Amando o Inimigo escrita por IsabellaC


Capítulo 10
A Festa




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Suspirei, observando pela ultima vez o caimento do vestido de festa sobre meu corpo. A roupa possuía cor marfim, e seu modelo criava a impressão de que eu estava usando um vestido tomara-que-caia e uma segunda peça, com certa transparência, por cima, dando-o alças, sendo preso na cintura por uma fita preta com um laço na frente como detalhe.
Escolhi um par de sapatos scarpin de bico arredondado e cor preta para usar nos pés e ajeitei meu cabelo apenas com uma tiara, também de cor preta, optando por usar brincos de pérola nas orelhas, sem mais nenhum outro acessório.
Estava sozinha no quarto. Hermione já havia saído para se encontrar com Córmaco e Lilá, e provavelmente, estava perambulando por aí junto a Rony, e Parvati deveria estar com os dois, sem ter muito mais o que fazer. Harry também já deveria estar na festa de Slughorn com Luna.
Dei uma última ajeitada no cabelo e passei um pouco de perfume, indo me encontrar com Robert na sala comunal.
Quando estava na metade escada, pude sentir grande parte dos olhares das pessoas presentes pousarem em mim. Entre estes, o de Rony e, é claro, de Robert, acompanhado de Jullian e Rodolph. Não pude deixar de corar em tal situação e me aproximei o mais rápido possível de Robert.
– Boa noite, meninos. – disse, sorrindo.
– Eu... Uau. – Robert falou bobamente e eu ri, beijando-lhe os lábios em seguida.
– É... Uau. – Rodolph e Jullian disseram juntos e eu revirei os olhos, ainda rindo.
– E então, vamos? – Robert perguntou, estendendo o braço para mim, no qual eu encaixei o meu.
– Vamos. – sorri – Tchau, Jullian. – disse me despedindo, enquanto Robert e Rodolph faziam o mesmo.
– Isso mesmo, - ele começou – vão aproveitar essa festinhas para nerd’s, enquanto o desprovido de inteligência aqui passa o resto da noite sem ter o que fazer. Grandes amigos vocês são. – falou, fingindo estar indignado.
– Aw, que bonitinho. – disse apertando suas bochechas, fazendo Robert e Rodolph rirem, enquanto Jullian fazia uma careta.
– Melhor irmos. – Rodolph se pronunciou - Já estamos atrasados e ainda tenho que me encontrar com Lucy. – Lucy era uma menina quintanista da Lufa-Lufa, a qual Rodolph havia chamado para ir à festa junto a ele. Era uma menina bonita, tinha o corpo esbelto, cabelos pretos e olhos verdes tão intensos que poderiam ser comparados aos de uma onça.
Despedimo-nos mais uma vez de Jullian e eu dei um breve aceno a Rony, de longe. Não gostava de falar com ele quando estava acompanhado de Lilá, ou seja, não falava com ele há um bom tempo.
Não demoramos muito a chegar à sala de Slughorn, lugar onde ocorria a festa e que parecia ser inúmeras vezes maior do que uma sala normal de qualquer professor. O teto estava re-vestido por panos de cor esmeralda, dourada e carmim, dando um aspecto de tenda. Havia inúmeras pessoas conversando e dançando, não só alunos como vários idosos que se distraíam fumando cachimbos e elfos que andavam para lá e para cá, parecendo mesinhas móveis devido às travessas de prata com comida que carregavam.
– Robert, Rodolph! Que prazer vê-los, rapazes! – Slughorn cumprimentou-os assim que entramos na sala – E vejo que estão muito bem acompanhados. Creio que seu relacionamento com Robert está lhe fazendo muito bem, não é, srtª Walker? Você melhorou consideravelmente em minha matéria desde então.
Corei com o comentário e sorri sem graça, assentindo com a cabeça como resposta.
– E você, srt.ª Malkin, - Slughorn falou, direcionando-se a Lucy – estou ansioso para ver seus resultados em poções quando prestar as N.O.M’s este ano.
– Espero que alcance suas expectativas, professor. – ela respondeu, formalmente, mas com um toque meigo no seu modo de falar.
– Com certeza, minha cara. – ele falou sorridente – Agora se me dão licença, tenho que falar com alguns amigos. Aproveitem a festa. – e então se afastou, despedindo-se com um aceno de cabeça, andando de forma pomposa em direção a um grupo de homens de aparência bem idosa.
Sentamo-nos em uma das mesas e começamos a conversar. Servimo-nos de alguns dos petiscos oferecidos e de cerveja amanteigada, que, depois de alguns copos, me deixou bem relaxada e ‘animada’.
– Vem, Rob, vamos dançar. – puxei sua mão, pedindo para que se levantasse. Ele de início me fitou como se dissesse que não queria, mas por fim, se deu por vencido e me acompanhou.
A música que tocava era suave e outros casais também podiam ser vistos dançando no meio do salão. Até então, não tinha visto nem Harry, nem Luna ou Hermione, apenas Gina, sentada em uma mesa afastada com a companhia de Dino.
Deitei minha cabeça sobre o ombro de Robert, inalando seu perfume. Ele encostou sua cabeça sobre a minha, começando a depositar leves beijos sobre meu pescoço, causando-me arrepios. Tudo estava perfeito. Se o mundo acabasse naquele instante, eu, definitivamente, morreria feliz, mas, infelizmente, tudo o que é bom, dura pouco. A música havia sido interrompida e a única coisa que era ouvida no momento, eram os resmungos de Draco Malfoy que era arrastado pela orelha por Filch.
