Cartas de Lugar Nenhum escrita por Ana Muniz


Capítulo 4
Capítulo 4 - Orfanato


Notas iniciais do capítulo

Estamos caminhando para o final de Cartas de Lugar Nenhum, espero que estejam gostando.



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Meu coração continuou disparado por uns cinco minutos depois que ouvi aquele telefonema e mesmo sabendo que não era Ian, agora eu tinha uma pista.

Eu encontrei a loja de brinquedos, mas não podia entrar nela a não ser que eu quebrasse a vitrine, me aproximei dela para ver a espessura do vidro e vi a silhueta de Tommy lá dentro, ele apontava para um pano no chão, depois, desapareceu.

Eu poderia muito bem acabar cortando meus pés ao fazer isso, mas fazer por Ian valia a pena. Chutei a vitrine com tanta força que não sobrou nada.

Entrei e só vi brinquedos macabros, além de uma porta ao fundo, por um instante, ignorei o tal pano no chão e fui ver o que havia na outra sala. Parecia uma sala de cirurgia para brinquedos, onde o paciente da vez era um palhaço de brinquedo. Ele estava sem uma das pernas e ao lado da sua cabeça havia uma agulha com linha, a perna que eu encontrara no quarto de Ian se encaixava perfeitamente. Costurei a perna no boneco, que no fim, era apenas mais um boneco para a casa de bonecas.

Ele se encaixou ao lado do boneco de Ian no quarto de brinquedos e embaixo dele estava escrito: Boneco Amaldiçoado, aquele que matou Edwin e Catherine e libertou os demônios. Depois, outro boneco apareceu, um boneco com capuz levava uma caixa para a sala da casa de bonecas, o boneco de Ian pegava o boneco dentro da caixa, mas este escapava de suas mãos e lançava uma magia sobre seus pais, que desapareciam. O baú onde os demônios tinham sido aprisionados era aberto e a casa era destruída, Ian ficava sozinho.

Atrás do boneco, na maca de cirurgia, havia uma chave. Voltei à outra sala e removi o pano.

Eu vi Ian caído no chão atrás das grades e um segundo depois ele foi arrastado por algo ou alguém que não pude ver ou identificar. Eu gritei e nada mais aconteceu. Destranquei as grades e pulei no bueiro com aproximadamente dez metros de queda, caí de joelhos, mas ignorei a dor. Levantei-me e vi que havia uma cela ali e era nela em que Ian estava preso.

– Ian! Ian! Fale comigo meu amor! – eu gritava seu nome, tomada pela maior das esperanças possíveis de ouvir uma resposta, mas ele não me respondeu. Não importava, eu tinha encontrado o meu noivo, o pesadelo estava próximo do fim.

Subi por uma escadaria que dava no topo da cela, mas a maldita cela estava trancada. “Mantenha a calma Lizz, você vai achar a chave e vocês vão para longe dessa cidade maluca”, meus pensamentos falavam comigo, e eu assenti, respirando fundo.

Avancei mais um pouco para procurar a chave e dei de cara com o trem que me impedia de passar na cerca da delegacia, entrei, uma maleta listrada vermelha e branca era o único objeto que não estava quebrado, manchado ou queimado naquele vagão, alguém tinha colocado ele lá e não fazia muito tempo. Isso queria dizer que tinha algo importante ali. Tentei abrir a maleta. Dessa vez, um prego torcido me impedia de abri-la e eu precisava de um martelo e eu não o encontraria num vagão de trem.

Continuei seguindo em frente até que encontrei uma construção com uma fonte. Na beirada da fonte, eu vi um martelo - que estava em bom estado diante de tudo que eu vi nessa cidade, igual à maleta – e fui pegá-lo. Quando me aproximei dele – e da fonte – percebi como a água na fonte era suja e malcheirosa. A cor da água era verde, mas eu vi alguma coisa brilhando no fundo dela e por hora eu não colocaria minha mão ali para pegá-la, fiquei observando de longe a tal coisa, até que vi um reflexo na água que não era o meu.

Era de uma criança, era o de Tommy. Virei-me para perguntar se ele sabia do que estava acontecendo, mas só o vi correr para dentro do trem. Com o martelo em mãos, eu voltei ao trem, mas Tommy não estava lá.

Com o martelo, peguei a maleta e a abri, dentro, havia uma chave enorme, uma luva e um boneco.

Um boneco de capuz, que se encaixou do lado de fora da casinha. A cena voltou, Ian estava chorando na sala quando ele apareceu e o levou para algum outro lugar, longe da casa. Debaixo do boneco apareceu: Martin Berger, diretor do orfanato de Nowhere.

Esse homem levou Ian para o orfanato. Eu precisava falar com ele. Se eu for ao escritório dele certamente vou encontrar alguma resposta sobre o paradeiro de Ian.

Ele levou o boneco que matou os pais de Ian, de uma maneira indireta ele matou os pais de Ian!

Voltei a realidade, peguei a luva e a chave, depois voltei onde a cela ficava, a chave se encaixava perfeitamente. Abri o alçapão metálico e senti uma presença atrás de mim. Fui empurrada para dentro da cela, a casa de bonecas caiu no chão primeiro que eu, se quebrou em mil pedaços, quando olhei para cima novamente, vi Tommy, ele fechou o alçapão, eu estava presa naquela cela.

Só que o mais importante era que eu estava com Ian, puxei-o das correntes, que cederam e caíram sobre mim, não era Ian, era um boneco, fui enganada.

Triste e sem chão, eu não sabia o que fazer. Peguei as correntes que seguravam o boneco e comecei a pensar, ainda havia as escadas até o alçapão, subi e tentei levantá-lo. Percebi que ele estava com uma mancha marrom, aproximei-me da mancha e vi que não era uma mancha, era madeira, um pedaço nu do alçapão que não era de metal, ele era apenas pintado.

Olhei para um lado e vi algo brilhante, parecia uma pessoa, mas flutuava no ar.

– Olá, quem é você? – fui simpática, mesmo estando assustada.

– Sou Wendy, Wendy Torres, a filha do delegado.

– O que você está fazendo aqui? Você não foi assassinada?

– Eu fui, mas aqui, no esgoto.

– Quem te assassinou?

– O mesmo monstro que matou meu pai, Ian Hunt.


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