O Demonio e o Guerreiro. escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo de muitos.
Boa leitura querido leitor õ/



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Sieghart POV

- Então... Senhores. Saberiam-me dizer onde ficaria essa tal Elyos? – Perguntei e responderam-me. O caminho é fácil, disseram. Siga ao leste tendo como ponto de referencia as montanhas negras de puro enxofre, infelizmente não tem estrada e nem ferrovia que leve para lá, disseram. E é claro que não tem muitos burros no mundo para oferecer uma carona até lá de carruagem, carroça ou acompanhado, mas disponibilizaram um pangaré velho para me ajudar – não que eu estivesse sem dinheiro para comprar um mais jovem e resistente, só para não desperdiçar dinheiro atoa. Eu disse.

Demorou quase 8 horas a cavalo até sentir os primeiros sinais de mudança bruta de atmosfera. As plantas e arvores mudavam de aspectos à medida que avançava e notava a terra marrom e fértil virando brita preta e fedida. Atravessei a cadeia de montanhas a pé, já que meu companheiro de cavalgada bateu as botas a algumas dezenas de metros ao pé da montanha. Não o culpo, afinal a energia maligna era um câncer para criaturas normais, ainda mais para ele que era um pangaré velho. Sinto muito meu parceiro barato, mas a sua carona valeu cada das sete moedas de prata que paguei por ti. No meu ritmo e com a bunda dolorida de tanto ficar sentado, em menos de 1 hora consigo já ver a paisagem do outro lado da montanha. Por incrível que pareça eu esperava encontrar um vulcão em lava ou piche escorrendo por toda terra ou até mesmo dezenas de ogros, monstros escravizando humanos com correntes no pescoço, pensei até mesmo um dragão gigante alado vomitando lava, mas não. Era algo que, posso dizer uma linda planície, podia contar nos dedos a quantidade de árvores negras e arbustos espalhados por toda extensão. A terra era diferente do que da montanha. Areia fina e árida como de um deserto, era mais clara do que minha pele, mas a energia maligna impregnada naquela região fazia com que todos vegetais dali adquirissem um tom seco ou avermelhado. Sinceramente, de primeira vista eu achei Elyos um lugar lindo. Comecei a rir sozinho de minha imaginação fértil.

Pus as mãos acima de meus olhos para cobrir da luz do sol e avistei através da neblina uma sombra de cadeias de montanhas negras. O sol já tocava aquelas montanhas e levando consigo o dia e a luz que iluminava aquele pampa. O poente fazia com que as gramíneas e as plantas ficassem com uma tonalidade escura de roxo e a areia com uma tonalidade mais clara do que lilás. Quem vê até pensa que pudesse estou em outro planeta, mas estes pampas se encontram sim ainda no planeta. Só apenas numa região afastada da civilização já que as terras são inférteis para plantação e pastagem de gado fez com que fosse desperdício de terra aos olhos dos humanos, acrescentando o fato de ser considerado como zona de suicídio pelo fato de ser habitada por nada menos do que demônios. Fora que fiquei sabendo que aqui há bastante visita de magos e guerreiros, ou porque buscam materiais que só são encontrados aqui, ou por idiotas, digo, por aventureiros em busca de novos desafios. Enquanto isso eu estou sendo pago para averiguar esta região.

Vasculhei meu bolso e retirei do lado esquerdo um pequeno relógio de prata acompanhado por uma correntinha. Abri-o e vi que o ponteiro menor estava travado exatamente no número romano XII.

- Tsc. – Deixo escapar entre meus dentes e guardo a joia e caminho em linha reta. Vejo uma incrível variedade de ossadas do pé da montanha e até a vegetação dali. Vi alguns crânios humanos e até alguns que pareciam de cavalos ou bois. Caminhei até entrar na grama alta que cobria até altura de meu peito. O cheiro do ar não fazia diferença alguma do cheiro da montanha, se fosse uma pessoa normal de meia idade já estaria morta em questão de segundos, a energia impregnada no ar vira veneno e atravessa a pele e queima os pulmões. No começo só sentia um incomodo nos olhos, mas acostumei com isso. Basta garantir que minha pele não derreta ou minha cabeça caia e ficará tudo bem, ao menos tenho mais sorte do que esses carinhas ai espalhados pelo chão. – Rio, realmente os deuses não irão me perdoar depois dessa, mas não consegui me segurar.

