Amando o Inimigo escrita por IsabellaC


Capítulo 13
De volta à Hogwarts




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Uma semana se passara desde o Ano Novo e Gina, Harry, Rony e eu estávamos organizados em fila ao lado do fogão da cozinha para nos despedirmos da Sr.ª Weasley – a única além de nós presente na casa – e então partiríamos para Hogwarts através da Rede de Flu que o ministério havia organizado para tornar a viagem de volta rápida e segura. Nunca havia feito uma viagem com pó de flu antes e, tenho que admitir, estava excitada para tal.
– Não chore, mamãe. – Gina dizia consolando a Sr.ª Weasley, que chorava copiosamente sobre seu ombro – Tá tudo bem.
– É, não precisa se preocupar. – disse Rony, ao mesmo tempo que a mãe depositava um beijo em sua bochecha – Nem com Percy. Ele é tão babaca que não se perde grande coisa, não é? – acrescentou, devido ao descaso que Percy demonstrara para com a família no dia de Natal, o que havia chateado muito a ela.
Ela então abraçou fortemente Harry, soluçando ainda mais forte.
– Prometa que vai se cuidar... Não se meta em confusões...
– Eu sempre me cuido, Sr.ª Weasley. Gosto de levar uma vida tranquila, a senhora me conhece. – Ela riu lacrimosamente e, então, veio até a mim e me abraçou. Fazia muito tempo que eu não recebia um abraço tão caloroso... Um abraço de mãe. Com tal pensamento, a saudade que sentia dos meus pais aumentou ainda mais e eu tive que me segurar para não começar a chorar também.
– Nat, querida, foi muito bom tê-la aqui em casa durante o feriado. Espero vê-la o mais breve possível e se cuide, certo? – ela disse, esboçando um sorriso entre as lágrimas, enquanto acariciava meu rosto com uma das mãos.
– Nos veremos sim e eu me cuidarei, prometo. – respondi, rindo levemente, enquanto ela se afastava, passando a fitar a todos nós.
– Comportem-se, então, todos vocês...
Acenei, me despedindo pela última vez, e peguei um punhado do pó prateado de dentro do vaso. Entrei dentro da lareira, como Gina me instruíra, e larguei todo o pó ao mesmo tempo em que dizia “Hogwarts” em tom alto e claro, seguidamente passando a ser consumida por chamas de cor esmeralda.
Permaneci com os olhos fechados e os braços colados ao corpo durante o trajeto, até que, enfim, o movimento começou a desacelerar e, quando me dei conta, estava sentada no meio da lareira da sala da professora McGonagall.
Engatinhei para dentro da sala e, enquanto me levantava, pude avistar a própria McGonagall sentada em sua escrivaninha, trabalhando em algo.
– Noite, Walker.
– Noite, professora. – no mesmo instante que a cumprimentara, Harry surgiu na lareira e, pouco tempo depois, Gina e Rony também apareceram e pudemos seguir para a torre da Grifinória.
Logo chegamos ao quadro da Mulher Gorda e Rony, prontamente, anunciou a senha: - Bolas festivas. – disse confiante.
– Não. – respondeu ela.
– Como assim "não"?
– Há uma nova senha. E, por favor, não grite.
– Mas estivemos fora, como é que...?
– Harry! Gina! Nat! – uma Hermione sorridente corria em nossa direção, com o rosto corado, vestida com capa, chapéu e luvas.
– Mione! – a cumprimentei, sorrindo e abraçando forte. – Saudades.
– Muitas saudades! – disse enquanto também cumprimentava os outros, quero dizer, Harry e Gina – Cheguei já tem algum tempo. Inclusive já visitei Hagrid e Bicuço, quero dizer, Asafugaz. – eles haviam me explicado que o hipogrifo que agora vivia junto à Hagrid era, na verdade, o mesmo que havia sido sentenciado, injustamente, à morte por ter atacado Malfoy no terceiro ano. Era uma história interessante a maneira que eles haviam salvado a Bicuço e Sirius, que havia sido inocentado de suas acusações após sua morte, de suas sinas.
– Tiveram um bom natal?
– Tivemos. – Rony respondeu na mesma hora - Bem movimentado, Rufo Scrimgeour...
– Tenho uma coisa para você, Harry! – falou Hermione, sem nem dar atenção a Rony. Queria saber quando esta briguinha iria acabar – Ah, a senha. Abstinência.
– Exatamente. – confirmou a Mulher Gorda, logo concedendo a passagem.
– Que houve com ela? – perguntei.
– Aparentemente, exagerou no Natal! – informou Hermione, enquanto adentrávamos a sala comunal – Ela e amiga Violeta acabaram com o vinho do quadro dos monges bêbados junto ao corredor de Feitiços. Ah, aqui está. – disse, enquanto revirava o bolso e tirava um rolo de pergaminho com a caligrafia de Dumbledore e entregava a Harry.
– Ah, ótimo. – Harry disse animado, desenrolando o pergaminho no instante que o pegara – Tenho um monte de coisas para contar a ele... E a você também. Vamos sentar e...
Então surge, sabe-se lá de onde, o ser louro mais extravagante existente na face da Terra: Lilá Brown.
– Uon-Uon! – guinchou, ao mesmo tempo em que se jogava nos braços de Rony.
– Bem, tem uma mesa vazia ali... Vocês vem? – Harry perguntou com seu olhar focado em Gina.
– Não, obrigada, prometi encontrar Dino. – ela respondeu e se despediu, seguindo ao seu encontro, embora não parecesse muito entusiasmada.
Deixando Rony e Lilá atracados de uma forma estranha para trás, fomos em direção à mesa vazia.Durante a maior parte do tempo fiquei alheia ao assunto que Harry e Hermione tratavam. Ainda estava sonolenta e não estava conseguindo me concentrar no que diziam.
– ... Malfoy a lhe contar o que estava fazendo? – Harry falou, contrariado.
– Bem, é isso. – Hermione confirmou.
Ao ouvir o nome Malfoy ser citado, senti a necessidade de prestar atenção na conversa. Tentava deixar a tentação de lado, já que havia perdido boa parte do assunto e não estava entendendo nada direito, mas era forte demais para resistir.
– O pai de Rony e Lupin acham que sim! – disse Harry de má vontade – Mas isto só prova que Malfoy está tramando algo.
– Sim.
– E ele está agindo por ordens de Voldemort, exatamente como eu suspeitava.
– Algum dos dois chegou a mencionar o nome de Voldemort?
