Amando o Inimigo escrita por IsabellaC


Capítulo 18
O Começo do Fim




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– Eu realmente preciso ir agora, Nat. – Draco falou ao cortar o beijo.
Estávamos numa sessão deserta da biblioteca. Havíamos enjoado de sempre irmos à sala precisa, por mais que pudéssemos ‘mudá-la’ o quanto quiséssemos e, de vez em quando, nos encontrávamos ali ou em cantos poucos visitados do castelo.
Haviam-se passado semanas desde o incidente entre Harry e Draco no banheiro. A final da copa de Quadribol inclusive já havia passado, a qual a Grifinória, por um milagre, ganhara. Harry, que estava cumprindo detenção por ter atacado Draco, obviamente não pôde comparecer; entretanto, ele havia sido muito bem recompensado ao chegar à sala comunal para a festa da vitória: Gina o beijara na frente de todos sem nenhuma cerimônia e, desde então, eles estavam juntos.
Também estava mais difícil esconder meu relacionamento com Draco. Parara com as saídas depois do toque de recolher, para evitar problemas, porém, com minhas constantes saídas sem justificativas, Hermione e Gina começaram a desconfiar que eu estivesse saindo com alguém. Depois de um tempo acabei confessando que estava tendo um romance, porém só não revelara com quem – e este era o assunto que elas mais abordavam desde então.
Enfim, nada fora do normal acontecera até aquele momento.
– Por quê? – perguntei manhosa – O que você tem de tão importante para fazer?
– Você não sabe? – perguntou arqueando a sobrancelha e eu fechei a cara.
Draco tinha muito mais facilidade em decifrar meus pensamentos e sentimentos através da nossa ligação e vivia me testando para que eu melhorasse nisso, porém eu não queria melhorar; queria ter um relacionamento normal, sem precisar entrar na cabeça do meu namorado para saber como ele está se sentindo.
– E deveria?
– Bem... Você já deve ter tido sonhos sobre isso, entende? – riu.
– Sabia que a maioria das pessoas esquecem os sonhos depois que acordam? – encostei-me à estante de livros que estava atrás de mim, encarando-o com as sobrancelhas erguidas.
– Sabia que os sonhos que nós compartilhamos são diferentes dos sonhos ordinários? – ele imitou minha pose, rindo e selando seus lábios nos meus por um rápido segundo.
– Você realmente não vai me contar? – suspirei, abraçando-o pelo o pescoço e formando um bico nos lábios.
– Ainda hoje você irá saber, Nat. – sua expressão endureceu – Não é algo que dê para esconder, entende? – sorriu sem humor, acariciando meu rosto.
– Isso tem a ver com...? – deixei a pergunta no ar. Por mais que soubesse da verdade, o fato de Draco ser um comensal era algo difícil com que se lidar.
– Bem... Depois nós nos falamos. – falou fugindo do assunto e eu tive a certeza que a resposta era sim – Tenho que encontrá-la essa noite ainda. Você saberá a hora. E, Nat, - pausou, ajeitando uma mecha de meu cabelo – independente do que aconteça hoje, saiba que você é muito importante para mim e que eu nunca lhe causaria nenhum mal propositalmente, está bem? – beijou-me a testa e saiu, sem dizer mais nada.
Fiquei por mais alguns instantes lá, parada e sozinha, sem fazer nada, procurando compreender o que estava acontecendo. Depois de um tempo acabei por suspirar frustrada e decidi ir para a sala comunal, já que não me restava nada a fazer na biblioteca.

– Estava com seu namorado? – Hermione perguntou, abaixando o livro que lia, assim que eu entrei na sala comunal. Um sorriso travesso ocupava seu rosto e eu não deixara de reparar o quanto ela frisara a palavra “namorado”; porém reagi sem dar muita importância, sentando em uma poltrona ao lado de Rony.
– Estava sim. Por quê? – perguntei casualmente.
– Ah, Natalia! – Gina exclamou impaciente – Quando você vai parar de nos enrolar e contar quem é o garoto com quem você está saindo?
