A Inspiração escrita por RayaneParaguai


Capítulo 4
O fim


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, essa parte do trem é um pouco grande então eu á dividi em dois capítulos, levei um bom tempo escrevendo a parte em que a Mel e o Filipe terminam, porque sinceramente não fazia ideia de como separa- los. Então depois de muito escrever e apagar, saiu essa coisa meio engraçada. kkk's Espero que gostem. ;)

P.s Eu tenho uma fã, Lyric Alice Sorel muito obrigada por favoritar. >



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Após a saída de Claudia, fui encaminhada para estação de trem do Distrito. Tudo no trem era muito luxuoso, e eu me senti enojada com aquilo, o modo como a Capital mimava os tributos, para logo depois os matarem. Me senti como uma porca ao abate. A esquerda tinha uma mesa enorme, com os mais vareados tipos de comida, de todas as cores, formas e tamanhos, porém pela primeira vez na vida eu não senti fome.

– Magnifico!. - Exclamou Cornélia animada. - Só vão falar em nós na Capital. Um casal de tributos apaixonados. Inédito!. Essa edição dos Jogos vai ser inesquecível. - Ela atropelava as palavras, e praticamente tremia de tanta ansiedade. - Os patrocinadores voarão em cima de nós. - Gargalhadas.

– Mel... - Eu podia sentir a presença de Filipe ao meu lado, desde que entra- rá no trem, mas ainda não tive coragem de encara-lo.

– Onde fica o meu quarto? - Interrompi-o bruscamente.

– Primeira porta a direita. - respondeu Cornélia ainda encarando o horizonte.

Segui em direção ao quarto, ignorando as instruções de Cornélia para o jantar. Sei que não devia estar com raiva dele, que devia agradecer e gritar o quanto eu o amo, afinal ele escolheu morrer por amor á mim, eu entendo isso, o que me chateou é ele não ter me dado nem uma chance de tentar. Sentenciou o fim da nossa historia juntos, e essa é a questão, não sei se posso viver sem ele.

Nem eu sei ao certo o motivo do meu termino com Filipe, só sei que foi debaixo da mesma árvore onde tudo começou.

Era uma das noites mais frias da temporada. Uma garoa chata circundava o Distrito 8 desde o amanhecer. Eu estava dentro do quarto, o vestido branco de cetim sobre a cama.

– Gostou? - Perguntou minha mãe, acariciando meu cabelo.

– É lindo. - Respondi admirada.

– Eu o usei no meu casamento. Custou dois meses de trabalho grátis na Fabrica, mas valeu a pena. - Seu olhar estava distante, mas feliz.

Coloquei o vestido e minha mãe fez um penteado no meu cabelo.

– E se eles não gostarem de mim?. - Perguntei aflita.

– Eles vão gostar. - Respondeu minha mãe, dando os retoques finais no meu cabelo.

– Como você pode saber? - Insisti.

– Sabendo.

– Mas...

– Escuta aqui minha filha. - Disse ela olhando no fundo dos meus olhos. - Você é gentil, amável, linda, porém e o mais importante, você despertou o amor no filho deles, o que é maravilhoso. Eles vão adorar você, tenho certeza disso.

Um jantar na casa do prefeito, era para isso que eu estava me preparando. Quando Filipe me contou mais cedo, que seus pais queriam me conhecer está noite, eu quase tive um troço. Estávamos juntos á quase quatro meses e toda cidade não falava de outra coisa, que não fosse a morta de fome que estava namorando o filho do prefeito.

– Está noite? - Perguntei com os olhos arregalados.

– Sim, está noite. - Respondeu com um sorriso travesso. - Por quê?

– Eu não tenho o que vestir, Filipe. - mordi os lábios, envergonhada.

– Você pode ir enrolada numa toalha que continuará linda. - Concluiu, dando - me um beijo doce.

Quando cheguei na casa do prefeito, parei na grande porta de carvalho respirei fundo e disse para mim mesma. " Calma Melanie, são só os pais dele, o que de tão ruim pode acontecer?" Tomando coragem apertei a companhia.

– Uau! - Disse Filipe ao abrir a porta. - Para quem não tinha o que vestir..

– Você gostou, mesmo? - Perguntei mordendo os lábios.

– Hum! Acho que ia gostar mais se você tivesse só de toalha.- respondeu com um olhar safado.

– Você é um bobo. - Exclamei entre beijos.

– Vem, o jantar tá quase pronto.

Ele estava lindo, vestia um suéter verde e seu cabelo castanho estava como sempre com a aparência de nunca ter visto um pente na vida, eu adorava isso nele. Passamos pela sala de mãos dadas e meu queixo quase caiu quando eu vi a casa, era completamente diferente de qualquer outro lugar que já tenha estado, tinha dois andares, com uma escada de madeira polida, a casa toda brilhava e tinha cheiro de flores recém colhidas, embora eu não tenha visto nem um vaso aparente. O sofá da sala era vermelho, de um tecido que eu conhecia como seda. Seus pais estavam sentados nele e quando me viram se levantaram. Claudia e Frodo Soyer, prefeito e primeira dama da cidade.