– Não tenho certeza... – ele respondeu, a testa franzida – Snape disse “o seu senhor”, quem mais poderia ser?
– Não sei. – disse Hermione, mordendo o lábio – Talvez o pai dele? – sugeriu perdida em pensamentos – Como vai o Lupin? – perguntou, aleatoriamente.
– Nenhuma maravilha. – respondeu Harry, contando-lhe sobre uma missão de Lupin entre os lobisomens e as dificuldades que estava enfrentando – Você já ouviu falar de Lobo Greyback?
– Já! – Hermione exclamou, levando um susto – E você também, Harry!
– Quando? Se foi nas aulas de História da Magia, você sabe que nunca presto atenção...
– Não foi em História da Magia: Malfoy usou o lobo para ameaçar Borgin! Lá na travessa do Tranco, não se lembra? Ele disse que o Lobo Greyback era um velho amigo da família e que iria verificar o andamento do serviço.
– Eu tinha me esquecido! – Harry falou boquiaberto – Mas isto comprova que o Malfoy é um Comensal da Morte. De que outro modo ele poderia estar em contato com Greyback e lhe dizer o que fazer?
– É muito suspeito. – concordou Hermione – A não ser que...
– Eu... Eu vou dar uma volta. Vejo vocês mais tarde. – disse e, pelo que pareceu, assustei ambos com a minha inesperada interrupção.
Levantei-me da mesa e fui rapidamente ao dormitório, onde já se encontrava meu malão, para pegar uma capa e então poder caminhar pela área externa de Hogwarts.
Não havia ninguém pelos arredores do castelo, provavelmente por causa do frio. Todos preferiram aproveitar o calor de suas salas comunais para reencontrar os amigos.
Andei tranquilamente até chegar ao lago negro, que estava com sua superfície congelada. Tirei o pouco de neve que havia sobre um tronco de árvore caído e sentei sobre o mesmo, apoiando meus cotovelos sobre minhas pernas e meu rosto sobre minhas mãos, passando a fitar o imenso lago congelado. Fiquei durante um longo tempo olhando para o nada e, quando me dei conta, pude sentir lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu estava chorando e nem conseguia entender o motivo. Ou conseguia?
Draco. Sempre Draco. Seja por motivos bons ou ruins era ele que sempre dominava minha mente. Por mais que eu tentasse evitar, negar, fazer qualquer coisa contra isso, não conseguia, era como se existisse algum laço que me ligasse a ele, não sei explicar. Só sei que sempre que estava em um lugar que me trazia constantes lembranças dele ou que me fizesse sentir mais perto dele fisicamente, isso se tornava ainda mais forte e, quando essas suposições sobre o fato de ele ser ou não um Comensal tomavam minha cabeça, eu ficava ainda mais perturbada.
Mas isso não era certo. Não era justo, não com Robert. Ele era sempre tão atencioso, carinhoso, protetor... Ele era o único que conseguia me fazer esquecer os problemas por um tempo, me fazer sentir feliz, especial, amada. Mas parecia que nem isso adiantava.
Segurei o medalhão que Robert me dera com força e, ao fitar o objeto, não fora o grande coração de prata que me atraíra e sim, os dois grandes olhos esmeralda da cobra que eu possuía em meu dedo.
Grande ironia eu decidir usar essa merda hoje.– pensei ao mesmo tempo em que arrancava o anel, num acesso de raiva, e o jogava pra longe.
Sem conseguir me controlar, deitei minha cabeça sobre meus braços e comecei a chorar feito uma criança. Chorava compulsivamente, chegando a soluçar, e só consegui me controlar ao sentir dois braços me envolvendo. Funguei baixo e levantei um pouco a cabeça, meio tonta devido à dor de cabeça que o choro havia me proporcionado. Fechei os olhos, no intuito diminuir a dor e encostei minhas costas ao corpo da pessoa que me abraçava, relaxando ao sentir o aroma amadeirado que o próprio exalava.
– Draco?
– Não. Por que, estava esperando por ele? - ouvi a voz de Robert perguntar confusa e eu, assustada, me desvencilhei de seu abraço.
– Não. Claro que não, que ideia! – disse, com um sorriso amarelo no rosto. Merlin! Como pudera cometer este erro? Tudo bem que eu estava com os olhos fechados e nem o havia visto, mas antes ficar com a boca fechada ao cometer tal erro. Sem falar que nunca, nunca, Draco se aproximaria de mim e me abraçaria como Robert fizera há pouco. Talvez meu subconsciente estivesse falando por mim ou eu apenas estava começando a ficar louca mesmo.
– Estava com tanta saudade. – disse, acariciando seu rosto, que ainda possuía uma expressão confusa, levemente e o abraçando.
Não, eu não estava mentindo, não estava sendo hipócrita. Eu realmente sentira falta dele, eu realmente amava Robert, só não tinha mais certeza se era da mesma maneira que ele me amava.
– Eu também, minha Nat. – falou enquanto acariciava meu cabelo com a voz demonstrando desconforto, devido à minha pequena confusão.
– Como me achou? – perguntei, encostando minha cabeça na curva de seu pescoço, fechando os olhos para apreciar seu carinho.
– Quando cheguei, procurei por você na sala comunal, mas só achei Harry e Hermione. Perguntei a eles se sabiam onde você estava e eles disseram que você ficou meio esquisita do nada e decidira dar uma volta pelo castelo. Como eu sei que você adora ficar por aqui, perto do lago, mesmo no inverno, vim direto para cá. – explicou – Quando eu cheguei você estava chorando, não estava?
– Eu... Bom, sim, estava. Estou confusa com algumas coisas e chorar foi a única solução que achei para pôr tudo pra fora. – respondi, juntando nossas mãos e depositando um rápido e leve beijo na base de seu pescoço.
– Quer conversar? – perguntou, depositando um beijo em minha testa em seguida.
– Não... Por enquanto não.
Continuamos em silêncio, abraçados, apenas aproveitando a presença um do outro por um bom tempo. Trocamos carícias e beijos durante longas horas, até que o frio começou a incomodar e decidimos entrar e nos aquecer na sala comunal, onde encontramos todos nossos amigos fazendo o mesmo.

