Alinhamento Astral. escrita por Luali Carter, Rocker


Capítulo 7
Capítulo 6 – Ciúmes?! Quem está com ciúmes?!




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Capítulo 6 – Ciúmes?! Quem está com ciúmes?!

LUA

Em todo o caminho para o Acampamento fiquei pensando como seria a mudança. Como seria conviver com meninos? Como seria ter um irmão? Mas o que não saía da minha cabeça era o motivo de tudo isso: Leo. Mesmo não tendo certeza do que sinto, posso ver que é alguma coisa muito forte. Ontem mesmo estava decidida a agir como se não estivesse ali porque ele estava ali, mas o que consegui fazer foi perder a cor e a voz.

Quando ele me colocou o braço sobre meus ombros no Central Park eu senti um calor percorrendo por todo meu corpo. Essa sensação é a melhor do mundo. E ontem, nem me despedi dele porque sabia que hoje eu voltaria. Queria ter feito a mesma coisa que Charlie. Queria ter tido mais coragem. Mas está na cara do Nico que ele gosta dela. Assim como está nos cabelos e olhos dela. Mas decifrar Leo era quase impossível pra mim. E isso me deixa nervosa.

A essa altura já estávamos no pé da Colina Meio-Sangue. Me virei pra Charlie, que parecia tão nervosa quanto eu, apenas pelos cabelos cor de vinho dela. E seus olhos retornaram a cor intensa de vermelho no momento que pisamos fora do Acampamento no dia anterior. Peguei suas mãos e olhei nos fundo de seus olhos.

– Você está bem? Está preparada?

– Acho que sim. - Charlie olhou para cima. Para o topo da colina. - Será que ele está me esperando?

– Tenho certeza que sim. Charlie, se ele não esperasse ele seria louco.

– Você acha? - ela estava muito ansiosa dava pra ver nos olhos avermelhados. Não pela cor, mas pelo brilho.

Apenas afirmei com a cabeça. Eu tinha certeza que esses dois eram feitos um para o outro. Mas Leo... Leo era completamente diferente.

– Vamos?! - perguntei.

Ela soltou minhas mãos e corremos colina acima. Me cansei mais que o normal. Não éramos mais imortais. Não éramos mais Caçadoras e isso nos tornava mais vulneráveis. No topo da colina estava uma figura completamente de preto. Eu e Charlie sabíamos quem era. Nico estava realmente esperando por ela.

Charlie congelou antes mesmo de chegarmos perto dele. Eu voltei o espaço entre nós e perguntei:

– O que foi agora?! Pensei que já estava pronta. - disse, ciente do roxo forte em suas mechas. Ela estava em seu auge de insegurança.

– E estou. É só que...

– Vamos! - disse puxando-a pelo braço. - Não vai querer deixar Nico esperando. Ele já deve ter nos visto.

Então, depois de três segundos carregando Charlie morro acima, ela recuperou a coragem e se soltou da minha mão.

– Você voltou! - exclamou Nico e correu para abraçar Charlie. Ela aceitou seus braços, mas não falou nada.

– Nico, você sabe onde Leo está? - estava com tanta vontade de vê-lo que não nem esperei os dois se separarem.

– Não o vi desde aquela hora no Pavilhão. - respondeu com um sorriso no rosto.

– Vou atrás dele. Obrigada! - essa foi a minha deixa. Saí correndo sem olhar para trás. Charlie saberia se virar com ele. Ou ao menos eu esperava que não o ameaçasse logo no primeiro minuto.

Procurei primeiro no Chalé de Hefesto, daí no Arcenal e, já perdendo a ideia de em que lugar aquele cara poderia estar, fui para a Forja. Quando entrei o lugar estava vazio. Estava me virando para ir embora, mas ouvi um barulho de alguma coisa caindo. E alguém xingando. Eu conhecia aquela voz. Eu corri para dentro e encontrei Leo sentado em uma mesa cheia de esboços de máquinas e não sei mais o quê. Ele estava com a aparência cansada como se não tivesse dormido a noite toda. E parecia chateado com alguma coisa.

– Leo?! - Chamei com calma, mas ele se assustou e deu um pulo da cadeira. - Ai, meus deuses, você está bem? - perguntei preocupada, mas era impossível disfarçar um sorriso no rosto.

Aqueles cachos estavam desgrenhados, os olhos castanhos brilharam e seus lábios se abriram em um sorriso.

– O que você faz aqui? - perguntou ele, parecendo feliz instantaneamente.

– Estava te procurando.

– Você não deveria estar com as Caçadoras agora?

– Tivemos uma chance de abandonar a imortalidade. Mas esse é um assunto para outra hora. E você o que está fazendo?

