Nós não precisamos de melodia. escrita por Hellie Lestrange
Notas iniciais do capítulo
Olá, aqui é Hellie Lestrange.
Esta é minha primeira sweenett, não me enforquem se estiver ruim. Só escrevo fanfics potterheads, mas essa foi uma exceção à regra.
Quero dedicar essa fic à minha querida irmã de coração, Laura. Que em partes foi minha grande inspiração à história. Te amo, irmãzinha.
Espero que gostem :)
Corpos sem vida espalhados pelo chão, o cheiro de carne estragada impregnando o ar quente e seco. O forno estava aberto, liberando uma fumaça mal cheirosa. Mas, mesmo assim, o ambiente de terror e sangue frio era oculto pelo audível choro de uma mulher.
Dentre os mortos, restavam apenas dois corações batendo. Um homem, ajoelhado ao lado de uma mulher sem vida, e uma mulher, em pé próxima ao forno, aos prantos. Sweeney Todd, e Nellie Lovett.
-Ela tinha dito que me conhecia. Você sabia que ela estava viva, Nellie! Sabia que minha esposa estava viva, e não disse nada. - ele gritava, enquanto a mulher soluçava.
-Sweeney, por favor, entenda. Ela estava louca! Seria muito pior do que acreditar que ela havia morrido. Eu estava apenas pensando em você, no seu melhor.
-Pensando no meu melhor? Por Deus, Nellie. Você mentiu pra mim!
Sweeney tornou a olhar para o corpo de sua esposa, agora morta aos seus pés. Passava a mão pelo rosto doente dela, enquanto Nellie se aproximava com receio, deixando lágrimas mancharem seu rosto.
-Não diga isso. Eu não menti de forma alguma! Eu nunca menti. - ela dizia enquanto se aproximava.
-Lucy... - Sweeney sussurrava para a esposa morta.
-Eu disse que ela havia tomado veneno, e ela tomou! Nunca lhe disse que ela havia morrido.
Ela soluçava, tentando justificar-se.
-Seria muito pior se você descobrisse o que realmente havia acontecido com ela. Coitada, ela sobreviveu! Mas não ficou bem da cabeça. Sumiu por um bom tempo, sabe-se lá para onde. Durante meses acharam que ela havia morrido. Mentira, ela estava alucinando numa cama! Deveria estar num hospital, mas não a salvaram. Pobrezinha…
Sweeney continuava a olhar a esposa, tentando imaginar o sofrimento que ela havia passado, a dor e a angústia dos dias que fizeram-na perder a sanidade.
-Era melhor você acreditar na morte dela, Sweeney. - Nellie Lovett se ajoelhou às costas de Sweeney, colocando a mão sobre seu ombro. -Eu sei que menti, meu querido. Mas menti porque te amo. - as últimas duas palavras saíram como um sussurro, fazendo com que ele se virasse para encará-la.
-Você o que? - disse baixo, olhando-a um tanto incrédulo -O que queria com tudo isso?
-Sabe que eu seria uma esposa duas vezes melhor que ela. Eu amo você! - ela insistiu, olhando-o sôfrega.
-Ela me amava também! Mesmo alucinando, eu sei que ela ainda me amava.
-Então diga-me! Diga-me como uma criatura que apenas alucinava poderia cuidar melhor de você do que eu?
Sweeney segurou nos ombros de Nellie, obrigando-a a se levantar junto com ele. A fúria queimava nos olhos, ao olhar para a mulher à sua frente.
-Só porque nossos planos correram bem, não significa que tenhas direito de fazer o que fez! Nellie… Sra. Lovett. Você é muito eficiente. Fez todos os planos darem certo. Extremamente prática, e ainda útil… como sempre. - usou-se de sarcasmos, com um sorriso sádico no rosto.
-Sweeney… - sua voz tremia, enquanto as lágrimas ainda banhavam sua alva face.
-Mas tem razão, querida. Tens razão… Poderia ser uma esposa muito melhor do que ela. - arqueou a sobrancelha, com o mesmo sorriso.
-Eu poderia? - um lampejo de sorriso apareceu em seus lábios, com a esperança brilhando em sua mente.
-Claro que poderia, doce Nellie. Afinal, como mesma disse: não faz sentido ficar remoendo o passado. E nós, juntos, poderíamos muito bem construir um futuro juntos. - Sweeney levou uma de suas mãos, que antes postas aos ombros de Nellie, ao rosto dela, segurando-a docemente pelo queixo.
-Não tente partir meu coração. Eu te suplico! - disse já hipnotizada pelos olhos dele.
-Eu não quero te iludir. - passou a mão que ainda estava no ombro, para a cintura dela, trazendo seu corpo mais para perto. Sentiu Nellie relutar à proximidade. -Venha aqui, meu amor. Não há nada a perder. - sussurrou as palavras, como se recitasse cada sílaba.
-Você está bravo, eu sei que está. Eu te conheço. - tentou afastá-lo, mas ele era mais forte.
-Está enganada, Nellie, meu grande amor. - viu-a sorrir de canto, finalmente aceitando a proximidade, colando os corpos lentamente. -O que está morto… está morto.
Sweeney acariciava docemente o rosto de Nellie, deixando a ponta de seus dedos roçarem no maxilar. Secava as lágrimas, vendo como ela sorria.