– Na hora certa. – respondi, segurando o riso.
– E quando será essa hora certa? – Hermione insistiu.
– Na hora certa, ora essa. – falei como se fosse óbvio, arrancando uma risada de Rony.
– Não entendo essa necessidade feminina de saber com quem a amiga está saindo. – ele falou – Por Merlin!
– É, mas não fui eu que fiquei perturbando a Hermione perguntando se ela sabia algo sobre o namoro da Nat. – Gina retrucou, fazendo o rosto de seu irmão adquirir a cor do próprio cabelo.
– Engraçadinha. – falou constrangido.
– Mas sério, Nat, - Hermione fez manha – conta pra gente.
– Eu contarei em breve. Prometo.
– Está bem então. – suspirou, derrotada.
– Cadê o Harry? – perguntei, só então notando a ausência do mesmo.
Todos pareceram ficar aflitos com minha pergunta. Rony aproximou-se mais de mim e respondeu, em voz baixa:
– Ele está com Dumbledore, - começou – foi ajudá-lo a encontrar uma das horcruxes.
Prendi a respiração devido ao choque que sua resposta me causara. Teria a missão de Draco algo a ver com aquilo? Se bem que, nunca, nem em sonhos, ele mencionara nada sobre horcruxes. Entretanto, sentia que Dumbledore tinha algum envolvimento na história, minha mente só não conseguia lembrar exatamente qual – se é que realmente sabia.
– Está tudo bem, Nat? – Hermione perguntou, tocando minha mão levemente.
– Sim. – respondi, acordando de meu pequeno transe – Só estou preocupada... Com Harry. – menti, embora isso não fosse realmente uma mentira – Deve ser perigoso ir atrás de um objeto das trevas como esse, principalmente pertencendo a quem pertence.
– É verdade. – Rony concordou, fazendo uma careta.
– Mas Harry está com Dumbledore, - Gina falou – não tem porque se preocupar.
Instantaneamente fiz uma careta, acreditando que as palavras de Gina tinham uma realidade oposta.
– Tem razão... – falei, procurando disfarçar – Se me derem licença, vou tomar um banho agora. Preciso relaxar.
– Está bem. – Hermione falou – Mas Nat, você ainda tem seu galeão de ouro da Armada de Dumbledore?
– Sim. – respondi, estranhando sua pergunta – Está na minha cômoda, no dormitório. Por quê?
– Harry acredita que, seja o que for que Malfoy está planejando, se está realmente planejando, ocorrerá hoje, e pediu para que alertássemos a todos usando o galeão. – explicou.
– Claro. – falei, procurando disfarçar o desconforto que sentia – Estarei alerta. – falei e dei meia volta, seguindo para o dormitório feminino.

Encostei meus cotovelos sobre o batente da janela, passando a fitar o céu estrelado enquanto girava o galeão de ouro da Armada de Dumbledore na mão. A roupa que separara para vestir estava sobre minha cama, porém não encontrava forças para ir tomar o banho que tanto desejava; algo me dizia que eu deveria continuar onde estava e aguardar - só não sabia o que.
Suspirei, fechando os olhos por alguns segundos, e, ao abrir, me deparei com uma visão um tanto estranha. Uma marca havia aparecido no céu, a qual me era familiar. Franzi o cenho, tentando lembrar o que tal sinal significava e então senti o galeão de ouro começar a arder em minha mão, fazendo tudo ter sentido. Aquela era a Marca Negra, a marca oficial de Voldemort, marca que tinha o significado de morte.
Respirei fundo, procurando unir toda a coragem dentro de mim, e peguei minha varinha, deixando o galeão de lado sobre a cama e correndo para fora do dormitório, procurando achar os outros. Passei rapidamente pela sala comunal, notando certo agito na mesma, mas como ninguém que procurava se encontrava nela, segui direto para a saída.
