Amando o Inimigo escrita por IsabellaC


Capítulo 14
Aula de Aparatação




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A princípio me assustei, mas ao ver o rosto de Draco, que apesar de ter falado de modo seco, possuía uma expressão divertida iluminada pela luz fraca, me senti aliviada.
– Merlin! Você está louco, Malfoy? – gritei aos sussurros, se é que isso era possível.
– Desculpe-me, mas não era eu que estava quase dormindo no meio do corredor da escola.
Revirei os olhos enquanto me levantava, ajeitando a capa sobre meu corpo.
– Que seja. Mas o que você está fazendo aqui? Não deveria estar nas masmorras?
– Não perguntei o motivo de você estar dormindo pelo castelo, logo, não tem o direito de perguntar o que eu estou fazendo aqui.
– Certo, então. Boa noite, Draco. – disse me virando para ir embora quando senti os braços de Draco me envolvendo fortemente contra seu corpo, deixando nossos corpos tão perigosamente perto um do outro que eu podia sentir sua respiração bater levemente contra minha face.
Ele fez um sinal de silêncio com o indicador e então percebi que estávamos escondidos atrás de uma pilastra, podendo notar Madame Nora passeando um pouco distante de nós, rondando o castelo.
Permanecemos daquele jeito durante algum tempo, o suficiente para que eu me desse a liberdade de deitar minha cabeça sobre o ombro de Draco, me deliciando com o cheiro que seu corpo exalava.
– Seria tão bom se as coisas fossem tão simples assim, não é? – ele perguntou sussurrando próximo ao meu ouvido, fazendo com que os pelos de minha nuca se eriçassem.
– Eu... O que? – perguntei fitando seus belos olhos azuis, tão próximos dos meus.
– Você sabe... No fundo você sabe. – ele deu um meio sorriso e depositou um rápido e doce beijo em minha testa, se virando para ir embora, sem olhar para trás um segundo sequer.
Fiquei parada por alguns instantes, administrando o que havia acontecido. Respirei fundo, sem conter um pequeno sorriso em minha face. Há tanto tempo, por mais que eu não quisesse admitir, eu esperava ser notada por Draco e finalmente estava acontecendo. Justamente quando estou namorando e deveria estar feliz com Robert , minha consciência insistia em me alertar.
Com os sentimentos confusos segui de volta para o dormitório, deitei em minha cama e logo adormeci, com as faces de Draco e Robert sem abandonar meus pensamentos um segundo sequer.

