Your Last Smile escrita por Isa Chaan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos! Hoje não teremos nenhuma invasão de notas inoportuna o/
Por quê?
Hehehehehehe I kill the-Cofcofcof
Deixando esse assunto de lado, hoje teremos uma one-shot, nem tão one-shot assim, não consegui fazer menor... Então que vão 5.000 palavras pra vocês :D
Está separado em partes só pra vocês terem uma ideia do tamanho, algumas tem indicações de músicas theme, que eu ACHO que combina com o momento.
Boa leitura!
Obs: Bluny-chan, se tu não se emocionar eu pulo de um edifício! Gritando: Eu tenteeeeei POF (morre)
cofcofMentiracofcof



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Parte 1

Música: Lost my Pieces

Os raios de Sol intrusos transpassavam a janela de vidro, iluminando aquele lugar tão sem vida, tão branco, tão deprimente. Esses mesmos raios de Sol refletiam-se vivamente nos cabelos louros e lisos da garotinha dando um brilho dourado e mágico. Mas o semblante triste das pessoas desse local deixava um clima tenso e vazio. Aguardavam ansiosos e preocupados fitando a loirinha dormir tranquilamente na cama, embora estivesse cheia de manchas daquele liquido rubro e maldito. Fora aquele o dia que tirou a felicidade daquelas pessoas. Um trágico acidente.

Dentre as pessoas do quarto, havia um garoto de cabelos castanhos escuros que segurava uma rosa vermelha que murchava lentamente. Seus olhos esmeraldas ficavam mais opacos e infelizes cada vez que via a situação da garota. Foi até a cama e colocou a rosa sobre o peito da mesma dizendo apenas três palavras.

- Melhore logo, Melanie.

Quatro anos se passaram desde então. Quando finalmente receberam a noticia que a garotinha se encontrava bem e recebera alta. Mas havia um único problema que o médico hesitava em falar, mas desta vez não poderia mais esconder.

- Logo depois do acidente, percebemos que houve uma fratura no crânio, uma parte do cérebro ficou danificada, por mais que a cirurgia fora um sucesso, não conseguimos salvar essa parte.

- É muito grave, doutor? – Perguntou uma mulher loira como Melanie com uma voz cansada e fraca devido ao choro de alguns minutos atrás. Sua tia.

- Não é algo que vá afetar sua locomoção mas...

- Então o que é doutor? – Perguntou agora o garoto preocupado.

- Ela... – Confessou por fim. - Sofre Amnésia.

- O que?! – Indagaram todos os presentes, parentes da vitima.

- Quando os dois carros se chocaram, a garota deve ter batido a cabeça no vidro da janela fortemente e afetado grande parte de suas memórias. A única coisa que ela deve se lembrar agora é o seu nome. Sinto muito. – O médico se curvou, e logo após abriu a porta para o quarto da menina. – Se quiserem vê-la, ela já está acordada.

. . .

Eu estava acompanhado de minha mãe, e alguns parentes de Melanie. Segui então até a porta ansiosamente e quando pisei um pé adentro pensei pela milésima vez "Isso não pode estar acontecendo."

Quando atravessei o pequeno corredor do quarto, finalmente a vi acordada. Finalmente vi aqueles olhos azuis claros brilhantes. Aqueles olhos hipnotizantes que não via há anos. Ela estava observando a janela, incrivelmente linda. Seus cabelos de anjos eram tão mágicos que pareciam irreais, reluziam os raios do amanhecer. Mas quando esta se pôs a olhar sua família, quando se pôs a olhar a mim, senti um vazio. Eles não transmitiam mais aquele brilho de sempre. Um brilho que alegrava qualquer pessoa não importando a situação. Era um olhar vazio. E isso agonizava meu peito.

- Minha querida! – Sua tia não aguentou e correu para abraçá-la fortemente.

Assim todos, tios, primos e amigos foram ao seu encontro com lágrimas de alegria nos olhos. Ao ver que pelo menos aquela doce criança sobreviverá. Mas eu permaneci parado, apenas observando. Não conseguiria abraçá-la, não daquele jeito. Não enquanto eu poderia ouvir um...

- Quem? – Inclinou a cabeça inocentemente para aquelas pessoas.

Todos os sorrisos aquecedores, felizes sumiram no momento que aquela palavra foi dita. Era a palavra mais dolorosa que alguém poderia receber.

- Somos sua família e viemos te levar para casa, Mel. – Acariciou a cabeça da loirinha.

- Minha família...?

Todos assentiram sorrindo. Mas não eram sorrisos verdadeiros. Sorriam para esconder a tristeza que preenchia seus corações. Não queriam preocupar a pequena. Voltaram então a abraçá-la, e garotinha apenas os fitava confusa.

