Virou Simplesmente Amor escrita por Mary e Mimym


Capítulo 29
A Volta Decretada


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeee.
Bom, o capítulo de hoje não é nenhum especial de ano novo, tá? É continuação mesmo ^^
E, como de costume nesta fic, as coisas só estão esquentando e.e
Enfim! Esperamos que gostem ^^ Boa leitura õ/



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Sieghart deu uns passos para trás, um pouco assustado com a presença de Mari.

— Seja lá o que tem a dizer, quero que me escute primeiro. – A professora se aproximou de Sieghart – Você não pode controlar minha vida, tampouco me fazer sentir algo que não consigo explicar. Mas... – Ela olhou para outro ponto da sala – Não posso negar que sinto algo forte e muito menos omitir que é por você.

Sieghart não esperava que as palavras partissem de Mari, como aconteceu quando ele foi pedir à professora que fosse ao baile com ela.

“–Então... Você vai ao baile?

—Sim, quer ir comigo? Caso você for.

Sieghart não acreditou no que ouviu, Mari tomou a iniciativa e o chamou primeiro.

—Tudo bem, nos vemos no baile. – o professor parou na porta do segundo ano e Mari seguiu para o terceiro”

— Então, se não sente o mesmo por mim, se já se esqueceu o que passamos, se não quer mais nada depois da nossa despedida anos atrás, peço que se retire da minha vida e não me trate mais como uma pessoa conhecida com a qual pode falar o que quer, mas apenas como uma colega de trabalho e nada mais. Também deve saber que...

O moreno se aproximou de Mari, perto o bastante para colarem seus corpos. Ele segurou a mão de Mari, fazendo-a se calar e enrubescer. Os olhos bicolores se fixaram nos pratas, como se não tivesse mais nada além deles a sua frente.

Sieghart sentiu seu coração pulsar tão vívido, que qualquer dia abalador que houvera tido não passava de restos de lembranças perdidas. Fora tomado por uma alegria inexplicável.

— Não pode simplesmente chegar à minha casa e falar assim de mim. – Disse o moreno e Mari tentou se afastar, mas Sieghart não deixou.

— Você é um idiota! Um bruto! Mulherengo! E teve a coragem de me dizer que se eu quisesse voltar, você estaria me esperando, como se fosse verdade! Tolo!... – Mari já não sabia palavras para pronunciar, só conseguia, no final, olhar para os olhos de Sieg.

— Acho que faltou você me chamar de estúpido, irresponsável, orgulhoso... – A voz do moreno era humorada e ele mantinha seu primordial sorriso nos lábios.

— Não me provoque. – Mari olhou para o chão – Depois do que aconteceu com Edna e o fato de eu não me lembrar de muita coisa e agora essa vinda do Duel... Eu só queria entender, Sieg, do que você foi capaz de fazer naquele dia?

Sieghart deu uma suspirada pesadamente, o que fez Mari olha-lo.

— Você quer saber a verdade?

— Foi para isso que vim. Eu não aguento mais carregar isso dentro de mim, Sieg, não dá mais... É uma dor muito grande, que só cessa quando estou com você. É a variância de dois casos em que eu preciso encontrar o desvio padrão entre a minha razão e o que sinto.

— Por que você torna tudo tão difícil? – Sieg envolveu suas mãos no pescoço de Mari e se aproximou um pouco mais – Por que simplesmente não admite que sem mim há um vazio em você? E que foi um erro você ter se separado de mim. Quebre esse seu orgulho, Mari.

— Você não muda! – Mari se afastou bruscamente de Sieg e ficou de costas para ele – Você mente, esconde-me um segredo, trabalha no mesmo lugar que eu e acha tudo natural! – Ela se virou – O que se passa em sua mente? Você não pensa em nada além de você e da sua verdade acima de tudo e todos?

— Hey! – Sieg a encarou – Você não sabe os meus motivos!

— E exige que eu dê meus motivos de ter ido embora? Porque ficou óbvio agora. Foi um erro ter vindo aqui expor o que eu sinto. – Mari apertou sua blusa.

— Não, não, não... Não vire as costas novamente. – Sieg caminhou até Mari, que recuou e foi para a porta.

— Até quando continuará a esconder de mim o que preciso saber?

Sieg negou com a cabeça.

— Minha mente está confusa com isso tudo... E se for dessa maneira, com você me escondendo o que eu preciso saber, eu prefiro viver com essa dor do que ao seu lado.

