A Inspiração escrita por RayaneParaguai


Capítulo 11
Do you? I do. Me too.


Notas iniciais do capítulo

Uau! Dessa vez eu me superei, mais de 10 dias sem postar. :s Sorry!

Bom pessoal, tá ai o cap das entrevistas, espero que gostem. ;)

Beijos e boa leitura!



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Filipe acaricia meus cabelos enquanto eu abro os olhos lentamente. Ele sorri para mim, que ainda estou tonta de sono.

– Feliz aniversário. - Sussurra no meu ouvido e beija o lóbulo da minha orelha me causando um arrepio delicioso, rio maliciosamente, meus olhos carregados de más intenções, quando me dou conta de suas palavras. Meu aniversário? Que droga! Com tudo que está acontecendo eu tinha até esquecido!.

– Obrigada. - Respondo. Filipe se ajoelha ao lado da cama e me estende uma caixinha dourada.

– Isso é para você. - Diz com um sorrisinho, abro a caixa e suspiro encantada ao ver a pulseirinha dourada cheia de pequenos pingentes em forma de coração. Filipe dá um pigarro e passa as mãos pelo cabelo, como sempre faz quando esta nervoso, mas não reparo nisso, ainda admirada com o presente. - Melanie... Você.. hãm... quer casar comigo? - Levanto a cabeça rapidamente e encaro Filipe de boca aberta, as palavras entaladas na garganta. Até que finalmente me dou conta. É claro! A pulseira. No distrito 8, o casamento é a celebração de um pacto de sangue, carne e alma. Pacto esse que une 2 pessoas em 1, para sempre. Amor eterno. No pacto de sangue, é feito um pequeno corte na mão esquerda do homem e na direita da mulher, as mãos do casal são unidas e representa a união sanguínea, o mesmo que corre nas veias de um, corre nas veias do outro agora. O pacto da carne, nada mais é que o sexo, e representa a união carnal, quando o homem e a mulher se tornam uma só pessoa. Já no da alma, o casal troca um objeto, que acreditam conter uma parte da alma do outro, e concretiza o amor entre os dois. É uma cerimonia linda de se ver.

– Se você não quiser, tudo... - Continua Filipe, pois ainda o estou encarando sem palavras.

– É claro que eu quero. - Respondo e ele abre um largo sorriso.

– Jura? Isso é ótimo. - Ele me pega no colo e me gira pela sala. - Pessoal ela aceitou. - Grita, em meio á um beijo. A porta se abre, Natalie, Brandon, Cornélia e toda nossa equipe de preparação entra. Cornélia dá gritinhos e me abraça.

– Ai isso é muito perfeito. O srº Perkins já esta aqui. - Olho em volta e percebo no homenzinho atarracado no canto do quarto. Um livro grande nas mãos. - Ele vai realizar a cerimonia.

– Agora? - Pergunto de olhos arregalados. Todos balançam a cabeça, olho para camisola branca que estou usando, rendada e um pouco acima dos joelhos, o cabelo todo bagunçado e o rosto amaçado, ainda do sono. Dou uma gargalhada, e Filipe pega minha mão.

– Você é a noiva mais linda do mundo. - Sussurra no meu ouvido e eu o beijo, ele também tá com o cabelo bagunçado, como sempre. Está usando uma calça de moletom preta, sem camisa, mas mesmo assim esta lindo, de uma forma que nunca esteve. Nos postamos um na frente do outro e ele segura minhas mãos. Sorrio para ele, anestesiada. O Homem que vai celebrar o casamento, Perkins eu acho, começa a falar.

– Filipe e Melanie, hoje vocês abandonam suas vidas distintas e as unem em uma única historia. O primeiro passo, é o Pacto de sangue. - Perkins acenou para Brandon, que só agora percebi, carregava uma caixa de veludo azul escura. Ele a abriu e uma belíssima adaga de prata reluziu dentro da caixa. Perkins pegou a adaga e a estendeu para Filipe. - Vocês conhecem os votos? - Assentimos em resposta.

Estendo minha mão direita para Filipe, que hesita por um segundo. Ele faz um pequeno corte não muito profundo, na palma da minha mão, que sangra levemente. Mordo o lábio inferior, e ele me passa a adaga. Repito o ato em sua mão esquerda. Olhares lacrimosos, nos encaram. Unimos nossas mãos ensanguentadas uma na outra e pingos de sangue sujam o carpete lustroso. O silêncio habitou a sala, até que Filipe falou.