- Vamos lá, o Snowball esta te esperando! – Disse seu primo, um garoto de cabelos castanhos claros, tentando animar o local.

- Snowball? – Melanie perguntou curiosa.

- Você vai saber quando chegarmos.

Assim que a ajudaram a descer da cama, Melanie passou os olhos sobre mim. Estranhou eu estar num canto solitário ao invés de fazer o mesmo que os outros e andou até onde me encontrava.

- Você... É alguém da minha família também? – Perguntou sorrindo.

Tive vontade de desabar, de abraçá-la e contar-lhe toda a verdade. Mas apenas balancei a cabeça e respondi.

- Não irei dizer. Você vai descobrir sozinha, tenho certeza.

Ficou surpresa com minha resposta, e seu sorriso diminui para um triste, fazendo meu coração doer. Odiava aquele sorriso falso e forçado. Não era minha intenção magoá-la, queria vê-la sempre alegre. Mas não podia permitir que ela se esquecesse de mim, esquecesse de tudo.

Desculpe.

. . .

Parte 2

Levaram-na até o carro cuidadosamente para enfim voltarem para casa. Para a garotinha novamente voltar a ter uma vida feliz, continuar sendo o anjo que sempre foi e assim trazer de volta a felicidade para aquele humilde lugar.

Era uma casa pequena, mas bem cuidada e bonita, uma casa de campo para fora daquela agonia que era a cidade, o lugar que trouxe sofrimento para todos. Queriam esquecer tudo, e voltar para uma vida de paz com flores de diversas cores por todos os lados, pássaros cantando nos céus e uma silenciosa brisa de verão.

A garotinha se encantou com tamanha beleza que a natureza podia oferecer, pois tinha até esquecido como eram belas aquelas flores coloridas destacando-se na grama verdinha.

- Gostou daqui? – Perguntou a tia.

- Sim! – Sorriu.

Desceu do carro rapidamente e começou a correr ao redor no enorme campo verde, desabando na grama logo em seguida.

- Me parece ser tão familiar, mas não me lembro ter vindo aqui antes... – Resmungou para si mesma observando o céu límpido.

- Venha cá Melanie! – Chamou o primo.

A loirinha foi em sua direção, em frente á porta de entrada da casa, já meio gasta, e quando o garoto pegou a chave e abriu-a, uma bola de pêlo branca saiu porta afora e começou a pular nos pés da pequena animadamente.

- Esse é o Snowball! – Riu o garoto.

Melanie começou a brincar com o pequeno cachorrinho branco, a família apenas contemplou a cena, felizes.

- Ele gosta bastante de você. – Disse o garoto de cabelos castanhos escuros, se agachando perto da menina com o cachorrinho. – Coce perto da orelha dele.

Ela fitou os olhos verdes do garoto que sorria ao olhar Snowball, e fez o que ele havia dito. Passou seus dedos pequenos e delicados perto da orelha macia do bichinho branco como neve, e logo o cachorrinho sentou e levantou a patinha.

- Ah que bonitinho! Você que ensinou isso a ele? – Os olhos safira da loirinha brilhavam de curiosidade.

Este assentiu ainda olhando o cãozinho.

- Então ele deve ser seu, certo? – Inclinou levemente a cabeça para vê-lo melhor.

Na mesma hora o sorriso do mais velho se desfez e seu semblante ficou vago.

- Na verdade é de todos nós. – Falou com uma voz meio rouca enquanto se levantava do chão. – Vou pra casa. Até mais.

A garota ficou sem reação, e não entendera o porquê da inesperada mudança. Apenas o viu partir e se entristeceu.

Três horas depois, a noite caíra. O céu estava estrelado e a Lua minguante brilhava intensamente. A pequena Mel via o céu negro infestado de pontos brilhantes pela janela, e por algum motivo se sentia solitária. Algo faltava ou alguém. Mas ela não sabia e isso a incomodava muito. Não entendia o porquê de não se lembrar de nada, de sentir que algo faltava e ela se esquecera, e o porquê do garoto da qual não sabia o nome a olhava tão tristemente. O que havia acontecido com ela?

Logo se ajeitou nas cobertas e dormiu com um sentimento perturbante no coração.

. . .

Parte 3

Acordou ouvindo batidas na porta. Abriu os olhos lentamente para se acostumar à claridade e permitiu que a pessoa entrasse no quarto.

- Pode entrar. – Falou sonolenta.

- Bom dia Prima! – Disse seu primo adentrando ao quarto.

- Bom dia Arthur! – Sorriu, coçando os olhos.

