O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 35
Capítulo 9 - A Profecia de Mandos




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Rohan estava devastada, as casas foram quebradas e os portões destruídos. Nós vencemos a luta quase que por um milagre. Eithor fora derrotado, seu corpo foi cremado. Percebeumos que ele foi usado por Sauron todo esse tempo.

Não havia tempo para reparar os danos em Rohan, pois segundo as informações de Eithor, após sua queda, Sauron provavelmente mataria as pessoas em Minas Tirith.

Cuidamos dos feridos, e os que ainda podiam segurar espadas foram convocados para a última batalha. Mas por hora descansaríamos, e partiríamos a toda velocidade ao amanhecer do terceiro dia.

Ora, estávamos em reunião novamente no palácio de Rohan, sentados em uma mesa grande feita de uma madeira pesada e rústica, com uma cor marrom escuro e um tapete verde com listras brancas nas laterais em nossos pés. Glorick estava com a cabeça enfaixada, dizia ele que um orc o acertou na cabeça.

Olórin dizia que após a sombra que estava em Eithor ter sido destruída, provavelmente Sauron estaria mais fraco, e essa era a hora perfeita para ataca-lo, antes que recuperasse suas forças.

— Mas nosso exército é o suficiente para atacar Minas Tirith? – perguntou Glorick, então seu irmão Grodrick o acertou em sua cabeça, sob a ferida.

— É claro que sim seu tolo! – disse Grodrick. – Temos o exército de anões quase inteiro ainda, e junto com os outros não é um número tão grande, mas é o suficiente!

— Porque fez isso, seu miserável? – resmungou Glorick por causa da pancada em sua cabeça.

E os dois se encaravam com ódio em seus rostos.

A história entre eles era complicada, Glorick e Grodrick eram irmãos, e não se viam há anos. Grodrick vivia nas Ilhas do Norte, enquanto Glorick na Terra-Média, e nunca se interessou pelos negócios da família, pelo menos era o que ele dizia. Mas quando Grodrick chegou, pode-se ouvir ele dizendo que Glorick envergonhava a família, pois não ia para o mar por ter estômago fraco, e não aguentava navegar pelo mar. E ao ouvir isso Tuandil entendeu porque Glorick ficava sempre enjoado nas viagens a cavalo.

Enquanto os anões discutiam, pude perceber que o rosto de Olórin estava sério, mas não por causa da briga dos anões, mas por algo que estava em sua mente, e pude ouvi-lo dizer baixinho, quase cochichando para si mesmo enquanto soltava a fumaça de seu cachimbo e olhava para o além.

— Profecia... Profecia... – dizia ele e repetia.

— Silêncio! – eu gritei no salão, e assim os anões pararam de brigar. – Olórin, quer nos dizer alguma coisa? – eu perguntei ao Mago.

Ele olhou para mim, e em seguida para os outros no salão, que estava sendo iluminado por poucas velas, e os cachimbos já faziam o lugar estar cheio de fumaça.

— Temos cerca de quatro mil homens em nosso exército, estou certo? – perguntou Olórin.

— Sim. - respondeu Eremon, o Senhor dos Guardiões. – Esse é o número mais provável.

— Temo que não seja o suficiente. – disse Olórin. – Na verdade não é. A única e maior chance que temos, é derrotar Sauron, pois assim seu exército inteiro sucumbiria, assim como aconteceu quando o Um Anel foi destruído. - terminou soltando a fumaça.

— Mas Gandalf. – perguntou o Hobbit Paladim. – Quais são as chances de derrotarmos Sauron em batalha?

— Quase nenhuma. – respondeu Olórin. – A nossa maior chance é Wallor e a Espada dos Ventos. Pois nem mesmo eu seria capaz de derrotar Sauron em uma luta; o que aconteceu na primeira batalha de Rohan foi pura sorte, e Sauron estava despreparado para minha chegada.

Então todos olharam para mim.

— E o que quer dizer a “profecia?” – eu perguntei. E assim Olórin mudou de expressão novamente. Seus olhos ficaram vazios e seu rosto sério, então ele levou seu cachimbo até a boca antes de falar.

— Existe uma profecia muito antiga. – dizia o mago. – Na verdade ao mesmo tempo em que acredito que possa ser isso, também acredito que não, mas temo muito que seja.