– Eu Filipe Soyer abro mão do mundo, para ter você, abro mão de levantar, para te ver correr, abro mão de viver, para te sentir respirar, abro mão do eu, para sermos nós para sempre. - Ele pronunciava cada palavra lentamente. Esses não eram os votos certos do qual Perkins estava falando, mas era certo para nós, era certo naquele momento, e ninguém questionou. Engulo em seco, o que eu posso dizer depois disso, sinto minha cabeça girar, provavelmente por causa do sangue, vasculho o meu cérebro, nunca fui boa com palavras, depois da declaração de Filipe eu não posso simplesmente repetir os votos já criados.

– Eu Melanie Roy... eu... Não faço a menor ideia do que dizer nesse momento. - Mordo o lábio e Filipe me olha surpreso, um segundo se passa e ele sorri, me conhece muito bem, sabe que minha cabeça esta uma bagunça. Todos esperam e eu tento continuar. - Bom, mesmo a gente não sendo um casal dos mais normais do mundo, sei que ninguém duvida do nosso amor, quer dizer, a gente duvida as vezes, mas somos loucos... Você apareceu para mim, como em uma historia, pulou de cima de uma árvore e me deu o mundo, depois você me tirou, ou eu que devolvi a você, não que isso importe agora, você meu deu o beijo, me deu o prazer, me deu o amor. Enfim eu só me conheci, depois de você. E saiba que eu continuo te achando um burro Filipe Soyer, mas agora você é meu, e isso basta. - Uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu sorrio, meus votos não ficaram nem um pouco filosóficos, mas eu nunca fui assim. Todos me encaram, e eu me encolho, Filipe me puxa e me beija, agarrando minha cintura e manchando toda a camisola de sangue.

Uhum.. Pigarreia Perkins. - Bom! Acho que podemos continuar. - A essa altura o sangue em nossas mãos já estancaram, e Natalie fez um curativo rápido. Meu "vestido de noiva" não estava nem um pouco apresentável, depois das manchas de sangue, na verdade ele parecia assustador, mas ninguém além de Verne pareceu se importar.

Trocamos os objetos que significavam nossas almas, eu dei a Filipe um cordão, que usava no pescoço desde os 7 anos, presente da minha avó. De hoje em diante nunca mais tiraríamos nossos presentes. Nós dançamos e todos pareciam estar encantados. Eu não me importava com o fato de que amanha eu iria para arena, matar ou morrer, e nem com o fato de que cada segundo que passava me levava para mais longe de Filipe. Eu nem lembrava disso naquele momento.

– Bom, acho melhor darmos espaço para os pombinhos concretizarem o casamento com o pacto da carne. - Diz Brandon depois de um tempo, dando uma piscadela em nossa direção. Rimos.

– Oque? - Diz Cornélia com a mão na cintura. - Nem pensar, ainda temos as entrevistas mais tardes e eles precisam treinar. Você mocinha, já para o banho. - Diz ela apontando para mim. - E você senhor pode indo se trocar, o ensaio começa em 20 minutos. - Filipe suspira, e me dá um beijo.

– Sua empata. - Diz passando por Cornélia e indo para o quarto.

Estou á quase uma hora ensaiando minha entrevista com Brandon. Filipe está ensaiando com Natalie e espero que ele esteja se saindo melhor que eu.

– Vai ter que se esforçar mais, se quiser sair viva desses jogos princesinha. - Diz Brandon depois de eu mandar a sua versão de Caezar Flickerman ir se danar. Ele toma mais um gole de conhaque. - O que foi? - Pergunta arqueando a sobrancelha, perante minha expressão pensativa. Suspiro lentamente.

– Eu não pretendo vencer os jogos Brandon. - Ele arregala os olhos.

– O garoto que se voluntariou para morrer no seu lugar sabe disso? - Pergunta ele sarcasticamente.

– É claro que não, e nem pode saber. - Respondo cruzando os braços, irritada com o deboche.

– Posso saber qual é o seu plano brilhante, ou você só pretende chegar na arena e morrer? - Ele toma mais um gole de conhaque e eu pego o copo da sua mão e bebo também, sinto a bebida queimar minha garganta e penso antes de responder.

