Loneliness: The Ghost escrita por drewmi


Capítulo 1
Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Capítulo único.



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– Sr. Sherlock... Vejo claramente que o último lugar que gostaria de estar é aqui. - disse a mulher vestida com uma longa saia escura e uma regata em tom pastel, estatura média, olhos negros como a escuridão. - E também vejo que não vai cooperar. Sr. Mycroft que te mandou aqui, não? Ele está preocupado... Não tem absolutamente nada para me contar? Eu ouvirei atenta, é o meu trabalho afinal de contas. - a mulher finalizou. Estava sentada diante de Sherlock, esperando por sua resposta. Essa que depois de alguns longos minutos veio num tom engasgado:

– Meu melhor amigo... Meu único amigo, pensando bem. John Watson... Disseram-me que ele nem sequer existe.

[algumas horas antes]

Acabara de amanhecer em Londres. Uma manhã gelada, como todas as outras. Sherlock nem sequer havia dormido.

Estivera imerso num caso um tanto peculiar a madrugada toda. Entupira-se de café puro, o que não era especificamente de seu gosto, mas fizera de tudo para ficar acordado.

– Sherlock, ainda de pé? Já perdi as contas de quantos dias passou acordado sem pausa. Isso lhe fará mal, meu caro. - disse John, encaminhando-se para o fogão a fim de preparar o desjejum dos dois.

– Eu precisava manter a linha de raciocínio, Watson. - objetou o moreno - Mas finalmente terminei. A vítima - fez o sinal de aspas com as mãos, reforçando a palavra - era o próprio assassino. Estupro, homicídio e logo depois suicídio. - expôs suas descobertas com um pequeno sorriso no rosto, logo levantando-se e indo em direção ao banheiro do flat. Com certeza precisava de um banho quente e demorado.

– Nem quero imaginar como descobriu a parte do estupro. - gritou o loiro para o colega enquanto virava-se para o fogão a fim de terminar seus ovos fritos e chá.

O resto da manhã foi estranhamente calmo. Sem ligações de Lestrade, sem mais casos importantes, sem perturbações. Sherlock passara essas horas finais da manhã dormindo. Não tinha forças nem para sonhar, de tão exausto que estava. O moreno quase nunca sonhava. Bem, isso antes de conhecer John.

Acordou algumas horas depois, quando o relógio indicava duas da tarde. A segunda parte do dia era tão gelada quanto à primeira.

Levantou-se e foi escovar os dentes. Uma das poucas coisas que ele não esquecia, aliás. Não sentia fome. Não tinha nenhum interesse na televisão. John não estava no flat.Checou a secretária eletrônica. Sem ligações, sem mensagens. Nada. Ou seja, sem casos. Seria uma daquelas tardes entediantes. E Sherlock, mais que qualquer outra pessoa, repugnava o tédio.

Começou a andar de um lado para o outro, subindo nos móveis e derrubando objetos. Ficara no mesmo circuito por pelo menos três horas.

Quando o tédio chegou a seu ápice a porta do flat abriu de repente e John entrou com sacolas de papel de um mercado qualquer.

– Como passou o dia? - perguntou o loiro, levando as compras para a mesa da cozinha. - Nem responda! Posso ver o quanto tedioso foi. - disse por fim, olhando a bagunça que o amigo havia feito. - Bem, trouxe leite e biscoitos.

– Vejo que também comprou uma garrafa de vinho. Namorada nova? - especulou o moreno, depois de algum tempo em silêncio.

– Ah, não. Não. Trouxe porque quis. Apenas isso. - respondeu John, olhando para o amigo.

Sherlock sentia o olhar amigável do loiro. Já ele mirava-o com um olhar penetrante. Triste. Estava quase sempre com aquela expressão cabisbaixa. Estranhou o fato de que John nem sequer perguntou o motivo dessa vez.

Entre seus devaneios pôde ouvir o telefone tocando. John não o atendeu. Nem sequer estava no cômodo. Sherlock virou-se na direção do telefone, vendo o número do irmão no visor. Puxou-o da base.