Assustei-me ao ver a situação em que o sétimo andar se encontrava. Haviam comensais por todos os lados, duelando contra inúmeros bruxos, muitos os quais nunca vira na vida, mas que suspeitava pertencerem à Ordem da Fênix, e também com alguns alunos. Apenas tive alguma reação ao ver que Hermione iria ser atingida pelas costas por um comensal, o que fez com que eu lançasse um feitiço paralisante no mesmo, em seguida correndo até ela.
– O que está acontecendo aqui? – perguntei, o medo presente em minha voz, ao mesmo tempo em que lançava feitiços estuporantes em cada comensal que minha vista alcançasse.
– Harry estava certo. – Hermione respondeu ao mesmo tempo em que desarmava um comensal – Draco está aprontando algo. Ele foi visto seguindo para a Torre de Astronomia e os comensais estão aqui para nos impedir de segui-lo e atrapalhar seus planos.
Engoli em seco e vi Rony se aproximar, parecendo tão assustado quanto eu.
– Está tudo bem com vocês? – perguntou.
– Na medida do possível, Ronald. – Hermione respondeu, num tom que deu a entender que ela achara a pergunta estúpida.
– Eu preciso que vocês me ajudem a chegar à torre. – falei de repente, recebendo olhares confusos dos dois.
– Para que você precisa ir lá? – Rony perguntou, provavelmente me achando maluca.
– Preciso impedir que o Draco faça alguma besteira. – suspirei, temendo a reação que eles teriam diante do que eu diria a seguir - Ele é meu namorado.
– O QUÊ? – Rony gritou, sendo empurrado por Hermione, que impediu-o de ser atingido por um feitiço e estuporou o comensal que lançara o mesmo.
– Eu sei que é estranho, sei que ele é a última pessoa com quem eu deveria me relacionar... – gesticulava nervosa – Mas é mais forte do que eu. Eu realmente gosto dele, e também tem uma ligação... Periculum Siderea, depois leia sobre isso, Mione, mas, por favor, me ajudem a chegar à torre, eu preciso falar com Draco.
– Está bem. – Hermione suspirou concordando, recebendo um olhar de reprovação de Rony – Vá. Nós lhe daremos cobertura, mas depois quero que me explique essa história direito.
– Obrigada. – sorri sentindo-me aliviada e agradecida – Desculpem-me. Falem com Gina por mim. Vocês são muito importantes para mim. – disse, sem saber exatamente por que estava falando daquela maneira, como numa despedida, apenas sentia que era o certo a fazer.
Abracei-os e estão segui correndo, livrando-me de cada comensal que aparecia na minha frente, sem dar muita atenção à batalha que ocorria à minha volta, apenas me importando em encontrar Draco o mais rápido possível.
Estuporei o último comensal que atrapalhava meu caminho para a Torre de Astronomia e segui para a mesma. Estava quase chegando à escada, quando senti meu corpo paralisar. Pude ver a figura de Snape se aproximar e me colocar em um local escondido sobre a escada, sem poder ter nenhuma reação diante disto. Ele se virou e então subiu as escadas, e tudo o que me restou a fazer foi escutar a conversa que acontecia a poucos metros de mim.
– Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós... – uma voz feminina e de certo modo esganiçada falou, porém parou repentinamente, ao mesmo tempo em que, segundo minhas suspeitas, Snape chegara ao local.
Prendi a respiração ao finalmente compreender tudo: era esta a missão de Draco, matar Dumbledore. O choque tomou conta de mim por um momento. Seria ele capaz de cometer tal ato? E se não fosse, o que lhe aconteceria como consequência? A angústia crescia cada vez mais dentro de meu peito, porém tentava ao máximo afastar esses pensamentos, para poder prestar atenção no que acontecia no andar de cima.
– Temos um problema, Snape, – ouvi uma voz masculina falar – o menino não parece capaz...
Então pude ouvir uma voz baixa, também chamando por Snape pelo nome.
– Severo... – Dumbledore dissera, num tom que parecia ser súplica, o que me aterrorizou mais do que qualquer coisa que vira aquela noite.