Arthur foi em direção a janela e abriu a cortina amarela.

- Desculpe acordá-la tão cedo, é que hoje vamos para a cidade.

- A cidade? A tia falou que não gosta de lá.

- É verdade, mas vamos visitar o irmão de Eric que mora no litoral. Um grande amigo da família, assim como o Eric.

-Eric?

- Ah é o pai do- Explicava quando foi cortado.

- É o meu pai. – O garoto dos cabelos quase negros apareceu na porta com Snowball no colo. – Bom dia, Melanie. – Sorriu.

- Bom dia. – Retribuiu o sorriso.

Ele levou o cachorrinho na direção da pequena e pôs delicadamente em seus braços. Nisso, os olhos safira da menina fitaram atentamente os movimentos do garoto "sem nome", o quê o fez corar levemente. O olhar penetrante de Melanie agora estava sobre a bolinha de pêlos.

- Bom dia Snowball. – Acariciou-o.

- Bom, desça rapidinho. A tia está esperando. – Falou Arthur saindo do quarto, sendo seguido pelo outro.

Duas horas depois, eles chegaram à casa de Mark, irmão de Eric. Os dois filhos cumprimentaram todos, junto com o pai. Até que foram cumprimentar a loirinha.

- Olá, Melanie! Quanto tempo! Faz quatro anos, talvez nem se lembre. Acabou de eu nem me apresentando naquele dia que eu visitei o interior. – Disse a filha de Mark, uma garota ruiva. - Eu sou Katherine, e esse é meu irmão, Lucas. – Apontou o irmão, que logo acenou. – Somos primos do-

- São meus primos. – Cortou novamente o garoto "sem nome".

Melanie o olhou de relance, percebera que ele estava evitando que dissessem seu nome.

- Prazer. – Sorriu timidamente aos dois.

- Você cresceu bastante. Com quantos anos está? – Perguntou a ruiva docemente.

- Com 14.

- Legal, tem a mesma idade que eu! – Comentou Lucas.

As duas famílias almoçaram e conversaram enquanto as crianças, como se referiam, assistiam televisão.

- Está calor! Acho que vou comprar um sorvete... Você gosta de sorvete, Melanie? – Perguntou o ruivo.

- Sim! – Disse animada.

- Vamos comprar então? Podemos trazer pra todo mundo. – Disse já a puxando pelo pulso para irem.

A garota olhou ao amigo do interior que a fitava meio triste e disse.

- Já volto.

O ruivo conversava alegremente com a loirinha que retribuía com seus sorrisos inocentes, enquanto compravam os sorvetes.

- Qual sabor você quer, Mel?

- Morango. Eu adoro sorvete de morango. – Disse contente. – E você?

- Ah eu adoro sorvete de flocos! – Sorriu.

Lucas estava comprando os sorvetes e Melanie estava encostada na parede da entrada da sorveteria quando um acontecimento indesejado ocorreu. Um homem que trajava roupas pretas e parecia estranhamente suspeito, puxou o braço da menina e rapidamente tampou sua boca para prevenir os gritos, levando-a para longe. O garoto ruivo acabou presenciando a cena, horrorizado. Não sabia se corria atrás dela, chamava a policia, ou avisava os parentes. Mas não havia mais tempo. Então decidiu correr atrás da pequena Melanie que tremia de medo.

O homem percebendo que o garoto o perseguia, já voltava na direção de Lucas para levá-lo também, este já ameaçava fugir, mas não podia deixar Melanie sozinha. Então mesmo com as pernas bambas se manteve no lugar. Foi então que a loirinha, vendo que Lucas estava em perigo, com toda a sua força pisou no pé do homem suspeito, fazendo com que o bandido a largasse, e assim correu em uma direção aleatória desesperada e gritou.

- Fuja Lucas!!!

. . .

Parte 4

Música: Fiore Oukoku

Estava escurecendo e todos ficavam preocupados com a demora dos dois. Até que eles avistam uma pessoa correndo desesperadamente. Era Lucas.

- Cadê a Melanie? – O garoto "sem nome" perguntou meio nervoso.

-Eu estava comprando os sorvetes... – Falava desesperado. – Aí apareceu um homem e

Não aguentou ouvir. Sabia que ela estava em perigo, que precisava salvá-la e isso era a única coisa que importava saber. Não pensou duas vezes e desatou a correr.

- Espere!!! Você não pode correr!! – Gritou Katherine tentando impedir tal ato, mesmo que inutilmente.