Sieg continuou com a mesma ação de balançar a cabeça.

Mari estava se irritando com aquilo e virou-se para abrir a porta.

Sieg se aproximou e colocou sua mão em cima da mão de Mari sobre a maçaneta e falou ao ouvido da mulher.

— Fica... Não me abandone de novo...

***

Assim que terminaram a valsa e o pessoal estava na pista de dança, Elesis viu que Rey estava de costas conversando com Azin, ambos um pouco afastados.

— Para onde você vai?

— Ronan, preciso terminar uma coisa.

— Espera, eu estou confuso.

— Agora não.

— E quando será?

A ruiva o encarou.

— Não vou deixar você sair assim.

Elesis suspirou.

— Não preciso de babá, idiota. Sei me cuidar sozinha. – A ruiva cruzou os braços.

— É... Eu vi... Tanto que se jogou em meus braços na hora da dança.

— Convencido.

— Aconteceu algo que eu deveria saber?

Elesis entreabriu os lábios e olhou para Ronan.

— Será que tem algo, Elesis Sieghart?

A ruiva se virou e era o pai de Ronan que falava com ela.

— Não, senhor.

Ronan sentiu que o clima mudara.

— O que está havendo? – Perguntou novamente o Ronan.

— Com licença. – Elesis se despediu sem que Ronan pudesse impedi-la.

Porém, a ruiva começou a mancar e o menino percebeu.

— O que houve com a sua perna?

Elesis parou, mas depois do que disse, voltou a caminhar.

— Pergunte ao seu pai.

Ronan respirou fundo.

— Pai, o que foi isso? – O menino olhou para o Sr. Erudon.

— Eu também gostaria de saber... A sua namoradinha é tão confusa, fala coisa com coisa.

— Não, não... Está acontecendo algo e se eu descobrir que o senhor está envolvido, eu... Eu não sei o que farei. – O rapaz se virou, intentando em ir atrás de Elesis, mas parou no caminho quando seu pai tomou a palavra.

— Não fará nada, Ronan. Porque você não sabe o que faz. Hoje é o seu aniversário, você deveria esquecer essa garota e viver aquilo que eu posso lhe proporcionar.

— O que está falando? Por que isso?

— Eu só quero o seu bem, filho.

— Assim? Agindo dessa forma? Você chegou e a Elesis saiu e ela está mancando! Será que nem depois dessa minha última dança o senhor não vai parar com essa implicância e me deixar viver feliz com quem eu quero viver?!

O Sr. Erudon se calou.

— Não precisa falar nada, eu já entendi que o senhor não quer me ver feliz, o senhor quer que eu viva a sua felicidade. – Ronan ficou de costas para seu pai – Eu sinto muito, mas vou decepciona-lo, porque a minha escolha definitiva será a Elesis.

— Nunca pensei ter que guerrear contra meu próprio filho, porque eu não vou admitir isso. Não permitirei que tome uma decisão insana!

— O senhor não precisa admitir ou permitir nada, porque eu alcancei a idade apropriada para tomar minhas próprias decisões. Essa palhaçada toda – Ronan esticou os braços – é só para provar isso, agora sim eu sou responsável o suficiente pelas minhas atitudes sem precisar perguntar ao senhor se devo ou não fazer. Se o senhor fosse ao menos um pai de verdade, talvez eu o ouvisse. – Ao terminar, começou a andar.

— Ronan!

O menino avistou seus amigos e foi até eles, sem dar atenção para seu pai. Lass, ao contrário de Ryan, observava a conversa que o amigo acabara de ter com o seu pai, mas disfarçou quando Ronan se aproximou.

***

Elesis seguiu para onde havia imaginado quando viu Rey. Agora, a menina não estava com Azin, mas conversa fervorosamente com outro rapaz.

— Hey.

Rey parou a conversa.

— Acho que você deveria ter me deixado com as duas pernas machucadas! – Elesis deu uma pisada forte na orla do vestido de Rey e, quando a menina se virou pela inesperada presença da ruiva, o seu vestido se rasgou.

Rey encarou Elesis, que continha um sorriso no canto dos lábios.

— Agora você me irritou, querida.

— Não, você quem me irritou. – Elesis deu as costas e saiu andando.

— Ah, Elesis... Isso não vai ficar assim. – Rey olhou para Dio – Preciso falar com o Lupus, ele está me devendo uma bala que ainda não foi disparada.