– Eu vou me matar. Quando for a hora certa. O Filipe tem capacidade de vencer os jogos, sem mim ele vai conseguir. - Olho para o teto, e tomo mais um gole do copo sendo imitada por Brandon. Ficamos em silêncio por uns minutos, Brandon dá uma risadinha e balança a cabeça, aparentemente incrédulo.

– O que foi, você não tá acreditando? - pergunto, e ele hesita antes de responder.

– Sabe Melanie, eu já sou mentor á mais de 20 anos, e acredite, eu já ouvi de tudo. Pessoas dizendo que querem fazer diferente, dizerem que não são marionetes, que não queriam mudar seu eu, que a capital não podia corrompe-los. Mas, a verdade é que a arena muda as pessoas, o instinto de sobrevivência é muito forte, estar a beira da morte faz você fazer coisas que nunca imaginou ser possível, te transforma num monstro. - Ele fez uma pausa e engoliu em seco, parecia que ele estava falando mais para si mesmo do que para mim, balancei a cabeça em negativa.

– Brandon, mas isso é diferente, eu tenho por quem lutar, o Filipe, ele é a minha inspiração... eu.. eu não quero ser só uma rebelde, tentando não ser uma peça no jogo da capital, é por ele, eu não vou suportar vê-lo morrer, ainda mais por mim... eu.. eu.. - Lágrimas irromperam pelo meu rosto, e Brandon me abraçou.

– Eu sei, eu sei, já entendi. - Ele limpou as lágrimas dos meus olhos, e me surpreendi ao ver que os deles também estavam marejados. - É realmente uma pena isso ter acontecido, se existe alguém no mundo que não mereciam estar aqui hoje, são vocês. - Brandon dá um sorrisinho de lado e me oferece o copo com conhaque, sorrio também, bebendo mais um gole ardentemente reconfortante.

Falta um pouco mais de 15 minutos para começar as entrevistas, e depois de um dia cheio de ensaios e treinamentos de como andar em saltos de quase 40 cm eu estava cansada. Olho para garota no espelho, e meus olhos se arregalam.

– Eu pareço...

– Um anjo? - Me interrompe Verne.

– Indefesa. - Termino a frase suspirando. O vestido é lindo, mas me faz parecer uma criança. De um ombro só, e armado até os joelhos, com um tom de azul bem clarinho, tem um laço grande e bem feito nas costas. O cabelo me faz parecer ainda mais infantil, com um pedaço preso e o resto solto, cheio de cachos. A maquiagem é leve e delicada, com o realce apenas do batom rosa chock. - O que é isso Verne?

– Você não gostou? - Diz ele nervoso, roendo as unhas.

– Eu pareço um bebê Verne. - Digo e ele suspira.

– Eu sei, não era isso que eu tinha pensado, mas foi uma sugestão direta de Corionalus Snow, ele disse que ficaria ótimo...

– Snow? O idealizador - Pergunto interrompendo -o. Ele apenas assente com a cabeça. - E ele lá pode fazer isso?

– Bom, ele não costuma interferir na roupa dos tributos, mas parece que você é especial de alguma forma. - Minha boca está entreaberta de surpresa, encaro Verne incrédula, e ele morde o lábio. - Ai Mel, eu não podia recusar. Desculpa.

Demoro para responder, e finalmente minha ficha cai.

– Ele quer me fazer parecer fraca, uma tributo indefesa, completamente dependente do Filipe. - Falo cada palavra lentamente, mais para mim do que para Verne que me encara de boca aberta. - Isso explica a minha nota péssima, o Snow está me controlando. - As ultimas palavras saem da minha boca, acompanhadas de um ódio crescente. -Mas que Filho da p*.

Verne dá uns últimos retoques na maquiagem, e afofa ainda mais o vestido, até que finalmente seguimos para sala de espera, onde todos os tributos já estão em seus trajes de entrevista.

– Olha, se não é a Cinderela dos 4 pontos. - Diz Torin entre risadinhas quando passo. Respiro fundo, e me contento em apenas dá o dedo do meio para ele, sem sequer me virar para olha- lo.

– Eu disse que sem o garoto ela não é nada. - Escuto Vania com sua voz gutural, mas decido ignorar.

– Uau! Você está...

– Ridícula. - Atropelo Filipe e bufo enraivecida, enquanto me posto ao seu lado.

