Applause escrita por KM Bárbara


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente, ainda não tenho um beta, ou seja, esse capítulo não está totalmente corrigido. Sinto muito qualquer transtorno. Logo, a devida correção será feita. Enfim, todo amor que houver nessa vida pra vocês. Bjs, Tia Ka.



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Applause

Olhos verdes baixos se fixavam na fumaça que se esvaía do cinzeiro em cima da pequena mesa central. A atenção voltada ao nada. Não havia música, nem claridade ao seu redor. O silêncio de seu apartamento fazia-lhe companhia. Agradecia por isso. Em sua mente, memórias passavam-se como luzes, rápidas. Momentos gloriosos que não obtinha mais.

“Merda!”

Pegou mais um cigarro, colocando-os entre os lábios já ressecados. Acalmou-se. Murmurou mais um “merda” baixo, como que por reafirmação. “Merda...”, pensou, “merda” novamente. Quase como um suspiro mental. Suspirou realmente, dessa vez. A campainha tocou. Encostou sua cabeça, antes baixa, na poltrona marrom em que se encontrava, respirando fundo por antecipação. “Não levantarei”, resolveu. Sabia exatamente de quem se tratava.

Minutos de um breve silêncio se pôs, sem sinal de insistência. Breve, realmente. Logo, frenética tocava novamente. Impaciente, agora grita, tão alto quanto sua voz lhe permitia. “Não se faça de educado, querido. Se tens a chave, entre! E pare de tocar essa droga de campainha!”

Mais uma vez o silêncio se fez breve. A luz que penetrava sala adentro junto ao já tão conhecido cavalheiro encomendou-lhe. Infelizmente, nem sempre fora assim. Às vezes tinha saudade dos tempos em que a presença dele era mais que agradável, era necessária. Ainda sentia isso, vez ou outra. Mas logo tratava de esmagar cada tentáculo desta doença que lhe apossava o coração como um monstro. Seu amor pela fama era mais justo, mais fiel e mais verossímil. Menos perigoso. Ainda assim, não havia trocado a fechadura de seu apartamento. “Por quê?”

Sua mente não lhe deu tempo para respostas, pois seus olhos já haviam captado a visão dos belos cabelos ébano do homem que se sentava a sua frente, jogando descaradamente seu cinzeiro no chão. Olhou-a fixamente, como sabia que ela sempre amoleceria, e lhe lançou seu sorriso mais charmoso. “Ele realmente precisa fazer isso? Sabe, seduzir-me? Porque, obviamente, ele tem plena consciência do efeito que tem sobre mim.” Refletir sobre isso, não diminuía seu efeito.

“Maconha? Esperava mais de você, querida.”

E é obvio que se tratava de uma pergunta retórica, porque ninguém melhor do que ele pra reconhecer maconha. Ou cigarros, ou qualquer outra droga que se possa imaginar. Seu sorriso sacana só evidenciava ainda mais o caso. “Ah, como queria arrancar-lhe aquele sorriso!

“Não acredito que esteja falando sério, meu amor. Você sabe melhor do que eu que isso são só cigarros. Minha infância já passou, meu bem.”

Sua risada gostosa só a irritava mais. Como música aos seus ouvidos, seu estômago revirava. E ela gostaria mesmo que fosse de nojo. Ou uma indigestão, talvez. Parecia uma visão mais segura do futuro. “Que merda, seu sorriso é tão bonito...

“Você fala como se toda infância, só fosse realmente ‘infância’ se tiver tido maconha. Nem todo mundo teve sua infância transviada como você, rosada. O mundo é mais bonito que isso.”

Enquanto levava o cigarro aos lábios, encarava-o com escarnio. “Para você, deve ser, realmente.” Quase deixou escapar, venenosa. Mas preferiu manter-se em silêncio com sua amargura. Mostrou-se surpresa ao ser puxada de encontro a seu visitante com força pelos cabelos, o cigarro caindo de seus lábios. “Preste atenção em mim.” Seu cigarro foi pisado, enquanto a frase era dita. “O que você quer?” Perguntou ofegante. Seu cérebro apitava “Perto demais! Perto demais!” Contudo, seu corpo não respondia.