— Rey, Rey... Já temos problemas demais para resolvermos, esqueça essa pirralha.

— Esquecer? Ela acabou de ser gravada com sangue em minha lista negra.

— Você está seguindo o mesmo caminho que o Duel nos contou da Edna, não tem medo de ter o mesmo fim?

— Ora, ora... Você, Azin e meu pai darão a vida por mim, disso eu não tenho dúvida.

— Não me inclua nisso. A minha vida eu não dou a ninguém. Bem... Pelo menos não a você.

— Dio... – Rey sentiu uma dor em seu peito.

O rapaz se virou antes de começar sua caminhada.

— Você não gosta de mim.

— Fingir ser seu irmão foi o mais próximo de “gostar” de você que eu estive. Não se iluda, Rey, as pessoas só ficam perto de você pelo que tem, não por quem você é. Aliás, quem você se tornou já afasta as pessoas de si... – Dio continuou a andar e, sem olhar para trás, deu um meio sorriso – Adeus.

Azin passou por ele.

— Ué, já vai?

Dio não respondeu. O carro de Rey já havia chegado, mas Dio se desviou do mesmo e foi andando até sumir na escuridão da rua.

— Bem... Eu vim avisar que seu motorista já chegou. – Comentou Azin.

Rey cerrou a mão. Há muito tempo não sentia um aperto tão forte em seu peito, se pudesse, o arrancaria de si.

— Tudo bem?

— Tudo bem. – Respondeu friamente – É melhor irmos mesmo. – Quando Rey começou a andar, ficou nítido o estrago que Elesis tinha feito e Azin percebeu.

— O que foi isso?

— Nada... Comparado ao estrago que eu farei. E agora que Dio se foi... Ninguém mais irá me impedir.

Azin sentiu algo sombrio em cada palavra que saía da boca de Rey. Olhou para trás e viu Elesis e Jin olhando para eles.

— E eu não quero perder isso por nada... – Disse Azin, acompanhando Rey, que segurava a parte rasgada de seu vestido.

***

 - Você não deveria ter feito isso, Elesis.

— Jin, eu não tenho medo dela.

— Ela é capaz de fazer qualquer coisa, Elesis, você deveria ter medido seus atos!

— Ah, para! Até quando eu vou apanhar dessa garota mimada? Alguém tinha que fazer algo, mostrar a ela que não a tememos. Ou você também vai se submeter ao que ela faz?

Amy se aproximou com duas bebidas na mão. Deu uma para Jin.

— Aconteceu algo? – E olhou para trás, avistando Azin indo embora com Rey. O rapaz deu uma última olhada para trás antes de entrar no carro e sorriu para Amy.

Jin suspirou e puxou Amy para perto de si.

— Não mesmo, não me submeterei.

***

Lothos estava dormindo quando seu telefone tocou. Relutando para levantar, esperou o mesmo parar de tocar e assim aconteceu.

O telefone novamente tocou. Por ser tarde, Lothos achou melhor atender. Afinal, quem ligaria a essa hora?

Levantou-se da cama, desceu as escadas e o telefone tocava. Ainda sonolenta, foi tirar o telefone do gancho para atender.

— Alô? Alô? – Ninguém respondeu – Alô?

Oi, Lothos, quanto tempo.

— Quem é? – Ela sentiu que tinha mais uma presença na sala.

Olhe para trás.

O coração de Lothos acelerou e sua mão suou segurando o telefone, o suspiro que saiu dos seus lábios quebrou o silêncio que se instalara naquele cômodo. Colocou o aparelho no gancho e se virou vagarosamente.

— Olá.

Aquele rosto... Aquele sorriso cínico... Duel.

— Como conseguiu entrar aqui?

— É assim que você recepciona os convidados?

— Não, não... Eu sou bem mais agradável quando eles aparecem em minha casa depois do café da manhã e quando realmente são convidados.

Duel riu.

— Você não muda. Mesmo depois da morte do... Meu grande amigo.

— Ele nunca foi seu amigo.

— Que triste notícia... Esses anos todos eu lamentei a morte dele e você me avisa que ele nunca foi meu amigo? – Duel suspirou – Que decepção, mas... Eu não me importo.

— Como entrou na minha casa?! – Ela ficou na defensiva.

— Ah, Lothos... Você é ingênua demais...

A mulher cerrou o punho.