No dia seguinte me levantei acabada. Dormira muito pouco durante a noite e, mais uma vez, havia tido sonhos perturbadores como o tal homem de cabelos grisalhos que morria, só que dessa vez ele permanecia vivo e que uma frustração havia tomado conta de mim devido a isso no sonho, muito estranho.
Arrumei-me rapidamente e prendi meu cabelo em um coque mal feito devido à preguiça de penteá-lo, e segui para as masmorras, onde haveria a primeira aula do semestre de Poções.
Assim que entrei na sala meu olhar procurou por Draco, que estava junto aos seus outros colegas da Sonserina em uma das extremidades da sala, sem sequer notar minha presença. Sendo assim, me juntei a Harry, Hermione e Rony, que conversavam aos cochichos.
– Bom dia. – cumprimentei-os cautelosamente.
– Nat, bom dia. – Harry foi o primeiro a falar, sendo acompanhado por Hermione e Rony seguidamente.
– Dormiu mal essa noite, não foi? – Hermione perguntou.
– Creio que minhas olheiras estão me denunciando, pelo jeito. – brinquei, dando uma leve risada e sendo acompanhada por eles.
– Nem está tão mal assim. – Rony falou.
– Obrigada... Eu acho. – sorri.
– Ah, Natalia, você por acaso não saberia o que são Horcruxes, certo? – Harry perguntou, falando baixo.
– Horcru o quê? – perguntei, sem entender a intenção da pergunta.
– Ah, nada... Esquece. – respondeu, desanimado.
– Pra que você saber disso?
– Nada demais. Tem a ver com a última reunião que tive com Dumbledore, sabe?
– Ah sim. – assenti e então Slughorn começou a discursar.
– Acomodem-se, acomodem-se, por favor! E depressa, temos muito o que fazer! A Terceira Lei de Golpalott... Quem sabe me dizer? – Hermione prontamente levantou a mão – Ah claro, Srt.ª Granger.
– A Terceira Lei de Golpalott diz que o antídoto para uma mistura venenosa será maior do que a soma dos antídotos para cada um de seus elementos.
– Exatamente! – exclamou Slughorn – Dez pontos para a Grifinória. Agora se considerarmos a Terceira lei de Golpalott verdadeira... – Slughorn continuou o discurso e tudo o que eu consegui fazer foi apoiar meu rosto sobre minha mão e descansar meus olhos que ardiam de sono.
Creio que cochilei por alguns minutos até que Hermione me acordara pra avisar que Slughorn havia pedido para que cada um de nós pegássemos um frasco em sua mesa para prepararmos um antídoto para o veneno que houvesse no próprio.
Levantei preguiçosa e peguei um dos frasquinhos. Voltei ao meu lugar e comecei a colocar vários ingredientes dentro do caldeirão, pouco me importando em saber se estava fazendo algo errado ou não, apenas com a intenção de não parecer desinteressada na aula, por mais que estivesse.
Depois de fazer todas as rezas possíveis para que a poção não explodisse, o tempo se encerrou e Slughorn começou a passar pelas mesas para ver os antídotos.
Pude notar que Slughorn analisara minha poção de longe e torcera o nariz ao vê-la. Não podia culpá-lo, devo confessar. Não conseguia descrever a aparência do líquido de tão horrenda que era.
– E você, Harry, o que tem para me mostrar?
Harry estendeu a mão que continha uma coisinha de cor amarronzada que, se não me engano, era um bezoar. Slughorn o fitou por longos segundos e então atirou a cabeça para trás e começou a gargalhar.
– Você é atrevido, rapaz! – falou ele pegando o bezoar da mão de Harry e o mostrando para toda a classe – Você é como sua mãe... Bem, não posso dizer que está errado... Um bezoar certamente agiria como antídoto para todas essas poções!
Notei Hermione ao meu lado, suada e suja de fuligem, ficar lívida. Não posso culpá-la, ela se esforçara absurdamente na poção e Slughorn só dava atenção a Harry, que realmente havia sido brilhante, a propósito. Era bem provável que o “Príncipe Mestiço” tivesse algo a ver com isso... Ou não, vai saber.
– Pensou no bezoar sozinho, foi Harry? – Hermione perguntou, entre dentes, provavelmente com a mesma suspeita que eu, só que realmente raivosa.
– Esse é o espírito individual imprescindível a um verdadeiro preparador de poções! – exclamou Slughorn, sem dar chances a Harry de responder – Igualzinho à mãe, Lílian tinha a mesma compreensão intuitiva do preparo de poções, sem dúvida ele herdou da mãe... Certo, Harry, certo, se você tivesse um bezoar à mão é claro que resolveria... Mas como bezoares não servem para tudo e são bem raros, ainda vale à pena saber preparar antídotos. – concluiu – Então, hora de guardar tudo! E mais dez pontos para Grifinória pela ousadia!
Comecei a arrumar minhas coisas apressadamente para a próxima aula. Hermione e Rony foram logo embora e eu fiquei apenas com Harry, que arrumava suas coisas lentamente.
– Ei, por que está demorando tanto?
– Preciso falar com Slughorn, sobre aquela coisa que te disse mais cedo, lembra?
– Ah sim. Boa sorte então, Harry. Guardarei um lugar para você na próxima aula. – disse sorrindo e acenando para ele, que contribuiu, seguindo então para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

