Snowy Days escrita por akumuffin


Capítulo 4
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Bem, esse capítulo demorou mais tempo para sair porque eu passei os últimos dois dias da viagem só em excursões que ocupavam o dia inteiro, e ontem foi que eu peguei o avião de volta. Já estou em casa, mas vou continuar postando no mesmo ritmo de antes, de uns três em três dias, por aí. uwu

Escrevi isso enquanto esperava o voo, e a minha beta não está online no skype, daí não dá pra ela ver como que estão as coisas. Me avisem sobre qualquer erro que possa vir a aparecer



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P.O.V. – Nico

Depois daquele ocorrido, segui o meu caminho para casa com o máximo de calma que eu consegui colocar em meu corpo, desviando dos pequenos morros de neve que ser formavam na rua e tentando ignorar todo mundo ao meu redor, sem muito sucesso.

Acabei escorregando em uma das poças que tinham se formado no chão, caindo sentado e com a bunda latejando. Coloquei a mão livre na minha testa e fechei os olhos, passando a massagear as minhas têmporas. Fiz uma lista de palavrões na minha mente, e lentamente comecei a me levantar com um pouco de dificuldade. Se eu prestasse mais atenção, coisas desse tipo nunca aconteceriam de novo. Droga.

Apoiei-me no meu joelho e tentei me colocar em pé novamente, mas alguém estendeu sua mão para me ajudar.

Apesar de um pouco relutante, segurei na mão do estranho e me estabilizei, olhando para cima após isso. O sujeito tinha cabelos loiros, olhos azuis e uma pequena cicatriz em sua boca, usava um moletom do Pikachu e era realmente bonit—

“Não, Nico. Não pense isso a sobre outros caras. É errado.” Pensei, mordendo o meu lábio inferior na tentativa de me conter. O que tinha dado em mim? Por que do nada todos os homens que eu via começavam a parecer tão atrativos? Que saco.

Um pouco desajeitado, assenti e larguei a mão do cara assim que vi que estava a segurando por tempo demais.

— Valeu.

— Não foi nada, cara. — Ele respondeu, colocando as suas mãos nos bolsos do seu ridículo moletom. Um sorriso de canto estava em seu rosto. — Eu também gosto desse caminho pra voltar da escola, mas o chão fica escorregadio demais nessa época do ano. É uma porcaria.

Eu tentei ao máximo não sorrir, mantendo o controle.

—Você... estuda aqui perto? Acho que nunca ti vi lá na escola.

O loiro assentiu, mudando o peso do corpo para a outra perna.

—É, eu estudo naquela escola que fica a umas duas quadras daqui. Estava voltando de lá agora, mas vi você caindo e achei melhor ajudar. Aliás, eu sou o Jason. Segundo ano.

— Nico, primeiro ano. Até.

Acenei para ele e segui andando, deixando o cara sozinho ali. Eu não me lembrava de ter visto ele no colégio nenhuma vez na minha vida, mas ele parecia ser um cara legal, daqueles que têm um monte de amigos e que pegam um monte de garotas nas festas. Esse pensamento fez com que eu sentisse um embrulho na barriga. Por que todos os caras bonitos tinham que sair com meninas? Por que não...

“Chega de pensar nisso, seu idiota.” Dei um tapa no meu próprio rosto, e segui caminhando até em casa. Fiz questão de andar um pouco mais rápido no começo para me afastar do tal de Jason, mas depois fui abaixando a velocidade gradativamente. Hoje meu pai não estaria em casa, e eu sabia que Hazel voltaria para o almoço. Tudo o que eu precisava fazer era esperar ela chegar.

[...]

Depois de esperar por uns trinta minutos, ela veio. E Frank também. Eu odiava ter que ficar de vela, mas esperava que pelo menos dessa vez eles se comportassem. Não era legal ter que lidar com os dois se beijando o tempo inteiro.

Como nenhum de nós sabia cozinhar (na verdade Frank sabia, mas ele tinha chegado de viagem hoje) e não tínhamos dinheiro o suficiente pra almoçar em um restaurante, acabamos optando por ir a um lugar que Hazel dizia oferecer o melhor pão de queijo da cidade toda. Fomos caminhando desde nossa casa até lá (eu tentei ignorar os dois de mãos dadas e sorrindo feito bobos um para o outro), até que a minha irmã parou e disse:

— É aqui.

