O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 11
Cápitulo 11 - Minas Tirith




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Chovia muito nesses últimos dias, e a ansiedade que estava em meu peito fazia com que cada cavalgada demora-se o tempo o suficiente para pensarmos em nossos destinos.

Estávamos ensopados, os cavalos deixavam pegadas sob a lama, e ainda estávamos na metade do caminho.

Decidimos sair da estrada e encontrar um abrigo, pois a noite estava chegando e se continuássemos molhados durante a noite, talvez nem em Minas Tirith nós conseguiríamos chegar.

Então, próximo as Montanhas Brancas, encontramos uma gruta, onde acendemos uma fogueira e nos aproximamos das chamas para secar nossas roupas e nos aquecer. Assim adormecemos

No outro dia, a fogueira estava quase apagada, havia apenas uma brasa acesa, e pela porta da caverna eu pude observar o sol nascendo, e sentada olhando o horizonte estava Hildwyn.

Aproximei-me dela, e percebi uma lágrima que descia de seu rosto. Era uma imagem que não via há muito tempo.

— Você está bem, Hildwyn? – perguntei a ela.

— Sim, estou. – respondeu ela sem ao menos olhar em meu rosto, somente ao horizonte.

Me sentei ao seu lado e estendi meu braço a abraçando; assim ela encostou sua cabeça sobre meu ombro.

— Não tivemos muito tempo para chorar a morte de nosso pai. – eu disse a ela.

— Sim. – ela respondeu. – ele foi um grande pai.

— Ele foi um grande pai para todos nós. – Eu disse a ela.

Karick fazia muita falta, e se ele estivesse vivo hoje, com certeza estaria entre nós nessa jornada. Ele era um homem de Gondor, e por quais fossem os motivos de ter deixado sua terra, ele ainda amava o seu antigo lar.

— Você acha que vamos conseguir, Wall? – perguntou Hildwyn.

— Eu tenho certeza que sim. – eu disse a ela. – Por Karick; eu jurei que iria conseguir por ele.

Olhávamos juntos o nascer do sol, um novo dia verde. A chuva havia passado, e nosso caminho até Minas Tirith tinha que continuar.

Seis dias de cavalgada se passaram e o silêncio se manteve durante nossa jornada. Então ao final daquela tarde, encontramos uma estrada branca, e ao final dela, uma enorme e imensa cidade branca. O sol adormecia por trás dela, e assim ela emitia um brilho magnifico, com certeza uma das coisas mais belas que já vi em minha vida.

Aratus disse para paramos. Assim deixamos nossos cavalos em um bosque próximo a cidade.

Nos escondemos nas árvores, e Aratus observava o local. Havia muitos orcs espalhados por todos os lados, eles conversavam e mantinham guarda sob o grande portão. Parecia realmente impossível conseguir entrar.

— O que faremos agora, Aratus? – perguntei a ele.

— Como pensei. Entrar pelo portão principal é impossível. – disse ele – Mas a noite nos favorece, eu conheço uma entrada alternativa.

Entramos bosque adentro; e quanto mais entrávamos naquele bosque, algumas lembranças de estar correndo nele, sob as costas de um Guardião, vinham em minha mente.

Chegamos a um grande paredão branco. E ali havia um buraco na parede, então nos aproximamos e vi que era água corrente, e a única coisa que impedia o nosso acesso era uma grade de ferro presa naquele local. Que na verdade se tratava de um esgoto.

Aratus desceu naquele buraco, pisando com suas botas na água verde; e colocou as duas mão sob as grades.

— Vamos ver. – disse ele.

Então escutamos um barulho, e a grade caiu.

— Eu sabia que não haviam consertado isso. – disse ele. – Essa grade estava apenas encaixada aqui. Há muitos anos, fui eu quem fez isso quando era jovem. - acrescentou ele com um sorriso no rosto.

Abaixamos nossas cabeças e entramos naquele túnel escuro. Real mente não conseguíamos ver nada, então Aratus segurou a mão de Barad, que segurou a mão de Hildwyn, e que segurou a minha mão; e assim em fila seguimos. O escuro não era o único problema, mas o fedor também. As vezes escorregávamos e tentávamos segurar na parede, que estava cheia de musgo, e sempre podíamos sentir teias de aranha batendo em nossas testas.

Após algum tempo andando na escuridão, encontramos uma luz. A luz vinha de cima de nossas cabeças, certamente era um tampão com alguns buracos, que servia de bueiro na cidade.

Aratus escalou as pedras que davam acesso ali, e ergueu devagar o tampão. Então ele subiu, e logo estendeu sua mão para nós subirmos também.

Não demorou muito para estarmos dentro de Minas Tirith. Estávamos em uma rua qualquer, que normalmente era muito movimentada em Gondor, mas estava vazia.

Em seguida escutamos um barulho à frente, e havia uma luz se aproximando. Corremos até um pequeno beco, e logo uma pequena marcha de Orcs com tochas em suas mãos passaram por nós.

— Certo, e agora? – perguntou Barad.

— Temos que encontrar Eithor. – disse Aratus. – Provavelmente ele está no salão principal, no topo da cidade.

Ele apontou para cima, e percebemos que era muito alto, e longe.

— O que? – disse Barad. – Até chegarmos lá vai demorar muito, podemos ser vistos a qualquer momento.

— Eu disse que seria uma missão suicida, não disse? – respondeu Aratus.

— Não temos tempo para arrependimentos agora. – disse Hildwyn – Qual é o caminho Aratus?

— Por aqui. – disse ele, nos guiando.