Mas já era tarde demais. O garoto já corria com tudo o que tinha, não importando suas condições, não importando a tempestade. Tinha que salvá-la. Não podia perdê-la outra vez. Não mais. Desesperava-se toda vez que a imaginava sofrendo em um canto perdida, doente e sozinha.

Suava e seu rosto já se contorcia de dor, mas isso não lhe preocupava. O que o preocupava era saber que sua Melanie estava perdida. Ele sabia o risco que estava passando, mas suas pernas não obedeciam mais seu cérebro. E sim seu coração. Que ironia. Justo seu coração.

Seus instintos diziam o caminho. Passava rapidamente pelos carros e pessoas na estrada. Ele podia sentir o cheiro do mar ficando mais intenso, não sabia o porquê, mas sabia que ela estava ali. Por uma razão desconhecida. Naquela praia. E seus instintos estavam corretos. Avistou a garota sentada na areia molhada, debaixo de uma arvore, com a cabeça enterrada entre os joelhos. Sorriu ao encontrar finalmente a pequena.

- Melanieee!! – Gritou, andando em passos lentos e trêmulos.

A loirinha levantou a cabeça, e ao ver quem a chamara se pôs de pé imediatamente. Era ele. O garoto sem nome. Correu em sua direção sem hesitar, as lágrimas de tristeza e medo que molhavam seu rosto, agora se transformaram em lágrimas de alegria. Desabou nos braços do jovem. Encharcada da tempestade, e tremia de frio. O jovem rodeou seus braços nas costas frias da menina e a apertou contra si. Ambos sem falar qualquer coisa. Não havia palavras para serem ditas.

Depois de alguns minutos o moreno tirou seu casaco e a cobriu.

- Vamos pra casa.

- Hm. – Assentiu escondendo o rosto no quentinho peito do mais velho, na qual podia se ouvir as batidas de seu coração. Batiam muito rápido.

Esperavam ansiosos, a chegada de Melanie. Acreditando que ele iria trazê-la para casa. Quando enfim avistaram duas silhuetas caminhando, vindo até eles. Todos abraçaram a menina, preocupados. Tinham medo que outro acidente ocorresse, e desta vez a vida poderia não dar outra chance.

Assim, despediram-se dos amigos e voltaram para a humilde casa no interior. Longe da cidade. Aquele lugar que parecia amaldiçoado para a família.

Quando chegaram, o "Sem nome" a acompanhou até o quarto e quando já abria porta para sair, a pequena solta às palavras.

- Por quê? – Perguntou tristemente.

O garoto voltou a olhá-la.

- O que?

- Por que você não me diz quem é? Por que você não diz seu nome? Por que você sempre me olha assim? Por favor, responda!

Segundos silenciosos passaram, devido á surpresa que recebeu ao ouvir aquelas perguntas, fazendo seus olhos se arregalarem.

- Por que ninguém diz o aconteceu comigo? Por que eu não consigo me lembrar de nada? Eu quero saber... – Jogou todas as perguntas inquietantes que a agonizavam. – Eu quero me lembrar...

Abaixou à cabeça, suas madeixas quase negras tamparam seus olhos, e dando dois passos pôs a mão sobre cabeça de Melanie e acariciou seus longos cabelos dourados deslizando os dedos até as pontas.

- Não se preocupe, você logo irá entender e se lembrará de mim, de todos nós. Eu estarei te esperando quando isto acontecer. Eu prometo.

- Verdade?

- Verdade.

- Jura juradinho?

- Haha! Sim, juro juradinho pra você. – Deu um sorriso radiante e estendeu o dedo mindinho. Aquele tipo promessa tão infantil, mas ao mesmo tempo tão verdadeira.

Riu da maneira em que o garoto prometeria a ela. Estendeu também seu dedo mindinho e os enlaçaram.

- Agora é uma promessa.

- Sim, e se não cumpri-la sofrerá as consequências! – Falou a garota em um tom sombrio.

- E que tipo de consequência, Oh Vossa Malvadeza? – Entrou na brincadeira.

- Não direi á você, servo tolo! Muahahahahahahahaha!

E soltaram altas risadas.

- Somos doidos! – Disse vermelha de rir.

- Temos que admitir! Haha!

Depois da breve brincadeira, o garoto pegou uma chave do bolso da calça e colocou na mão da menor.

- Tome. Está é a chave da porta dos fundos da minha casa. Quando quiser conversar, vá lá, ok?

- Mas seus pais vão me deixar ficar com a chave?

- Eles não estão em casa. Estão viajando por umas semanas – Explicou.

- Então... Você está sozinho em casa por todo esse tempo? – Preocupou-se.

- Não sabia que Vossa Malvadeza era tão sentimental. – Sorriu. – Não se preocupe comigo, estou acostumado a ficar sozinho.

