“ Eu estou bem” Já perdi a quantidade de vezes eu disse isso. Meus pais morreram, e as pessoas simplesmente pensam que ficar perguntando se eu estou bem vai resolver, vai me fazer seguir em frente, mas não vai só vai me fazer lembrar ainda mais deles. Lembrar que eles morreram e que ninguém sabe como.

Tenho 15 anos e meio, meu nome é Aurora. Tenho um irmão de 14 anos, que não tem a menor maturidade e tenho que cuidar dele agora sou responsável por ele. Estou sendo forte por ele apenas, por ele.

Estamos indo para São Piedro, no interior dos estados unidos. Vamos morar com a vovó, dona Lorena não é uma das pessoas da minha família que mais tenho contato. Mas, nossa guarda ficou com ela, e então aqui estamos na rodoviária de São Piedro cidade pequena e com tradições católicas e cabeças fechadas. Entramos na rodoviária velha e feita de madeira, a sala era grande e com a pintura em amarelo claro. Tinha algumas cabines de venda, o chão da enorme e única sala era preto e liso, as cadeiras eram de madeiras nada confortáveis pintas a verniz. Tinha janelas de vidros dos dois lados da sala uma dava para o terminal do ônibus e a outra para a rua principal da cidade. Sentamos e esperamos.

– Enzo, fica quieto! - Disse isso um pouco brava.

– Aquela velha não chega logo!

Enzo era um menino de 14 anos que acabou de perder os pais e teve que deixar tudo para trás, pais, amigos, escola e a vida. Talvez, violência e arrogância fazia parte desse pós traumático acontecimento. Agora, sobra a eu cuidar dele vovó nunca o conheceu e não o conhece como eu. Minha Vó não era assim tão velha, me lembro que minha mãe disse que ela engravidou cedo demais. Ela tinha apenas 28 anos quando morreu e minha vó tinha apenas, 17 anos quando engravidou naquela época era ate velha a mulher que engravidava com 17 anos.

Um impala 67 chamou minha atenção ele foi se aproximando da rodoviária. E parou em frente da porta principal. Desceu do carro uma mulher de cabelos loiros vestida de calça jeans e blusa rosa. Eu me lembro pouco da vovó, tinha olhos verdes pele branca rosto quadrado e um sorriso carinhoso. Era ela que acabava de entrar na sala só que mais velha e com ar de mulher cansada.

– Enzo! A vovó chegou! – Disse isso levantando da cadeira e cutucando Enzo.

– Aquela mulher é a nossa vó? Tem certeza? - Disse Enzo com cara de esperava um matusalém feminino.

– Lorena! – Falei mais alto e ela se virou. Veio andando em nossa direção e cada vez que chegava mais perto o perfume de jasmim aumentava.

– Meus netos? - Disse a senhora parada há nossa frente assustada. – Aurora? Enzo?

Dizemos que sim com a cabeça e do nada ela nos abraçou e chorou. Não entendi por que ela tava chorando acho que por causa dos meus pais. Pela minha mãe.