou me tocar, me esquivei e sai gritando. Enquanto corria o longo corredor, gritava, berrava, chorava, esperneava. Abri a porta da sala onde me troquei. Minha mãe me fitou, em seu rosto só havia expressão de duvida.

– ME DÁ A CHAVE!

– Mas...

– ME DÁ!

Ela arremessou a chave, enquanto Caleb ainda corria e se ajoelhava no chão, gritando:

– Me deixe explicar, me deixe explicar!

Sai e me joguei dentro do carro. Cantando pneu, segui em direção a minha casa. Corri pra dentro, subi as escadas num pulo indo em direção até o meu quarto. Peguei uma mala velha debaixo da cama, e joguei umas calcinhas, minha carteira, roupas triviais, e calcei um coturno velho.

Desci as escadas correndo e larguei a chave do carro da minha mãe lá. Eu não ia precisar dele.

Na sala, ainda chorando, ainda vestida de noiva dei uma ultima olhada.

Minha casa.

Minha vida.

E eu estaria deixando tudo pra trás.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? *-*