- Hm...

"Estou acostumado a ficar sozinho."

Era para ser uma frase para convencê-la a não se incomodar com aquilo, mas acabou causando o efeito contrário. Preocupou-se mais ainda.

- Bem, melhor eu ir. Não vai demorar muito a nevar. Boa noite, pequena Mel. Ou melhor, pequena Malvadeza.

- Boa noite, servo tolo.

. . .

Parte 4

Música: Mezameru Tamashii -> 0:47

Sentia uma sensação reconfortante e aquecedora, uma brisa batia em meu rosto, um chão macio e úmido afundava meus pés, podia se ouvir gaivotas cantarolando, um gostoso som de água. Abri meus olhos. A claridade cegou-me por uns instantes, depois era possível ver um lindo entardecer. O céu estava pintado com cores fortes e vivas, uma linda mistura de amarelo, laranja, vermelho, roxo e azul. O Sol lentamente mergulhava no imenso mar em minha frente. Estava em uma bela praia deserta. De areia clara e águas transparentes. Mas não era uma praia qualquer. Era aquela praia.

Olhei ao meu redor. "O que estava fazendo ali?"

Foi então que eu notei uma sombra distante, era a silhueta de uma pessoa. Caminhei sobre a areia macia em direção á ela, e cada vez que ficava mais próxima fui reconhecendo tal figura. Era um garoto sentado em uma pedra com um pequeno animal ao seu lado.

- " Será...?"

Andei mais alguns passos, e finalmente pude comprovar. Reconheci aqueles cabelos quase negros e aquele pequeno animal branquinho como neve.

- Eeeei!!Aqui!! Sou eu! Melanie!

O pequeno Snowball correu até mim alegremente latindo sem parar. Peguei-o no colo, fazendo a pequena bola de pêlos lamber minha bochecha.

- Haha... Faz cócegas, Snowball!

O garoto gentil levantou-se sem dizer uma palavra e começou a andar para o lado oposto onde eu estava. Se afastando.

- Espera!! – Corri até ele e quando o alcancei coloquei minha mão sobre seu ombro, cansada. – Onde está indo? Por favor, me espere antes de sair do nada.

- Eu tenho que ir.

E continuou andando desfazendo de minha mão.

- Hã? Mas... Espera! Aonde você vai? – Corri.

- Eu tenho que ir. – Repetiu.

- Espera! Volte! Eu quero ir junto!! – Disse sentindo meus olhos arderem. Já não conseguia mais acompanhá-lo.

De repente, bem distante, ele parou. Virou-se para mim. Em seu rosto permanecia um sorriso. Mas não um alegre e aquecedor, aquele que amava ver. Era um sorriso tão triste como gotas de chuva em uma tempestade. Seus olhos tão vagos e distantes.

- Posso pedir um favor?

- Claro! Qualquer coisa! Só não vá embora!

- Lembre-se de mim, ok? – Ele permaneceu sorrindo. Eu sabia que ele estava forçando, sabia que ele não queria sorrir.

Lágrimas deslizaram lentamente pela minha face.

- Eu quero me lembrar... – Fechei os olhos fortemente. Agora elas escorregavam uma atrás da outra, constantemente.

Eu quero lembrar. Eu não quero esquecê-lo. Por favor, não vá embora ainda. Por favor.

Quando os abri ele estava tão longe que sabia que não poderia mais alcançá-lo, mas mesmo assim corri desesperadamente. Porque sentia como se fosse um adeus? E se fosse realmente um adeus?

Enquanto corria a praia lentamente se escurecia, mas não no sentido de estar anoitecendo, estava realmente escurecendo. A escuridão estava consumindo tudo, as gaivotas, os coqueiros, as pedras, as águas, o céu, a areia, como se a luz estivesse sendo extinta. Desesperava-me cada vez mais, ao ver aquele cenário tão lindo e estranhamente familiar sumindo. Era um lugar importante para mim.

Estranhei meus braços estarem tão leves, quando olhei para os mesmos estavam vazios. Snowball havia sumido. Voltei a olhar o garoto. Paralisei. Ele não estava mais lá. Caí de joelhos sem reação, meus olhos transbordavam.

- NÃO!! EU NÃO QUERO ISSO!! PARA!! – Enlacei meus braços em volta do joelho, encostando minha testa. – ALGUÉM ME AJUDE!! ALGUÉM !!

Olhei novamente para frente, onde há pouco tempo via o garoto partir.

- POR FAVOR, NÃO VÁ!! VOLTE!! VOLTEEEEE!!!

E com minhas últimas forças, gritei.