Eu gelei. Não me lembrava de ter visto “pão de queijo” no cardápio daquele lugar nas vezes em que fui lá, mas com certeza me lembrava do lugar. Uma cafeteria. Na verdade, a cafeteria. A cafeteria aonde Percy trabalhava. A cafeteria aonde o cara que encostara na minha mão depois das aulas, lá nos achados e perdidos.

Por mais que eu não tivesse comido mais nada naquele dia, senti vontade de vomitar.

Engoli em seco, ignorando o gosto amargo da minha boca. Não tinha problema, certo? Ele era o só o cara do caixa, dificilmente eu teria que trocar mais de umas três palavras com ele e...

— Oi, Nico.

O garçom entregava os cardápios para cada um de nós com um sorriso no rosto, olhando fixamente para mim depois que terminou. Minhas mãos tremiam sob a mesa de madeira, e eu apertava o sofá acolchoado com força na tentativa de fazer com que elas parassem. O que ele estava fazendo aqui?

— Você não era caixa? — Perguntei, franzindo as sobrancelhas.

— Alguns garçons tiraram folga hoje e eu tive que sair do meu cargo. Travis está cuidando do caixa agora. — Ele deu de ombros, e uma onda de alívio passou pelo o meu corpo. Caso ele tenha percebido a minha ânsia, não demonstrou nada.

— Desculpa Nico, mas de onde você o conhece? — Hazel perguntou educadamente, encostando em meu braço. Eu tinha esquecido completamente de que ela estava ali.

— Ele é lá da escola. — Expliquei, sem dar muita importância pra isso. — Percy, essa é Hazel, minha irmã por parte de pai, e Hazel, esse é o Percy. E aquele ali é o Frank, namorado da Hazel. — Apontei para cada um deles quando disse os seus nomes, deixando bem explícito quem era quem.

— Uh... — Percy parecia ter um pouco de dificuldade pra absorver toda aquela informação. — Eu queria ficar mais, mas eu tenho trabalho pra fazer. Depois que tiverem decidido o que forem pedir, me chamem. — E então ele deu a volta e foi buscar alguns pedidos para levar para outras mesas.

Não sei por que, mas aquele “eu queria ficar mais” que ele disse fez com que eu me alegrasse um pouco, por mais que ele não estivesse falando aquilo no sentido que eu estava pensando.

De qualquer jeito, nós pegamos os cardápios e começamos a escolher o que nós pediríamos. Hazel e Frank discutiam animadamente sobre os pratos do cardápio, mas eu nem percebi isso. Estava ocupado demais sonhando acordado.

[...]

Nossos pedidos tinham chegado. Percy viera trazendo o capuccino de Hazel e os chocolates quentes que eu e Frank tínhamos pedido. Ele colocou o capuccino na minha frente, e as bebidas de chocolate perto dos outros dois. A de olhos dourados riu baixo e trocou nossos copos.

— Acho que você precisa treinar mais, Percy. — Eu disse, pegando o meu pedido e tomando um gole. Por mais que dentro da cafeteria estivesse fazendo uma temperatura agradável, mesmo assim era bom tomar uma coisa quente.

Ele coçou a nuca, soltando um riso envergonhado.

— Eu só sirvo como caixa mesmo. Ficar sentado durante a tarde inteira combina mais comigo. — Bagunçou o meu cabelo, e riu novamente. — Quero ver você trabalhando aqui qualquer dia desses. Se estiver precisando de dinheiro, fala comigo que eu vejo se consigo um emprego pra você aqui. Acho que estamos precisando de gente pra lavar a louça.

— Haha, muito engraçado. — Ironizei, passando as mãos pelos meus cabelos na tentativa falha de arrumá-los novamente. — Vai trabalhar.

Ele soltou mais um riso, e se afastou. Observei ele brincar com a bandeja enquanto caminhava, e acabei esboçando um sorriso quando ele deixou esta cair.

— Uh, Nico. — Frank parecia um pouco desconfortável em falar comigo. — Desde quando você conhece esse cara?

Por um instante, eu hesitei. Quando foi aquele dia em que eu vim aqui e ele me atendeu no caixa mesmo? Parecia que foi há bastante tempo, já que Percy me tratava como se fosse o seu irmão mais novo, mas eu tinha certeza de que não foi.

Fiz uma careta pensativa, coçando levemente o meu queixo.

— Acho que... desde ontem. Ou anteontem, não tenho certeza. Mas foi nessa semana.