Paro de andar e empunho o meu par de espadas e aponto uma para frente e a outra para trás em posição de alerta. Nada acontecia a não ser o vento passando por mim balançando a vegetação à minha volta. Aperto o punho de cada espada e libero uma quantidade de energia fazendo meu coração falhar uma batida. Em seguida apareceu um monstro que parecia uma centopeia marrom escura gigante e parecia ter mãos humanas em cada pata que ela tinha. Ela surgiu a minha esquerda, a uns dezoito metros de distância – deduzi com o olhar. Desnorteada de inicio. Eu a olho sem retirar minhas espadas de suas direções. Eu sabia que ela estava naquela área, talvez adormecida, ou talvez de tocaia. Só precisava saber onde estava sua posição para eu poder atacar. Ela avança em minha direção com a cabeça dela como se fosse um míssil, salto sem dificuldades e ela finca a mandíbula na terra levantando uma parede de poeira. Como se ela fosse uma minhoca, entrou com o corpo inteiro na terra sem dificuldades até sumir por completo. Caio de pês no chão e sinto abaixo de mim tremores.

- Vai brincar de ataque surpresa? Ah... Como isso é chato!– Provoquei, os tremores começam a se acumular onde eu estava sentado, no momento que se intensificaram dou um salto e em seguida a terra explode revelando uma mandíbula preta com várias presas. Posiciono-me para a ofensiva e aponto as duas lâminas negras para baixo e encolho minhas pernas.

- Asas da ascensão! – Concentro energia em meus pés para dar uma força de impulso e ir em direção para aquela bocarra medonha. Com a espada em minha mão direita faço um corte vertical em sua cabeça e a esquerda um na diagonal, durante o percurso de minha queda, desfiro diversos cortes de todas as direções contra aquele corpo colossal comparado ao meu. Caio em a sua frente e seu corpo demora em cair.

Me arrependo do fundo da minha alma de ter feito isso. Com o meu ataque fez com que a cabeça dela se dividisse em quatro ou mais partes e pro meu azar uma delas bateu em mim na queda.

- Droga! – Cai no chão na hora. Onde estava a minha pose de guerreiro naquela hora? Fora o lodo que escorria da cabeça da “Centopeia Infernal” – como eu a batizei. Quando um pedaço de sua cabeça bateu em mim, me sujou com isso, o cheiro era horrível e por pouco não entrou na minha boca.

Senti uma fraca fumaça sair de minha camiseta – o qual tinha gosma negrenta nela e rasgo-a imediatamente com apenas um puxão. Limpo minha pele e minha armadura e jogo o trapo ficando apenas com as ombreiras e o peitoral da armadura me cobrindo. Seria perda significativa de dinheiro se a minha armadura estragasse logo no inicio de Elyos. Tirando o meu valor sentimental por ela, sem ela eu morreria de duas formas. – risos.

Novamente sinto um tremor na terra, uma mudança de atmosfera no ar. Olho ao meu redor e não enxergo nada. Se eu concentrasse um pouco na minha audição, consigo ouvir algo semelhante a um barulho de ofego pesado, algo se arrastando, pisoteando folhas secas. Sinto várias presenças ao meu redor, não só ali como abaixo de meus pés. Sorrio e embainho uma de minhas espadas. Esta habilidade eu posso usa-la com apenas uma delas.

- Hoje será um dia bastaaaante exaustivo. – Aperto o punho daespada e libero uma quantidade de onda de energia grande e grito. – EXTINÇÃO DA ALMA. – Vários demônios, monstros, bichos asquerosos (a maioria lembrava um inseto), saltam no ar e gritam, guincham e caem em seguida ao chão sem vida, pareceu até um show de marionetes que tiveram o fio cortados.

Meu coração falha uma batida, não, duas batidas e minha força física caem para baixo junto com minha pose e meu corpo, ao menos usei meus joelhos para me apoiar. Eu detestava usar essa habilidade, sugava todo meu poder de magia e fúria, ao menos foi preciso, agora só é esperar eu descansar um pouco e recuperar-me.