- VOLTEEEEEEEEEEEEEE HAAAAAAAAAAAAARRYYYY!!!!!!

Levantei-me bruscamente com o braço esticado para frente. Suava muito. E as lágrimas eram reais.

- Um pesadelo...? – Estava sentada na cama. Coloquei a palma de minha mão sobre minha testa suada. – Harry... Harry!

Desci rapidamente da cama, estava assustada. Saí de meu quarto ás pressas precisava ver Harry, ver se estava bem, dizer-lhe que havia lembrado seu nome. Precisava encontrá-lo. Meu coração estava agitado, palpitava muito rápido e sentia um pressentimento ruim.

. . .

Parte 5

Música: Fairy Tail Main Theme

Pulei os degraus da escada apressadamente e segui até a gaveta da mesinha perto da porta, a chave da casa deveria estar com minha tia então apenas peguei a chave das portas do fundo da casa de Harry, abri a janela prevenindo barulhos e lancei-me para fora da casa. A chuva de mais cedo, agora virara neve. O frio cortava minha pele, mas não me incomodei. O vento congelante fazia meus ossos doerem, mas isso não se comparava a agonia que estava em meu coração. Não me importava se ficasse doente, não me importava se me machucasse, eu tinha que vê-lo.

De repente como um relâmpago de tempestade, todas as minhas memórias voltavam uma atrás da outra.

-Filha! Venha cá!

- O que mamãe? – Disse indo até a porta, onde estava ela.

- Esses são os novos moradores do bairro, eles estão passando aqui para nos conhecer. Cumprimente-os, está bem? – Falou minha mamãe com um sorriso meigo.

- Bom dia! Meu nome é Melanie, prazer em conhecê-los! – Disse alegremente.

- Bom dia Melanie! Eu sou Eric - Cumprimentou um homem gentil - E esse é meu filho Harry e o prazer é nosso. – Apontou para um garotinho de cabelos castanhos escuros.

- Bom dia! – Falou o pequeno com um semblante feliz.

- Quer brincar? – Chamei-o animada.

- Claro!!

Numa bela praia eu e Harry brincávamos, correndo pelas areias claras.

- Eu vou te pegar, pode ir se preparando! – Gritou ele correndo atrás de mim.

- Ah não vai não! Eu sou campeã em corrida!

Finalmente avistei, depois de cinco quarteirões, a casa. Era uma casa ampla, feita de tijolos alaranjados, com várias flores no jardim em frente ela. Outro lugar familiar e nostálgico. Corri com dificuldades devido aos montes de neve que pareciam que queriam me puxar e me impedir de continuar. Fui em direção aos fundos da casa.

- Você duvida então é?

- Siiim!

Quando sem mais nem menos sinto dois braços me segurarem pela cintura.

- Te peguei, há!

- Hã?? Como você conseguiu? Você é um alienígena que veio de algum planeta desconhecido com a missão de me capturar por acaso?

- Hahaha! Talvez eu seja. – Fez cócegas em meu pescoço.

- Hahahahaha P-para Hahahaha!

Sentamos em uma pedra enorme e apreciamos a incrível vista do Sol sumindo no horizonte.

- Você está ouvindo isso? – Perguntei.

- Parece um latido não é?

- Está vindo dali – Falou apontando para um buraco por entre as pedras.

Fomos até lá e cuidadosamente conseguimos tirar um cachorrinho branquinho ainda filhote, que latia desesperadamente.

- Coitadinho, ele deve ter acabado de nascer e ficou preso aqui. – Peguei-o no colo e acariciei seu pêlo sedoso. – Vamos ficar com ele?

- Vamos! – Sorriu. – E qual nome vamos dar?

Tirei a chave do bolso e abri a porta apressadamente, fechando a em seguida.

- Hum... Eu sou péssima com nomes...

- Que tal... Snowball?

- Ah Gostei!! – Abracei o cãozinho - Então vamos ser uma família!

- Hã?

- Eu vou ser a mamãe e você o papai, ta?

- P-pode ser... – Disse corando.

­­- Harry.

- Ei, Mel! Não se esconda! Onde você está?

- A-aqui... – Consegui falar em meio ao choro.

- Embaixo da cama de novo? Eu te disse para não ficar sozinha aí, venha! – Estendeu a mão.

Eu a segurei e ele me puxou para fora.

- Não saia mais correndo assim, por favor.

- É verdade que você vai voltar pra cidade?

- É por isso que você está chorando?

Não falei nada, mas apenas isso respondeu sua pergunta.

- Está tudo bem, Mel. Eu não vou te abandonar. Voltarei daqui uns dias. – Me abraçou.

