Cartas de Lugar Nenhum escrita por Ana Muniz


Capítulo 3
Capítulo 3 - Cidade Misteriosa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um pouco maior que os outros, como disse que seria. Espero que gostem.



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Abracei a página em prantos, querendo ter ouvido cada palavra lida com a voz pacífica de Ian.

No fundo da caixa, vi uma caixinha vermelha de veludo com um alfinete segurando um pequeno bilhete que dizia:

“Quer se casar comigo?“

Peguei a caixa e a guardei em um dos bolsos do meu suéter. Debaixo dela havia um mapa.

A cidade de Nowhere estava destacada e naquele momento percebi que aquela cidade seria meu destino.

Fui para o meu carro e coloquei o mapa aberto no banco do passageiro.

Chovia muito, os céus gritavam, pouco a pouco escurecia, o medo voltou a mim.

– Ah Ian, onde será que você está? - murmurei com meus botões, enquanto dirigia a toda velocidade.

Justamente quando fiquei pensando, alguma coisa pesada bateu no para-brisa do carro, perdi totalmente o controle do carro, depois eu não vi mais nada.

Acordei tonta, o para-brisa estava quebrado, e eu só pude ver uma placa que estava na minha frente, que dizia: Bem-Vindos à Nowhere.

Saí do carro cambaleando, mas esperançosa.

Um garotinho - que possuía aparência semelhante à de Ian quando criança - me olhava.

– Olá, você está procurando alguém?

– Estou sim, meu noivo, Ian.

– Eu sei quem é, mas só irei ajudar você se você consertar essa casa de bonecas aqui. A propósito, me chamo Tommy.

– Certo Tommy, consertarei a casa de bonecas, eu sou Lizz.

Assim que consertei uma janela que tinha saído da casa ele estendeu-me um boneco.

– Você vai encontrar esses bonecos por aí, eles são mágicos e vão contar a verdade para você.

Tommy saiu correndo.

O céu, de repente, foi tomado pela escuridão, ouvi uma risada assustadora.

Senti uma onda de puro terror passar pela minha espinha, tentei me acalmar, respirei fundo e percebi que o boneco ainda estava em minhas mãos.

Abri a casa e encaixei o boneco pelos pés num quarto cheio de brinquedos da casa de bonecas, o boneco se mexeu, parecia uma criança brincando de malabarismo, mas sem as mãos, como se o fizesse com magia. Debaixo do boneco apareceu o nome de Ian, junto com “criança extraordinária”.

Vi uma casa à minha frente, mas algo me dizia que ainda não deveria entrar, andei ao redor da casa e encontrei um portão, todo enferrujado, empurrei-o com força até que ele abriu, revelando a vitrine de uma loja de brinquedos, segui em frente e encontrei a porta de trás de uma delegacia. Do outro lado, havia uma cerca, onde eu não poderia passar, um trem que saíra dos trilhos ocupava todo seu espaço. Resolvi seguir em frente e entrei na delegacia.

Estava vazia, como todos os lugares que eu fui. Continuei andando, até que um papel se enroscou nos meus pés, era mais uma carta.

“Então você ainda não desistiu de encontrá-lo. Mas lhe digo, você está muito perto de ver como a verdade pode te machucar. Vá embora, Lizandra.“

Alguma coisa naquela carta me fez acreditar que eu iria mesmo me machucar, talvez o fato do remetente desconhecido saber meu nome.

Subi as escadas e cheguei ao escritório do delegado e pela segunda vez eu encontrei alguém, mas dessa vez foi um fantasma.

– Oh, olá, eu sou o Delegado Torres, o que você faz aqui?

– Olá, eu estou procurando meu noivo, ele desapareceu.

– Desista de procura-lo e vá embora dessa cidade, tem um assassino pelas ruas, ele vai acabar matando você como me matou.

– Eu só vou embora assim que achar Ian.

– Você está procurando o assassino?

– Hã? Não, eu quero encontrar meu noivo, Ian Hunt.

– Esse é o homem que me matou. Eu o persegui por muito tempo para prendê-lo pois ele cometeu muitos assassinatos.

