Thalia Grace não se sentia bem assim a anos!

Aquela leveza que o momento a proporcionara... os sentimentos guardados agora não precisariam mais manter-se correndo dentro de si.

Thalia não tinha certeza se foi ou não uma boa escolha tornar-se caçadora. Ela livrou-se de muitas responsabilidades... mas tomou rumos que a deixaram desgostosa.

Mas, enfim, isso não importava mais.

Thalia Grace, filha de Zeus, Caçadora de Ártemis, estava morta.

Não! Não pense que foi uma coisa triste. A garota morreu com louvor, glória, honra. Morreu em combate, para salvar as outras. Sempre será lembrada.

E, ela não se sentia mal por morrer. Na verdade, se sentia mais feliz do que nunca.

Logo, ela sentiu a grama molhada sobre suas palmas.

Levantou-se quase sento cegada pela luz natural que emanava do local.

Ao longe, via-se pessoas rindo, brincando. Perto de uma grande casa branca. Era simplesmente lindo. Flores nasciam de todos os lugares, Thalia temia que se ficasse mais tempo parada começassem a nascer flores entre seus dedos. Sim, ela estava descalça. Não estava vestida como quando morreu.

Uma brisa fresca fazia seus cabelos repicados dançarem levemente, o suficiente para espantar o calor.

- É Thalia, você vai ter que andar um pouco... – disse a si mesmo, projetando sombra nos olhos com o braço.

Sendo assim, colocou-se a andar.

Sentia-se andando em nuvens... a grama era tão fofa...

Enquanto andava, Thalia começou a pensar sobre sua vida desde quando descobrira que era semideusa.

Pensara no quanto doeu ficar tanto tempo sem ver seu irmão. E também, ficar tanto tempo sozinha.

Até encontrar Luke. E consequentemente Annabeth.

Pensar em Luke a fazia ficar com os olhos marejados, evitava pensar nele todos os dias. Mas era quase impossível. Ele foi, é, e sempre será uma parte importante da vida dela. Eles iriam ser uma família, ele prometeu.

Mas, ela ainda não entendia o que acontecera com ele, porque Luke fez aquilo? Não, na verdade ela sabia sim. Hall, Hall foi o motivo. Aquele acontecimento mexera muito com ele, mas mesmo assim, no fim das contas. Ele fez o certo, como um verdadeiro herói.

Sendo sincera consigo mesma, - já era hora – Thalia nunca deixou de ama-lo, ela sempre o amou. Mais do que um amigo, mais do que um irmão.

Mas, quando viu que não poderiam ficar juntos, sua única e mais fácil saída foi ser caçadora. Talvez, no fundo, ela não estivesse fugindo da responsabilidade de ser “o semideus” da profecia, e sim dos seus sentimentos. Sentimentos pelo Luke.

A caminhada parecia infinita, por mais que não fosse tão longe seu destino. Aquilo era feito de propósito, para relembrar e confessar coisas a si mesmo.

“Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro

Caso reste apenas um

Porque você sabe, você sabe, você sabe

Que eu te amo

Eu te amei o tempo todo

E eu sinto sua falta

Estive tão longe por muito tempo

Eu continuo sonhando que você estará comigo

E você nunca irá embora

Paro de respirar se eu não te ver mais”

Thalia lembrou-se de uma de suas aventuras com Luke, antes mesmo de acharem Annabeth:

- Não Luke! Não seja idiota! – gritou a garota enquanto corriam.

Luke mantinha o braço a apoiado nos ombros de Thalia, e andava com dificuldade.

A filha de Zeus os jogou atrás de uma estatua enorme, deitou Luke no chão e começou a vasculhar sua mochila a procura de algo que pudesse o ajudar.

- Eu vou morrer... – gemeu o garoto.

- Cale a boca! – rosnou, contendo as lagrimas. Ele não podia morrer. E muito menos vê-la chorar naquele minuto – Você não vai morrer! Não seja dramático!

Ela pegou dois cubos de ambrósia, e o fez engolir, enquanto limpava o ferimento.

- Eu...

- Se você morrer – interrompeu ela – eu vou junto!

Nesse instante, ele abriu um sorriso.

- Se eu morrer, eu te espero. Prometo.

- Jura pelo Estige? – aquilo era ridículo sim. Mas e daí? Naquela hora, Thalia não ligava.

- Juro pelo Estige.

Lagrimas quentes rolaram pelas bochechas da garota. Seus olhos azuis eletrizantes estavam vermelhos.

Porque Luke? Porque? Você não podia ter feito isso, não podia ter me deixado! – pensava.

“Nesta hora, neste lugar

Desperdícios, erros

Tanto tempo, tão tarde

Quem era eu para te fazer esperar?”

Ela não esperava que ele mantivesse a promessa, não manteve a de que seriam uma família, porque continuaria com essa. Que provavelmente fez sem estar em seu juízo perfeito?

Bem, agora lá estava ela, no Elísio. Depois de 100 anos que Luke morrera, provavelmente ele já tinha escolhido renascer. Era isso que Thalia pensava, afinal, essa seria a escolha dela.

“Tão longe (tão longe)

Estive tão longe por muito tempo

Tão longe (tão longe)

Estive tão longe por muito tempo”

Mas quando chegou, ele estava a esperando. Sentado em cima de uma pedra, seus cabelos cor de areia movendo-se majestosamente combinando com sua roupa extremamente branca.

Com um sorriso, ele desceu, parando em frente a Thalia, que por sua vez não dizia nada. Estava como uma estatua, em pânico, apenas o olhando.

Luke riu ao perceber.

- Não está feliz em me ver? – perguntou aproximando-se.

- Na verdade, eu estou surpresa – responde, finalmente encontrando voz – Achei que já devia ter reencarnado umas quatro vezes! Porque não escolheu renascer?

- Não sabe mesmo a resposta, Thalia?

Ela sabia, é claro! Mas tinha medo de estar errada. Ela já tinha se decepcionado antes, e não sabia se agüentaria se acontecesse de novo.

Então, apenas balançou a cabeça negando.

Ele sorriu para ela, como se soubesse exatamente o que estava pensando.

Aproximou-se mais um passo e a puxou para perto.

- Uma vez, prometi a você que se morresse primeiro, te esperaria. Eu te esperei por 100 anos, Thalia Grace. Não vou ganhar nem um beijo?

“Acredite e se segure-se em mim e nunca me deixe ir

Mantenha a respiração

Porque eu não vou mais te deixar

Acredite, se segure em mim e nunca me deixe ir”