- Você promete? – Limpava as lágrimas com as mãos.

- Prometo. – Beijou minha testa.

- Harry. – Meus olhos ardiam.

Subi as escadas, apertei o passo e no fim do corredor lá estava sua porta. Por algum motivo desconhecido, sabia onde era seu quarto, sabia onde estava. Parei por uns instantes. Toquei a fria maçaneta, respirei fundo para tentar acalmar meu coração e abri.

. . .

Parte 6 – Final

Música: Fairy Tail Main Theme – Piano theme

– Não... – Tampou a boca com as mãos em prantos. – Não pode ser...

No meio do quarto, se encontrava caído no chão um garoto sem vida.

- Harry!! Você está bem?!

O garoto que corria atrás da garotinha caíra no chão e respirava ofegante.

- Por que você caiu do nada?

- D-des...cul...pe – Falou com dificuldades.

- O que você tem? – A garotinha o segurou nos braços, preocupada.

- Nada... Isso... Não... É nada... – Tossiu.

- Não minta!! Eu sei que você não está bem! Diga a verdade, por favor!!

Fechou os olhos e disse.

- Eu tenho... Problemas cardíacos... – Suava muito.

- O que? Então por que você correu atrás de mim? – Perguntou desesperada.

- Você queria... Brincar, não é? – Deu um sorriso torto.

- Seu... Seu... – Abraçou-o. –Bobo! Não faça mais isso! Pare de se arriscar assim por mim!

- Mas Melanie... Não faz sentido... Eu viver... Sem te ver... Sorrir... Então não chore... Esta bem? Eu...Vou ficar bem...

- Isso não pode estar acontecendo... – Murmurou incrédula.

Ajoelhou-se ao seu lado.

- Tem certeza? – Quase já chorava.

- Sim, o médico disse que eu ia melhorar logo, então não se preocupe...

- Àquela hora... Quando você foi correndo atrás de mim na praia... Foi minha culpa... Debruçou-se no garoto. –Você estava bem, mas então você correu para me salvar... Você correu... FOI MINHA CULPA! Senão isso não estaria acontecendo...

Chorava tanto que parecia que inundaria aquele quarto. Tamanha dor.

- Eu me lembrei de você então abra os olhos!! Você se chama Harry!! Tem dezesseis anos! Nasceu na Austrália, e veio para á América sete anos atrás! ABRA OS OLHOS!! VOCÊ PROMETEU! Prometeu que iria me esperar!! Você prometeu... Servo tolo...

Seu olhar se desviou para o objeto que Harry segurava com força. Um cachecol preto com algumas listras brancas.

- Isso é... Você...

- O que foi Mel?

-Bom... Hoje você faz doze anos, então eu... Hum... – Corou.

- Ora, vamos, fale. – Deu um sorriso divertido.

- Pra você! – Estendeu um cachecol branco, com a cabeça abaixada e corada.

O garoto se surpreendeu. Pegou o cachecol e o olhou.

- Ta... Eu não sou boa com costura... Eu sei, pode falar...

- Hahaha!

- Por que está rindo? – Levantou a cabeça nervosa e vermelha de vergonha.

O rosto dele continha um semblante feliz e sincero.

- Obrigado, Melanie. Eu gostei muito. – Disse enlaçando o cachecol sobre o pescoço.

Ela fitou os olhos esmeraldas do amigo por alguns segundos, surpresa.

- Sério? Ah que bom! – Exclamou aliviada.

Depois de um tempo, caminharam pela rua deserta, até que o silencio foi quebrado.

- É... Parece que estou em dívida com você, pequena.

- Exatamente. – Afirmou sarcástica. – E pare de me chamar de pequena! Você adora me zoar, não é? – Emburrou-se.

- Hahaha! Não faça essa cara ou você terá rugas!

- O que??! – Fez bico. – Hunf! Seu chato!

Chata! – Riu.

Até que o moreno parou de andar por um instante.

- Hã? O que foi? – Ela parou, olhando para o amigo atrás.

Colocou a mão na cabeça da loirinha, abafando seus cabelos e disse.

- Eu te amo, Melanie. – Sorriu.

-Harry... – Gotas de lágrimas caíram no cachecol que o garoto segurava tão fortemente.

Até que uma ultima lembrança atingiu seu peito como uma flecha sem piedade.

A pequena loirinha andava a procura de seu melhor amigo. Quando finalmente o achara, acabou presenciando uma terrível cena. Harry estava abraçado a uma linda menina da idade dele. A garota não estava acreditando no que via. Era o fim do mundo, como se alguém cortasse seu coração ao meio. A única coisa que conseguiu fazer foi gritar na frente do casal e sair correndo.