– Apenas pensando e estudando alguns projetos. Quer ver?

Assenti, balançando a cabeça afirmativamente. Ele me mostrou um esboço de uma trirreme grega com a a cabeça de um dragão como figura de proa.

– Esse é o Argos II. E essa é a cabeça de Festus. - ele disse apontando para a cabeça de dragão. - Ele é um ótimo amigo... isso é, se você souber o Código Morci.

– Ele se comunica por Código Morci? E foi você quem contruiu essa trirreme?

– Sim e sim. É tão difícil de acreditar? - ele perguntou com um sorriso irresistível. - Poxa sou filho de Hefesto! Um muito talentoso por sinal.

Eu o empurrei de levinho e disse: - Cara você se acha de mais.

– Hey, eu não me acho! Eu sou. - disse ele e caímos na gargalhada.

– Vamos andar na praia, Engenhoca Ambulante? - perguntei querendo ficar num lugar onde eu me sinta mais a vontade.

– Vamos, Pequena Sereia. - disse ele pegando minha mão e disparando para fora da Forja.

Corremos tão rápido que nem reparei nada. Então me lembrei das coisas nas minhas costas e parei de repente. Estava ofegado, mas sorrindo disse:

– Primeiro: vamos deixar essas coisas no meu chalé. Depois podemos ver o mar.

– Por mim... você que manda.

Revirei os olhos e fomos andando em direção aos chalés. Parei na frente do Chalé Três. E Leo olhou para mim com curiosidade.

– Você não vai ficar no Chalé de Ártemis?

– Não posso ficar lá pra sempre. - respondi, dando de ombros.

– Ok. Mas vamos rápido com isso.

Eu entrei no meu chalé e encontrei uma cama vazia e deixei as coisas lá. Quando estávamos prestes a sair meu irmão, Percy chegou e perguntou:

– O que está acontecendo com Thalia? Dois dias seguidos?

– Depois te explico os detalhes, Percy. Agora preciso ir.

– Anda, Lua! - reclamou Leo do lado de fora.

– Você não vai sair com ele, vai?

– Você é muito curioso, hein, Percy Jackson?! Mas, sim , eu vou sair com Leo. Algum problema?

Sai do quarto deixando Percy sozinho. Peguei a mão de Leo e fomos para a praia. Sentamos em uma duna de areia bem perto um do outro. Ficamos em silêncio por um tempo. Comecei a brincar com a água do mar. Fazendo vários desenhos e formas. Fiz com que a água subisse em espiral e se esperasse pelo ar fazendo uma fina chuva cair. Nos molhou um pouquinho, mas as gotículas de água fizeram com que um Arco-íris aparecesse por um segundo no céu.

– Uau! Isso foi lindo, Lua! - disse Leo.

– Você parece muito impressionado.

Leo deu aquele sorriso que eu tanto gosto. Mas dessa vez ele ficou sério rapidamente. Ele olhou para o mar e se virou pra mim:

– Posso te perguntar uma coisa?

– Claro!

– Por que você deixou as Caçadoras? - perguntou ele num tom que nunca tinha usado.

Essa me pegou de surpresa e eu tive que parar alguns minutos para achar uma resposta coerente. Não era hora de nem ele nem Nico souberem nossos reais motivos de ter abandonado a Caçada.

– E-eu... - quando eu comecei a falar, acabei gaguejando. Eu tossi rapidamente, tentando afastar a rouquidão da minha voz. - Eu apenas vi uma oportunidade de conhecer pessoas, de ter mais amigos e uma nova família. Eu gosto dessa sensação de liberdade. O pacto das Caçadoras não tem muitas brechas. Então se você acha uma fenda você tem que agarrar com unhas e dentes.

– Ah tá... entendi. É que eu pensei...

– Leo! Leo! Preciso da sua ajuda. - uma menina morena, de cabelos cacheados e volumosos, com olhos castanhos e mais baixa que eu apareceu correndo com cara de assustada.

Leo levantou-se em um único movimento e a menina o abraçou e parecia estar chorando. Ele passou a mão no emaranhado de cabelos dela e lhe deu um beijo na testa da garota. Por que ele estava fazendo aquilo? Por que ele abraçava aquela menina na minha frente? Será que ele estava me provocando? Será que eles eram amigos? Mas parecia que tinha alguma coisa ali e eu só conseguia ficar remoendo aquele sentimento que eu nunca antes em toda a minha vida. Eu fiquei vermelha e a vontade que tinha era de sair dali.

Então me levantei. Mas Leo percebeu e disse:

– Onde você vai? Espera só um pouco. Esta aqui é a Hazel.