-O senhor fala sério? Não me engane. Eu não suportaria.
Dos lábios dele, um riso baixo saiu, como se fosse piada o que ela falava. E, de fato, era cômico. Ela estava entregue à ele, ao toque de suas mãos, ao carinho e à respiração próxima.
-Eu compreendo que fez muitas coisas. Coisas erradas, querida.
-Tudo o que eu fiz foi pensando em você! - havia uma certa submissão em sua voz.
-Eu sei que sim, doce Nellie. Você acha que eu não confiaria em você? - seu tom de voz fez com que ela se sentisse uma tola, por duvidar.
-Se não confiava antes, confie em mim, por agora.
Com a mão firme na fina cintura de Nellie, Sweeney começou a movimentar os corpos, num balançar agradável e lento, como se dançassem ao som do fogo vindo do forno. Ele sorria para ela, e os olhos dela apenas brilhavam.
-Se lembra quando me contou seus planos, sobre viver ao mar… Sobre nos casarmos…
-Ainda podemos nos casar? - expressou, surpresa. -Oh, Senhor Todd… - suspirou, sentindo-o a conduzir numa valsa silenciosa.
-A história do mundo, minha querida, é aprender a perdoar e tentar esquecer. Podemos agora viver tudo que você sonhou, onde bem quiser.
-Vamos nos mudar, Sweeney. Para próximos ao mar! Finalmente ficaremos confortáveis, e aconchegados. Onde não tem nenhum intrometido para atrasar nossas vidas!
-Parece ter se esquecido, querida. A vida é para os que estão vivos!
Aproximavam-se das chamas, sentindo os corpos se aquecerem pelo calor que de lá saía. As mãos de Sweeney foram ambas para a cintura dela, segurando com firmeza.
-Então, vamos continuar vivendo! Continuemos vivendo! Realmente vivendo! - ele brandou, em alto e bom tom, fazendo sua voz ecoar.
Seus olhos, nesse instante, tornaram-se sádicos e furiosos, fazendo com que o corpo de Nellie tremesse. Ele riu, sádico, e levou o corpo dela para cima, a tirando do chão.
E então, o inesperado aconteceu. Sweeney lançou o corpo de Mrs. Lovett contra o forno aberto, enquanto ela gritava nos segundos em que estivera no ar.
Chamem de arrependimento, ou culpa, ou qualquer outra coisa, mas Sweeney foi levado à um impulso. Os breves estantes que estiveram com corpos separados, ele sentiu-se vazio. Ela pensou nele, evitando sofrimento maior, ela estivera ao seu lado, ajudando-o naquele plano macabro. E ele a matou.
Não! Não era tarde. O corpo dela estava para atravessar a porta, e atingir as chamas, quando Sweeney deu passos largos, agarrando-a com os braços, e puxando-a para o lado oposto. Os corpos caíram, frente às chamas. Nellie deitada por cima de Sweeney, chorando desesperada, tentando se soltar dos braços dele que a apertavam contra si.
-Solte-me! Solte-me! Tentou me matar! Solte-me! - ela gritava, tentando soltar-se dos braços dele. -Como pôde? Depois de tudo que eu fiz! Solte-me agora!
Os braços dele a apertavam cada vez mais, impedindo-a de sair, enquanto ela lutava. Seus gritos, em determinado momento, cessaram, fazendo com que ela apenas chorasse sem mais forças para tentar se soltar.
-Você me salvou de mim mesmo… De minha fúria, de minha tristeza. - lentamente, Sweeney soltou um de seus braços, levando a mão para o rosto dela, acariciando a face molhada pelas lágrimas. -Me perdoe. A pouco eu quase cometi o meio erro da minha vida. Eu quase te perdi…
-Você tentou me matar. - ela insistiu, chorosa.
-Me perdoe… - ele sussurrou -Eu não sabia o que estava fazendo. Estava louco! Eu não percebi até o último segundo que… - olhou para Nellie, fixando nos olhos dela, sem conseguir terminar a frase.
-Diga! O que percebeu no último segundo? - temia e ao mesmo tempo ansiava pela resposta.
Sweeney relutou. Mesmo tendo amado sua esposa, nunca havia, de fato, exposto o que sentia em palavras. Mas sentia que se não tomasse quaisquer atitudes, perderia a Senhorita Nellie Lovett para sempre. Respirou fundo, segundos antes de responder finalmente.
-Que eu amo você. - sussurrou, quase inaldível.
Num movimento rápido, Sweeney rolou no chão, deitando-se por cima dela. Os rostos estavam muito próximos, e ele podia sentir o peito de Nellie subindo e descendo rápido. Passou a mão docemente pela face dela, antes de colar os lábios num beijo calmo, e muito esperado.
Os lábios de Nellie relutaram à se entregar, mas sentiu-se segura, finalmente. Rendeu-se ao beijo, e por muito tempo ali ficaram. Juntos, no chão sujo.
Se ficaram ou não na cidade, nunca saberemos. Se Toby ficou com eles, menos ainda. A única certeza é que um ficou na companhia do outro. Seja no mar, nas ruas sujas de Londres, ou em qualquer outro lugar.
A vida é para aqueles que estão vivos. Então eles apenas continuaram a viver.
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