Mystic Falls escrita por Larissa Armstrong


Capítulo 12
Morte a Bruxa!




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V

O quarto pegava fogo. Eu levantei desesperada, meio tonta ainda. No meio da fumaça pude ver Hayley, batendo na porta enquanto pedia socorro. Ela estava encurralada pelo fogo e de vez enquanto olhava pra trás, pra ver se ele tinha se alastrado mais.

–Hayley! Hayley fica calma! – eu gritei do outro lado do quarto.

–Socorro, por favor, socorro me ajudem!

–Hayley o que é que está acontecendo? Hayley!

Ela parecia não me ouvir. Ela nem olhou pra mim. Eu atravessei aquele fogo todo, pegando o vestido que eu estava usando e pondo no rosto, toda aquela fumaça já estava me deixando tonta, minhas narinas ardiam, meu pulmão ardia e até minha cabeça parecia arder por dentro. Atravessei o fogo chegando até a ela. Ela chorava muito e batia na porta mais ainda, quase sem força. Ela estava com um vestido parecido com o meu. Seu cabelo estava preso numa trança muito longa, que batia quase na cintura. Ela não parecia me ver nem me ouvir. Eu tocava nela, mas ela não sentia, e só gritava e chorava.

–AFASTE-SE DA PORTA!- ouvimos um grito de um homem.

Afastamo-nos. Ele arrombou a porta e Hayley e eles dois saíram correndo. ALÔ-OU? Ninguém se lembra de mim? Fui correndo atrás deles dois. Eles corriam desesperados e quando olharam para trás, percebo que o homem é Stefan. Ele estava com roupas de camponês, chapéu de palha e tudo. Eles olharam para trás mais algumas vezes, e eu quase sempre acenava, mas ele nem ligavam.

Até que num cruzamento de um corredor com o outro fomos encurralados por homens com tochas e tridentes. Eles olhavam Hayley com um mistura de raiva, de nojo, de medo. Stefan se pôs na frente dela.

–Ninguém a levará. - ele gritou ferozmente.

‘’NÓS TEMOS QUE CRUCIFICAR ESSA ATROCIDADE!’’ ‘’ELA PODE FAZER MAL AOS NOSSOS FILHOS E AS NOSSAS ESPOSAS!’’ ELA É FILHA DE UM DEMÔNIO.’’ São o que os homens com as tochas falavam. Eu tentava gritar com eles, mas nada saia da minha garganta. Eles gritavam tanto que minha cabeça estava doendo de um forma que nunca doeu antes.

–MORTE A BRUXA! – um homem gritou. Ele parecia estar comandando todos eles.

‘’MORTE A BRUXA!!!” os outros gritaram juntos.

Stefan e Hayley corriam, enquanto os homens corriam atrás, e eu sentia todo o desespero e o medo.

Segui-os. Stefan e Hayley ficaram encurralados, e os homens das tochas fizeram um circulo e os dois estavam no meio. Stefan a abraçava.

Até que um homem alto puxou Stefan pra longe da Hayley. Ele se contorcia e gritava. Eles dois estenderam as mãos, pra se tocarem de novo, mas não conseguiram. Hayley ficou parada, imóvel. Ela mantinha o queixo erguido, mesmo tendo chorado. Foi puxada pelo braço por um homem careca. E eu corri pra bater nele. O empurrei, dei socos em sua barriga, pisei em seu pé. Ele não me via, e nem se incomodava com aquilo. O homem continuava a puxar a Hayley, agora para o pátio principal da escola, e ela fazia esforço para não chorar enquanto gritavam atrás dela: BRUXA! BRUXA!

Eu gritava, mas não adiantava. Ela não me ouvia de jeito nenhum.
Mandaram a Hayley deitar sobre uma cruz. Ela deitou e amarraram seus braços nas extremidades da cruz, e suas duas pernas na outra ponta.

Com a ajuda de dois homens o careca ergueu a cruz.

Pegou lenha e pôs em baixo. NÃO. NÃO. NÃO. Isso não estava acontecendo. Eles iam... Queimar a Hayley? Desesperei-me, fui pra perto dela.

