Minha testa estava colada ao vidro do aeroporto. Os aviões pareciam ser de brinquedo, brincando de trabalhar. Passei uma madeixa negra de cabelo por trás do lóbulo da orelha, uma velha mania. Meus olhos captavam tudo que podiam ver dali. Podiam ver pessoas pequeninas, com suas vidas pequeninas e seus pequenos problemas. Podia imaginar a chama de vida no peito de cada um deles, mas não conseguia ver em seu peito. Talvez fosse por isso que estava de volta a Orlando, para encontrar consigo mesma? O cheiro de mormaço e umidade da cidade não tinha mudado, e sentia os cabelos armarem um pouco mais.

Logo Driss chegou ao meu lado, me abraçando por trás de maneira carinhosa.

- O que está olhando, Bley?

- O avião ora. – disse me esquivando do abraço deste.

- Bom, Bley. Vamos pegar um taxi para o apartamento e nos instalar, amanhã vai para a entrevista de emprego e você para a faculdade. – ele disse enquanto pegava minhas malas e colocava num carrinho.

- Sim. Isso mesmo. – eu apenas disse.

Tudo ocorreu como Driss planejara, pegamos um taxi. Fomos ao apartamento novo meu e dele. E logo era madrugada em meu quarto, as estrelas serviam de um manto para mim, enquanto imaginava a vida de todos os meus ex-amigos. Pensava em Julieta, Johnny e muitos outros. Será que se lembrava de mim? Deixei meus olhos fecharem sem aviso prévio. Senti um cheiro de rosas queimadas, e finalmente tive a revelação. Se não se lembravam de mim, faria eles se lembrarem