Por mais que Andrei tenha me convidado para ir a casa dele hoje à tarde, eu não iria, aliás, não tinha nenhum motivo para tal, ele nem sequer tinha ligado para mim pedindo desculpas.

Quando eu cheguei em casa, os meus pais estavam na porta todos sorridentes, me recebendo de braços abertos.

_ Filha, que bom que você chegou, temos uma ótima notícia para você. – Diz meu pai afrouxando um pouco sua gravata vermelha.

_ O que é? – Pergunto subindo as escadas até a porta de entrada.

_ Lembra do exame que você fez antes de ontem de sua perna? – Pergunta a minha mãe me ajudando com as muletas.

_ Sim.

_ Então, o médico ficou muito surpreso, porque a sua perna está praticamente recuperada, o que é estranho, pois você vive andando por aí como se nem estivesse quebrada. – Fala minha mãe.

_ Isso significa que eu irei poder tirar o gesso? – Pergunto histericamente, duas coisas boas acontecendo em um mesmo dia, só podia ser obra de Deus.

_ Isso mesmo, está previsto para semana que vem. – Fala o meu pai se contagiando também com a minha alegria.

_ Falando nisso, o Andrei esteve aqui, aconteceu alguma coisa entre vocês dois? – Pergunta a minha mãe arqueando uma sobrancelha.

_ Não, está tudo bem. – Minto, eu sei que era errado, mas não tinha muito que fazer.

_ Não foi o que pareceu, mas se você está dizendo, tudo bem.

Vou para o meu quarto, pego o meu celular que estava em cima da escrivaninha, tinha quatro mensagens nova, a primeira era do Andrei que dizia:

“Melissa me desculpe pelo o que aconteceu mais cedo, eu sei que fui estúpido, a nossa dupla de estudo ainda está de pé?

Te amo”

Dou um breve sorriso, é claro que estava de pé, mas antes de responder resolvi ver as outras, a segunda era da Carol:

“Amiga, que gato foi aquele que você pegou em? Me abanando aqui, só não deixe o Pedro ler isso em... Me conte tudo amanhã.

Xoxo ;)”

Hã? Que gato, ela deveria estar com problemas, eu não tinha pegado gato nenhum, aliás, o meu gato tinha brigado comigo.

A outra era da Milena:

“Pode me explicar o que está acontecendo? Que foto é essa?”

Abri o anexo que vinha junto, e quase caí de bunda no chão, na foto aparecia o Daniel caindo em cima de mim, mas de um modo que parecia que estava me beijando.

Que idiota tinha tirado aquela foto?

A última mensagem era de Andrei:

“Não precisa vim aqui em casa”

Eram as únicas palavras ditas na mensagem.

Eu não acreditava no que estava acontecendo.

Nada de bom importava mais agora, pelo jeito aquela imagem tinha se espalhado para todas as pessoas existentes no planeta.

Eu tinha praticamente ficado o dia inteiro ontem trancafiada no quarto, imaginando como seria no dia seguinte, e esse dia tinha chegado.

Não tinha ânimo para me arrumar.

Coloquei a primeira roupa que vi pela frente.

Dei um “bom dia” desanimado para os meus pais.

Quando cheguei na escola, tinha a impressão que todos estavam olhando para mim, o que realmente estava acontecendo.

_ Nunca pensei que você fosse capaz disso Melissa. – Fala uma garota.

_ Sua traíra. – Grita um sujeito que não dou ao trabalho de ver quem é.

Enquanto eu ia andando, todos se afastavam de mim, como se fosse alguém contagioso.

Agora de uma hora para outra eu estava sendo a excluída da escola, a anti-social.

Milena, Carol, Vinícius e Pedro, todos vem em minha direção.

_ Pode me explicar agora? – Pergunta Milena exasperada.

_ Milena, não aconteceu nada entre eu e aquele garoto, ele apenas tropeçou em mim.

_ Não foi o que pareceu. – Diz Vinícius desviando os olhos para o chão, como se sentisse repulsa só em me olhar.

Carol apenas balança a cabeça negativamente, e Pedro não fala nada.

Saio dali sem dizer nenhuma palavra, e vou para a sala, a minha cabeça estava a mil, todos não estavam mais falando comigo.

Quando entrei na sala Andrei estava em seu lugar me olhando com uma dor tão grande que chega partia o meu coração.

Escolho um lugar afastado do habitual, bem no cantinho da sala, e é claro que todos escolhem o outro lado da sala para se sentarem, a única que senta perto de mim é Sofia.

_ Está tudo bem com você? – Pergunta ela solidária.

_ Não. – Respondo olhando para o vazio.

_ Pode contar comigo para qualquer coisa viu? – Diz ela.

_ Obrigada.

Sim, eu tinha perdido todos os meus amigos, e a única nesse momento era Sofia, talvez ela fosse a única que realmente me entendia.