O canadense olhou para mim como se eu tivesse dito que eu tinha visto um unicórnio passando pela janela.

— Você não tinha problemas pra se enturmar com as pessoas, um negócio assim?

— Frank! — Hazel parecia ofendida. Ela sempre achava que eu era mais sensível com essas coisas do que eu realmente era.

— Hazel, não tem problema nenhum. — Tomei mais um gole do meu chocolate quente, com toda a calma do mundo. — Bem, eu vim aqui esses dias, e Percy estava trabalhando como caixa. A gente falou bem pouco, mas hoje a gente se encontrou de novo, lá nos achados e perdidos, quando eu fui pegar os pedaços de pano que essa aí — Eu apontei para minha irmã com a cabeça. — tinha me pedido. Daí a gente conversou um pouco, e eu fui embora. Aliás, eu não achei nada parecido com o que você pediu, mana.

Ela respirou fundo.

— Tudo bem, eu vou lá amanhã. Talvez seja melhor eu pedir para o pessoal do clube de teatro. — Em seguida, ela bebeu um pouco do seu café. Como tinha chantilly neste, acabou sujando seu nariz.

Frank passou o dedo ali, e lambeu-o. Em seguida aproximou-se de Hazel e beijou aonde antes tinha uma mistura de creme e canela. Ambos riram, e selaram seus lábios.

Eu desviei o olhar para a janela e comecei a fazer desenhos no vidro embaçado; um esqueleto de cachorro correndo, que rapidamente apaguei. Eu gostava de ter algo para me distrair dos pombinhos ali, por mais que fosse ruim. Quer dizer, pelo menos para mim. O pessoal gostava de dizer que eu desenhava bem, mas eu não concordava com isso.

— Se vocês se pegarem na minha frente de novo, eu juro que nunca mais saio com vocês. — Eu disse depois de um tempo, soltando ar pelo nariz.

Aparentemente, Hazel se tocou e separou-se de seu namorado. Soltou um riso fraco, escondendo a própria boca com a mão.

— Desculpe, eu prometo que isso não vai acontecer de novo.

Frank desviou o olhar e ficou com o rosto corado, o que era algo engraçado vindo de alguém com 1,80 de altura que nem ele.

— Bem, vou no caixa pagar a minha parte, e depois dou o fora daqui. Aí vocês vão ter bastante tempo a sós. — Eu me levantei, peguei a minha comanda e saí da mesa. Mas quando estava passando pelos dois, não pude deixar de falar mais alguma coisa. — E Hazel, se lembre que sexo é só depois dos trinta.

Assim que vi os dois com o rosto extremamente vermelho, sorri. Deixar as pessoas desconfortáveis era muito divertido.

Depois que eu paguei o que tinha que pagar e já estava abrindo a porta para ir embora, senti alguma coisa no meu ombro, e me virei. Os seus olhos verdes me fitavam acompanhados de um sorriso, e depois ele me deu uns tapinhas nas minhas costas. Eu simplesmente franzi as sobrancelhas.

— Me liberaram mais cedo hoje. — Ele explicou enquanto colocava o casaco por cima do uniforme do café. — Você mora aqui perto?

Eu assenti, sentindo meu rosto queimar levemente. Esperava que Percy pensasse que minhas bochechas estivessem dessa cor por causa do frio.

“Não Nico, você não está envergonhado.”

— É só dobrar a direita dessa quadra e andar mais duas que você chega lá. — Comentei, tentando parecer indiferente. Estava nublado, e tinha um pouco de neve no chão. Talvez nevasse ainda mais, mas eu ainda não tinha certeza.

— Quem sabe a gente não vai junto, então? Eu moro por ali também.

Depois de hesitar um pouco, acenei com a cabeça. Não tinha nada a perder afinal.

Quer dizer, nada menos a sanidade.


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Notas finais do capítulo

(Eu sei que vocês pensaram que o título se referiam a um encontro do Nico e do Percy, seus safados.)
Espero que tenham gostado~ Acho que vou passar a escrever caps um pouco mais longos, também (umas 1200 palavras por capítulo, por aí), o que vocês acham?

E sim, talvez nós tenhamos um pouco de Jasico (podem atirar pedras) mas o casal principal ainda vai ser Pernico.

E sobre tudo, comentem!! Se eu fiquei escrevendo isso no aeroporto é porque eu me importo com vocês, seus lindos.



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