— Quem diria que nos encontraríamos aqui. Depois que a... A minha amada morreu, vocês pensaram que eu ia me calar e me recolher num canto?

— Não se calar... Mas choramingar pela morte de Edna... Sim, foi o que eu pensei.

— Engraçadinha. – Duel mudou seu semblante – Vocês acharam mesmo que eu ia ficar quieto?! Vocês acharam mesmo que nunca mais iam me ver?! Você não fez nada quando Edna estava dando seus últimos suspiros! – Duel deu um soco na parede, rachando-a.

Lothos engoliu a seco.

— Por que voltou?

— Conhece o significado da palavra “vingança”, Lothos?

A mulher nada respondeu.

— Sabe... A Vingança seria muito sem graça se eu simplesmente matasse cada um silenciosamente, mas... Eu gosto de chamar atenção! Gosto de plateia!

— E o que pretende?

— Quero conhecer mais você... O que faz... 

— E isso inclui as minhas crianças?

— Quem? – Duel riu – Sieghart? Mari?! Zero? Ou talvez Peter e Erudon?

— Eles já cresceram e sabem se cuidar.

— Ah... Você me entendeu bem, então.

— Deixe-os em paz.

— Eu? Eu não tiro a paz deles, mas você sim... Você tem sangue nas mãos, Lothos... Você que os coloca em perigo...

— Eu não vou falar mais do que uma vez: deixe meus alunos fora disso.

— Eles precisam conhecer a verdade! Que eles vivem uma ilusão neste mundo manipulador com um sistema atrativamente mentiroso! Um sistema que sobrevive esmagando as “crianças” com suas insanas palavras de que tudo está bem! Eles precisam saber quem é a diretora que “cuida” deles. Principalmente àqueles que possuem habilidades especiais. Pensa que eu não sei que os campeonatos são uma farsa!? Você só permite isso, bem como outros diretores de escolas especiais, para criar um exército contra mim! Mas eles saberão a verdade... Imagina o vexame? O escândalo que seria... Imagina a manchete: O Colégio mais poderoso da cidade é uma completa mentira!

— Você está louco? Obcecado pelo passado!

— Não, Lothos... Você ainda não viu minha loucura. Mas eu sei que isso está te causando certo desespero. E isso me motiva mais ainda! Você já alertou todos os diretores. – Duel riu – Sieghart já deve estar se preparando para me encontrar e a Mari... Ah... A Mari... Será muito bom revê-la. Aquela potência de poder em minhas mãos...  

— Você nunca conseguirá nada, Duel. Você já está derrotado desde a morte de Edna!

Duel avançou em Lothos e apertou o seu pescoço com uma mão, erguendo-a um pouco do chão.

— Não fale dela! Não da minha Edna! – E apertou o pescoço de Lothos.

— Du-el... – Ela tentou afastar a mão dele, mas a força era brutal.

— Eu poderia te matar agora, Lothos. E seria o primeiro ponto de minha vingança.

— E... – Lothos tossiu, já fadigada, tentando colocar os pés no chão – Quais são... Os seus pontos?

— Ah... Meus pontos foram bem planejados e são três: Você, Sieghart e... – Duel sorriu.

— E... – Ela tossiu, seu rosto já estava avermelhado e Lothos suava – E o quê? – Perguntou com dificuldade.

— O terceiro...? Bem, o terceiro é a aluna que estão treinando. Mas essa eu já tenho quem suje as mãos por mim. A tal aluna que matou seu esposo.

Lothos cuspiu no rosto de Duel, que, com raiva, apertou mais ainda seu pescoço. A mulher abriu a boca em busca de ar. Fechou os olhos e Duel ria.

Lothos, cautelosamente, levou a mão até sua coxa e levantou um pouco seu vestido.

— Não vai me seduzir agora, não é, Lothos?

A mulher sorriu, Duel não entendeu.

— Lothos, você... Uh... – Duel só sentiu a ponta da faca atingir a lateral se sua cintura.

Ele largou Lothos, que puxou o ar para se recompor e se afastou de Duel.

— Quem dorme com uma bainha de faca na coxa? – Duel riu, arrancando a faca e apertando sua cintura com a mão, para estancar o sangue.

— Nunca se sabe quando um maluco invadirá a sua casa e tentará algo contra você! – Lothos passava a mão no pescoço, para aliviar a dor – Sai daqui! Agora!

