Quando Rose acordou na manhã seguinte tinha a sensação de estar anestesiada. Sentia braços ao seu redor e estava apoiada no peito de Scorpius como se pertencesse ali a vida toda. E claro, por muito tempo Rose achou que pertencia como também achou que seus devaneios nunca poderiam ser reais. Ela tentou negar por bastante tempo, tentou fingir que nada acontecia entre os dois além de amizade, tentou se convencer que apenas achava incrível como Scorpius tinha uma relação tão especial só com ela mesmo com todos os problemas de intimidade do loiro. Rose tentou esquecer, tentou superar, teve outras paixonites, outros relacionamentos, mas não importava quais reviravoltas a vida resolvia jogar em cima dela, Rose sempre tinha uma única constância e essa constância se chamava Scorpius Malfoy. Não havia muito como explicar porque certas coisas apenas não tem como e não devem ser explicadas e Rose sentia o alívio tomar conta dela em finalmente poder aceitar. Pela primeira vez, em muitos anos, estava tudo bem. Pela primeira vez, em muitos anos, pode fazer as pazes com seus sentimentos e, apenas, aceitar senti-los de maneira intensa e, melhor, retribuída. 

Não havia dúvidas de que o que ela e Scorpius têm era algo que, se as pessoas tiverem muita sorte, terão apenas uma vez na vida. Um tipo de relação que envolvia tanta cumplicidade, confiança, amor, cuidado e intimidade, um tipo de relação que é orgânica, espontânea, com dinâmica e ritmo próprio, que demora anos para construir e anos para conservar. Aprender a perdoar, saber impor limites e crescer junto com a pessoa também é um privilégio que poucos conseguem alcançar e eles conseguiram. Não havia nada no mundo que Rose sentisse que não pudesse fazer com Scorpius ao seu lado e a certeza que ele sentia o mesmo fazia o peito da ruiva transbordar com um sentimento novo que ela ainda não aprendera a dar nome, mas que teria o resto da vida para descobrir e aproveitar. Rose queria tudo, queria ser tudo que pudesse ser para ele, melhor amiga, namorada, esposa, companheira, mãe dos filhos deles… não importa, o que a vida reservasse ela estaria pronta para aceitar e ansiosa para ser. 

Scorpius se remexeu ao seu lado e a ruiva sentiu quando sua respiração ficou mais leve, sorriu ao imaginar os olhos cinzas dele abrindo devagar. O loiro a apertou com um pouco mais de força e depositou um beijo delicado em seu rosto. Rose se virou. 

— Bom dia - esperava que seu sorriso estivesse tão eufórico quanto seu peito palpitante. Ela ficou satisfeita quando viu o brilho no olhar dele em troca.

— Se todos os nossos dias forem assim eu não sei se consigo esperar pra vivê-los...

Rose revirou os olhos, as cantadas baratas de mulherengo de Scorpius Malfoy sempre seriam as mesmas. 

— Pra que tanta pressa, Malfoy.

E o som provocativo com o qual ela fala o sobrenome dele sempre seria uma das coisas favoritas de Scorpius. 

— Eu já perdi tempo demais Weasley - ele estalou a língua no céu da boca, puxando-a mais pra perto - não vou perder nenhum segundo a mais

Rose sorriu porque no fundo era inútil pensar que ela conseguiria fazer qualquer outra coisa além disso, esse era o efeito que Scorpius sempre teve nela. A sensação de deslizar seus dedos pelos fios macios loiros e puxá-los para si, beijando com amor e desejo, era algo que a ruiva não deixaria de aproveitar.

Assim passaram o final de semana todo, incomunicáveis, isolados de tudo e todos, numa espécie de bolha particular só deles dois, relembrando tudo que viveram, recuperando aquilo que tinham deixado passar, planejando pelas tantas coisas que queriam fazer em seguida e curtindo cada segundo daquilo que viviam agora.