– É um prazer conhece-la Melanie. - Disse Frodo estendendo á mão. Retribui o aceno, torcendo que ele não reparasse que minha mão estava suada. Com um discreto movimento de passar a palma da mão no paletó, me provou que sim, ele tinha reparado. Claudia não se preocupou em me cumprimentar, apenas me olhou de cima abaixo e depois balançou a cabeça, claramente desaprovando á escolha do filho. - Finalmente você chegou. - Disse ela autoritária. - O jantar já está pronto á horas.

Claudia Soyer definitivamente fazia valer sua fama de ser Insuportável, com um olhar arrogante e um nariz que parecia não abaixar de forma alguma, ela caminhava imponente pela casa, me tratando como um inseto a ser exterminado. Já Frodo me intrigava, ele tinha um jeito falsamente amigável, e eu tinha sensação que ele sempre estava mentindo sobre algo. Filipe apertou ainda mais minha mão e beijou minha testa, como que me reconfortando. Quando chegamos a mesa de jantar eu me espantei com a quantidade de comida, tinha coisas ali que eu nem sabia que existia. " Uns com tanto, outros com tão pouco" murmurei inaudível.

Já havia quase dez minutos que o jantar havia sido servido, era um peixe de nome Salmão, vindo diretamente do Distrito 4 . Eu estava sentada do lado esquerdo da mesa com Filipe ao meu lado. Agradeci á Deus por minha mãe ter me ensinado como comer direito, nem sei o que os pais de Filipe fariam se me vissem comendo do jeito que alguns comem no colégio.

– E então Melody. - Claudia quebrou o silêncio depois de um tempo. Melanie pensei, Filipe ameaçou corrigi-la, mas eu apertei sua perna para que não o fizesse. - Soube que seus pais trabalham nas fábricas.

– Uhum. - Concordei.

– Tenho que admitir que estou surpresa. - Continuou ela. - Para uma morta de fome, até que você come direitinho.

– Mãe? - Filipe encarou ela indignado.

– Que é? foi um elogio. - Disse como se não entendesse o motivo da repreensão. - Ela entendeu, não é mesmo Melody?

– Sim eu entendi. - Respondi com os dentes cerrados. - E o meu nome é Melanie.

O jantar prosseguiu sem muitas outras conversas, toda vez que Claudia puxava um assunto, ela dava um jeito de me ofender, e eu tinha que conter o Filipe, para não começar uma discussão. Á essa altura a garoa já tinha se transformado em um temporal, e eu queria desesperadamente ir para casa. Nesse momento Claudia estava na cozinha, dando alguma ordem ao mordomo. Quando voltou tinha um sorriso cruel no rosto. Segundos depois o mordomo chegou com uma bandeja de suco que eu logo descobri ser de Tomate. Na minha vez de ser servida ouvi um "Me perdoe" Mais baixo que um sussurro no meu ouvido, e antes que pudesse perguntar o por quê, aconteceu, a bandeja com o suco de tomate caiu inteira em cima de mim, manchando todo o vestido. No momento não consegui pensar em nada além de minha mãe falando. " Custou dois meses de trabalho grátis na Fabrica, mas valeu a pena."

– Mel, eu sinto muito. - Disse Filipe, correndo para tentar limpar o vestido com guardanapo.

– Eu, eu... - Não consegui dizer nada, estava incrédula.

– Aah veja pelo lado bom. - Disse Claudia com ironia. - Agora ela tem um motivo para jogar esse vestidinho Chinfrim fora. - Foi ela, ela mandou ele fazer isso, é mais que obvio.

– Olha aqui... - Agora eu tinha explodido, estava em pé, com o dedo apontado diretamente pro centro de seu rosto, eu queria chinga-la de tudo que fosse nome possível, humilha-la e derrota-la, queria jogar toda a comida da mesa em cima dela, mas por algum motivo eu não consegui, fiquei lá igual uma idiota, parada com o dedo apontado para cara da Primeira Dama do distrito, até que lagrimas escorreram pelo meu rosto, e eu sai correndo dali.

– Mel espera. - Ouvi Filipe gritar, antes de sair pela porta.

– Deixa filho, essa garota não é para você mesmo.

Eu estava correndo igual uma louca pelo meio da cidade, indo em direção a minha casa, até que percebi, eu não podia chegar lá assim, o vestido agora além de manchado estava todo encharcado, minha mãe ficaria muito triste quando o visse, e eu não estava preparada para isso agora. Então mudei de direção, para o único outro lugar onde eu me sentia segura, á grande árvore. Chegando lá, me sentei em baixo da árvore e chorei. Filipe chegou uns quatro minutos depois de mim, igualmente encharcado e igualmente triste.

– Mel... Eu... - Ele passou a mão pelos cabelos, como sempre fazia quando não sabia o que dizer. - Eu..