– Eu ia dizer um amor. - Ele dá de ombros.

– Como se isso fosse uma coisa boa. Você já viu o troço que tem nas minhas costas?

– Acho que é um laço. - responde ele, olhando por cima do meu ombro.

– Um laço bem grande. - Reviro os olhos e cruzo os braços. Filipe sorri para mim e me puxa para uma abraço.

– Aaah eu acho que você está uma gracinha. - Cornélia diz, ela devia parar de tentar me fazer sentir melhor.

– Só que ela tem que parecer ameaçadora, forte e perigosa, não uma gracinha. - Brandon responde, explicando meu olhar raivoso. - O que isso significa Verne?

Verne explica o acontecido e uma nova discussão sobre minha posição de marionete é iniciada, até que Caezar Flickerman dá inicio as entrevistas, que são basicamente os carreiristas dizendo o quanto são fortes e perigosos, astutos e ameaçadores blá, blá, blá. Descubro que a menina do 4 se chama Coraline e acho estranho ela parecer acanhada diante de Caezar, com respostas curtas e objetivas, como sim e não. Ravina sobe ao palco e eu me aprumo para prestar atenção.

– E então Ravina. - Diz Caezar. - Foi para todos uma grande surpresa quando você se voluntariou, você nos deixou cheios de curiosidade.

– Gosto de quebrar recordes. - Ela dá de ombros, parece mais velha no vestido vermelho sangue.

– Aah então acho que entendi, você quer ser a mais jovem tributo a vencer os jogos. - Ela assente e Caezar dá uma gargalhada. - Coragem! Eu adoro isso. Mas querida, você chegou cheia de confiança e toda destemida, acha que suas habilidades suprem as dos outros?

– Tem gente muito forte aqui, mas eles são todos burros demais para vencer, por isso estou muito tranquila. Vou vencer isso fácil, fácil. - Ela dá um sorrisinho sádico, e de uma hora para outra uma garota de 13 anos se torna á mais perigosa da 46º edição dos Jogos Vorazes.

Bato o pé ritimadamente, Clak, clak, o barulho do salto no carpete, incomoda Natalie, mas isso só me faz bater mais rápido. O garoto do 7 já está no palco, encolhido na poltrona, tentando fazer alguém ri. Roo as unhas nervosa, e toda hora Verne me repreende por isso.

– Calma Pequena. - Diz Filipe depois que eu começo a andar de um lado para o outro. - É só uma entrevista.

– Não é só uma entrevista, e a entrevista que antecede a minha morte. Não quero ir. - Respondo suspirando, não quero mesmo, sou tímida e estar diante daquela quantidade de pessoas que vão me encarar como se eu fosse um pedaço de carne, só me faz querer sair correndo. - Você sabe que eu sou péssima em público.

– Você vai se sair bem, Eles vão adorar você. - Ele sorri, mas eu apenas o encaro com a sobrancelha arqueada.

– Sério? Sabe quando foi a ultima vez que eu escutei essa frase? - Ele arregala levemente os olhos e morde os lábios, continuo. - Minha mãe disse, no dia que eu fui conhecer os seus pais. Eu definitivamente, não acredito nessas palavras, elas dão azar, isso sim. - Cruzo os braços, e ele da uma risada me abraçando.

– Vai dar certo dessa vez, pode acreditar. - Uma representante da Capital anuncia meu nome, e sinto meu corpo inteiro se retesar. Filipe beija minha testa. - Boa sorte!

Parada atrás do palco das entrevistas, a voz de Caezar Flickerman soou muito distante nos meus ouvidos e uma assistente da capital teve que me dar um cutucão, para eu entender que estava sendo chamada. Subo ao palco e sou inundada, por vozes que gritam meu nome e holofotes, milhares de olhos coloridos me encaram e eu tento parecer mais confiante do que sou.

– Melanie Roy, nossa rainha gelada. - Caezar diz se sobrepondo a multidão, a mão estendida na minha direção, com o meu melhor sorriso forçado, deixo que ele me conduza. - Ela não é linda? - Pergunta ele a multidão que urra em resposta.

– Obrigada. - Digo, agora já sentada na belíssima poltrona de veludo.

– E então Mel, posso te chamar assim? - NÃO.