— Eu voltarei, Lothos. – Duel fez expressão de dor – Mas será para acabar com você.

— E eu estarei bem mais preparada.

— A morte de seu esposo tentando treinar a única pessoa que tem forças o suficiente contra mim só mostra que vocês são incompetentes! Não há ninguém que possa me parar. Ninguém.

Duel se virou, abriu a porta e foi embora.

Lothos estava respirando pesado. Olhou para o telefone e foi até o mesmo. Ligou para Zero e avisou “Intensifique o treinamento com a Lin imediatamente!”.

***

Ronan se aproximou de Elesis e Jin.

— Sua perna? – Indagou ele.

— O que que tem?

— Não me contará nada?

— Ronan... Foi só uma torção de salto.

— Mentira. Você falou para eu perguntar ao meu pai sobre o ocorrido.

— Hoje é seu aniversário, cara, deixa isso pra lá. – Jin olhou para Amy e depois para Ronan.

— A minha festa já terminou faz tempo. Eu... – Ronan olhou para o lado – Eu quero saber o que está acontecendo.

Elesis cruzou os braços.

— Seu pai não gosta de mim e isso está mais do que óbvio.

— Bem, ele não precisa gostar. Sou eu quem namoro com você, então essa decisão precisa partir de mim, não acha?

— Não quero criar conflito entre você e sua família.

— Você... Elesis, isso é besteira.

— Não, Ronan, não é. Isso aqui... Eu não sei fazer parte disso.

— Acabou. Eu sou um garoto “normal” agora. – Ronan riu.

— Não... Você nunca será. Você é da nobreza e eu sou uma plebeia.

— Uau... Arrasou na aula de história, lindinha. – Amy riu.

Arme e Lire se aproximaram do grupo.

— E aí, gostaram da dança?

— Arme... Eu acho que eles não estão pensando na dança... – Alertou Lire.

— O que houve?

— Eu também quero saber, Arme. – Ronan cruzou os braços.

Lass e Ryan também se aproximaram. O grupo se formou e cada um olhava para a face do outro. Até que Ryan começou a rir.

— Tudo bem, quem são o detetive, o assassino e as vítimas? Porque do jeito que estamos, dá para brincar direitinho.

O pessoal soltou uma breve risada.

— Então você vai ficar assim? Sem me contar?

— Ai, idiota! – Elesis pegou Ronan pelo braço e o levou um pouco afastado de seus amigos. Como a festa estava se encaminhando para o fim, muitos dos convidados estavam na pista e outros se deliciando com o bolo que estava sendo servido.

Elesis explicou para Ronan do acontecido, o que deixou o menino furioso.

— Droga! Era isso que eu não queria causar.

— Elesis, como você não me contou? Dançou com a perna machucada! E meu pai... Argh! – Ronan olhou para frente e viu sua mãe ao longe, sentada na mesa com seu pai – Eu preciso falar com ele.

— Não. Não precisa.

— Como não? Eu... – Ronan pegou na mão de Elesis – Perdoa-me?

— Para com isso! Você não deve pedir desculpas, eu estou bem! Acha que essa pancadinha vai me parar? Já lutamos juntos e, apesar de você lutar como menina, tinha uma força considerável. – Elesis tirou um sorriso de Ronan – Mas... eu acho que nós dois juntos... Não vai dar certo.

— Não, Elesis, não hoje, não depois do que conversamos, não depois da dança.

— Seu pai vai ficar em cima de você.

— Eu não me importo! Ele não tem o direito de fazer isso! E outra: o que a Rey tem a ver com isso?

— Ela tem raiva de mim, porque eu fiz com que ela perdesse o campeonato.

— Tem algo por trás disso tudo.

— É, Ronan, você acha?

Elesis e Ronan olharam para o lado e era o Sr. Erudon, sua mãe vinha atrás.

— A festa ainda não acabou, Erudon, contenha-se.

— Eu não falei nada, Helena. Aliás... Como ousou em dar o seu vestido para essa menina? Só porque tem lembranças de um Sieghart? Uma raça que não deveria existir!

— Erudon! – A mãe de Ronan o repreendeu.

— Fui descortês, Helena?

— Mãe? – Ronan viu que o semblante dela era de decepção.

— Esses Sieghart só sabem destruir famílias. É porque que os pais de Elesis não ficam junto dela, pois colocam em perigo a própria vida dos filhos, como pode? – O Sr. Erudon riu cinicamente.