Não houve nenhuma resposta, mas pude ouvir o barulho que parecia o de alguém sendo empurrado, e um gemido de reclamação que podia apostar que havia vindo da boca de Draco.
– Severo... Por favor... – Dumbledore novamente suplicou.
Fez-se silêncio por um breve instante e, então, a maldição da morte foi conjurada.
Permaneci em estado de choque – agora não só mais pelo feitiço que Snape lançara, mas pelo horror que sentia – e só tive alguma reação ao ver Snape, Draco e mais três comensais fugindo da torre de astronomia. Queria poder correr atrás deles, mas o efeito não passava e não conseguia recuperar meus movimentos.
Instantes depois, Harry passou por mim correndo, o que me fez estranhar o fato de não ter ouvido sua voz nenhum instante sequer. As dúvidas que me cercavam apenas aumentavam e a vontade de sair dali também, porém demorou ainda mais alguns minutos para que eu conseguisse recuperar meus movimentos. Ao conseguir, saí correndo o mais rápido que pude, mais uma vez sem me importar com a batalha que acontecia ao meu redor; apenas me livrava de alguns comensais que apareciam no meu caminho com feitiços de proteção, seguindo direto para área externa do castelo, onde sabia que encontraria Draco novamente.
Cheguei, aos tropeços, ao jardim, devido às várias pancadas que levara no caminho, graças a minha distração e pressa. O vento frio atingiu em cheio meu corpo, que estava protegido apenas pelo uniforme, sem capa, de Hogwarts. Avistei Harry caído a pouca distância da cabana de Hagrid, tendo Snape, Draco e um comensal louro mais à frente. Corri até Harry, ficando ao seu lado e senti o olhar de Draco cair sobre mim, parecendo angustiado.
– Me mate, então, - ofegou Harry, com desdém, sem notar minha presença – Me mate como matou ele, seu covarde!
– NÃO... – gritou Snape, adquirindo uma expressão que parecia uma mistura de dor e raiva –... ME CHAME DE COVARDE.
Vi-o golpear o ar e Harry se contorceu como se tivesse levado uma chicotada. Ajoelhei-me ao lado dele, apoiando sua cabeça em meu colo e conjurei um feitiço para alívio de dor que Hermione me ensinara. Notei ao longe que Snape já fugia, acompanhado do comensal desconhecido e Draco, que parecia evitar a fuga, constantemente olhando para mim.
– Nat… O que você está fazendo aqui? – Harry perguntou, parecendo atordoado.
– Não posso falar agora. – falei, vendo que cada vez mais Draco se aproximava ao portão – Tenho que resolver um assunto. Cuide-se, está bem? – disse e me levantei, notando o vulto de Hagrid saindo de sua cabana.
– O que você vai fazer? O que você está escondendo?
– É complicado, Harry. – suspirei, sem me virar para encará-lo – Hermione e Rony explicarão.
Sem esperar por uma resposta, saí correndo em direção a Draco, alcançando-o já fora dos limites de Hogwarts, e o abraçando-o pelo pescoço.
– Nat… - ele sussurrou contra meu pescoço – É tão bom ter você aqui.
– Posso saber o que significa isto? – a voz severa de Snape perguntou, olhando-nos incrédulo.
Draco pareceu hesitar, sem saber o que responder.
– Eu... – comecei, procurando pensar numa resposta decente, porém Draco me interrompeu.
– Ela vai conosco. – falou decididamente.
– O quê? – Snape perguntou com os olhos arregalados, parecendo tão espantado quanto eu – Você está maluco? Primeiramente, falha na sua missão, e agora quer levar uma sangue-ruim até o Lorde das Trevas?
– Ela é uma grande bruxa, poderá ser útil. – Draco falou com tanta confiança que me assustou.
– Compreendo que esteja apaixonado, Malfoy, - Snape falou com desdém – mas levá-la fará apenas com que ela seja usada como uma arma contra você.
– Deixe-o levar a menina... – o comensal louro debochou – Será engraçado vê-la sendo torturada na frente dele.