O restante da semana passou normalmente, as aulas rotineiras, passei a maioria dos tempos livres com Robert, Gina ou Hermione e procurei estudar bastante, já pensando nas N.I.E.M.s do ano seguinte. Estava me sentindo estranha, minha cabeça estava confusa, sentimentos misturados, sentimentos que eu até mesmo chegava a pensar não serem meus, e tentar compreender isso havia me desgastado bastante.
Era sábado de manhã e estava sentada no colo de Robert em um dos sofás da sala comunal, com minhas costas apoiadas em seu tronco, que estava deitado sobre o sofá. Estávamos em silêncio apenas curtindo a música que soava na vitrola do cômodo, que no momento era Ask Me Why da banda trouxa The Beatles. O LP de Please Please Me era um de meus favoritos e eu sempre trazia para poder ouvir uma vez ou outra durante o ano letivo em Hogwarts, as pessoas já estavam bem acostumadas e até gostavam bastante das músicas.
Ask me why, I'll say I love you and I'm always thinking of you…– Robert cantarolou ao pé de meu ouvido, me fazendo sorrir. – Estava com saudade de ver esse sorriso… Você tem estado distante desde que voltamos do feriado. – comentou.
– Eu sei. Desculpa. – disse, me aconchegando em seu abraço.
– Tudo bem, mas me fala o que aconteceu. – ele pediu, afagando meus cabelos.
Pensei no encontro acidental que tivera com Draco na madrugada de segunda feira. Não achava que esse era o real motivo para eu estar daquele jeito, pelo menos não o principal, sem falar que tocar no assunto não faria as coisas entre eu e Robert melhorarem.
– Para falar a verdade, nem eu sei direito. – disse sincera, por mais que omitisse o fato sobre Draco – Acho que estou apenas numa semana ruim, sabe?
– Entendi. – ele deu um meio sorriso e beijou minha testa, seguidamente seguindo para os lábios, num calmo e doce beijo.
Ficamos assim por mais alguns minutos, curtindo um ao outro, sem nos importar com ninguém ao nosso redor na sala comunal.
– Melhor eu ir, vai haver a primeira aula de aparatação daqui a pouco no Salão Principal. – levantei cuidadosamente, para não machucá-lo.
– Ok, te encontro na hora do almoço, então?
– Sim, até mais tarde. – sorri, beijando-o rapidamente pela última vez e seguindo para o Salão Principal, encontrando Harry e Hermione no caminho.
– Olá. – os cumprimentei, colocando-me entre os dois e os abraçando de lado.
– Bom dia, Nat. – disseram os dois ao mesmo tempo.
– Íamos te chamar para vir conosco, mas... – Harry começou – Não quisemos interromper você e Robert. – Hermione concluiu, com um sorriso maroto no rosto.
– Ah, tudo bem. – sorri sem graça. Poderia apostar que meu rosto estava corado no momento.
Continuamos o caminho conversando animadamente sobre a expectativa da nossa primeira aula de aparatação. Quando chegamos ao Salão Principal, podemos notar que ele estava sem nenhuma das 4 mesas das casas e diante de todos os alunos estavam os professores McGonagall, Snape, Flitwick e Sprout, que também eram os diretores de cada casa de Hogwarts. No meio deles estava um bruxo miúdo e pálido, que provavelmente era o instrutor de Aparatação do Ministério.
Olhei ao redor, vendo quem havia comparecido à aula, e notei Draco discutindo aos cochichos com Crabbe, parecendo extremamente raivoso. No mesmo momento um sentimento de raiva, não sei de onde, tomou conta de mim a ponto de eu não conseguir prestar atenção no que o instrutor começara a falar.
– Malfoy, sossegue e preste atenção! – vociferou a prof. McGonagall e eu então voltei a prestar atenção na aula, me livrando do sentimento ruim que havia sentido há instantes.
– Como vocês talvez saibam, - o instrutor, o qual ainda não sabia o nome, continuou – normalmente é impossível desaparatar em Hogwarts. O diretor suspendeu este encantamento, apenas no Salão Principal, por uma hora, para que vocês possam praticar. Aproveito para enfatizar que não poderão aparatar fora das paredes deste Salão e que seria imprudente tentar. Gostaria agora que cada um se posicionasse deixando um metro e meio de espaço livre à frente.
Houve um empurra-empurra inicial, mas no final os professores conseguiram contornar a situação e todos estavam arrumados uns aos lados dos outros em fileiras separadas.
Hermione estava ao meu lado, procurei por Harry e o encontrei perto de Draco. Voltei minha atenção aos professores no exato momento.
O salão todo fez silêncio quando pedido, e então a aula verdadeiramente começou. O instrutor, que se chamava Wilkie Twycross, segundo Hermione, acenou com a varinha fazendo com que aparecessem aros de madeira à frente de cada um dos alunos.
– É importante lembrar dos três Ds quando aparatamos: Destinação, Determinação e Deliberação! Primeiro concentrem a mente na destinação desejada. – disse Twycross – No caso, o interior de seu aro. Agora façam o favor de se focarem nessa destinação.
Fiquei olhando fixamente para o aro a minha frente, tentando não pensar em mais nada.
– Segundo – ele continuou – Focalizem sua determinação de ocupar o espaço visualizado. Deixe este desejo fluir da mente para todas as partículas de seu corpo! E agora no três, somente quando eu der a ordem, girem o corpo, sentindo-o penetrar o vácuo, mexendo-se com deliberação! Quando eu mandar... Um... Dois... TRÊS! – ele anunciou e então fixei toda minha concentração no aro e quando girei o corpo, senti meu corpo colidindo com o de outra pessoa.
– Desculpe-me. – disse me virando e me deparando com Draco.
– Passou longe, hein, sangue ruim? – ele comentou debochado, acompanhado da risadas de seus amigos, mas eu conseguia notar que seus olhos não debochavam como suas palavras.
– Já chega, sr. Malfoy. – McGonagall disse ao se aproximar – Está tudo bem, srt.ª Walker?
– Está sim... Só parei no lugar errado, obrigada.
– Está certo, então. Volte para sua posição. – ela pediu e assim eu o fiz. A aula continuou durante um bom tempo, porém o único acontecimento de fato interessante havia sido o Estrunchamento de Susana Bones, da Lufa-Lufa. Fora isso, não havia acontecido mais nada, nem acidentes e nem avanços.
Depois de a aula ser finalizada, fui me encontrar com Robert na biblioteca para estudar. Ficamos por lá até tarde e então seguimos para a sala comunal, para nos encontrarmos com seus amigos. O clima estava aconchegante e divertido, como há tempos não ficava e eu pretendia aproveitar este momento até o último segundo.


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