Andávamos por becos e sempre nos escondendo atrás de caixas e de paredes. O sol começou a nascer novamente, assim conseguíamos ver melhor as coisas. A cidade era branca, feita quase inteiramente de pedras brancas, como se tivesse sido esculpida de dentro de dentro de uma montanha. Mas, Minas Tirith estava um verdadeiro lixão; havia sujeira para todos os lados, era uma verdadeira toca de orc.

Ao amanhecer, pessoas começaram a sair das casas, todas com uma expressão horrível em seus rostos, e completamente sujas e desnutridas, como se a água e a comida estivessem escassa na cidade. Aratus olhou para mim e disse:

— Eles estão realmente sofrendo.

Havia velhos, mulheres e crianças sendo puxadas por Orcs, todas acorrentadas, sujas e magras. Eles estavam os levando para algum lugar, provavelmente estavam sendo forçados a trabalhar em alguma coisa.

Um velho muito magro caiu ao chão, então percebi um homem sem uma mão se aproximar dele, e chicotear o velho.

— É aquele maldito. – eu disse a eles. – Aquele homem é o responsável pela morte de Karick.

Senti uma fúria enorme subir em meu corpo, uma fúria grande o suficiente para esquecer do nosso objetivo e ir até aquele homem. Mas Aratus me segurou pelo braço antes que eu fizesse alguma besteira.

— Acalme-se, você terá a sua vingança. – disse Aratus.

Então outro orc apareceu, que já havíamos encontrado antes. Kazurk surgiu para conduzir aquelas pessoas. Mas antes ele foi até o “Homem com uma mão” e disse a ele.

— Eithor quer vê-lo. – disse Kazurk.

Foi a primeira vez que escutei a voz de Kazurk, ele tinha a voz muito poderosa, mas muito parecida com a dos orcs.

Eles conversaram alguma coisa que não consegui entender, e Kazurk continuou levando as pessoas até algum destino. E assim seguimos aquele homem até onde conseguiríamos.

O caminho era inteiramente subidas e mais subidas, havia muitas pessoas jogadas pelas cantos junto ao lixo como mendigos.

Após algumas horas, acabamos perdendo o "homem de uma mão" de vista, e nos escondemos atrás de uma casa. Então, alguns orcs começaram a entrar nessa casa.

Eles entraram lá destruindo tudo, erguendo as mesas e assustando os moradores, uma coisa que pelo fato já era comum, pois os moradores quase não se assustaram com aquilo, como se ter orcs entrando em sua casa e jogando sua mesa para o ar fosse algo muito normal.

— Vocês! – disse um dos orcs – Devem dinheiro para Eithor.

— Nosso dinheiro acabou, na verdade o dinheiro de toda a cidade já acabou. – disse o velho.

Então um dos orcs tirou uma faca do cinto, - Então uma de suas mãos servira de pagamento. – disse ele.

Então um garoto que estava naquela sala junto com os pais, começou a chorar.

— Nurd. – disse o velho. – Vá lá para fora, você não precisa ver isso.

O garoto correu, e fora de sua casa ele nos encontrou. Um garoto sujo e muito magro; ele olhava com seus olhos grandes e brilhantes para nós, sem entender muita coisa.

Então Aratus fez sinal de silêncio para ele, e Hildwyn tirou um pão de sua mochila e entregou ao garoto, que respondeu com um sorriso.

— Vá atrás daquele garoto, nós iremos levá-lo também. – disse um dos orcs.

Nisso os pais da criança começaram a gritar por misericórdia. E então todos nós nos escondemos, e o orc se aproximava do garoto, que assustado andava para trás.

Hildwyn o pegou por trás, tampando a sua boca, e rapidamente torceu o seu pescoço. Mas o corpo do orc era pesado demais para ela segurar, e então o derrubou no chão, assim fazendo um grande barulho. O outro orc foi até lá ver o que havia acontecido, e foi recebido com uma espada em sua cabeça por Aratus.

Ao entramos na casa, percebemos que ela estava inteiramente vazia, as pessoas dormiam em trapos ao chão, e não tinham nada de comida e água há muito tempo. Então perguntamos a eles se estavam bem.

— Sim, estamos bem. – disse o velho com sua voz rouca. – Quem são vocês?

— Eu sou Aratus, filho de Barethor, esse é Wallor, filho de Guildor. – respondeu Aratus.

Então o velho se maravilhou com a notícia, e se curvou perante mim.

— Meu rei. – disse ele.

— Levante-se homem. – eu disse a ele o levantando.

Eu olhei para ele, que estava realmente magro, sujo e machucado, e seus olhos brilhavam prestes a chorar.

— O que houve com esse povo? – eu perguntei a ele.

— Eithor tem cobrado impostos absurdos. – disse o homem – Depois que o dinheiro de todas as pessoas da cidade acabou, ele começou a pegar nossa comida e nossa água, e depois que as pessoas ficaram sem absolutamente nada, foram escravizadas para ter alguma coisa.

— Isso é horrível. – disse Barad.

A família nos agradeceu, e disse onde podíamos encontrar Eithor. E então vi uma cena que me chocou muito: o pão que Hildwyn havia dado ao garoto, ele estava dividindo em três partes, para dividi-lo com sua família. Peguei toda a comida que havia guardado, e entreguei a eles, e assim todos fizemos o mesmo.

— Se puderem, dividam isso com quem conseguirem lá fora. - dissemos a eles.

O homem nos agradeceu e se ajoelhou novamente.

— Meu rei, muito obrigado. – disse ele em lágrimas.

Eles nos desejaram boa sorte. Então assim partimos em direção ao palácio central, ao encontro de Eithor.


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