Draco, parecendo furioso, já abria a boca para rebater as palavras do homem, mas eu o interrompi.
– Eu vou. – disse, chamando a atenção de todos para mim – Não importa o que vocês digam. Eu quero ir.
Sabia que se fosse com Draco poderia morrer, mas a possibilidade de ficar longe dele fazia com que eu quisesse morrer. - Que assim seja. – Snape falou, me fitando com uma expressão que não pude decifrar.
No segundo seguinte, aparatamos e chegamos a um local o qual parecia ser a entrada de uma grande mansão. Caminhamos em linha reta em meio a um grande jardim, até chegar à porta principal da casa. Draco não soltara minha mão por um único instante o trajeto inteiro; podia sentir que ele não se sentia mais confiante com sua escolha de me trazer ali, mas já era tarde demais.
Entramos no local e Snape nos conduziu até um cômodo que parecia ser uma elegante sala de jantar. Grande parte das cadeiras estava ocupada, como se esperassem pela chegada dos comensais que me acompanhavam. Ao ouvirem nossa chegada, todos os olhares se direcionaram para a porta, parando subitamente em mim. A pessoa que ocupava a cadeira da ponta mais próxima de nós, a única que se encontrava de costas, levantou e aproximou-se de nós, parecendo ao mesmo tempo satisfeito e ultrajado. Suas feições distorcidas, que chegavam a causar calafrios em meu corpo, não deixavam dúvidas: era Voldemort que se encontrava à minha frente.
– Soube que a missão foi completa... – falou baixo, com sua voz fria – mas não pela pessoa a qual ela foi designada. – parou seu olhar sobre Draco, que parecia aterrorizado. - Sabe que sofrerá duras consequências pelo seu mau desempenho, certo, Draco? – perguntou fitando o menino, que não moveu um músculo sequer como resposta. - Já você, Severo... – falou voltando-se para o homem que eu costumava conhecer como professor – Devo dizer que tamanha fidelidade me surpreendeu. Agrada-me o fato de saber que tenho pessoas em quem confiar verdadeiramente. - Snape não esboçou nenhuma reação diante das palavras que lhe foram dirigidas, mantendo a expressão rígida de sempre no rosto. - Já você... – pausou, pousando seu olhar sobre mim, fazendo com que eu sentisse minhas pernas vacilarem – Quem seria?
– Eu... Sou... – procurava não gaguejar, mas era praticamente impossível.
– Está é Natalia Walker; uma de minhas alunas em Hogwarts. – disse Snape, interrompendo-me.
– E posso saber o motivo que a trouxe aqui? – Voldemort perguntou, parecendo notar as cores vermelho e dourado em minha gravata.
– Malfoy insistiu em trazer a menina acreditando que ela pudesse ser útil por aqui. – o comensal louro falou debochado, esboçando um sorriso.
– E quem são seus pais? – Voldemort voltou a perguntar, parecendo levemente interessado.
– Eles são tr... São trou...
– Trouxas? – ele completou, olhando-me incrédulo – Você acreditou que uma sangue-ruim seria útil por aqui, Draco? – perguntou, voltando-se para o garoto ao meu lado.
– Não, senhor... Eu apenas... – Draco procurava se explicar, porém foi interrompido.
– É provável que ela tenha informações sobre a Ordem, Milorde. – Snape falou e franzi o cenho, sem entender.
– E do que me adiantaria essas informações? – Voldemort perguntou rispidamente – Dumbledore está morto. A Ordem não existe mais.
– Desculpe-me por discordar, - Snape continuou – mas creio que a Ordem unirá forças após esse acontecimento, principalmente para proteger Potter; e, sabendo de seus planos com antecedência, é mais fácil planejar um contra-ataque eficiente.
– Que seja então. Prenda-a. – Voldemort ordenou e dois grandes homens me pegaram pelos braços, fazendo-me sentar em uma cadeira, na qual fui amarrada pelos mesmos.