– Você só pode estar brincando.

– Eu não brincaria com alguma coisa séria assim. Siga meu conselho moça, fuja – depois, ele desapareceu.

– Ian não... – deixei minha frase morrer.

Na cadeira, havia mais um boneco da casa de bonecas. Dessa vez, ele encaixou na sala, embaixo, apareceu o nome do pai de Ian e mais alguns escritos: “Edwin, aquele que aprisionou os demônios que reinavam por terras e céus”.

O pai de Ian parecia ser um bruxo que prendeu seres chamados de demônios num baú com trancas encantadas.

Vi acima da cadeira um quadro cheio de fotografias e de pedaços de jornais.

“Cada vez mais pessoas são assassinadas pelo Assassino do Riso, o psicopata – que ainda não foi identificado – mata as pessoas e depois pinta seus rostos como se fossem palhaços. As vítimas são encontradas ao redor do orfanato, será o assassino um dos órfãos? O número de mortos já chega a 5 pessoas: Wendy Torres, Olga Exen, Martin Berger, Thomas Hook e Andy Mason.”

Cada nome possuía uma foto, eram pessoas sorridentes, mas que estão mortas.

Desapontada - eu não tinha muitas informações - saí da delegacia. No caminho, pisei em alguma coisa dura - uma chave - e algo me dizia que aquela chave era daquela casa em que eu senti que não deveria entrar.

Cheguei à porta da tal casa, na caixa de correio estava o nome Hunt, o mesmo sobrenome de Ian. Nisso, meu coração se encheu de esperança.

Encaixei a chave na fechadura e a porta rangeu, dei um pulo, assustada, mas mesmo assim, mantive a esperança de que encontraria Ian ali dentro.

A casa estava destruída. A cozinha estava queimada, assim como a sala, e, da porta, eu vi o andar de cima. Vi uma porta que estava entreaberta e vi o semblante de alguém ali.

Fui em direção às escadas para subir o mais rápido que minhas pernas pudessem aguentar, mas fui impedida com um obstáculo um tanto anormal: a escada começou a queimar.

Eu pensei que fosse brincadeira, mas quando o fogo começou a crescer, a porta no andar de cima se fechou. Procurei água na casa, não havia uma torneira sequer, saí, sufocada com a fumaça. Fui em direção à delegacia novamente, e lá encontrei uma torneira, mas nada que pudesse transportar a água. Entrei novamente na delegacia e no escritório do delegado encontrei um balde. Voltei rapidamente à porta, enchi o balde e fui correndo em direção à casa de Ian.

Joguei todo o conteúdo do balde no fogo, até que ele parou. Respirei fundo, aliviada, ainda tentando entender o que poderia estar acontecendo. Quando subi os dois primeiros degraus, encontrei mais um boneco que se encaixava ao lado do último. O que apareceu foi: Catherine, a feiticeira do bem. Ao lado do boneco, encontrei uma chave.

Se Ian era mesmo um bruxo, ele tinha a quem puxar seus poderes.

Cheguei ao andar de cima, sem mais problemas, até que cheguei em frente à porta que estava trancada. Eu estava prestes a me entregar ao desespero – toda essa busca estava tirando o meu juízo - me lembrei de que tinha de achado uma chave na escada, e ela encaixou perfeitamente na fechadura.

Mas o quarto, assim como quase todo o interior da casa, estava destruído. O único móvel que não estava queimado era um armário amarelo que estava aberto. Na prateleira, encontrei a perna de um boneco e um arquivo.

“Crianças foram encontradas fugindo do orfanato pelo esgoto que passa pela loja de brinquedos, conta o Delegado Torres.”

Do lado da matéria, havia uma foto das crianças do orfanato, imediatamente eu encontrei Ian e pouco abaixo embaixo havia um mapa, falando do tal esgoto.

Peguei a matéria e o guardei nos meus bolsos e fui em direção à porta, o telefone tocou.

– Ian? Ian é você?

– Vá para o orfanato pela loja de brinquedos, seu noivo corre grande perigo.

– Quem está falando?

– Apenas vá.

E esse era o meu novo destino.


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