– Olá. - disse Hazel. Eu queria odiá-la, mas não era isso que eu sentia. Eu devia me odiar por ser tola o suficiente para acreditar que tudo se resolveria com um passe de mágica depois que saíssemos da Caçada.

– Prazer. Sou Luali, filha de Poseidon. Vou deixá-los conversando. Tenho que procurar o Percy. - respondi.

– Não vai, Lua. - pediu Leo, com uma carinha que quase me convenceu de ficar ali com ele.

Mas não foi suficiente.

– Depois a gente se vê. - disse forçando um sorriso. Me virei e fui em direção ao Chalé de Poseidon.

Quando me virei, eles estavam sentados olhando o mar. Ele abraçava a cintura dela e ela chorava com a cabeça no ombro dele. Aquela cena fez meu coração doer. E as lágrimas rolaram pelo meu rosto por algum motivo que eu não sei.

Eles deviam ser namorados.

Agora eu sei que ele não gosta de mim. Pelo menos não do jeito que eu gosto dele.

~*~

Entrei no chalé e me joguei na minha cama. Sabia que Percy estava lá. Senti sua presença. Mas ele não me incomodou. Sabia que eu precisava ficar sozinha. Então ele saiu do Chalé, provavelmente para ir procurar Annabeth. Esses dois, sim, são um casal perfeito. Annabeth recusou o convite de entrar para a Caçada há alguns anos atrás. Tudo isso porque sabia que amava meu irmão. E ele também desistiu da imortalidade por ela. Eles se amam de verdade.

E a Charlie? Como será que ela está? Melhor que eu, sem sombra de dúvidas. Nico gosta dela e não faria nada para magoá-la. E se o tal de Will Solace aparecesse, Nico vai ajudá-la. Eu não precisava me preocupar, minha irmã de coração estará bem.

Mas e eu aqui? Estou sozinha. Leo não gosta de mim. E eu amo aquele sorriso, é inevitável. A forma como ele monta rapidamente qualquer dispositivo. A bagunça dos cachos. O brilho daqueles olhos castanhos claros. O bom humor dele, mesmo que às vezes desnecessário e irritante. Como ele me faz rir. Como ele brinca com tudo. E até mesmo a cara de pau dele.

Eu simplesmente estou apaixonada por Leo Valdez. Mesmo que ele não goste de mim. Eu desisti de tudo que eu tinha por um amor impossível. Por um amor não correspondido.

Mas eu sabia que isso poderia acontecer. Eu estava ciente de tudo quando eu deixei minha imortalidade. Mas ontem parecia que ele gostava de mim. Aquele momento na praia quando ele perguntou o porquê eu deixei as Caçadoras. Ou mais cedo na Forja quando ele sorriu pra mim. Todos esses momentos pareceram que ele gostava de mim. Mas não passou de imaginação. Fantasia da minha cabeça.

Eu nem vi a hora passando. Já devia estar na hora do jantar. E o som de concha soando só confirmou meu pensamento. Levantei da cama e lavei o rosto na fonte de água no canto do quarto. Respirei fundo e fui para o Pavilhão.

~*~

Depois do jantar (batatas fritas com milk shake de morango) na mesa de Poseidon era hora da fogueira. Percy foi na frente com Annabeth. Enquanto terminava meu milk shake, Leo sentou-se ao meu lado. Procurei por Charlie para achar apoio, mas ela já havia ido com Nico.

– Você sumiu. Onde estava durante toda a tarde? - perguntou Leo pegando a minha mão.

– Estava arrumando minhas coisas, no Chalé. - respondi, evitando olhar em seus olhos.

– Você tinha tanta coisa assim?

– Na verdade, não. É que... - não queria mentir pra ele, mas não podia dizer que estava chorando. - Eu estava com um pouco de dor de cabeça. Só isso.

– Fiquei preocupado com você. - ele olhou nos meus olhos e tirou uma mecha de cabelo que estava no meu rosto.

Ele tinha um meio sorriso tentador.

– Então foi o único. - disse. Mas a dúvida na minha cabeça falava mais alto e perguntei: - Aquela garota hoje mais cedo, a Hazel, o que aconteceu com ela? - não consegui fazer a pergunta que eu realmente queria. Por quê?

– Ah... ela está bem. Só teve um problema com os poderes. Ela é filha de Plutão. A forma romana de Hades.

– Entendi. - mas não era isso que eu queria saber. - Vamos pra fogueira? Alguém deve estar sentindo nossa falta.

Então ele se levantou me ofereceu a mão e eu aceitei. Mas ele não soltou minha mão. Fomos pra fogueira lentamente na noite estrelada andando de mãos dadas.


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