Jace esticou o pescoço para ler o grande painel acima da vitrine, que reluzia as palavras “O Calabouço Do Androide” em neon.

–Quer mesmo me fazer entrar em um calabouço? Como assim?

–O Calabouço Do Androide não é um calabouço de verdade, seu bobo. É uma loja geek... – Clary parou no meio da frase quando percebeu a expressão do outro. - ...uma loja que vende coisas que o Simon gosta.

–Vocês mundanos têm uns gostos estranhos... Enfim.

Assim que entraram, seus campos de visão foram preenchidos por todo tipo de coisa: HQs, action figures, pôsteres, consoles, cards, DVDs, jogos e outras quinquilharias. Clary seguiu direto em direção ao balcão do caixa, com Jace a seguindo. Lá, uma morena pequena com dreadlocks no cabelo mascava chiclete e lia um gibi do Lanterna Verde.

–Posso ajudar? – Ela perguntou, com uma voz fina.

–Pode sim. Vocês têm algum gibi do Capitão América?

–Em que planeta você vive? – a balconista ficou perplexa. – Não se publicam mais esses gibis há anos. Só encontrará nas coleções de algum fã pirado.

Clary agradeceu educadamente, se sentindo uma pessoa idiota. “Simon nunca me perdoará se souber dessa mancada”, pensou. Dirigiu-se à seção de action figures, e decidiu analisar uma miniatura perfeita do Homem de Ferro... Até que se deparou com o preço. “128 dólares? Não posso pagar isso tudo numa miniatura!”

–Vamos logo, Jace. – ela sussurrou. – Jace?

Ao se virar para o lado, lá estava Jace, parecendo uma criancinha contente. Ele tentava retirar o capacete de uma escultura de Stormtrooper tamanho real.

–NÃO TOQUE NISSO, FICOU MALUCO? – Clary gritou repentinamente. Corou intensamente ao perceber a expressão da balconista e demais clientes, ao ver uma menina gritar com o “nada”.

Ela baixou a cabeça, chutou a perna de Jace e saiu em passos largos, sem olhar para trás. Ao sair da loja percebeu que, dessa vez, ele a seguira.

–Aquela deve ter sido a coisa mais vergonhosa que você já fez, Fray.

–Cale a boca, Wayland. Não vou comprar nada lá. Preciso de mais ideias.

–Por que não naquele lugar lá?

–Onde?

–Lá! – Ele apontou para uma loja de doces colorida e alegre.

–Jace, não posso dar doces de presente para o Simon.

–Por que não, oras?

–Preciso de algo melhor do que isso.

–Nada é melhor do que doces! – E saiu correndo mais uma vez.

“Já vi que vou ter trabalho com esse menino...” E soltou um longo suspiro.

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O interior da loja era lindo. Apesar de ser pequeno, era extremamente colorido. Não importava para onde olhassem, todos os lados eram cheios de doces. Cupcakes, balas, chocolates, pirulitos, pipocas, amendoins, jujubas... Havia até mesmo uma grande cascata de chocolate branco no meio da loja. Era o paraíso na Terra. Clary estava hipnotizada.

–Aposto que no Instituto vocês não têm essas coisas...

–Não mesmo! – Jace sorriu e mergulhou um dedo na fonte de chocolate.

–Pare com isso, Jace. Parece que nunca viu chocolate.

–Numa mini cascata e de graça, não. Aliás, ninguém pode me ver mesmo... – E levou o dedo à boca. Clary desviou o olhar, porque colocar qualquer coisa na boca e estabelecer contato visual são duas ações que realmente não combinam.

Ela aproveitou a distração do garoto para rondar a loja, até que se deparou com uma cestinha cheia de lindas bengalas doces de Natal, em todas as cores. Olhou para elas, depois para Jace, e depois para as bengalinhas de novo; pegou uma com listras brancas e vermelhas, pagou discretamente no caixa e guardou na mochila. Afinal, se ela daria um presente para Simon, que mal haveria em dar algo para Jace também?

–Então, vamos continuar a busca pelo presente? – Ela perguntou, parada, atrás dele. Conteve um riso quando ele se virou, vendo que sua boca estava melecada de chocolate. – Acho que tem uma coisinha ali... E ali... E ali.

–Muito engraçado. – O Caçador de Sombras e de chocolates limpou a boca com as costas da mão e, depois, estas em sua calça. – Vamos sim. Teve alguma ideia brilhante?

–Acho que sim.

E seguiram em direção a uma livraria, do outro lado da rua.