Já era noite e estávamos todos reunidos para o jantar. O clima era agradável e convidativo. Estávamos juntos nos divertindo em uma conversa coletiva: Robert, Harry, Hermione, Gina, Dino, Simas, Neville, Jullian, Rodolph e eu. Infelizmente, Rony estava em um canto separado com Lilá, que conseguia evitar todas as possibilidades que ele achava de dar uma escapada de lá.
A comida estava mais gostosa que nunca, mas, entra tantas risadas, era até difícil saborear o banquete.
Distraí-me por um momento, me deliciando, parecendo uma criança, com uma taça de mousse de chocolate, quando notei que Robert fitava, com uma expressão rígida, a outra extremidade do grande salão. Segui meu olhar para onde o dele estava direcionado e encontrei Draco, com a mesma expressão, olhando fixamente para meu namorado. No mesmo instante, Draco direcionou seu olhar a mim e sua expressão de rígida tornou-se triste. Pude vê-lo engolir em seco e, então, passar a encarar a comida em seu prato, mexendo constantemente o garfo sobre ela.
Respirei fundo, procurando espantar os pensamentos que haviam tomado minha cabeça e deitei minha cabeça sobre o ombro de Robert, me agarrando ao seu braço.
– Tudo bem, pequena? – ele perguntou carinhosamente, abaixando seu rosto à altura do meu e roçando levemente nossos narizes.
– Uhum. – respondi baixinho e ele selou nossos lábios em um calmo e romântico beijo.
Sorri ao término do beijo e o abracei de lado, encostando minha cabeça em seu peito, e assim fiquei até a hora de nos recolhermos para sala comunal.

Já era tarde e eu era a única no quarto que ainda não havia conseguido dormir. Cansada de tanto rolar na cama, me levantei, vestindo uma capa sobre a camisola e calcei meus pés com um par de pantufas felpudas.
Fiquei por um bom tempo lendo o livro que ganhara de Hermione deitada sobre a calorosa luz da lareira. Tomada pelo tédio, decidi me aventurar dando uma volta pelo castelo. Já tinha saído da sala comunal depois do horário de recolher inúmeras vezes e nunca fora pega, logo, não faria mal algum fazê-lo de novo.
Saí silenciosamente da sala e percorri todo o corredor, até chegar à sua extremidade, onde uma longa e larga janela ocupava a parede. Sentei-me no chão frio, me encostando ao vidro e admirando a neve fina que caía sobre o vasto terreno da escola.
Estava começando a ficar sonolenta quando ouvi uma voz fria e seca perguntar:
– Isso é hora de estar acordada, Walker?


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