— O quê? – Elesis se expressou – Do que está falando?

— Que você não pertence a essa meio. Olhe ao seu redor, você não faz parte disso.

A ruiva o encarou. Ronan segurou a mão de Elesis, mas a menina a soltou e saiu andando para fora da festa.

Ronan estava com raiva do pai, não esperava que ele tratasse mal a garota que ele amava, não esperava que, em sua família, ainda houvesse certo preconceito em relação à classe social. Mesmo que não fosse aquele o real motivo.

Ele saiu de casa atordoado a procura de Elesis. Queria se desculpar, mesmo o erro não sendo seu. Mas seu coração clamava para que ele corresse até a ruiva, a achasse de qualquer jeito e mostrasse à ela o amor que ele nutria, que era capaz de se impor a vontade do pai.

—Sebastian, abra o portão. – Pediu Ronan, apressando os passos para sair do jardim.

Sebastian já estava na portaria e atendeu ao pedido do jovem, sorrindo com a atitude de Ronan.

Ele começou a procurar pela sua rua, a noite tomava conta do céu estrelado. Ronan acelerou os passos, mas não deixou de olhar ruelas, avenidas, becos ou ruas que passava.

Quando estava perto de uma praça, pensou em desistir e voltar para a sua festa. Elesis deve ter ido para casa ou para qualquer lugar bem longe daqui, para bem longe de mim, pensou Ronan, abatido e decepcionado.

Ele respirou fundo, deu uma olhada superficial pela praça, que estava cheia de criança brincando e pais conversando. Estava bem iluminada e as diversas cores dos casacos das crianças davam um cenário alegre. Alegria essa que Ronan estava a procura, mas ainda não encontrara.

Quando ele se virou, um menino corria em sua direção e ele o segurou, para que não houvesse um esbarrão.

—Opa! Mais devagar, cara. – Ronan sorriu descontraído e o menino olhou para trás.

—Aqueles garotos querem me bater. – Avisou o pequeno.

—Por quê?

—Porque eu peguei a bola deles. – O menino mostrou a bola e tornou a olhar para trás.

—Devolve que eles não irão mais te perseguir.

—Mas a bola é minha.

Ronan franziu a testa, pensativo.

Assim que os outros meninos se aproximaram em busca da bola,  o pequeno foi para detrás do Ronan e ele o protegeu.

Os meninos, que eram mais velhos que o que se escondia, pararam de frente para Ronan.

—Para de proteger esse pirralho. – Disse um dos três meninos.

—Vocês querem pegar a bola dele. Podem tirando o cavalinho da chuva, não vão pegar nada. – Avisou Ronan, com a feição séria.

O pequeno olhava para Ronan, orgulhoso de ter um protetor e pressionou a bola contra a sua cintura, já que a mesma estava envolvida debaixo do braço, para protegê-la também.

Elesis, que estava na praça, em um dos bancos, perto de um casal, viu um pequeno alvoroço e ficou observando, surpreendeu-se ao ver que Ronan estava envolvido.

—É um idiota mesmo… Se metendo em briga de criança. – Ela se levantou para ir embora, não queria que Ronan descobrisse que ela estava ali, queria pensar em tudo o que passara. Queria arrancar aquele pensamento e esquecer de tudo. Esquecer do Ronan.

Uma menina, que corria sem uma coordenação, se encontrou com Elesis, que cambaleou para trás, mas se apiou no banco.

—Desculpa. – Pediu a menina.

Elesis correu seus olhos até a menina e a encarou. Com medo, a pequena se afastou da ruiva, mas acabou esbarrando numa outra criança.

“Essa menina é muito desastrada.” – Pensou Elesis.

A outra criança, que era um menino, que sofrera a ação do esbarrão, levantou a mão com o intuito de bater na pequena, Elesis achou aquilo desnecessário e o repreendeu, mandando ele sair de perto. O menino ficou assustado com a bronca que levou de Elesis e pelo olhar que ela lançou e saiu correndo.

—Eu quero a minha mãe. – Disse a pequena, choramingando e com medo do que havia lhe acontecido.

Elesis suspirou, não estava a fim de ajudar uma pirralha, mas não queria deixar a criança chorando ali. Então segurou a mão dela e perguntou onde estavam os pais, a pequena apontou e as duas foram.

Ronan conseguiu convencer os meninos a deixarem o garoto que protegia em paz, afinal, a bola era dele. Não haveria muito o que discutir; porém, criança é teimosa, então deu um pouco de trabalho.