– Professor Slughorn, – começou Filch, não conseguindo esconder a excitação por flagrar um aluno desobedecendo as regras da escola – encontrei este aluno passeando por um dos corredores lá de cima e ele disse que havia sido convidado para sua festa e havia se atrasado na saída da sala comunal.
– Está bem, não fui convidado. – disse Draco se desvencilhando da mão de Filch – Estava tentando penetrar a festa. Satisfeito? – gritou com raiva. - Não, não estou! – berrou com um tom de raiva que não combinava com a felicidade expressa em seu rosto – O diretor disse que não queria ninguém andando pelo castelo durante a noite, a não ser que tivesse permissão e...
– Tudo bem, Argo. – disse Slughorn, interrompendo-o – É Natal e não é crime querer participar de uma festa. Vamos deixar, só desta vez, o castigo de lado. Pode ficar, Draco.
Filch logo desmanchou o sorriso em seu rosto e saiu da sala, sem dizer mais nenhuma palavra, e Draco começou um diálogo com Slughorn, enquanto a música voltava a tocar e Robert começara novamente a nos movimentar de acordo com o ritmo.
Não conseguira tirar os olhos de Draco desde que ele entrara na sala e pude notar quando ele saiu da mesma, acompanhado por Snape.
Sem conseguir conter a curiosidade, decidi segui-los, dando a desculpa de que iria falar com Harry para Robert, que, por acaso, também havia saído da sala pouco depois de Draco e Snape.
Tentava andar o mais rápido e silenciosamente possível, sem muito sucesso, devido ao salto fino que, ao bater no chão de mármore, fazia um barulho ecoar pelo corredor. Optei por tirá-los e carregá-los nas mãos, e, podendo andar com mais agilidade, logo avistei Harry que, pelo jeito, tivera a mesma ideia que eu e tentava escutar algo através do buraco da fechadura da porta de uma sala, a qual eu suspeitava que Snape e Draco estivessem dentro.
Encostei-me à parede, vez ou outra me atrevendo a esticar minha cabeça para ver se Harry continuava lá. De repente, um barulho de porta pôde ser ouvido e Draco, com uma expressão de raiva no rosto, virou o corredor, provavelmente sem reparar em nada à sua frente, devido ao forte pisão que deu em meu pé, me fazendo soltar um audível e indesejado gemido de dor. - Natalia? – falou exaltado ao notar minha presença – O que... – começou, intercalando seu olhar entre meu rosto e meu pé que acabara de pisar – O que você está fazendo aqui e... Descalça?
– Eu... Eu estava indo ao banheiro. – falei a primeira coisa que viera a minha mente. Não poderia dar a mesma desculpa que dera a Robert, ele com certeza suspeitaria de Harry e bom... Com razão, tenho que admitir – E os sapatos estavam machucando meus pés. - não mais do que o pisão que você deu, é claro, completei mentalmente.
– Caso você não saiba, os banheiros ficam do outro lado do corredor. – falou debochado.
– Ah sim... Eu... É claro. Devo ter me confundido... – falei, evitando olhar seu rosto – Bom... Boa noite, Draco. – apressei-me em sair dali, mas me senti impedida ao ouvir sua voz me chamando.
– Natalia, - passei a fitar seu rosto, sem dizer nada, esperando que prosseguisse – Bem... Desculpa por... Você sabe. – indicou meu pé com o olhar.
Automaticamente olhei para baixo. Meu pé direito estava levemente mais inchado do que o outro.
– Ahn, sem problemas. – falei sem jeito, decidindo calçar os sapatos novamente – Foi sem querer mesmo.
– E sobre aquela noite na biblioteca... – ele recomeçou e eu prendi a respiração. Olhei-o no fundo de seus olhos azuis, ansiando, nervosamente, pela pronunciação de suas próximas palavras - Finja que ela nunca existiu. – toda a esperança que havia se unido, sem minha ordem, dentro de mim, se esvaiu. – Boa noite, Walker. – falou com seu conhecido tom rude, e seguiu caminho pelo corredor.
Fiquei parada por alguns instantes, apenas observando seu corpo se distanciar até desaparecer, me fazendo voltar à realidade.
Passei a mão nervosamente pelo cabelo e comecei a andar de volta para a festa. Sentia-me como se tivesse me desligado do mundo por alguns minutos. Havia me esquecido da festa, de Robert e também havia esquecido de que Draco “não existia” mais para mim.
Por mais que não quisesse admitir, Draco exercia certo poder sobre mim. Basta ouvir o tom de sua voz para ele se tornar o centro de tudo. Independente de me causar raiva, desprezo, compaixão, pena ou, até mesmo, desejo, ele se tornava o centro de tudo e o resto não tinha a mínima importância.
Só agora eu conseguia perceber que eu nunca deixara de ser apaixonada por Draco. Este sentimento só havia sido esquecido, deixado de lado, devido à desesperança que havia se acumulado em mim, porém, agora que o contato que havia entre eu e ele passaram de inexistente para quase frequente, minha cabeça idiota achava que eu poderia ter alguma chance.
Suspirei fundo, entrando novamente na sala onde ocorria a festa. Robert, com um enorme sorriso no rosto, veio ao meu encontro e me envolveu em seus braços, num gostoso e aconchegante abraço. Fechei os olhos, aproveitando o momento e me sentindo cada vez mais culpada pelos sentimentos que Draco causava em mim, principalmente o de silenciosamente desejar que fosse ele me envolvendo com os braços naquele momento, e não Robert.


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