Voldemort aproximou-se novamente de mim, encarando-me com seus olhos vermelhos, e falou:
– Caso não dê as respostas certas para as perguntas que lhe farei, você sofrerá consequências. – explicou – Diga-me, quais as intenções da Ordem para a proteção de Potter?
– Eu não sei. Não tenho nenhum envolvimento com a Ordem. – respondi a verdade, sabendo que aquilo não me pouparia do que viria a seguir.
– Resposta errada. – falou – Crucio! – ele acenou com a varinha e uma dor alucinante atingiu meu corpo. Minha mente simplesmente se apagara; não era capaz de sentir ou pensar em nada além da dor que sentia – me atingindo tanto física quanto psicologicamente. Era algo surreal. Nunca, em toda minha vida, sequer chegara a pensar que fosse possível sentir o sofrimento que estava sentindo naquele momento.
Abri meus olhos, sentindo lágrimas escorrerem dos mesmos, e então percebi que me encontrava deitada no chão, ainda presa à cadeira. Não sentira meu corpo colidir com o chão; porém, considerando o fato do acontecimento ter ocorrido enquanto ainda era torturada, isso não me surpreendia.
Parei de fitar o chão gélido e guiei meus olhar até Draco, encontrando-o caído no canto oposto da sala, parecendo sentir tanta dor quanto eu. Suspirei, sentindo-me culpada por não ter conseguido bloquear a tortura apenas para mim, quando uma risada fria ecoou no cômodo silencioso.
– Que interessante. – pude ouvir Voldemort falar, mas não ousei encará-lo – O que a sangue-ruim sente, o jovem Draco também sente. Isso me lembra a uma antiga ligação, sobre a qual li há muito, muito tempo atrás... – pausou, dando a entender que procurava lembrar o nome do encanto – Periculum Siderea, se não me engano. É... É isso mesmo. – ele voltou a rir, fazendo-me fechar os olhos devido à raiva – Sempre quis saber se, caso uma das pessoas que compartilham tal ligação morre, a outra morre também. Quem sabe não mate minha curiosidade essa noite, não é? – senti seu olhar cair sobre mim, enquanto continuava a fitar Draco, que retribuía meu olhar. - Bem, voltemos ao início. – Voldemort voltou a se pronunciar – Diga-me quais são os planos da Ordem para proteger Potter?
– Eu não sei. – respondi e, novamente, senti a queimação tomar conta de meu corpo; e assim continuou por certo tempo.
Voldemort sempre fazia a mesma pergunta, eu dava a mesma resposta e recebia a mesma punição. Não aguentava mais ser torturada; meu corpo parecia não corresponder mais aos meus comandos e Draco não parecia estar diferente. Os comensais assistiam ao pequeno show com indiferença e até mesmo divertimento; apenas Snape parecia evitar nos encarar por muito tempo.
– Vou fazer a pergunta mais uma vez e acho melhor você dar a resposta certa, pois minha paciência está se esvaindo. – Voldemort falou, encarando-me com seus olhos vermelhos e cheios de raiva – Quais são os planos da Ordem?
– Eu não... – ao ver que ele já erguia a varinha novamente, gritei, desesperada: - POR FAVOR, NÃO! CHEGA! Não me torture mais. Eu não sei os planos da Ordem e se você não acredita, eu não posso fazer nada. Não importa quantas vezes você faça a pergunta, a resposta sempre será a mesma. – funguei, sentindo mais e mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto, embaçando minha visão – Caso prefira, me mate logo, mas não me torture mais. Eu imploro.
– NATALIA, NÃO! – Draco gritou, seguidamente sendo acertado com um chute nas costelas.
– Seu desejo é uma ordem. – Voldemort respondeu com um sorriso irônico no rosto, fazendo uma falsa reverência.
– Eu te amo. – falei num sussurro praticamente inaudível para Draco, tendo a certeza de que ele entendera minhas palavras. Fitei-o pela última vez, vendo-o se contorcer tentando sair de onde estava e então um clarão verde surgiu, levando tudo embora.


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