– É o vestido que minha mãe usou quando casou. - Disse com a cabeça abaixada, sem olha para ele. - E agora... eu não sei como vou falar para ela?

– Eu compro um vestido novo para ela amanha. - Disse nervoso.

– Um vestido, amanha você compra um vestido novo? - balancei a cabeça incrédula. - ELA LEVOU DOIS MESES PARA PAGAR ESSE AQUI, E VOCÊ ME DIZ QUE AMANHA COMPRA UM VESTIDO NOVO? - Á essa altura eu já estava em pé gritando.

– Eu só estou tentando ajudar. - defendeu- se triste.

– MAS NÃO TÁ AJUDANDO. VOCÊ É EXATAMENTE COMO OS NOJENTOS DOS SEUS PAIS, ACHA QUE PODE COMPRAR TODO MUNDO.

– Eu não acho nada, só quero te ajudar. - continua ele. - Mas você tem sempre um muro de 2 metros erguido para qualquer um que queira se aproximar de você. Por que não simplesmente para de gritar e aceita? - Diz ele me encarando.

– Esse muro de dois metros, tem nome e sobrenome e é Claudia Soyer, ela me tratou a noite inteira feito lixo Filipe, E VOCÊ NÃO FEZ NADA! - Eu estava cada vez mais descontrolada, com raiva do Filipe por ele simplesmente não entender.

– O QUE VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE? - Agora ele estava gritando também. - EU SÓ QUERIA EVITAR UMA BRIGA MAIOR.

– Ótimo! meus parabéns. - Ironizei, batendo palmas. - você estava se saindo perfeitamente. ATÉ SUA MÃE MANDAR JOGAR SUCO DE TOMATE EM CIMA DE MIM.

– Ela não mandou, foi um acidente. - Disse ele contendo- se - Minha mãe não seria capaz de fazer isso.

Eu definitivamente não consigo entender como o Filipe consegue ser tão burro. Aquela bruxa da mãe dele passou a noite toda me infernizando, e ele ainda duvida do que ela é capaz?

– Não acredito que passei menos de uma hora com ela e já a conheço mais do que você.

– Nem eu acredito nisso. -Balancei a cabeça incrédula

– Você é mesmo um idiota Filipe Soyer. - Disse com raiva.

– Claro que eu sou, discordei de você.- A ironia na voz dele fez minhas bochechas arderem de raiva. - A srº Dona Da Verdade. - Eu odeio quando ele me chama de dona da verdade, odeio mais que tudo na terra.

– NÃO ME CHAME ASSIM.

– NÃO ME CHAME DE IDIOTA.

– CHAMO SIM, VOCÊ É IDIOTA, ARROGANTE, EXIBIDO, O SEU CABELO ESTÁ SEMPRE DESPENTEADO,VOCÊ SEMPRE CHEGA ATRASADO NOS LUGARES, E ESTÁ SEMPRE BATENDO OS PÉS NO MESMO RITMO O QUE É MUITO IRRITANTE.

– AÉ? E VOCÊ É CHATA, MANDONA, ALTRUISTA, GRITA MAIS DO QUE FALA, FICA O TEMPO TODO MORDENDO OS LABIOS, E PELO AMOR DE DEUS DE QUE COR É O SEU CABELO?. - de uma hora para outra começamos a gritar nossos defeitos um na cara do outro o que séria engraçado se não estivéssemos com tanta raiva.

– VAI PARA O INFERNO! - virei- me para ir embora.

– TALVEZ MINHA MÃE ESTEJA CERTA, VOCÊ NÃO É GAROTA PARA MIM.

Parei imediatamente, e percebi que ele se arrependeu do que disse exatamente depois de ter falado. Meus punhos cerraram, e eu senti o ódio subindo pela minha garganta, ódio da Claudia, ódio do Filipe, ódio de mim por ainda gostar dele.

– ÓTIMO! - gritei. - ELA DEVE ESTAR CERTA MESMO. VOCÊ DEVERIA FICAR COM A ANITTA, ELA SIM É GAROTA PARA VOCÊ, A QUE A MAMÃE ESCOLHEU.

– ÓTIMO! - Ainda havia arrependimento em sua voz, mas o Filipe nunca perdia uma briga, ele não iria ceder agora. - TALVEZ EU FAÇA ISSO MESMO. - Seu rosto estava perigosamente perto do meu, e a vontade de beija- lo estava cada vez mais potente dentro de mim. Mas eu não o faria. A gente tinha ido longe demais.

– Acabou Filipe. - Seus olhos cheios de confiança, migraram imediatamente para incredulidade, nossas brigas normalmente acabavam e beijos, mas dessa vez não. Ele estava prestes á dar mais um passo na minha direção, mas eu não dei tempo para isso, desci o barranco correndo, deixando- o lá boquiaberta.


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Notas finais do capítulo

Eai pessoal o que acharam? Espero que tenham gostado.

Prometo esquentar as coisas entre a Mel e o Filipe no próximo capitulo, que pretendo postar ainda hoje. (66'
Amo Vocês. Ray. ;)



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