“Eu só queria... Eu...” De repente, ele não parecia saber o que dizer. E os olhos dele nos seus lábios, só a fazia odiá-lo mais porque, assim, passava a desejar os seus também. Seus olhos se fechando, enquanto seu rosto se aproximava do dela e sua mão forte prendendo-a pelos cabelos, impedindo de fugir. Tudo era ódio, perdição. Então, quando seus lábios se tocaram, com pressa, e seus olhos se fecharam, a decisão estava tomada.

Ergueu seus braços, enlaçando seus ombros largos, descendo as mãos delicadas, enroscando-as em sua camisa fina. Levantando-se, sentou lentamente em seu colo. Doando-se. As mãos de dele largaram seu cabelo, passando por suas costas com pressa, apertando seu quadril. Beijavam-se sedentos.

“Sakura...”

Ouvir seu nome nos lábios másculos a feriu como nunca pensou que seria. Enquanto os mesmo lábios beijavam-lhe agora o pescoço alvo, quase mudou de ideia. Por uma fração de segundo, lembrou-se de algo. Algo. Não foi o suficiente. Insanidade, era a palavra. Tomou-lhe o rosto pelas mãos, fixando seus olhos nos dele, sentiu seu hálito fresco. Ágil, as mãos tiraram-lhe a camisa. Voltou a segurar seu rosto com fúria. “Shh... Agora, eu desejo os aplausos.” Deitou-o na mesa, impondo-se sobre ele. Os rostos próximos, a respiração era única. Pôs seus lábios sobre os dele, num perdão silencioso. “Eu amo você.” ele disse, e as lágrimas escorregaram de suas esmeraldas contra a sua vontade. “Eu sei.” Foi tudo que conseguiu dizer. “Eu sei...

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Em sua poltrona, olhava para seu cigarro aceso ainda intocado em seus dedos. O relógio parecia alto de mais, o tempo, eternamente lento. “É o que a espera faz conosco, meu bem.” Aquela voz parecia nunca sair de sua mente. Quase podia sentir seus lábios frios em contato com sua pele mais uma vez. Seus olhos marejaram novamente, cansados. Agora, conseguia ouvir os barulhos tensos de passos nas escadas. “Finalmente.” Falou a ninguém. A porta foi forçada, em uma contagem regressiva. Um, dois, três... “Finalmente” pensou, levantando-se. Jogou o cigarro no chão, caminhando até seu quarto. Ergueu a mão para a dúzia de homens armados parados a sua porta, atentos. “Esperem eu colocar uma calça. Enquanto isso, deliciem-se.” Dirigiu-se ao aposento, pisando na enorme poça de sangue em meio ao tapete branco. Seus pés deixando marcas no chão. Seu coração sendo marcado permanentemente.

Enquanto era guiada até a viatura, conseguia ouvir os gritos. Exclamações! Seus olhos nublados, nada enxergavam. Desfocados. Lágrimas caíam sobre suas bochechas pálidas. Um sorriso choroso lhe ornamentava a face louca. Era ovacionada de pé. Odiada. “Isto está certo ou está errado?” Havia luz e vozes, mas não havia vida. As ruas estavam cheias demais. Mãos tocavam seu vidro, batiam em sua janela, clamavam seu nome.

Seu braço foi puxado enquanto era guiada até a delegacia. Pessoas a tocavam, chamando-a. “Isto está certo ou está errado?” De repente, via-se de frente a um cara robusto e aparentemente agressivo (Um sorriso escapou-lhe. Se ele era agressivo, o que ela era?). Estava longe do público. Havia homens armados em todo lugar, todos pareciam querer respostas. Não as tinha. “Não as tinha...”.

“Por quê? Porque matou Sasuke Uchiha? ”

Então, quando aquela pergunta foi feita, ela não poderia ser respondida. Disse-lhe, somente, o que tinha para dizer. A justificativa injustificada. Era tudo o que havia para dizer. O que podia. A voz do delegado tocava ao fundo de sua mente, como uma trilha sonora: “Vocês eram namorados? Mantinham uma relação? Foi pelo fato de seu contrato com a gravadora ter sido cancelado e, o dele, renovado? Fale-nos o motivo! Por quê?”.

Por quê? Por quê? Por quê? Por quê?”...

Finalmente...” pensou. Os olhos erguidos, e uma única lágrima, derradeira, descendo em direção aos lábios, agora intocáveis.

“Eu vivo pelos aplausos.”


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Notas finais do capítulo

Reviews é pedir de mais, eu sei. Ainda assim, obrigada por ler essa pequena obra do acaso. Paz na tua vida, irmão.



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