Levanto-me e saio andando por aquele mato e encontro alguns corpos dos monstros. Notei uns que pareciam libélulas com mandíbulas de tigre, outro que não soube dizer o nome que lembrava um tubarão e até mesmo alguns que nem pareciam ser monstros ou demônios, o que eu encontrei parecia até uma pantera negra comum. Olho para o lado e vejo uma coisa estranha que arfava diversas vezes, seu corpo era preto e do tamanho de uma carruagem, as presas eram brancas cor de marfim e se se destacavam mais do que qualquer outra parte do corpo. Olho em volta e conto três, não, quatro desses. Pareciam até elefantes sem a tromba, uma mistura de elefante com tigre? - Que hilário! – Ri. – A fauna de Elyos é impressionante, nunca vi algo assim. Há há ha...

Os animais - isso se for considerados animais, se curvam em forma ofensiva, escorria bastante baba daquelas presas e então, começaram a rugir como ursos.

- Venham e me ataquem se não temem a morte. – Provoco e eles partem para minha direção. Até que são rápidos... Porém grandes demais, alvos fáceis demais, até que vai ser divertido usar apenas a força física. De uma forma ou outra, estou adorando Elyos.

Sieghart POV Off

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Um pouco longe dali, perto de um paredão de pedras giganormes encrustadas na terra, via-se uma figura que forçava seus dentes contra um pedaço velho de osso que parecia pertencer a uma ossada de búfalo. Roía com voracidade, com força. Tentava conseguir alguma carne grudada naquele osso, e não conseguia. Jogou aquele pedaço para longe, arremessou, e faz menção de levantar-se só que tombou para o lado desfazendo-se de seu estomago. Vomitava até coisas que já não tinha mais. Fazia dias que não se alimentava nem de um mísero escorpião ou de sobras de caça alheia. Estava magro e fraco, um alvo fácil digamos. Olhou para ossada que parecia estar ali na sombra projetada da pedra por alguns dias e amaldiçoou seus dentes de não serem fortes o suficiente de quebrar e mastigar ossos de demônio. Amaldiçoou a si mesmo por não ser forte como outros demônios que podem caçar e conseguir sua própria comida. Tinha que ser um fraco, viver à custa de cadáver, raízes e até mesmo vermes que achava quando cavava.

Limpou o filete de saliva de seu rosto com o tecido encardido que cobria seu braço, cuspia várias vezes a fim de tirar aquele gosto amarguento da boca. Levantou-se sem dificuldade, só um pouco de tontura por conta do estomago vazio, teria que conseguir algo para enganar a fome. Nem que fosse um lagarto, uma carniça, uma raiz... Qualquer coisa serviria naquele momento. Isso se não virasse alimento de outro animal, afinal, já estava moribundo mesmo, e se fosse disputar com outros demônios por restos mortais de um banquete de outro demônio mais forte, era bem capaz de morrer.

Foi nessa hora que sentiu algo no ar e assustou-se com isso de imediato. Olhou para os lados e viu que aquela energia estava emancipando-se das montanhas, exatamente ao oposto do sol. O que havia sido aquilo? Uma onda de energia que fez até os ventos soprarem na direção oposta. Seu estomago roncou e apertou sua barriga com as mãos, talvez devesse deixar de lado isso e procurar algo para se comer. Acontece novamente a onda de energia que faz seu coração falhar uma ou duas batidas, sentiu um frio de medo percorrer suas costas. O que estava acontecendo naquela região?

Ouviu barulho de pegadas, de vários passos e correu para se esconder entre aquelas rochas, observou alguns demônios de vários tamanhos, desde as salamandras terrestres e até o besouro colossais partindo em direção ao oeste. Algo o acanhava, o que devia ser aquilo? Levantou e caminhou até lá.

Uma coisa é certa e que você não pode sabe: demônios são criaturas curiosas por natureza.

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Faltava pouco para completar uma volta inteira do ponteiro menor relógio quando o demônio parou de caminhar. Tinha andado bastante e a sola de seus pés descalços estava doendo, fora que já o céu já estava ficando negro por conta da noite. Correra para se esconder diversas vezes de demônios andarilhos ou manadas que se dirigiam na direção das montanhas. Não queria se tornar alvo fácil de outras feras, mas também queria saber o que acontecia ali. Chegou perto de um terreno extenso aonde tinha grama alta, hesitou em continuar, pois sabia que ali podia ser ninho de insetos-demônios, só que sentiu uma fragrância apetitosa vinda de lá.