– Claro. - Encaro Caezar desesperadamente, tentando ignorar ao máximo a presença dos outros ali, constantemente passo as mãos suadas no vestido.

– Ótimo, Mel eu soube que hoje é seu aniversário. Meus parabéns. - Caezar sorri alegremente, e antes que eu possa responder, a multidão começa uma canção de parabéns, para mim. Finjo emoção, e agradeço da melhor forma que consigo.

– Não é o meu melhor aniversário. - Digo dando um sorrisinho meio sem graça, e a plateia suspira.

– Eu imagino que não. - Caezar pega minha mão. Agradeço por ser ele a me entrevistar, ele parece realmente lamentar pelos tributos. Mathew Donald estava sempre debochando da situação. - Mel, eu tenho que dizer que quando Filipe se voluntariou por você, meu coração parou, como você se sentiu... sabe, naquele momento? - Um silêncio profundo, tomou conta daquele espaço e eu pensei um pouco antes de responder.

– Sinceramente? Incredulidade, depois raiva, como ele pode fazer isso comigo e depois... culpa. - Me esforço o máximo que consigo para deter minhas lágrimas, mas elas são mais fortes do que eu. - Percebi que depois disso, nós não tínhamos mais muito tempo juntos. Que cada segundo que passa me leva para mais longe dele e que dessa vez é para sempre.

Um Owwwwwnt foi compartilhado pela multidão, e Caezar limpou uma lagrima do meu rosto. Ele me sorria entristecido.

– Boa sorte Mel! - Levantamos da poltrona e ele me abraça. - To torcendo por você. - Sussurra baixinho no meu ouvido e eu sorrio sinceramente, toda raiva que eu sentia de Caezar já não existe mais, não sei se ele disse isso para todos os tributos que passaram por ele hoje, mas me fez bem verdadeiramente. - Senhoras e Senhores, Melanie Roy.

Palmas e Gritos se seguem, enquanto eu me junto aos outros tributos, que estão sentados atrás da poltrona de Caezar. Torin me olha e faz cara de choro. Debochado. Mas eu não tenho tempo para esse idiota. Acabei de passar por uma entrevista na frente de milhares de pessoas e nem tive um infarto. Caezar anuncia o nome de Filipe, que sobe imponente ao palco.

Só agora percebo o quanto ele parece perigoso naquele terno de risca azul escuro. Perigosamente LINDO, o cabelo estava bem cortado e pela primeira vez na vida penteado, com um topete que o deixava sexy. Ele senta na poltrona com uma tranquilidade que faz minha entrevista parecer a de um cãozinho assustado.

– Aaah mais não é difícil ficar bonito aqui na Capital. Olha só o seu cabelo azul. - Filipe debocha, respondendo á algum elogio de Caezar, mas eu não ouvi o que era. Eles riem gostosamente, sendo acompanhados pela multidão.

– Você tem razão, eles sabem como nos valorizar. - Caezar passa as mãos pelo cabelo, e eu tenho certeza que ele não notou o tom irônico de Filipe. - Aiai Filipe eu acabei de falar com a Melanie, e admito ela é encantadora.

– Ela é sim... encantadora. - Filipe sorri e olha para mim, acompanhado de todos os outros. Agarro com força a saia do vestido.

– Eu perguntei como ela se sentiu quando você se voluntariou, e a reposta foi tocante. - Caezar fecha os olhos e leva a mão ao peito. - Mas e você Filipe, o que você sentiu naquele momento, foi um impulso?

– Você tem namorada Caezar? - Filipe pergunta, sem mudar a expressão.

– Sim, eu tenho uma pessoa. - Ele responde balançando a cabeça.

– E você a ama?

– Amo, claro que amo.

– Então naquele momento, eu descobri que essa não é a pergunta certa, quando eu me dei conta que tirariam a Melanie de mim, eu percebi que a pergunta certa é "Você morreria por ela?" A minha resposta vocês já sabem. - Todos encaram Filipe estaticamente, e eu ignoro as câmeras que estão focadas no meu rosto agora. O silêncio sendo interrompido, apenas por algumas fungadas da plateia. Caezar suspira.

– É mesmo uma pena. - Diz audivelmente. - Senhoras e Senhores Filipe Soyer, o tributo do distrito 8. - A plateia aplaude, muito mais contida agora, enquanto Filipe acena um adeus. Ele se senta ao meu lado, ainda acompanhado de aplausos e segura na minha mão.