— Desembucha! – disse Grodrick arrogantemente.

— Se trata da Segunda Profecia de Mandos. – disse Olórin. – Mandos, é o mais sábio entre o Valas, e profetizou vários acontecimentos antigos. E essa que possivelmente Eithor quis nos avisar diz: “Quando o mundo estiver velho e os Poderes cansarem-se, então Morgoth deverá retornar através da Porta para fora da Noite Eterna; e ele deverá destruir o Sol e a Lua, mas Earendel virá até ele como uma chama branca e o derrubará dos ares. Então deverá ser travada a última batalha sobre os campos de Valinor. Naquele dia Tulkas lutará com Melkor, e à sua direita estará Fionwe e à sua esquerda estará Túrin Turambar, filho de Húrin, Conquistador do Destino; e será a espada negra de Túrin que trará a Melkor sua morte e fim definitivo; e então as Crianças de Húrin e todos os homens estarão vingados.”¹

— Mas isso quer dizer que venceríamos. – disse Glorick.

— Talvez. – disse Olórin. – Mas uma batalha entre Deuses traria a destruição para esse mundo. As montanhas seriam movidas, do céu choveria fogo, as terras se partiriam ao meio, e os ventos seriam tão fortes ao ponto de mover a terra.

Todos ficaram espantados e em silêncio enquanto o mago falava.

— E Sauron provavelmente planeja ajudar o seu Senhor nessa batalha. – continuou Olórin. – E se for o caso, pretende fazer Morgoth derrotar Túrin, antes que a profecia se realize.

— Morgoth e Melkor são os mesmos? – cochichou Paladim para Tom.

— Acho que sim, são muitos nomes diferentes para decorar. – respondeu ele com a voz baixa.

— E talvez por isso ele tenha capturado Lemlie. – continuou Olórin. – Melkor precisaria de um corpo pois o dele foi destruído, e somente o corpo de um elfo imortal talvez aguentaria tal poder.

Um silêncio se fez ao salão, e esse silêncio se prolongou por um bom tempo.

— Temos que impedi-lo. – eu disse a eles. – Vamos atacar Minas Tirith com força total, e impedir que Sauron faça isso.

A reunião terminou, e todos concordaram que deveríamos agir o mais rápido possível. Após isso todos foram para seus aposentos. Menos eu e Hildwyn, que conversávamos no alto da torre do palácio. Era noite e a lua era cheia, o céu estava estrelado e um vento gelado batia em nossos rostos enquanto observávamos a noite e lá para além das montanhas.

— Está chegando a hora. – disse Hildwyn para mim.

— Sim, a batalha final se aproxima, e finalmente iremos vingar a morte de Karick e Aratus, e assim libertar o povo de Gondor.

— Como pode ter tanta certeza de que iremos vencer a guerra? – perguntou Hildwyn.

— Eu tenho esperança. – eu respondi a ela.

— Você é um tolo. – respondeu Hildwyn. – Nós não teremos chance alguma contra Sauron. Somo apenas quatro mil, enquanto Sauron deve ter mais de vinte mil soldados em Minas Tirith, fora os Lobisomens e os Trolls.

 Fiquei em silêncio.

— Nós vamos morrer, com certeza. – disse ela abaixando a cabeça enquanto estava encostada na sacada. – E eu nem ao menos tive coragem de dizer meus sentimentos.

Então eu olhei para ela sem entender muito bem.

— Wallor. – disse ela olhando para mim, enquanto a lua brilhava junto às estrelas atrás de seu rosto, e seus cabelos estavam sendo jogados ao lado pelo vendo frio do inverno que se aproximava. – Desde o dia em que eu o encontrei naquele lago perto da morte, e o carreguei em minhas costas quilômetros até meu pai; desde aquele dia, eu nunca deixei de amá-lo.

Isso foi um choque para mim, pois eu também amava Hildwyn, mas nunca dessa forma, era um sentimento de proteção, pois eu havia crescido ao seu lado e a tratava como uma irmã.e

Permaneci em silêncio, sem palavras. E então ela me abraçou e se retirou, me deixando sozinho com meus pensamentos e a luz da lua.


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Notas finais do capítulo

1- A Segunda profecia de Mandos é mencionada no livro Contos Inacabados, de Christopher Tolkien. Fonte para mais informações: valinor.com.br/6335