 -É melhor você ficar perto de seus pais, esses garotos podem tentar te perturbar de novo se você ficar sozinho e eu não ficarei o tempo todo ao seu lado.

—Por quê? – Perguntou o pequeno, abraçando a bola.

—Porque eu preciso ir para a minha casa.

—Por quê?

—Porque eu não achei quem eu procurava aqui na praça.

—Por quê?

—Porque ela sumiu de perto de mim.

—Por quê?

Ronan pegou na mão do pequeno, que o olhava.

—Porque sim e pare de ficar me questionando, isso irrita!

—Papai disse que eu sou muito curioso. – O pequeno riu.

—Imagino… - Ronan abaixou o rosto e olhou para o menino – Onde estão seus pais?

O garoto nada respondeu, apenas puxou Ronan, que o acompanhou.

Elesis entregou a menina aos pais e contou do acontecido, os responsáveis da pequena agradeceram pela ruiva tê-la levado até eles. Quando Elesis se virou, viu Ronan se aproximando de mãos dadas e rindo com o menino, pois o mesmo lhe contava sobre sua vida.

—Eles são meus pais. – O pequeno apontou e soltou a mão do azulado – Essa é a minha irmã, que eu te contei e… – O menino olhou para a Elesis – Essa ruiva eu não sei quem é.

Ronan ficou paralisado por estar frente a frente com Elesis. O destino conseguiu uni-los novamente.

Elesis sentiu sua respiração pausar por um momento. Sua face esquentou e seu coração parecia querer sair de dentro de si. Batia tão freneticamente, que ela pensou seriamente que iria ter um infarto logo, logo. Suas mãos estavam suando e um frio na barriga lhe incomodava. Ver o Ronan bem na sua frente só lhe fez ter certeza de uma coisa: Ela o amava. Mesmo impedindo que esse sentimento evoluísse, era fato que, mais cedo ou mais tarde, isso aconteceria.

Os dois permaneceram em silêncio em meio a praça barulhenta. O pequeno segurou a mão de Ronan e a movimentou, para ver se ele reagiria. A menina fez a mesma ação em Elesis. Ambos olharam para seus respectivos pequenos e depois se entreolharam.

Ronan abriu a boca, mas nenhuma palavra foi dita.

—Está tudo bem? – Indagou a mãe das crianças.

Elesis assentiu e saiu dali. Não olhou para trás. Não disse nada. Não pensava em nada além de que sentia algo forte pelo Ronan e não sabia o que fazer.

Ronan não perdeu tempo, não deixaria Elesis escapar pela milésima vez. Ele acenou para os demais que ficaram, despedindo-se e correu até a ruiva.

— Não faça isso. – Pediu Ronan, ao segurar a mão de Elesis, que soltou bruscamente.

— Você permitiu que eu fosse embora.

Ronan abaixou o rosto, não esperava pelas palavras da ruiva.

— Eu não esperei que meu pai falasse aquilo. Eu ainda não entendi.

— E o que vamos fazer, porque... Isso está muito estranho.

— Bem... Nós somos especialistas em resolver casos assim. – Ronan sorriu.

— Acho melhor eu ir... – A ruiva soltou a mão do menino.

— O meu aniversário não pode terminar assim.

***

Duel entrou no quarto, olhou para os poucos móveis e para cada os livros e os aparelhos tecnológicos.

— Bem a cara da Mari... – Sussurrou.

Viu que em cima da escrivaninha de Mari havia uma fotografia.

— A única amiga de Edna... Um poder inesgotável e uma sabedoria poderosa que poderia ter salvado minha amada... Mas Sieghart a impediu. Salvar Edna poderia ter custado sua vida Mari... Ou melhor, continuará a custar.

Duel pegou a foto e a rasgou, separando os dois que estavam nela.

— Farei você sentir a mesma dor que eu senti, Sieghart...

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? :3
Então gente, sei que já desejamos um feliz ano novo nas notas do capítulo passado, mas como hoje é 31, vamos de novo, né?
Pessoal, um Feliz Ano Novo, que 2017 não seja um ano tão pesado quanto foi 2016, porque misericórdia... Que todos nós consigamos atingir nossas metas e objetivos. E que venham mais capítulos õ/ e.e
Os comentários pendentes serão respondidos >,
Feliz 2017 õ/



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