As entrevistas seguem, mas eu não consigo prestar atenção. Até que finalmente somos dispensados.

– Vocês foram maravilhosos. - Cornélia nos recebe com seu famoso animo avassalador. - Os patrocinadores estavam todos com lenços em punhos. - Ela começa com seu pulinhos e eu me esforço para não gritar com ela de novo.

– Vocês foram bem. - Brando termina dando um tapinha nas minhas costas.

Pegamos o elevador junto com o pessoal do 12. Selaena fungava, enxugando suas lagrimas. Ela não se saíra muito bem nas entrevistas, caíra de cara, no palco e todos riram dela, depois disso ela nem respondeu mais nada a Caezar que tentava anima -lá. Por um impulso, ameaço falar com ela, mas Brandon me dá um beliscão em represália e eu não faço. O elevador abre no 8º andar e eu me apresso em sair dele.

– Bom acho melhor vocês irem dormir. - Brandon passa a mão pelos cabelos negros e parece um tanto quanto chateado. - Teremos um longo dia amanhã.

– Pois é, você tem que dormir Filipe, se quer mesmo salvar a princesinha ai. - Natalie aponta para mim e eu já não aguento mais essas malditas indiretas vindo de todos á toda hora.

– Chega Natalie. - Filipe responde rispidamente. - Boa noite gente.

Ele me conduz até o quarto, e eu apenas lanço um olhar feio a Natalie.

– Você me acha fraca? - Pergunto mordendo os lábios, Filipe dá uma risadinha e olha para mim.

– Ta brincando, aquele tapa que você me deu em agosto doe até hoje. - Ele passa a mão no rosto e eu não resisto em ri.

– Quero lutar? - Digo me aprumando. - Vamos lá.

– O que? - Filipe arregala os olhos.

– Lutar, eu quero saber se consigo te ganhar no corpo á corpo. E não vale me deixar vencer.

– É proibido brigar com outro tributo, lembra? - Ele arqueia a sobrancelha, mas parece se divertir com a situação.

– Eu sei. Só que você não é um tributo qualquer, é meu marido. Acho, que posso bater no meu marido. - Cruzo os braços e ele ri com a afirmativa.

– Isso não estava no contrato. - Ele cruza os braços também, e me lança o mesmo olhar debochado.

– Eu ser taxada de bebê chorão por causa de você, também não estava. - Me aproximo de Filipe, que me lança um de seus sorrisinhos safados.

– Sabe o que eu acabei de lembrar? A gente ainda não terminou nossa cerimonia de casamento. - Ele beija minha orelha, e eu dou uma joelhada entre suas pernas, não muito forte, mas ele se contorce mesmo assim, abaixando ainda mais á guarda. Me agacho e dou uma banda em Filipe que cai de costas no chão arquejando, subo em cima dele, e imobilizo suas penas e braços. Sorrio maliciosamente e beijo seu pescoço.

– Você perdeu. - Digo ainda sorrindo.

– Você não me deu muitas chances, não é mesmo? - Ele arqueia a sobrancelha daquele jeito espetacular, que só ele consegue. Filipe tenta sair da posição e eu aperto com mais força, o mantendo no lugar. Sei que ele não está tentando de verdade, mas ainda sim me sinto poderosa.

– Ai, ai Melanie está me machucando. - Ele arqueja se contorcendo e eu afrouxo o aperto, com medo de machuca- lo de verdade.

– Você tá be.. - Antes que eu possa terminar, ele se solta do apertão e se joga para o lado me erguendo, agora ele está por cima de mim, me imobilizando. Ele me olha por um segundo, e me lança mais um de seus sorrisinhos, repetindo o mesmo ato de beijar o pescoço, só que comigo ele desce até o colo, beijando bem em cima do meu seio. E eu amaldiçoou esse maldito vestido de princesa louca em que Verne me enfiou. - Parece que o seu ponto fraco é o mesmo que o meu. - "Você" Penso e sei que a mesma coisa está passando pela cabeça dele agora.


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Notas finais do capítulo

Eai pessoal o que acharam??
No próximo cap começam os Jogos. ( ALÉLUIA, ALÉUIA, ALÉLUIAAAA). Prometo postar ainda nesse século.
Beijos de luz, Ray. ;)



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