– Olá, irmão. - ouviu Mycroft dizer num tom doce enjoativo. - Como vai?

– Ligou-me para perguntar se estou bem? Poupe-me Mycroft. O que quer? - perguntou, nem um pouco curioso. Afastou-se do telefone e gritou o nome do John. Queria uma ajuda para livrar-se do irmão.

– De novo esse tal de John, Sherlock? - falou Mycroft, dessa vez num tom amargo penetrante. O moreno xingou-se por não ter se afastado o bastante do telefone. - De qualquer maneira. Dra. Joffman está te esperando em seu consultório. Não falte desta vez, por favor, Sherlock. Por favor. - suplicou seu irmão, voltando a usar seu tom doce.

– Argh, Mycroft! Por que quer tanto que eu vá à essa tal doutora? Como se eu precisasse... - objetou o moreno, tentando se livrar do inevitável.

– Você precisa ir! Está com problemas. Bem óbvios, aliás. Todos estão percebendo... Esse John Watson, o sujeito de que você tanto fala.

– O que tem ele, Mycroft? Ele é meu blogueiro. Meu amigo. - explicou Sherlock ao irmão, pela milésima vez naquele mesmo mês.

– Você diz que estaria perdido sem esse seu tal de blogueiro, certo? Diz que estaria completamente sozinho sem esse seu amigo? - inquiriu Mycroft e pela primeira vez o moreno sentiu fúria na voz de seu irmão mais velho - Vou te contar uma grande novidade, Sherlock. Você está perdido! E quer outra? Eu te dou! Você está sozinho. Você é sozinho!

Depois disso os dois ficaram apenas ouvindo o vazio. Sherlock não tinha coragem de desligar, não conseguia nem mesmo se mover. E Mycroft queria dizer mais, e queria estar cara a cara com o irmão.

– Na verdade, eu estou logo na entrada de seu flat. Destranque a porta para mim. - pediu o mais velho, gentilmente. Sherlock finalmente saiu de seu transe e foi em direção à porta. Passou a chave e o irmão entrou.

– Olhe para mim agora, por favor. Deixe-me falar a verdade, e quero que você entenda. - fez uma pausa, observando a expressão indecifrável de Sherlock. - Você está doente, irmão. Vê coisas que não existem. John Watson vai ao mercado e traz leite e biscoitos para você? Faz seu café da manhã, e também arruma sua cama? Olhe a sua volta. Olhe!

E Sherlock olhou, vendo o flat do jeito que deixara. Bagunçado. O leite e o pacote de biscoitos haviam sumido. Assim como a sacola e as xícaras com chá.

– O que você vê? - a resposta não veio então Mycroft apenas continuou - Faz semanas que você não se alimenta, Sherlock. Está vivendo apenas de café, e isso me preocupa. Diga-me, irmão, onde estão os malditos biscoitos que John Watson costuma comprar para você? Chame-o quanto quiser. Esse seu amigo... O único, tal qual você mesmo diz... Não passa de um fantasma. Ele só aparece quando você precisa, não é? Está tudo na sua cabeça. Você tem falado sobre ele para mim faz meses, mas até agora não vi nenhum soldado amigável chamado John Watson por aqui, e nem em lugar nenhum. Quantas vezes tenho que lhe dizer, irmão? Você é solitário! Você está vendo coisas, Sherlock. Está com algum tipo de desordem mental. Isso é compreensível, visto que se esforça tanto com seus casos e investigações. E é por esse motivo que peço que vá à consulta de hoje. Dra. Joffman é uma excelente psiquiatra. Ela com certeza saberá como lhe ajudar. Eu imploro Sherlock. Vá resolver esse seu novo problema.


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Notas finais do capítulo

Bom, aí está. Queria fazer algo mais extenso, uma fic por capítulos talvez. Porém não consegui :/ Sherlock falando de seus sentimentos? Com Mycroft? Nem aqui nem na China. Por isso ele não fala quase nada, tadinho.
Anyway, espero que tenham gostado. Ah, eu estou em dúvida em relação ao gênero da fic (hehe) não me culpem se estiver errado.Deixem reviews e me façam feliz :3~xxo