Hold On To Your Heart escrita por IsabellaC


Capítulo 1
Capítulo 1




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A manhã estava completa! A mesa estava posta para o jantar que nunca chegamos a desfrutar, a comida fria sobre o fogão, as velas que nunca chegaram a queimar. Marcas de nossas lágrimas que secaram sobre o tampo de madeira, as rosas despedaçadas e jogadas na lixeira. Nós nunca chegaríamos a comemorar nosso aniversário de cinco anos juntos. Ela era tudo que eu queria desde que nos conhecemos no primeiro ano do colegial. Eu não podia deixar de olhá-la agora, exausta física e emocionalmente - assim como eu -, sentada em uma das cadeiras dispostas para a noite anterior, com o olhar perdido em um porta-retratos que exibia uma foto de nós dois em uma de nossas viagens, agora completamente estilhaçado e com a moldura solta jogada ao chão. Eu não saberia dizer se haviam se passado sete horas ou sete semanas, mas me atreveria a dizer que foram todas igualmente tristes e nada me faria esquecer.

- Nós podemos conversar a respeito?
- Conversar a respeito? Por onde você quer começar? Talvez me dizendo como vocês se conheceram no bar e foi mágico. Que vocês não conseguiram tirar as mãos um do outro e como você simplesmente teve que trazê-la aqui... No seu flat, na noite do nosso aniversário e no desfecho de cinema, vocês tiveram que transar aqui mesmo porque não aguentaram chegar até o quarto. – ela despejava as palavras frias e ironicamente – Por onde você quer começarAugust?

Balanço a cabeça levemente, tentando afastar os momentos da noite anterior que ainda não havia chegado ao fim, e deslizo minha mão sobre o tampo da mesa para tocar a dela que se esquiva imediatamente. Parece o começo do fim, agora me arrebatando e deixando uma sensação ruim na boca de meu estomago. Tudo estava desmoronando com as lembranças de cinco anos juntos.

Cinco anos... Não é exatamente uma eternidade, mas definitivamente o começo de uma vida, onde permanecíamos inseparáveis desde que a aluna nova chegou a escola. Mesmo quando tivemos medo que tudo fosse terminar junto com o último ano colegial, ficamos ainda mais próximos.

- Me diz como ela era,August. Como ela era na cama? Ou cozinha. Ela era boa?
-Elize...
- Não, me diz. Eu quero saber. Ela era irresistível? Sexy demais? Beija bem?
- Me faça um favor e quebre meu nariz. Eu prefiro...
Ela me interrompe:
- Me faça você um favor e me mande ir embora. Me manda sair da sua vida – A medida que ela falava, seu tom de voz aumentava. Lágrimas interrompiam sua visão, seu rosto passou a ficar vermelho. – Assim vai ser mais fácil deixar você.
O choro agora corria livremente por seu rosto, o que me deixou em desespero.
- Me faça um favor e pare de fazer perguntas. – Eu gritei.

- No que você está pensando? – Arrastei minha cadeira para perto dela.
Ela suspirou alto e longamente antes de responder:
- Estou pensando em como chegamos a esse ponto. - Sua voz continuava fria e distante. Ela permaneceu imóvel.
- Nós ainda somos os mesmos. Ainda somos eu e você. Lembra?August eElize. – Falei baixo enquanto aproximava meu rosto do dela, quase tocando sua bochecha com a ponta de meu nariz num carinho que eu sabia que ela gostava. – Nós podemos resolver isso, eu sei que sim.
- Não, não sabe. -Elize se levanta se afastando novamente de mim. Podia ver que as lágrimas estavam de volta em nossos olhos. – Não importa o que aconteça, daqui para frente nada será mais como antes.
Observei enquanto ela escondia o rosto entre as mãos e passei a mão direita rapidamente pela minha bochecha, impedindo o choro de continuar.

