Eu abri meus olhos rapidamente, e demorei algum tempo para tentar lembrar quem eu era, onde estava, o que estava fazendo lá, mas, de repente, todas essas perguntas pareciam insignificantes quando eu lembrei que dia era. Era o dia 22 de Abril. De que ano? Eu não conseguia me lembrar. Eu simplesmente sabia que eu tinha que estar em algum lugar. Mas onde? Eu não sabia.

Eu não me lembrava nem de quantos anos eu tinha. 14? 15? Eu não fazia a mínima ideia. Eu me sentia extremamente confusa. O que eu estava fazendo em um cemitério? Porque um pássaro preto estava me encarando? Porque a minha cabeça latejava? Ao levar a minha mão à parte de trás da minha cabeça, a parte aonde a dor era mais intensa, eu senti algo molhado.

Retirei a minha mão para olhar para ela. Ela estava suja com um liquido vermelho.

Sangue. Pensei. Eu realmente não fazia a mínima ideia de o que eu deveria fazer. Rasguei um pedaço da minha calça, e coloquei na minha ferida.

Mil pensamentos passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo. A maioria perguntas, e todas sem respostas. Não sei explicar o que aconteceu depois. Só sei que eu apaguei.

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Acordei da mesma forma que eu estava antes, mas bem mais fraca, acho que pelo excesso de sangramento.

Decidi fazer o que eu podia para melhorar o ferimento. Vi uma mochila preta no chão, que devia ser minha. Abri e achei uma garrafa de água. Bebi um pouco e joguei um pouco no meu ferimento. Também achei um pequeno kit de primeiros socorros, então peguei uma pequena garrafa que dizia limpar ferimentos. Joguei um pouco na minha ferida. Ardia mais que tudo, mas eu sabia que era necessário. Fiquei em pé, pois sabia que ficar deitada não ajudaria em nada. Rasguei outro pedaço da minha calça, e tirei um pouco do sangue. Depois tentei botar um curativo.

Eu realmente não sabia o que fazer, nem para onde ir, e na minha suposta mochila não havia nada que pudesse me dar nenhuma pista, então decidi andar sem rumo, pois, ficar parada não me ajudaria em nada.

Antes de ir dei uma boa olhada no local para ver se achava alguma pista de qualquer coisa. Achei um botão, um pedaço de metal, um tablet com a tela quebrada, e um pedaço de tecido preto.

Decidi ver se o tablet ligava, para ver se continha alguma informação, mas, pelo que pude perceber, ele estava quebrado mesmo.

Enfiei todas as “evidências” dentro de um dos bolsos da minha mochila, inclusive o tablet, e analisei o local para ver em que direção eu deveria ir. Não importava a direção que você olhasse, apenas se viam túmulos e arvores e plantas (sem contar o norte, que tinha o pássaro preto que ficava me encarando).

Então peguei a minha mochila e começei a andar para o norte, e, enquanto andava tentava lembrar de alguma coisa. Qualquer coisa. Sobre mim, se eu tinha família, se eu tinha amigos, se eu tinha inimigos, o que eu gostava, o que eu não gostava, e incrivelmente a resposta para todas essas perguntas era: não sei. A única coisa que eu sabia era que isso não era normal, e, definitivamente, não acontecia todo dia.

Enquanto eu andava, eu tropecei em algo, pois eu estava completamente perdida em meus pensamentos. Era um espelho. E estava quebrado. Não sei como, mas eu sabia que isso não era bom.

Quer saber a minha aparência? Eu tenho cabelos pretos, lisos, repicados e curtos, olhos azuis e um tanto quanto puxados e pele pálida. Eu decidi não levar o espelho comigo, pois não parecia certo.

Ao continuar a andar me perdi novamente em meus pensamentos e minhas tentativas de lembrar de algo. E então eu bati ou esbarrei em algo ou alguém.