Não se preocupe, eu vou te salvar tá? Eu penso, torcendo para ela conseguir ouvir meus pensamentos. Eu chorava como uma criança, mas não iria desistir.

Tentava tirar a lenha, mas parecia que ela pesava o mesmo que uma ancora. Tentei, tentei, até não ter mais forças. O tal careca jogou um liquido sobre a lenha. E depois pegou uma tocha. Eu chorei enquanto ele colocava o fogo. Então um grito feroz saiu rasgando o meu peito:

–NÃAAAAAAAAAAO!

E todos olharam pra mim. Olharam-me com espanto, com surpresa.

E nesse momento eu caí.

Da cama.

Só mais um pesadelo com a Hayley. Mas esse foi pior que o anterior. Eu estava suada e chorando. Continuei no chão. Já era de manhã, e não vi Hayley no quarto. Pus minhas mãos no rosto. Eu respirei fundo. Meu pulmão ainda ardia, mesmo eu que eu só tenha inalado o fogo no sonho. Eu não queria que aquilo ficasse mais frequente. Eu preciso saber o que esse sonho que dizer, preciso saber por que tanto me perturba. Respirei funda, a ardência passando e minha respiração tinha voltando ao normal. Limpei minhas lágrimas e levantei pra tomar um banho. A Hayley abriu a porta do quarto com tudo, eu gritei ao levar o susto.

–Sou tão feia assim? – ela disse, rindo.

–É que eu tive um sonho com você, e esse foi assustador. – pus minha mão na testa, ainda perturbada.

Ela pareceu não se importar.

–Não que ouvir meu sonho? – perguntei.

–Hm, claro! – ela sorriu automaticamente. Sentou-se em sua cama, mesmo parecendo que tinha coisa melhor a fazer. Olhou-me com atenção. – Pode começar! –a voz dela soava impaciente, mas eu ignoro e começo a contar.

Eu contei tudo a ela. Ela arregalava os olhos e afirmava com a cabeça. Alguns momentos ficava imóvel, às vezes apenas boquiaberta.
Quando terminei de contar ela apenas disse:
–Foi só um sonho - e revirou os olhos, levantando da cama.
Então é assim? Levantei-me também.
–Pois é Hayley, só um sonho. – eu falei, enquanto puxei-a pelo ombro pra que ficasse de frente pra mim. – Foi só um sonho, mas você ficou surpresa e até nervosa no primeiro dia em que te contei sobre o sonho que eu tive, foi só um sonho, mas ficou nervosa quando quiseram contar histórias sobre bruxas, foi só um sonho, mas você agiu aqui há pouco tempo como se fosse culpada por tudo isso. Você não vai me contar mesmo o que você esconde? – olhei pra ela, cerrando os olhos. Ela ficou neutra.

–Você quer que eu diga o quê? Que eu sou uma bruxa? Que eu fui queimada? Quer que eu diga que eu sou uma morta e todo mundo, e inclusive você me vê. É isso? Por que se eu for um fantasma, to bem conservada né? – ela beliscou o braço, pra dizer que era de carne e osso.– Eu acho que você deve estar assistindo muitos filmes sabia? Às vezes as pessoas ficam muito impressionadas com o que assistem... Eu acho até que eu ficaria bem como bruxa não acha? – ela se olhou no espelho, fazendo pose – todos aqueles chapéus, cara, iam ficar demais em mim! – ela riu, revirando os olhos.

Fiquei sem reação. Olhei pra ela, com vergonha. Nunca fui do tipo que acreditava em sonhos, eu sempre fui muito racional. E agora estava falando essa babaquice pra Hayley, nossa, isso foi muito idiota mesmo da minha parte.

–Desculpa, - eu disse, olhando pro chão – esses sonhos, sei lá... - eu ri sem graça.

–Tá, se arruma logo pra aula – ela disse, deitando na cama e ligando a TV. Me arrumo e saio junto a ela, não conseguindo tirar aquelas imagens da minha mente.


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