Empinou seu nariz para cima e farejou um cheiro fétido, de sangue, de vísceras abertas ao céu. Escorria saliva de sua boca como uma torneira quando soube que era o cheiro de cadáveres de demônios, sabia dizer exatamente dizer de quem era aquele cheiro, conhecia lógico. Era cheiro centopeia-de-hades, fora que era muito raro encontrar uma morta já que são muito fortes. Não só isso, mas sentiu cheiros conhecidos de leão-sentinela e barata-boi.

Correu para dentro da grama sem pensar duas vezes, sem pensar na possibilidade de ser atacado por alguma criatura em tocaia, sem pensar na possibilidade de já existir algum demônio carniceiro como concorrência. Apenas correu e encontrou o chão reviravolteado de crateras na terra e um monte, um monte de corpos estilhaçados, cortados espalhados pelo por todo chão.

Não se segurou, tombou para frente e caiu ao lado de um cadáver que lembrava um boi – talvez seja o tal falado barata-boi, e cravou seus dentes naquela carne negra.

Não mastigava, não usava as mãos. Apenas engolia, sem etiqueta tivera. Estava faminto afinal, há dias que nada passava por aquela garganta. Deliciava-se com cada pedaço pútrido de carne em sua boca, aquele gosto azedo de sangue gelado de cor verde escuro estragada não se passavam de simples sabor, apetitoso e suculento. Usava suas garras da mão esquerda e suas unhas da direita para arrancar um bom pedaço, estava ficando com dor na coluna de ficar encurvado no chão. Feito isso, segurava com suas mãos e seus dentes um grande pedaço de carniça. Mordia, arrancava, mastigava e engolia, mordia, arrancava, mastigava, tossia e engolia... Era tão bom... Tão bom aquele cheiro fétido de carne podre... Tão boa sensação daquele pedaço pútrido descendo por sua garganta até desaparecer em seu estomago, respirava entre o mastigado e sentia aquele cheiro tão forte em seu hálito, daquela espécie de sangue de cor diferente escorrendo de seus lábios ao pescoço, pingando em seu peito e manchando aquela túnica. Tão bom.

Despertou de seu transe com um barulho de rosnado, deixou a carne cair na areia e com se levantou, tombando para frente vomitando. Talvez tenha exagerado na carniça, ou o seu estomago estava tão cheio... Ao menos deu para se alimentar. Recuperou-se e saiu correndo, se escondeu na vegetação. Espiou e viu alguns felinos de estatura grande se aproximando dos cadáveres.

Era sempre assim, esperava os demônios grandes terminarem de comer e quando eles abandonavam o corpo, depois de horas ou dias, e ia sorrateiro até lá se alimentar das sobras. Era um demônio fraco, de estatura média, não tinha muitas presas e nem muita magia, um demônio fraco, por isso era carniceiro. Tratou de sair dali o mais rápido possível e sem seus emitirem um mínimo som.

Já estava escuro, o céu negro com algumas luzinhas brancas no céu e uma imensa lua amarela bem redonda. As folhas das arvores se confundiam com o negro do caule, era difícil de olha-las. A areia refletia a luz dos astros e adquiriram um tom branco como pó de marfim, e as folhas secas da vegetação ganhavam tonalidades douradas. Os dias e noites em Elyos são mesmo espetaculares, não?

Fora dali, agachou-se no chão para descansar um pouco, correr de barriga cheia não era muito saudável, limpava sua boca com as costas da mão e a manga da túnica que vestia enxugando aquela gosma de seu rosto. Feito isso tratou de empinar seu nariz para o alto tentando farejar alguma coisa. Os olfatos de demônios carniceiros são bem apurados, capaz de sentir cheiro de sangue a meio quilometro de distancia ou mais. Precisava certificar-se de uma direção que não tenha presença de muitos indivíduos para poder dormir tranquilo sem medo de ser atacado. As noites em Elyos costumam ser muito traiçoeiras. Abaixa-se a guarda e virará alimento de demônios mais fortes. Afinal, quando se tem fome ninguem quer saber se esta dormindo ou descansando, eles querem saber da carne e músculos que vestem nossos ossos, isso sim é alimento para eles.

Fechou as pálpebras e concentrou-se apenas em seu olfato, abriu os olhos e percebeu algo estranho, um cheiro diferente. Não era cheiro de sangue ou vísceras e estava vindo de uma direção oposta de onde saíra. Suas narinas nunca haviam captado algo assim, era um pouco mais concentrado do que um aroma de lírio. Procurou por todas as direções a origem deste cheiro. Seus sentidos apontaram para uma região perto das arvores centenárias – um pouco perto das montanhas de enxofre - e então caminhou para lá a passos lentos e silenciosos.