Com todas as reações, o flat com objetos aos pedaços, os gritos, o choro, e o fato de não ter o direito de tentar explicar alguma coisa, eu acabei perdendo a cabeça.
- A culpa disso é toda sua e você sabe. – Eu vocifero e ela fica em silêncio por alguns segundos.
O silêncio não dura muito e se possível, sua raiva cresce ainda mais.
- Minha culpa? Como você pôde...
- Desde que você conseguiu essa promoção mal tem tempo pra mim, mal sai comigo. Quando não trabalha até tarde está cansada demais até para atender meus telefonemas. Eu estou cansado de saber sobre a sua vida através de recados de alguém do seu emprego, ou da sua mãe. Como você queria que eu ficasse quando você não tem tempo pra mim nem mesmo no nosso aniversario?
- Eu vou te dizer como você NÃO deveria ficar. – Ela começa irônica – Você não deveria ir ao primeiro bar barato. Não deveria dar atenção a primeira mulher que aparece de mini saia. E definitivamente não deveria trazê-la ao seu flat para algum tipo de sexo casual.
- Cometi um erro... Por que agora você não pode ficar do meu lado como eu fiquei do seu assim que as coisas ficaram difíceis quando acabou o colegial e você não tinha ideia do que fazer da sua vida? Eu deixei todo meu sonho de lado, coloquei meus amigos na espera, tudo ficou pra depois porque você precisava de mim. Agora finalmente eu to correndo atrás de algo que vale a pena pra mim, porque você não entende? – As palavras saíram rápido e eu precisei tomar fôlego. – Foi um grande erro, mas isso não pode anular todo esse tempo.
- SabeAugust, eu não sei qual é exatamente a pior parte: eu ficar devastada após nossa discussão ao telefone quando disse que não chegaria para o nosso jantar, ou fazer tudo para chegar aqui o mais rápido possível a 1:45 hrs da manhã depois de um dos meus piores dias de trabalho e ver você colocando uma garota semi nua porta a fora enquanto seguro estupidamente flores pra você.
Não consigo formular nenhuma resposta e pela primeira vez, evito seu olhar. Talvez por derrota... Talvez por vergonha. Isso fazElize voltar a ficar enfurecida e arremessar outro de nossos porta retratos contra a parede da sala. Eu a alcanço e a prendo entre meus braços antes que ela pudesse arremessar o próximo objeto, a aperto com medo que escape, antes que pudesse conter as lágrimas que escorriam pelos cantos de meus olhos pela primeira vez naquela noite.

Já passavam das dez da manhã e meu estômago começa da dar sinais de vida, mas não ousei quebrar o silêncio agora que ela tinha parado de chorar novamente. De qualquer maneira, não tinha muito tempo para dar atenção ao meu estômago quando a vi pegar seu casaco e sair a procura de sua bolsa em meio a bagunça que agora era meu flat. Me levantei e a segurei pelos ombros.
- O que você está fazendo? Você não pode ir... Eu não posso... Não consigo imaginar como seria sem você, o que seria daqui pra frente... – Comecei a beijar sua testa, pálpebras e bochechas com certo desespero. – Fica...
Deixei a frase morrer com a pressa de colar nossas lábios. A senti rígida, seus lábios gelados, o gosto salgado das lágrimas recentes. Foi um beijo frio e sem vida, ondeElize quase não me correspondia.
Ao fim, ela começa a verdadeira despedida:
- Nunca achei que teria que imaginar meus dias e meu futuro sem você. Nunca fizemos nada separados desde que nos conhecemos e agora de repente, tudo desmorona em nossas cabeças. – Pude ver o brilho em seus olhos molhados, mas desta vez ela não permitiu que o choro recomeçasse – Eu sei que parte da culpa é sim minha, deixei você sozinho por tempo demais, não me empenhei em consertar as coisas e nós mal fazíamos sexo. No fundo eu esperava que isso viesse a acontecer, mas agora que estamos aqui, tudo que consigo pensar é nas mãos dela no seu corpo, sua boca no dela, ela nesse lugar, impregnando suas roupas de perfume barato e infectando não só todo o flat com lembranças ruins, mas também toda nossa história. Eu não consigo evitar a curiosidade torturante de saber como você se sentiu, se ela era melhor. - Ela ergueu a mão me detendo quando fiz menção de falar – O peso já está caindo sobre meus ombros e sobre meu peito, e eu sei que não vou conseguir esquecer, isso me força a ser fria. Mesmo prolongando as coisas e tentando de novo, eventualmente nós vamos nos tornar dois estranhos com essa assombração no meio de tudo.
- Eu amo voc...
- Amor não é a questãoAugust.
- eu sei – deixei meus braços caírem junto ao meu corpo, soltando-a.
Não obtive resposta pelos próximos segundos, mas não é preciso após cinco anos. consigo ver rapidamente em seus olhos antes dela se virar para pegar sua bolsa.
Do elevador ela chamou um taxi, fria e distante ao meu lado, se esforçando para me ignorar e arrependida de não ter tentado me deter de acompanhá-la até a portaria. assim ficamos enquanto aguardamos e o taxi pareceu não demorar muito.Elize quis sair correndo.
- Me liga se precisar de qualquer coisa – Em um último contato, deslizei a palma da mão pelo casaco sobre suas costas.
- Você não deveria se superestimar tanto.
Ela escondeu o rosto e se afastou para alcançar o taxi. Suas sandálias soltas, o casaco amassado, cabelos levemente despenteados, olhos vermelhos e inchados. Todos poderiam ver que estivemos chorando. Já acomodada no interior do automóvel, eu apenas a observei enquanto ela forçava um sorriso e acenava o que parecia ser o ultimo adeus.
suspirei vendo o carro se afastar e virar a esquina para só então retornar para o calor do pequeno prédio. enquanto esperava pelo elevador, alguns momentos comElize começam a vagar pelos meus pensamentos e eu voltei para o flat sem saber como poderia desatar todos os laços que nós amarravam por tanto tempo.

FIIIM e.e


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