- Seu traidor!!! – E correu em uma direção aleatória.

- Melanie... – Murmurou Harry. – Espera!! Não é isso!! Volte!

O moreno já ia correr atrás dela quando uma mão o segurou e o impediu.

- Ei, Harry! Aonde vai? – Perguntou a ruiva assustada.

- Desculpe, mas eu tenho que ir. – Se desfez da mão da mesma e correu na direção da pequena Mel.

A garota dos cabelos dourados estava arrasada, e chorava sem parar encostada em um muro de uma rua, escondida atrás de algumas caixas. Harry a encontrou facilmente, já que conhecia todos os lugares em que a garotinha se escondia quando estava chorando.

- Melanie, não fuja assim! Sobre àquela hora não é o que você está pensando!

- Não quero ouvir!! – Disse tampando os ouvidos.

- Mas Melan-

- Chega!! – Levantou-se para sair correndo.

- Eu posso explicar!! Apenas me ouça! – Rapidamente segurou o pulso da menina.

- NÃO! ME LARGA!! EU TE ODEIO HARRY!!

No mesmo momento que aquelas últimas palavras soaram no ouvido do garoto, ele largou o pulso, arrasado, deixando a loirinha escapar.

- Nesse mesmo dia eu descobri...

`- Animada para passar um tempo na casa da sua avó, filha? – Perguntou a mãe.

- Claro... – Falou desanimada.

- Você brincou bastante com Harry? Ouvi dizer que a prima dele da mesma idade chegou hoje da Itália...

- O que? Prima? – Perguntou horrorizada.

- É! Contaram-me que ela é uma ruiva bonita... Você a conheceu?

- " Essa não... O que eu fiz?! Sua burra!!!BURRAA!" – Escondeu a cara entre seus joelhos.

- E então...

­­- Ah entendi... Não se preocupe filha! Quando voltarmos você pede desculpas, eu tenho certeza que ele vai entender.

- Ta... – Respondeu triste.

Quando de repente avistou um forte clarão.

– – Mãe... MÃE!! CUIDAD-

Segundos depois, tudo estava em cacos. E o sangue escorria pela rua.

­- Perdi minha mãe... Perdi meu melhor amigo... –As gotas quentes deslizavam pelo rosto de Melanie cada vez mais. – Desculpe!!! Harry me desculpe!! Eu queria te dizer que não era verdade!! Eu não te odeio Harry! Por favor, não vá!

Abraçou-o. A angústia fazia um nó na garganta.

- E mesmo depois daquilo... Mesmo depois de eu ter te dito palavras tão horríveis, palavras que te machucaram tanto, você esperou por quatro anos então eu simplesmente te esqueci. E mesmo sofrendo você continuou ao meu lado, sempre esteve.

Ela voltou a olhar para o rosto sereno de Harry que não demonstrava mais vida.

- Eu queria voltar correndo e te pedir desculpas! Me perdoe!

Encostou sua testa a dele.

- Eu nunca te odiei, eu só tinha medo de admitir que... – Respirou fundo. – Mesmo sendo tão tarde para dizer isso... – Apertou sua mão. - A verdade é... Que eu sempre te amei, Harry... Então me perdoe... Por favor...

Segundos eternos passavam-se em meio aos soluços da pequena.

- P-por que eu preciso te perdoar...

A garota olhou assustada para o moreno que acabara de falar. Em meio ao choro da loirinha, ela viu os olhos esmeraldas se abrirem e um lindo sorriso surgir nos lábios do melhor amigo.

- Se te conhecer foi... A melhor coisa... Que me aconteceu...?

Puxou a blusa da garota, aproximando-a de si. A loirinha com as bochechas molhadas ficou sem reação com o que acabará de acontecer. E com um ultimo suspiro. Uma ultima batida de coração. Ele depositou um pequeno beijo nos lábios de Melanie. Um beijo doce e inocente. E logo ela levantou o rosto, corada.

- Chato. – Olhou para o lado, constrangida.

O moreno deu uma risada fraca.

- Chata.

E assim, fechou os olhos. Os lindos olhos verdes se fecharam, mas desta vez... Para sempre. E as lágrimas que tanto segurou, finalmente puderam deslizar pela sua face.

But the warm smile remained in his face. Your last smile.

End.


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Notas finais do capítulo

Ficou bom? Choraram? Erros de ortografia?Não sei se é uma história capaz de fazer alguém chorar, nunca fiz dramas, então de me uma brecha, ok? ( É pra tu sim)
Digam o que acharam e por favorzinho leitores fantasmagóricos comentem que eu to carente Ç-Ç