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Dio POV

Cada vez que eu avançava, eu ia se encontrando com vários corpos abandonados de demônios. Perdi a conta de quantas vezes tive que mudar o trajeto do percurso para evitar que eu não fosse avistado por alguns demonios, mas eu não conseguia tirar da sua cabeça aquele cheiro, e já faz horas que estava procurando. Meus pés já estavam doendo de tanto andar que quando eu parava um pouco eu os sentia queimarem como fogo- já estava acostumado com isso mesmo.

Aquela busca por aquele cheiro estava me levando a uma região onde a terra era fértil e que ali conseguia crescer algumas arvores – uma delas tinha quase um milênio de vida. Não costumava andar por ali porque era fácil encontrar predadores. Confiava apenas no meu olfato e era atrás daquela arvore gigantesca que o apontava, os caules delas eram grande e grosso e a raízes formavam paredes, as vinhas caiam do alto dos ganhos e ficavam penduradas. Sentiu forte o cheiro de fumaça, devia ter alguma fogueira ali. Seja o que for não sinto cheiro de demônio perto dali, apenas esse cheiro cálido.

Congelei na hora. E... Se for, uma armadilha? Já ouvi falar de vários demônios que foram seduzidos por um aroma doce e caíram em armadilhas de plantas carnívoras ou insetos. Estremeci na hora. E se for essa criatura que matou os outros? E se eu cair nessa armadilha? E se eu não conseguir fugir? E se eu... Ah! Eu só quero saber o que é! Se eu apenas olhar o que é esse cheiro eu juro que saio correndo até que meus pés sangrem. É só ir, olhar, e sair correndo. Nem farei muito barulho.

Fui caminhando lentamente e notei a área iluminada por uma fraca fogueira e então eu acho que finalmente encontrei a origem do cheiro, ou talvez. Era um demônio, eu sabia! Só que eu não sabia dizer exatamente, era a primeira vez que eu olhava um desse jeito. Tinha cabelo curto e preto, suas roupas eram diferentes, tinham detalhes pretos e roxos e dourados. Estava sentado no chão e encostando sua costa na raiz e de cabeça baixa. Era bem parecido comigo... Só que não tinha chifres e a pele dele era de uma cor diferente da minha. Pele clara, mas não quanto a minha. Parecia ser da mesma espécie da minha, fiquei aliviado em saber que não era algo perigoso.

Fui me aproximando e fiquei ao seu lado, vi que suas orelhas também eram diferentes da minha. Tentei deduzir de que espécie ele era, mas não consegui. Era a primeira vez que eu olhava algo como ele... E ele estava adormecido.

Notei também que era dele que o cheiro estava vindo, e uma coisa estanha é que só tinha esse cheiro no pescoço dele. Fui me aproximando aos poucos dele sentindo seu cabelo espetado no meu rosto fazendo um pouco de cocegas. Eu estava certo: O cheiro só vinha do pescoço dele, de outra parte do corpo ele tinha um cheiro diferente, mas não era um cheiro parecido de demônio. Abri meus lábios e provei de sua pele.

“Amargo, é um pouco amargo... E diferente.” – penso.

Lambi algumas vezes e eu já estava com vontade de morder, eu estava no meu instinto, com a boca salivando e com aquele desejo de sentir a carne sendo arrancada com meus dentes... Abri a boca o quanto eu pude e senti algo gelado no meu pescoço. Eu me espanto na hora e dou um pulo para trás me desajeitando no chão.

- Eu pensei em dar uma pausa para descansar um pouco e tiro um cochilo, e quando eu acordo me deparo com uma coisa tirando proveito de mim. Até que Elyos sabe bem como receber seus turistas. Não? – Pude sentir minha alma sobressaindo de meu corpo pelo susto que levei, ele estava de olhos abertos e me encarando com semblante sério, vi seus olhos cinza me analisando por completo vendo dos pés à cabeça. Eu ainda sentia meu peito batendo rápido e pus minha mão direita e senti meu coração muito acelerado e ele apontou a espada para mim. – Afinal, o que é “você”?


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Notas finais do capítulo

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